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Tópico: O Incubo

Visão do Encadeamento

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    CAPÍTULO 3 - A ARMADA INVERSA


    A noite ia passando e ficando cada vez mais fria. Svan permanecia sentado no chão, em frente à sua casa, que ficava logo ao lado da loja de artefatos mágicos em Carlin. O escudo entre as pernas, e a espada embainhada, mas dentro de casa. Certamente, se visse ladrões, seria um alvo fácil, desde que com as mãos nunca se dera muito bem. Mas não considerava qualquer hipótese naquele momento. Por mais que ele mesmo considerasse repetitivo, sentia falta de Melchior naquela hora. E pior: a presença de Hardek só serviu para que tivesse ainda mais desconfiança sobre o exército de Thais, que nunca vira com bons olhos. Imaginou que, naquele momento, não haveria outro provável assassino para Melchior. Como já sabia, Hardek e Melchior nunca se gostaram, e não faltavam motivos para que o vice-capitão do exército de Thais o executasse. E Svan sabia da crueldade no coração de Hardek.

    Entrou rastejante para dentro de casa. Deitou-se na cama, os olhos já estavam realmente pesados pela noite de intenso choro. Em pensamento, Svan sabia que desafiar a Armada Inversa, apenas com os soldados de elite da Armada de Eloise, seria um tanto quanto audacioso. Tibianus III sempre tentou manter em seus exércitos um padrão de guerrilha implacável, e nunca se sentiria bem em saber que sua irmã detinha um exército mais poderoso. O capitão maior da Armada de Eloise sonhou com guerra. O último embate humanitário que pôs em campo de batalha o exército de Thais - este, contra o de Darashia -, fez da Armada Inversa uma superpotência no continente: guerreiros poderosos, ágeis na manipulação de armas tanto de fogo, quanto outras armas de distância, além das clássicas espadas e machados. Ferocidade ofensiva intensa, como nunca se vira no continente.

    E o Capitão dos Capitães de Carlin sabia de que dimensão seria um combate entre Eloise e Tibianus III, dois irmãos. Mas não pensou muito. O sono abateu-se com voracidade ao corpo de Svan, que dormiu logo em seguida. Dormiu tão profunda e calmamente, que não percebeu o vulto negro que o observou por alguns instantes, na janela ao lado de sua cama.

    * * *

    Cinco da manhã. Hardek levantou-se rapidamente. Na porta, ecoava-se o som de firmes batidas. Abriu, sem nem mesmo perguntar quem era a bater, ou o que queria. Aquelas batidas à porta, na casa de Hardek, já eram muito comuns, mas aquele era um horário realmente inusitado ao capitão.

    - Hardek, tenho informações.
    - Ah, miserável! Diga logo, eu estou com muito sono, desgraça! Isso são horas?
    - Não haveria outra hora, Hardek. Svan está preocupado com a sua aparição em Carlin, maldito! O Capitão não o podia ter visto, seu verme! Quer por tudo a perder, desgraçado?

    Hardek, por um instante, oscilou. A presença daquele homem à sua casa, àquela hora, realmente representava algo um tanto quanto importante. Convidou-o a entrar, e quando este se assentou, Hardek foi até o banheiro para lavar o rosto e as mãos. Sentaram-se à mesa, e Hardek resolveu servir o convidado com café, ao invés do habitual chá, que fez com que o visitante se manifestasse.

    - Café, Hardek? Você está bem, homem?
    - Ah, desgraça. Eu não percebi que tinha trazido café. Em todo caso, eu estou com sono. É até melhor. Agora me diga, o que é que há?

    Ambos deixavam de lado a linguagem formal. Eram amigos, basicamente, e cúmplices. O homem, que entrara naquele momento na casa de Hardek, conhecia Svan há muito tempo, mas não oscilava em sua traição. Apesar da conquista da Resistência, não estava satisfeito com o mandato de Eloise por aquelas bandas. Sabia do plano de Tibianus III, e concordava. Não haviam motivos para que aquele amigo tão próximo de Svan não o traísse, Eloise era uma mulher, e este era um tanto quanto machista. Conversaram por alguns minutos, aproximadamente meia hora, foi o tempo suficiente para que o homem explicasse a Hardek todos os planos de Svan. A traição era covardemente brutal, mas o traidor não sentia-se arrependido.

    - Tudo bem, maldito! Eu já percebi. Prefiro não falar o seu nome, ontem eu dei uma observada pela cidade e encontrei alguns poucos soldados da Armada Inferior de Carlin. Gostei de seus trajes, espião... são propícios para a ocasião, creio eu. Agora, dá o fora daqui, antes que amanheça e você seja facilmente reconhecido. Já sei o que vamos fazer, não se preocupa porque é facilmente remediável. Ontem eu fui a Carlin justamente pelo fato de que eu queria desestabilizar Svan. Quanto a Melchior, bem, caiu no colo - dizia Hardek, gargalhando intensamente.
    - Até mais, Capitão. Vou saindo. Muito cuidado, estou no Quartel General da Resistência. Pra mim, não há problema algum. Eu já estou mesmo cansado de toda aquela baboseira. Mais tarde, se não tiver problema, eu venho pra cá novamente. Espero que você tenha entendido tudo que Svan planeja fazer. É muito fácil. Qualquer problema, me avise.
    - Está certo. Dá o fora, desgraçado.

