Obrigado Carlos e Jotinha pelos comentários, podem ter certeza que estão me ajudando muito na construção dessa história.CAPÍTULO 3
Arstan sonhava com sua filha. Uma tarde de primavera na praça central de Thais. O sol raiava e a brisa era leve e fresca, as borboletas voavam e a felicidade estava estampada no rosto dele e de sua pequena filhinha. Foi então que sentiu a dor.
Acordou suado e com os berros de Cavalo. Apoiou o braço direito no chão e forçou para se levantar. A dor veio novamente.
Foi quando percebeu que não estava mais nas ruínas onde havia se deitado aquela noite, e sim abaixo dela. Dessa vez usou o braço esquerdo para se levantar.
Olhou ao redor e tudo que via era poeira, pedras e o outro cavalo, Pingo, morto, com seu pescoço quebrado e parte do corpo soterrado. Cavalo ainda berrava, estava sufocando e prestes a ter o mesmo destino de Pingo.
As estrelas iluminavam o céu e o eclipse ainda perdurava. É tudo culpa dele, pensou Arstan. Mas teria que salvar o cavalo e descobrir o que aconteceu.
Cavalo estava a dois metros acima do chão, seu pescoço estava atado a uma das vigas da antiga construção, um angustiante enforcamento aquele. Arstan desembainhou sua espada e tentou alcançar a corda que prendia o animal. A dor voltou novamente.
Foi quando percebeu que havia fraturado o seu braço da espada, como, ele não sabia.
Os berros pararam, o animal sucumbiu à dor e se entregou à morte.
Dois cavalos mortos, preso em um deserto, meu braço está quebrado, e esse maldito eclipse lá em cima, merda, merda, merda!
Foi então que viu a sua mochila ao seu lado. Abriu-a e retirou a corda que sempre carregava consigo, procurou alguma coisa pesada para amarrá-la, nada encontrado.
Improviso, um verdadeiro sobrevivente sabe improvisar.
Puxou o punhal que trazia preso à cintura e se dirigiu ao primeiro cavalo morto, enfiou a lâmina em uma das patas traseiras, um jato de sangue tingiu seu casaco de um vermelho brilhante.
O frio era angustiante, e ali embaixo era pior. Seus dedos congelavam mexendo na carne do animal. Eis que o trabalho de açougueiro se concluiu, uma perna cortada abaixo do joelho amarrada a uma das extremidades da corda, a partir dali ele teria que contar com a sorte e sua boa mira.
Jogou uma vez, duas, três, todas elas sem resultado, na quarta a perna ficou presa entre duas vigas, um alívio percorreu o corpo de Arstan.
Agarrou a corda e tentou subir, pés apoiados na parede de terra e o seu braço esquerdo forçando seu corpo para cima, porém foi em vão, para fazer isso ele iria precisar de ambos os braços.
Um bom pedaço de corda desperdiçado.
Arstan olhou ao seu redor, procurando alguma possibilidade de sair dali, algo que o ajudasse a escapar, mas nada parecia ajudar. Começou a andar entre os escombros, pensando em como aquilo teria acontecido, todas as entradas para os calabouços do deserto haviam sido seladas há cerca de cinqüenta anos, teriam mentido todo esse tempo, ou esse fora apenas um acidente?
Estava escuro ali embaixo, e ele não conseguia ver, o lugar onde ele estava preso tinha uma formação mais ou menos retangular, porém ele não sabia disso, então percorreu toda a sala tateando as laterais.
— Terra, terra, terra, vermes, terra, madeira, terra. Madeira?
Tateou novamente, parecia haver uma porta ali, ou algo que lembrava uma porta, ele gostaria de ver o que era de fato, mas não conseguia.
Se eu tivesse uma tocha.
Uma tocha, era isso o ele necessitava, era isso o que poderia salvar sua vida agora. Na sua mochila tinha um frasco com óleo e algumas pedras para acender o fogo, se ele encontrasse algum suporte... Pingo!
O cavalo seria útil novamente. Com seu punhal direcionou-se novamente para o animal, dessa vez para a outra pata traseira, cortou no mesmo lugar, removeu carne e músculo, em suas mãos estava o metatarso do animal ensopado em sangue.
