Spoiler: Respostas aos comentários do capítulo passado
Bom dia, pessoal!
Capítulo novo saindo agora, e só digo uma coisa: a treta ficou séria!
Obrigado a todos que têm acompanhado a história (e quem tá chegando agora também xD), boa leitura!
Capítulo V – A queda de Rookgaard: Parte 1
LEON
Quando abri os olhos novamente, tudo continuava cruelmente real. As agudas vozes de aflição dos civis e os graves gritos dos capitães da guarda dando ordens se misturavam, somando-se ao som dos guerreiros preparando suas armas e armaduras para a iminente batalha. O nervosismo e o clima quente me faziam suar bastante, e eu mal conseguia organizar meus pensamentos; era difícil acreditar no que estava acontecendo.
A guerra, para mim, sempre esteve bem distante. Mesmo que, por vezes, ouvisse histórias e contos épicos dos viajantes na vila, tudo isso vivia apenas no meu imaginário, e nunca havia prestado muita atenção, já que a ilha de Rookgaard estava há dezenas de anos protegida de qualquer ataque; mas, agora, todas as histórias que já ouvi pareciam se misturar na minha mente, e nenhuma delas me assustava mais do que a realidade.
Estava tão perdido em pensamentos que não percebi meu pai chegando.
— Ei, garoto, o que está fazendo??? — Disse ele, enquanto se aproximava rapidamente de mim — Entre em casa agora, e esconda-se!
Não tive tempo de responder; meu pai pegou-me pelo braço, correu para dentro da loja e a trancou, subindo as escadas, em seguida. O segundo andar era formado apenas por dois cômodos: uma cozinha e um pequeno quarto, o qual dividíamos; mas, ainda assim, era maior que a maioria das casas da vila, cujos donos eram mais pobres que nós.
— Vamos nos esconder embaixo da cama — Disse meu pai, enquanto me soltava — Só sairemos quando a luta terminar, entendeu?
— S-Sim — Respondi, com a voz claramente assustada.
— Não se preocupe — Disse ele, estranhamente calmo — O guarda, Dallheim, assustou-se de início, mas depois percebeu que ainda estamos em maior número. Nossos guerreiros vão acabar com esses chifrudos!
Não conseguia me acalmar, mesmo assim. Os inimigos eram fortes a ponto de quase matarem Kyos, seria difícil que tudo terminasse tão tranquilamente quanto meu pai dizia.
Após nos escondermos, a batalha começou, lentamente, a tomar forma. Os gritos aumentaram, e agora se confundiam com os sons das armas se chocando; era impossível dizer quem estava vencendo, mas o pânico me fazia pensar apenas no pior. Tentei tampar os ouvidos com as mãos — enquanto meu pai rezava aos deuses em voz alta — mas não adiantava; o barulho era forte demais, e parecia cada vez mais próximo de nós.
Alguns minutos depois, pensei ter ouvido um som diferente, ainda mais perto. Antes que pudesse raciocinar sobre o que seria, as vozes vindas da escada trataram de nos dar a resposta: os minotauros estavam ali.
— Vasculhem tudo — Disse uma voz forte e intimidadora, que deveria ser do comandante — Ele deve estar por aqui ainda!
— Kaplar! — Responderam mais alguns, em uníssono.
Não demorou muito para que o machado de uma das criaturas quebrasse a cama na qual nos escondíamos, e revelasse nossa presença para os inimigos; não bastasse o terror da situação, estilhaços de madeira ainda me atingiram na cabeça, o que me deixou um pouco tonto.
Os minotauros eram seres terríveis, ainda mais do que eu imaginava. Seus olhos verdes pareciam sugar minhas energias, e seus chifres e músculos exageradamente grandes os davam um aspecto assustador.
— Parece que esse é o homem que Vossa Majestade deseja — Disse o comandante, apontando para o meu pai, com um sorriso cruel no rosto. Ele era ainda pior que os demais; tinha uma pelagem vermelha entre os chifres e uma túnica roxa, além de usar uma espécie de cajado amarelo e brilhante, no lugar dos machados e maças usados pelos outros. Este parecia ser o único do grupo a falar a linguagem humana, já que os demais apenas urravam e faziam sons incompreensíveis.
