Capítulo 18
Agora é pessoal

Na área subterrânea do quartel general da TBI, onde ficavam as selas, Leonardo e Kan estavam atrás das grandes aguardando notícias.
-Ora Kan, porque não arrebentamos logo essas malditas grades? Estou sem minha espada mas com minha mão arranco fora essa porcaria!
-Se fugirmos eu perco meu posto de Sargento! Por favor, Leo, não vai demorar muito, não somos criminosos para ficar presos aqui pra sempre!
-Acha que você ainda vai ser sargento depois dessa?
-Não sei. Mas se eu fugir ai sim terei certeza.
Segundos depois, apareceu um guarda em frente as grades da cela.
-Sargento Stricken e Leonardo Neverague?
-Somos nós.
-O general Naish chamou vocês na sala do general supremo Bloodblade para interrogatório.
-Perfeito, vamos ser interrogados por dois generais! E um deles é simplesmente o chefe de toda essa p... deixa pra lá. - falou Leonardo. - se eles me prenderem de novo dane-se o seu posto de sargento Kan, eu quebro a cara deles e fujo!
-Cala a boca e vamos logo Leonardo. - respondeu Kan despreocupado com a "ameaça" de seu amigo.
O guarda abriu a sela e os guerreiros se dirigiram para a sala de Harkath Bloodblade, o líder do exército thaiano. Lá estava o idoso e resmungão general Naish com a mesma cara amarrada de sempre. Nesse dia, ainda mais amarrada.
-Aí está a DUPLA DINÂMICA! Os organizadores dos malditos duelos, o paladino e o cavaleiro, o sargento e o vagabundo!
-VAGABUNDO É...
-É QUEM? SEU MOLEQUE! É melhor se dirigir com respeito a minha pessoa se não eu te tranco numa cela de tortura para o - foi aumentando o tom de voz- resto da sua VIDA INÚTIL! Agora senta essa bunda e espere o general Bloodblade. Ele vai saber o que é que deve ser feito com vocês, e eu já imagino o que... hahaha.
-Velho desgraçado, tem sorte por não parti-lo ao meio! - comentou Leo bem baixo no ouvido de Kan.
Neste momento, o vigoroso general Harkath Bloodblade entrou na sala.
-Ah! General Naish, você aqui... - disse desanimado pela presença de Naish.
-Senhor general supremo Harkath Bloodblade! É uma honra ver o senhor, general supremo!
-Hail general já seria o suficiente, Naish... Que encheção, err... que problema você trouxe pra mim hoje?
-Esses dois jovens vândalos, senhor! Organizaram uma luta que quase levou uma das principais ruas da cidade pelos ares. Dei ordem para que parassem mas ESSE JOVEM! - apontou para Leo - E O SARGENTO STRICKEN, repito, SARGENTO!!! Desacataram minhas ordens. - falando nervoso como sempre.
-Mas Naish, creio que o senhor Neverague tenha autorização real para organizar as lutas. - Harakth foi até Leonardo e lhe cumprimentou com um tapa no ombro - jovem, meus parabéns, as lutas que você organiza são incríveis!
-Valeu! - disse com um sorriso.
-Mas senhor general! O senhor vai mancomunar com esse tipo de coisa?!? Essas lutas são perigosas para a cidade!
-Naish, deixe que eu resolvo isso.
-General, eu tenho ideias do que pode ser feito...
-Dispensado, general Naish.
-Humpf! Sim senhor...
O general deixou a sala, emburrado, reclamando baixo e com a testa franzida. Ao sair, fechou a porta com força fazendo com que a mesma se reabrisse devido a reação do impacto. Voltou até a porta, fechando-a vagarosamente.
-Não liguem para o general Naish. Ele já tem muitos anos de serviço e vocês devem saber como trabalhar no exército é estressante. Só espero não ficar do jeito DELE quando chegar “minha idade”.
-Também espero isso, se me permite o comentário senhor. Mas o que vai acontecer conosco? - perguntou Kan.
-Infelizmente, eu não posso simplesmente liberar vocês, afinal desacataram ordens expressas de uma autoridade, certo? E isso é crime. Mas como eu acho que os duelos são tradição e fazem parte da nossa vida, vou liberar vocês, por hoje. Quando forem chamados, venham imediatamente, e tentem não aprontar mais nada até lá, ok? Eu ajudo vocês e vocês me ajudam.
-Claro, general. Obrigado pela chance.
-Sim, valeu aí cara. Posso ir embora então? Não aguento mais esse lugar.
-Claro senhor Neverague. Te vejo em breve.
Leonardo saiu da sala.
-Bem, e o meu posto de Sargento, general?
-Não se preocupe quanto a isso Stricken, você é um ótimo guerreiro. Não vou querer perder alguém como você no meu exército.
-Obrigado, general. Até breve.
O paladino se retirou da sala, fechou a porta e viu Neverague esperando por ele.
-"Obrigado, general. Até breve" - disse, fazendo gozação da fala de Kan.
-Não enche. Demorei muito até virar sargento.
-Tá certo, tá certo. Mas eu acho que já ficamos tempo demais aqui. Vamos beber alguma coisa?
-Eu aceito.
Leonardo colocou a mão no rosto por um instante.
-Não cara, não tem essa de "eu aceito".
-Como assim?
-Repita comigo : Eu, TOPO.
-Affff, está bem, eu topo.
-Ótimo, assim está melhor. Hahahaha.
Os dois foram andando em direção a saída, a fim de ir até o bar do Frodo.
-Me diz Kan, você é do exército, ou é da TBI?
-Sou do exército da TBI. As forças foram unidas a algum tempo atrás para maior desempenho.
-Puts. Viu porque eu não quis me alistar na época que você me chamou? Esse negócio é complicado demais pra mim cara!
-Sim, o seu negócio é cerveja, mulher e porrada. Hahahahaha!
-Você sabe que não teve graça, né?
-Sim, eu sei.