A dor veio novamente. Até agora Arstan ainda não parara para pensar no seu braço quebrado. Deve ter acontecido durante a queda, devo ter caído sobre ele, ou algo tê-lo esmagado, pensou Arstan. Porém aquilo doía e o fazia suar, a dor estava iniciando uma febre no pobre homem.
Devo persistir, um verdadeiro sobrevivente sabe improvisar.
Prosseguiu com o trabalho com o osso, rasgou uma tira de seu casado, banhou-o em óleo e enrolou-o em volta da extremidade superior do osso. O metatarso do animal não era do tamanho que esperava, mas era o que tinha por hora. Recolheu as duas pedras que trazia na mochila. A tarefa de acender já era difícil, fazê-la só com uma mão piorava toda a situação. Arstan pensou e refletiu, pousou a tocha improvisada e uma das pedras que trouxe consigo sobre uma das vigas das ruínas que caíra junto com ele, apoiou a pedra com os pés e começou a golpeá-la com a outra pedra em suas mãos. Golpe seguido de golpe, persistindo assim as primeiras faíscas começaram a surgir. Mais um pouco. As sombras deram lugar à luz, uma chama amarela crepitava na ponta do osso, calor e luz, era isso que Arstan precisava.
Empunhou a tocha e foi em direção ao lugar onde sentira a madeira e viu aquilo que deveria ser o bloqueio feito naquela entrada para o calabouço, uma simples lasca de madeira tapando um estreito túnel, suas chances de sair dali aumentaram, pouco, mas aumentaram.
Logo os animais selvagens irão aparecer, hienas e leões, o sangue desse cavalo vai atraí-los, se não sair agora, será meu fim, mas ainda preciso tratar desse braço.
— Prometo que será a última vez, Pingo. — E enfiou o punhal novamente.
Quando acabou limpou o osso que retirara dele e atou-o ao seu braço fraturado utilizando mais tiras do seu manto. A tíbia do animal serviu bem, agora precisava sair dali.
Empunhou a tocha, recolheu sua mochila, catou algumas maçãs e cortou um pouco da carne do animal, aquilo iria atrair outros animais, mas não esperava que o seguissem lá embaixo.
Removeu a lasca de madeira que bloqueava o túnel, espremeu-se lá dentro e colocou-a novamente no lugar, assim nada o perseguiria.
O túnel era curto, não mais do que cinco metros, porém o ar ali embaixo era seco e pesado, mas também era frio, mais do que no abismo onde caíra. Mais adiante o calabouço fazia uma descida, Arstan prosseguiu em frente.
Não havia sinal de vida ali, apenas ossos antigos soterrados nas paredes e no chão e também tinha terra, muita terra misturada com areia do deserto. O único som que se ouvia eram o crepitar da chama, a respiração do homem e seus passos.
Logo amanhecerá, e ninguém dará falta de mim.
A dor aumentava mesmo com o braço imobilizado, o que agravou a febre. Estava cansado, com frio e queria dormir, mas não podia, ele tinha que sair daquele lugar e prosseguir com sua missão. Começou a cambalear, seria o cansaço pesando ou a dor? Talvez ambos. Suor começou a cair de sua testa. É a febre, está frio, mas mesmo assim estou suando, é a febre, eu sei disso.
Arstan prosseguiu durante quase uma hora, parecia que não avançava na caminhada, todos os lugares pareciam iguais. Começou a duvidar da realidade, a febre faz a pessoas delirarem.
Seus lábios secaram e seus olhos começaram a pesar. Então tudo ficou escuro e ele caiu.
@CarlosLendario
Obrigado pelo comentário, fico feliz que esteja gostando =D
Bem, sobre o nome do grandão, o apelido dele é Ossos Fortes mesmo, eu devo ter confundido e digitado errado na hora, prometo corrigir esse erro.
Pode ficar tranquilo quando ao realismo, prometo manerar, mas sem deixar as coisas inexplicadas, nem tão óbvias.