— Deixem-nos em paz! — Gritou meu pai, tremendo bastante — Vão embora, seus... suas... vacas!
— COLOQUE-SE EM SEU LUGAR, HUMANO! — Gritou o minotauro — Só não corto essa sua língua fora porque Vossa Majestade o quer intacto... Vocês, aí — Disse, olhando para duas das criaturas — Amarrem-no e o levem daqui!
— Kaplar! — Responderam os dois.
Eu não sabia o que fazer. Por mais que não conseguíssemos conviver muito bem, éramos pai e filho; não entendia o porquê dos minotauros levarem meu pai como prisioneiro, mas temia que isso fosse pior do que a morte para ele. Enquanto via as criaturas indo em direção ao meu pai, meu braço direito esbarrou em um objeto que chamou minha atenção; era a bonita espada que ganhara de Kyos mais cedo, naquele mesmo dia. Não sei explicar como tive coragem para fazer uma coisa dessas, mas, num impulso, peguei a arma e a apontei, desajeitadamente, para os minotauros.
— N...Nã..Não encostem n-nele! — Consegui dizer, me engasgando com as palavras, enquanto sentia um filete de sangue correr pelo meu rosto; a pancada na cabeça foi mais forte que eu pensara inicialmente.
— Quem é essa criança que mal sabe segurar uma espada? — Disse o comandante, enquanto os outros gargalhavam — Matem-no!
—NÃO! — Gritou meu pai, enquanto tirava uma pequena adaga do cinto e a apontava para seu pescoço — Podem me levar, mas deixem meu filho em paz, eu imploro! Por algum motivo vocês me querem vivo, se machucarem-no eu acabo com minha vida agora mesmo!
Nunca antes o dono da loja de equipamentos de Rookgaard me chamou de filho. Penso que, muito provavelmente, foi a primeira vez que ele pensou na vida de alguém antes da sua própria; e, com certeza, ele nunca havia implorado nada a alguém antes. A surpresa por essa ação me fez largar a espada na mesma hora.
— Ora, que cena patética — Disse o minotauro, com cara de nojo — Você deveria se preocupar com a própria vida, Al Dee! Mas não importa, deixem o garoto; já estamos atrasados.
Após ouvir isso, meu pai jogou a adaga pela janela e se entregou; só consegui olhar, estático, enquanto ele era amarrado e levado nas costas de uma das criaturas. Nesse momento, talvez devido à pancada na cabeça e ao estresse causado pela situação, não consegui mais manter a consciência e desmaiei.
...
Acordei, mais tarde, em um lugar diferente. Ainda estava muito atordoado — minha cabeça doía e meu corpo parecia paralisado — mas, aos poucos, conseguia recuperar a lucidez.
— O-Onde estou? — Consegui falar, com dificuldade.
— Leon! Você acordou, graças aos deuses! — Disse uma voz conhecida — Temia que você estivesse morto, que ótimo!
— Marlon? É você!? — Exclamei, enquanto abria os olhos — O que houve? Onde estão os minotauros?
— Acalme-se, Leon — Respondeu o rapaz, sentando-se ao meu lado — Eles foram embora.
— Embora? Isso quer dizer que... Minha casa... meu pai! Onde ele está??? — Disse-lhe, me lembrando das últimas cenas que aconteceram antes de perder a consciência — Onde estamos?
— Uma pergunta de cada vez — Respondeu Marlon, com o olhar distante; ele não parecia estar machucado, apesar das roupas estarem em frangalhos — Estamos no templo, foi o único lugar que aqueles bastardos não destruíram completamente. E seu pai... Não achamos o corpo dele, provavelmente está entre os reféns...
— Reféns? — Perguntei, cada vez mais confuso — O que aconteceu aqui, Marlon?
— Você tem que descansar mais, meu filho — Disse uma voz fraca, que vinha da cama ao lado — Durma o restante da noite, e deixe o resto para amanhã.
O som da voz era tão fraco que não a reconheci, primeiramente; quando olhei para o lado, um velho senhor — aparentando muita fraqueza — jazia na cama, coberto apenas por um fino manto manchado de sangue. Não queria acreditar naquilo, mas era impossível fugir disso: Era o velho monge Cipfried quem estava lá.
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