Voltando à história de Os Oito, com a continuação do capítulo 4. Quero agradecer todos os comentários e mensagens de apoio para a continuação da história que venho recebendo. Obrigado mesmo. Sem mais delongas, o capítulo:
Capítulo 4 - Sob a Lâmina
Parte 2
De um pequeno terraço que ficava no oitavo andar de um prédio esquecido nas partes antigas da cidade, Richard enxugava-se com uma toalha de linho após um refrescante banho de piscina no quarto 808.
Refletia sobre o quão foi fácil simular a própria morte. Afinal uma pequena explosão no metrô encobriria todos os rastros, ou pelo menos a maioria deles, pensava ele. Simular uma morte seria bom em vários sentidos para Richard. Além de despistar Storm, ele tinha a esperança de incitar Bravak a ir ao encontro mencionado por ele. Mesmo que ele não se mostrasse propenso, Richard ainda tinha outros planos em mente.
Olhou para o relógio. Faltavam apenas vinte para as onze. “Em menos de dez horas, a verdade será revelada. E tudo já está bem encaminhado.” Pensou Richard, voltando-se para a sala do apartamento.
Sentada à sua frente, uma atraente mulher, de não mais que vinte e cinco anos, observava-o impacientemente.
Usava um vestido bem curto, com um grande decote que dava destaque aos seus seios volumosos. Na orelha esquerda tinha um piercing prateado com um pequeno símbolo em forma de letra V. Seus cabelos loiros, meio despenteados, inspiravam certa rebeldia, que mesclada aos olhos azuis, transmitiam uma ousadia exótica.
Richard pediu para que ela esperasse e foi até um quarto no canto par a se vestir. Em alguns poucos minutos voltou, trajando um robe branco, e se sentou ao lado da mulher.
- O que tem pra contar de tão urgente, Alicia? – perguntou ele calmamente.
- Thomas se juntou à Ezachs.
Richard movimentou a cabeça para baixo e fechou os olhos. Levantou-se e apoiou suas mãos sobre o sofá.
- Eu peço desculpas, Richard – Alicia mordeu os lábios – Ele acabou descobrindo sobre o passado de Thomas e a relação dele com Kara. Não pude impedi-lo.
- Tenha calma – Os vestígios da água da piscina se misturavam ao suor que agora saía de Richard, encharcando o sofá pela posição de seus braços. Alicia se levantou abruptamente e foi até a porta – Aonde vai? – perguntou ele.
- Ver se posso corrigir o meu erro – disse ela.
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O relógio acima do mural marcava onze e vinte e dois.
Sentado numa cadeira dura, Bravak se mostrava impaciente e apreensivo. Seu amigo de longa data acabara de morrer na sua frente e agora ali estava ele, no gabinete de Edward Storm, detetive responsável pelo Caso de Loonta.
- Vou perguntar mais uma vez. O que raios estava fazendo na estação de metrô com Richard? – perguntou, gritando, um furioso Storm.
Mais uma vez as câmeras haviam sido os algozes de Richard, pensou Bravak. Storm usou as imagens do metrô para provar que os dois haviam estado ali antes da explosão, além de Karen que estava detida em outra sala, à pedido do detetive Rain.
Do outro lado do gabinete, Bravak havia encontrado quem menos poderia imaginar num lugar como aquele. Leonard, seu antigo companheiro, agora trabalhando para Storm. A princípio foi um choque, mas Bravak havia se lembrado o quão inteligente Leonard sempre fora. “Agora está ajudando a polícia a descobrir o assassino e se livrar de qualquer suspeita”, havia pensado Bravak, “muito esperto”.
Storm continuava a esbravejar, enquanto Bravak recusava-se a falar qualquer palavra. Leonard observava pacificamente enquanto bebericava uma xícara de café.
- Se acha que o seu advogado vai lhe tirar daqui. Não vai! – berrou Storm – Você pode ser uma pseudo-celebridadezinha, mas aqui no meu escritório, quem dita as regras sou eu. No meu caso, quem manda sou eu, está me ouvindo? Por isso é bom que você vá logo abrindo o seu bico para que...
Foi interrompido. Alex Rain entrou a passos largos fechando sonoramente a porta.