O eclipse pode ter um papel importante na história ou pode ser apenas um fenômeno normal da natureza, isso só os personagens poderão dizer.
Gostei da ideia do Nã, uma dose de bulying seria uma boa pra descontrair. xD
@Jotinha
Cara, seus comentários estão sendo os melhores até agora, sem desmerecer os outros, mas adoro críticas, elas causam um efeito que faz com que eu almeje melhorar cada vez mais.
Irei refletir sobre isso que você disse sobre o deserto afetar o personagem, calor e frio podem influenciar muito uma pessoa, até as decisões feitas podem ser afetadas por isso, é uma coisa que pode ser bem explorada, valeu pela dica.
A parte da Rainha ter enviado o filho tem uma explicação, não somente o fato dele ser gago, tem outro fator que influenciou a decisão dela.
É, essa parte dos deuses eu alterei, de fato ambos são sóis, mas eu tive que dar uma de Galileu e analisar os astros do tibia.
Ficou meio rebuscado, mas tem um pouquinho de lógica rsSOBRE OS ASTROS:
Esta análise foi feita baseando-se no Gênese, aspectos in-game e um pouco de geografia.
Sabemos que Fafnar e Suon são sóis na mitologia tibiana, e que não há nenhuma lua. Também sabemos que ambos os corpos celestes se movimentam "Seu irmão Suon a persegue na tentativa de puní-la. Ela cruza os céus todos os dias fugindo de seu irmão, esta é a razão de existir o dia e a noite em Tibia."
No jogo o dia e a noite têm a mesma duração, porém se for analisar, com dois sóis (atrasados um do outro) o dia seria mais longo que a noite (se a distância entre um e o outro for de 12horas ou 180º, o dia seria eterno).
Também sabemos que existem estações do ano no jogo (que podem ser vistas nos mais diferentes eventos, o "Spring into Life" por exemplo, que abre a primavera.), se for parar para pensar pelo ponto de vista geografico, a possibilidade de ambos os astros estarem em movimento é excluída, por para que as estações existam, a terra (neste caso o Tibia) teria que girar em volta de um astro.
Assim eu adotei o mesmo sistema da terra, para fazer mais sentido e se encaixar melhor na história. ou Seja, Fafnar (Sol) e Suon (Lua), com o Tibia orbitando ao redor de Fafnar.
As pessoas no continente veriam o mesmo que descreve o gênese, um astro perseguindo o outro todos os dias, dando origem ao dia e à noite, e em casos raros ocorreria algum eclipse, que significaria que Suon conseguiu capturar Fafnar e esta a punindo.
Sobre o Nã, eu acredito que ele saberia sim que é bastardo do bastardo do bastardo do antigo rei, por que é um parente conhecido das pessoas, que diferenciaria o garoto dos outros, como se fosse um mérito, por isso se vangloriaria disso. Sobre a morte dele, bem, seria tão simples assassiná-lo, deu, acaba por aí, não tem mais história. Usaria o exemplo do Walter White de Breaking Bad, ele poderia ter aceitado que o amigo dele pagasse o tratamento do cancer, mas não, ele escolheu vender metanfetamina e fazer o maior seriado já feito, as vezes o caminho menos óbvio e mais estranho acaba sendo o melhor.
Sobre o Ossos Grandes, ele disse que é filho de um ciclope ou foi criado por orcs, uma dessas possibilidades esta correta, ambas abrem espaço para que ele seja selvagem e bárbaro, bárbaros gostam de procriar e de exaltar seu próprio pinto, isso meio que explica a atitude.
Obrigado por acompanharem, espero que gostem dos próximos capítulos, estou tentando fazer um a cada dois dias para que vocês possam descansar um pouco e ao mesmo tempo, não atrasar o andamento da história. ^^
obs: estou pensando em fazer cada capítulo sob a visão de um personagem, para que eu possa explorar cada um deles individualmente e explicar melhor sua interação com o ambiente e com os outros (semelhante aos livros do george martin) e para evitar uma mudança brusca do foco do capítulo, me digam o que vocês acham, usei esse capítulo 3 como exemplo.
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