    * * *

    De manhã, em Carlin, o Quartel General da Armada estava com a porta de seu dormitório aberta. Josh, que passava muito frio, foi acordado por Svan por volta de sete horas. Levantou-se um pouco atordoado, o frio intenso que a noite fez abatendo o seu corpo brutalmente. Mercy entrou ofegante pela porta, respirando com muita rapidez, como quem estivesse correndo. Svan, naturalmente, não entendeu aquela cena, mas Josh sim. Mercy e Josh entreolharam-se por alguns instantes, e o olhar do mais novo era como se o acusasse. Svan não deu muita importância para tal troca de olhares, e começou a falar.

    - Enfim, bom dia, senhores. Vou entregar meu relatório à Rainha, e em seguida farei conforme combinamos. Já conversei com Liana, ela foi até Venore para preparar o velho Olk para nossa conversa. A própria Liana, há pouco, me deu a confirmação de que tudo corria bem. Só espero que Olk esteja na Taverna, quando eu chegar.
    - Sim, Capitão - Mercy fazia ser ouvida sua voz -, concordo contigo. Eu e Josh cuidaremos bem da cidade na sua rápida ausência, sem problemas.

    Josh encarou Mercy com um olhar ameaçador. A feição de despreocupado de Mercy fez com que Svan não prestasse muita atenção no duelo psicológico que ambos faziam entre si. Josh já encarava o velho espião daquela maneira faziam alguns dias, mas nunca disse uma palavra sequer a qualquer um dos dois, seja o espião, seja o Capitão. Svan, porém, não percebia nada.

    - Bom, estou me retirando, cavalheiros. Que Crunor esteja com vocês - Svan levantara-se e estava distanciando-se da cama de Josh andando de costas.

    Josh e Mercy fizeram um aceno com a cabeça, enquanto Svan subia as escadas do quarto. Mercy o seguiu, sem dizer uma palavra. Svan continuou em seguida, subindo mais um repertório de escadas, que daria direto nos aposentos da Rainha. Mercy encaminhou-se para fora, e foi até uma taverna escondida à sudoeste, próximo de uma casa comunitária. Josh vestiu-se, lavou o rosto, tomou sua espada e saiu pelas ruas de Carlin, a procura de Bambi Bonecrusher para saber qual trabalho o seria designado para ele no dia.

    No castelo, Svan caminhou por um longo e estreito corredor, sepucralmente iluminado por apenas algumas velas. O tapete, ao chão, tinha cerca de dois centímetros de espessura, mas Svan mal o sentia, com os pés enfurnados em suas botas de aço temperado. Ele caminhou apertando o passo gradualmente, observando atentamente cada um dos tijolos ornamentados do local. Pode perceber uma espécie de puxador na parede, mas não viu nexo naquilo. Estava no meio da parede, e não representou nada momentaneamente ao capitão. Chegou ao quarto da Rainha. Dois cavaleiros guardavam a entrada com afiadas espadas e armaduras de aço. Svan deu dois toques na porta e um dos cavaleiros guardiões o apresentou.

    - Rainha Eloise, Capitão Svan à porta.
    - Permita-o que entre, George - o doce som da voz da Rainha fez-se ouvir, do outro lado da porta.

    Svan entrou. O cheiro perfumado do quarto e as belas curvas da Rainha traziam ao cavaleiro um sentimento agradável e realmente já conhecido pelo capitão: excitação. A vontade de Svan foi de falar à Rainha tudo que sentia por ela. Mas, por alguns instantes, pensou que isso talvez já estivesse sendo estafante àquela mulher, que já por diversas vezes fora cortejada por outros cavaleiros da província. Mas estava entalado. Svan amava Eloise, desde a primeira vez em que trocaram olhares, no meio da batalha entre Thais e Darashia. Svan tinha a impressão de que Eloise sentia o mesmo, mas não se atreveu em nenhum momento a perguntar. Naquele momento, deu uma cambaleada, mas seguiu firme para entregar seu relatório, tentando ao máximo manter afastado de seus pensamentos de que ali, diante dele, sob provocantes trajes, estava a mulher de sua vida.

    - Rainha, eu vim para...
    - Já sei porque veio, meu Capitão. Somos íntimos, não há um porquê para tanta cerimônia. Entre, feche a porta e sente-se, por favor.

    Svan fez uma cara de quem não estava apreensivo às ordens, mas as obedeceu, irradiando de alegria internamente pelas palavras ditas pela Rainha. Sua vontade era de pular, gritar, espernear. Mas sempre manteve seu auto-controle, não seria daquela vez que o perderia, apesar da situação ser realmente tentadora. Svan cumpriu as ordens dela rigorosamente, e sentou-se à volta da mesa, próximo dela. Olhou profundamente em seus olhos castanhos, e a boca quase fez o que a cabeça não o dava razão. Ele só queria dizer uma coisa à Rainha: eu te amo.