- Storm, preciso falar com você urgente. A sós – complementou ele, olhando de lado, para Bravak e Leonard. Este deu de ombros e deu um último gole na xícara de café.
- Só obedeço ordens de Storm, que é o meu superior – comentou ele.
Rain ficou pálido como a neve e olhou para Storm, como quem implora por uma intervenção.
- Leonard, leve Bravak até a sala do Dr. Colb. Acho que ele não vai se importar, enquanto está fora – disse Storm – Não tire os olhos dele – Acrescentou apontando o dedo maior e o indicador para seus próprios olhos e apontando-os na direção de Bravak.
Quando saíram, Rain fitou Storm e perguntou seriamente:
- Não acha que está se arriscando demais confiando um camundongo à um rato?
- Isso é problema meu. Leonard já se mostrou confiável o bastante e sei bem o que estou fazendo – Storm balançou a cabeça impacientemente e foi até uma das janelas, atrás da sua cadeira – O que queria falar com tanta urgência? – perguntou após ver que Rain não começava o assunto.
- Acha mesmo que Bravak foi o responsável por explodir o Richard? – perguntou Rain.
- Talvez... Tem aquela garota também. Karen. Acho que é esse o nome dela.
Rain tirou de dentro do paletó um envelope e o entregou à Storm.
- Não temos tempo para brincadeiras de adivinhação. Richard está vivo e está vindo para cá – disse Rain.
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O escritório do Dr. Colb não era muito diferente do de Storm. Exceto por alguns arranjos florais na parede e nas janelas, e uma foto da família sobre a escrivaninha. Era um clima bem mais agradável.
- E então? – perguntou Leonard, fechando a porta - Pode falar abertamente comigo aqui. Quem explodiu Richard?
Bravak encarou Leonard e, sentando-se numa cadeira apontada pelo segundo, pôs-se a falar:
- Cara, não sei o que fez para que Storm o empregasse, mas bem lá no fundo, sei que vai me compreender.
- O quê...? – começou Leonard.
- Não há tempo para explicações. Antes de morrer Richard disse que Narrant, Joel e Thomas iriam se encontrar hoje à noite. Preciso de respostas, e de sua ajuda.
- Você não é o único aqui – respondeu Leonard – Se me contar tudo do início, quem sabe eu não possa lhe ajudar?
- Eu não sei se posso contar, não sei que tipo de serviço você está fazendo para o Storm, muito menos se posso confiar em você. O que peço é que apenas confie em mim e arranje um jeito de me soltar.
Leonard refletiu por alguns instantes e foi em direção à porta – Já que é assim... – respondeu ele.
- Aonde vai? – perguntou Bravak desesperadamente.
- Provar que pode confiar em mim – respondeu ele, saindo e trancando a porta deixando Bravak sozinho naquela fria sala de outono.
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- Eu avisei que estávamos sendo vigiados – gritou Richard enquanto corria – Droga, isso não era para estar acontecendo assim.
- Desculpa – choramingou Alicia – É tudo culpa minha.
- Ajudaria se você ficasse quieta e poupa-se o fôlego para correr – respondeu ele.
Os dois passaram por duas ruas e uma avenida que estava apinhada de pessoas. À essa altura, Richard não se preocupava mais em ser visto. Entrou numa rua sem saída e olhou por cima dos ombros para se certificar que ninguém os havia seguido.
O plano de Richard agora acabava de mudar totalmente. Com Storm e Ezachs no seu encalço, estava cada vez mais difícil de controlar as coisas. A única coisa que pensava agora é abrir o jogo com o seu único e verdadeiro amigo. Estava parado diante da casa de Bravak. Era uma jogada arriscada, mas caso acontecesse algo com ele, Bravak seria a pessoa certa a quem ele poderia recorrer.
Richard tentou tomar fôlego, mas algo dentro de sua cabeça começou a lhe preocupar. Era uma coisa que ele não sabia descrever, sentiu um grande arrepio. Depois ouviu Alicia gritar, tentou se virar, mas sentiu um peso caindo nas suas costas, derrubando-o ao chão e a seguir o frio de uma lâmina sobre o seu pescoço.
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