Depósito de Thais
Pouco tempo depois


Rbllader estava preocupado, sentado numa caixa em frente ao banco tibiano. Ele havia resgatado o líder dos sorcerers, porém a missão de descobrir o que os demônios tramavam, estava incompleta. Isso significava que ainda não obteria sua resposta sobre a frase de Verminor, “Apocalypse tinha razão quando disse que você era uma arma fracassada! Desde o começo eu sabia que seria perda de tempo te criar!”. A frase não saia de sua mente, já acostumada com pesadelos e tormentos.
-Raider! Aí está você! - exclamou Neverague vindo na direção de Blader.
-E aí. Estão fugindo ou pagaram fiança?
-Não, eles nos liberaram. Vão chamar eu o Kan pra dar esclarecimentos daqui a alguns dias, mas estou de boa. Como foi no tal compromisso que você tinha?
-Nada de mais.
-Eu tenho medo desse seu "nada de mais". Vamos beber alguma coisa, estou com sede.
Os amigos entraram no bar mais famoso do Tibia, tomaram suas cervejas e tiveram suas conversas. Leonardo e Kan contaram sobre o dia na prisão, enquanto Rbllader contava sobre o resgate de Muriel como se não tivesse sido nada de mais, achando graça da cara de espanto dos seus novos amigos. Poucas horas depois pagaram a conta, Stricken e Neverague se dirigiram para sua boas casas, mas o semi-demônio se contentava com seu quarto apertado e um colchão, só não sendo mais duro do que uma pedra. Quando abriu a porta, viu Uman sentado em uma cadeira com sua já característica expressão, chegando a ser irritante de tão tranquila.
-Grande dia, não?
-O que você está fazendo aqui? Ainda não descobri o que o Culto quer.
-Pode não parecer, mas eu me importo com você Rbllader. Vim ver se está tudo bem.
-Vai ficar quando um certo deus der o fora do meu quarto.
-Acho que sei o motivo de tanta raiva...
-Ah é?
-Ela não se esqueceu de você, Rbllader. Desde do dia em que te matou, todos os dias, sem falta, ela ora aos deuses por sua alma. Só está com aquele cara para tentar apaziguar a solidão que a atormenta.
-Não sei do que você está falando.
-Sabe sim. E te dou um conselho; se quiser vê-la outra vez... fique de olho naquele Ronan.
-Como assim?
-Só estou dizendo, Rbllader... só estou dizendo... - Uman desmaterializou-se.