    - Enfim - Eloise quebrou o silêncio -, o que houve com o prisioneiro?
    - Sinto muito por seu sobrinho, Rainha. Ele morreu de frio antes que eu o capturasse.
    - Tudo bem, Svan. É o destino da maioria dos ladrões e assassinos. Morrer, ou ser preso. Já que Jacques preferiu morrer, eu nada tenho a ver com isso.

    A doce voz de Eloise dava a Svan a sensação de estar entrando no paraíso. Melchior não mais passava pela cabeça do cavaleiro. Ele, no entanto, lembrou-se da situação com Hardek repentinamente, e pôs-se a falar para a Rainha sobre o que planejava fazer.

    - Maldito Tibianus - praguejava a Rainha, sob um linguajar que dificilmente a população viria, um dia, a não ser Svan -. O desgraçado está querendo tomar a minha cidade! Concordo com você, Capitão, Hardek é o principal suspeito. Lhe dou ordem de dispensa para que vá até Venore ter com Olk, precisaremos dele. Se é guerra que Tibianus quer, é guerra que ele terá.

    * * *

    A Armada Inversa saudava Hardek com grande festa, no salão inferior do Quartel. Arksoul, o cavaleiro líder da Armada, recebeu Hardek entre abraços e deu-lhe o reconhecimento que o vice-capitão inverso sempre desejou. Hardek tornava-se Co-Capitão Chefe da Armada Inversa, tendo portanto o mesmo cargo de Arksoul no momento. Mago e cavaleiro planejavam fortalecer ainda mais seu arsenal ofensivo, e Arksoul acreditava que Hardek era capaz de fazer isto e muito mais, depois do acontecido a Melchior.

    A Armada Inversa era conhecida, como já explicado, pelo seu grande poder de fogo e ofensivo. Nenhum exército tinha mais coragem de a enfrentar, desde sua última batalha. A superpotência, como era chamada pelos cidadãos thaisianos, era o maior exército numérica e inteligentemente. A tecnologia disposto à Armada por parte de Tibianus III era grande o suficiente para que todas as outras a temessem.

    - Parabéns, Hardek! De coração! Você merece, meu amigo!
    - Obrigado, Arksoul. Obrigado a todos. Lancei a Svan um ultimato, ele deve saber o que faz a partir de agora. Mas temos um pequeno problema.

    Arksoul franziu o cenho e passou a prestar atenção a cada palavra proferida por Hardek, uma por uma. O que ouvia era intrigante. Maldito Svan, acha que pode nos desafiar, pensava. Hardek deu a Arksoul todo o plano de Svan, conferido a ele pelo espião da Resistência algumas horas antes. Arksoul era troculento, estatura média, alguns centímetros a menos de dois metros. Grandes braços, uma arte com a espada como pouco se vira. Cabelos curtos e ralos, olhos azuis, cavanhaque apenas, uniforme impecável. Era um exemplo para qualquer outro soldado da Armada, e superava o corpo de Svan com muita facilidade.

    - Até que aquele bastardo nos está sendo de grande ajuda, Arksoul.
    - Concordo Hardek. Atenção, todos vocês, Soldados Reais - Arksoul gritava com seu exército -. Temos uma tarefa realmente fácil de se concretizar.

    Arksoul apontava para alguns soldados da Armada, e selecionou cerca de quinze homens, fora a si próprio e a seu Co-Capitão.

    - Você, você e você. Todos vêm comigo. O restante, permanece nas entradas de Thais. Dracon, quero que cuide do Cais. Nenhum civil de outra cidade está autorizado a pisar em Thais, compreendido?
    - Sim, Capitão.
    - Nunca é tarde para reverter o jogo, amigos. Vamos, adiante!

    * * *

    Josh chegou ao Cais de Carlin antes de Svan. Seu alerta estava ligado, pois Mercy havia sumido mais uma vez. Entrou na embarcação até Venore, que partiu sem o Capitão da Armada de Eloise. Svan chegou alguns minutos depois ao Cais e esperou pacientemente pela próxima embarcação. Quando chegou à Venore, Josh estava à porta da Taverna de Louvre, propriedade do velho Olk. Achou isso um pouco curioso, pois Josh tinha incumbências apenas em Carlin. E a feição dele não era nem um pouco tranquilizadora.

    - Josh, o que faz aqui?

    O jovem o encarou, tentando conter o choro.
    __________________________________________________ ______
    Quero agradecer a todos que postaram, me corrigindo, em especial ao Holvest, por me mostrar diversas de minhas falhas. Espero as ter corrigido, neste capítulo.

    Postem, por favor! Preciso saber o que estão achando, ainda mais os que lêem e não postam!

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    Última edição por Neal Caffrey; 28-06-2008 às 15:26.
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