***

Suon reiniciou sua perseguição eterna a Fafnar nos céus tibianos, e Blader não dormiu em nenhum momento. Deitou em sua cama e ficou de olhos abertos o tempo todo, deixando pensamentos infernais tomarem conta de sua cabeça. Ele precisava das respostas.
Levantou-se rapidamente, saiu do quarto, desceu as escadas do bar e foi direto para a sede da guilda dos sorcerers, onde Najel estava na porta conversando com uma garota profissionalmente.
-Raider, Muriel está te esperando lá dentro.
-Ótimo.
O homem entrou na casa, e foi até o velho mago.
-Muriel.
-Raider Blader. Achei que acordaria tarde depois do dia que teve ontem. Bom, você me salvou então tenho uma dívida contigo. O que quer saber sobre aqueles terroristas de preto?
-Você sabia que há algumas semanas atrás eles estiveram em Vengoth?
Muriel arregalou os olhos.
-Pelos deuses, eu achei que... Tudo bem, eu vou te contar. Pra começar, o interesse deles em mortos vivos aumentou bastante. Eles vêm fazendo rituais macabros para drenar algum tipo de energia obscura do inferno e trazer demônios aqui pra cima, então comecei a enviar guerreiros para os cantos do Tibia onde mortos andantes poderiam estar. Cinco dias atrás mandei quatro dos meus melhores para uma missão no castelo assombrado de Vengoth, mas quando chegaram lá, acharam uma infinidade de monstros mortos, e... - o feiticeiro pegou uma caixa que estava abaixo do balcão - eles encontraram isso. - abriu a caixa - o braço de um archdemon.
-Verminor.
-Mas como você pode saber?
-Err... É... - coçou a testa - dá pra saber pelas serpentes tatuadas.
-Puxa! Eu não havia notado isso...
-Seus homens acharam só isso de estranho?
-Bom, o braço de um archdemon já é bastante coisa, mas também perceberam mais. Os lordes vampiros que vivem lá, haviam desaparecido, não foram encontrados nem vivos nem mortos, além... - pegou um frasco contendo um líquido preto abaixo do balcão - disso aqui.
-Me dá.
Rbllader pegou o frasco, tirou a tampa e o cheirou por alguns segundos.
-Maldição.
-Como é?
-O que mantêm os demônios de pé. Só que... tem alguma coisa a mais aqui dentro.
-Não entendo o que você está querendo di...
-Sabe onde eu posso encontrar membros do Culto envolvidos nisso?
-Eu ia mandar alguns agentes para uma casa suspeita ao sul de Thais, mas se você quiser ir no lugar deles, os cultuístas são seus.
-Agentes?
-Sou líder de uma divisão especial na TBI que cuida exclusivamente desses terroristas. Se estiver interessado, temos vagas, principalmente depois do episódio em Ghostlands.
-Já tenho um emprego.
Blader saiu da sede, indo diretamente para o sul de Thais procurar pela tal casa suspeita.

Minutos depois
Sul thaiano, próximo a margem do rio


Lá estava a tal casa grande, de madeira, com certos detalhes que deixavam evidente pertencer ao Culto, como alguns homens parados na porta com o objetivo de não deixar nenhum estranho entrar no local.
-Dê meia volta estrangeiro! Você não vai querer arrumar um problema conosco, vai? - exclamou um deles para Rbllader.
-Eu vim exatamente pra isso. EXEVO VIS LUX!
Um buraco se abriu na barriga do cultuísta, imediatamente os outros foram deter o semi-demônio, que segurou o rival mais próximo pela cabeça, enfiou-lhe os dedos da outra mão no pescoço, puxou todas as veias e quebrou o osso para completar, recebeu um golpe mágico de outro inimigo no rosto, que ficou totalmente preto e com veias aparentes. Optou por não se curar no momento, permanecendo com a feição aterrorizante. Se dirigiu calmamente até o homem que lhe atacou, acertou um chute no peito do mesmo, segurando o braço que se desgarrou do corpo de infeliz. Rbllader adentrou seus dedos no peito do cultuísta, e o levantou pelos ossos a frente do coração. Colocou o frasco contendo a maldição perto do rosto do inimigo e começou o interrogatório.
-ME DIGA AGORA, O QUE É ISSO.
-Eu não sei! *tossidos* Juro que não sei, eu sou apenas um qualquer na hierarquia!
Rbllader afundou mais sua mão adentro no corpo do homem, o agarrou por um dos pulmões e começou a queimá-lo por dentro.
-ARRRRRRRRRGH!!! TENHA PIEDADE! EU NÃO SEI, EU NÃO SEI!
O mago quebrou uma das pernas do cultuísta com um chute, que após um grito de dor começou a falar.
-Eu não sei cara, mas posso te fala...*vomita sangue* falar quem *tossidos com sangue* sabe! Um homem que vive na sua cidade... está com os caras que desenvolveram essa coisa!
-Quero um nome!
-O meu líder, *tossidos* está dentro da casa, pode te falar!
Blader arrancou o pulmão do cultuísta, deixou o corpo cair e esmagou a cabeça do mesmo contra chão, com uma pisada.
Arrombou a porta, entrou na casa e foi recebido com golpes mágicos vindo de vários membros do Culto, sem perder tempo em combate direto invocou;
-EXEVO GRAN MAS FLAM!
A casa foi pelos ares, corpos explodiram, foram carbonizados, mas logo uma mão surgiu dentre os escombros. Rbllader agarrou-a, levantou o sobrivivente, nem precisando fazer perguntas.
-Não me machuque, eu te imploro! Vou te dizer tudo.
-Estou ouvindo.
-Temos membros infiltrados na sua cidade, mais precisamente cinco. Usamos eles para conseguir gente pros sacrifícios!
-Me diga os nomes.
-Mas...
-AGORA!
-Tudo bem, calma! Hajkto, Jiryos, Zacssem, Licantro e Ronan.
-O que disse?
-Os nomes, cara! Juro que são esses!
-Repita o último.
-Ronan?!?
O cultuísta apenas sentiu seu corpo ser completamente queimado.