Meus digníssimos amigos, fiéis leitores e camaradas que têm, tão gentilmente, acompanhado a história de Jason Walker através dos séculos, uma boa tarde e sejam todos muito bem vindos.
É com alegria - e pesar? - que anuncio a quinta e última história de Jason Walker, conforme prometido. A esse respeito, faço uma ressalva: A Arca do Destino, Os Poços do Inferno, a Relíquia do Tempo e a Sétima Vingança tiveram capítulos escritos religiosamente em 4 páginas do Word, encerrando sempre na última linha da quarta página, tendo um número de capítulos limitado. O Patrono do Apocalipse, contudo, tem seus capítulos escritos em 5 páginas. Quero cansá-los? Não. Somente acho que o quinto dos tomos de Jason Walker é simplesmente o melhor até agora, sem falsa modéstia, e dar a ele menos frases, diálogos, descrições e palavras do que merece parece-me leviano e injusto com vocês, que têm acompanhado tudo até agora e me incentivado tanto.
Então, para aqueles que tiveram o (des)prazer de me acompanhar até agora, meu muito obrigado, e espero que possamos encerrar a saga de Jason Walker com chave de ouro. Para os que estão chegando agora, deem uma chance: retornem ao primeiro conto e leiam todos até aqui, por maior que seja a preguiça pelo excesso de conteúdo. Escrevi Jason Walker com toda a vontade e com todo o amor, e tenho estado muito contente com a repercussão até agora.
EDITADO: Atenção! Todos os tomos de Jason Walker encontram-se registrados e, por consequência, protegidos por direitos autorais, na forma da Lei n. 9.610/1998, anexos e alterações. A reprodução, contudo, não é proibida; basta que sejam indicados os créditos caso a história seja replicada em outro lugar.
Sem mais delongas, convido-os ao quinto e último conto. Espero satisfazer as expectativas, ainda que não sejam tão grandes.
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Atualizações
Segunda postagem sobre as inspirações da história e dos personagens
04/01/2019
Findamos!
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Postado originalmente por Índice
Prólogo (nesta postagem)
Capítulo I - Cartas a Jason Walker (nesta postagem)
Capítulo II - Bloodtrip
Capítulo III - Outro lado
Capítulo IV - Duas não são de todo ruim
Capítulo V - Cerberus e Górgon
Capítulo VI - Arkhothep
Capítulo VII - O lugar mais seguro da Terra
Capítulo VIII - O selo é rompido
Capítulo IX - Perda insanável
Capítulo X - Rashid, o Comerciante
Capítulo XI - O penúltimo general
Capítulo XII - Linha de sangue
Capítulo XIII - Não neste dia
Capítulo XIV - O Enigma Milenar
Capítulo XV - O último arcanjo
Capítulo XVI - Mais cicatrizes no rosto do continente
Capítulo XVII - Fuga
Capítulo XVIII - Memórias
Capítulo XIX - Parusia
Capítulo XX - O incandescente desconhecido
Capítulo XXI - O Patrono do Apocalipse
Capítulo XXII - Bloodtrip II
Capítulo XXIII - Clausura
Capítulo XXIV - Cruz
EpílogoPostado originalmente por Extras
Spoiler: PrólogoPRÓLOGO
“Este é o grande dos fatores envolvendo a epístola dos homens. Nascemos, crescemos, desenvolvemo-nos e, após, morremos. Não há certeza sobre se cresceremos e nos desenvolveremos. Droga. Sequer se nasceremos. A morte física é a única certeza.
Mas não para você, Jason Walker. O filho pródigo de Lawton e Clarice Walker é um descendente de Crunor e de John Walker, e, embora tenhamos absoluta certeza a respeito disso, minha crença é de que você será capaz de encontrar e trazer a nós o Patrono do Apocalipse, citado em nossas antigas escrituras.
Sim, o Patrono do Apocalipse. Porque ele detém um poder que o Inominado desconhece. Ele será capaz de guiar-nos, de apresentar a nós a sua face e conduzir-nos a todos a um único caminho: o da vitória. Ainda que Zeus faça sobre este mundo chover uma tempestade de raios até o fim dos tempos; ainda que Poseidon o inunde com toda a água que há nos oceanos; ainda que Hades faça-o partir ao meio e ascenda ao mundo a tumba do submundo, nada poderá nos parar, se o tivermos ao nosso lado.
Purificai-vos a todos, sem exceção, porque o fim se aproxima. Em milênios de vida, a raça humana nunca esteve tão próxima da extinção. Cain guardava o Inominado. E ele será vingado sete vezes.
E não haverá Crunor para separá-los entre afortunados e ímpios.”
Cartas a Jason Walker, Volume I.
Spoiler: Capítulo I - Cartas a Jason Walker– CAPÍTULO I –
CARTAS A JASON WALKER
Jason Walker, Leonard Saint e John Walker, de joelhos em frente ao depósito, observavam a cena com tristeza e rancor. Pelas ruas de Carlin, transitavam aqueles que eles tanto haviam trabalhado para que não entrassem.
Homens armados com pistolas, varinhas, cajados, espadas, machados, clavas, barras de ferro e tudo mais que pudesse ser empunhado, reuniam-se em número muito superior do que o que eles podiam imaginar. Havia 10 deles para cada habitante, combatente ou colaborador de todos os reinos do antigo continente somados.
Um homem negro, careca e usando terno completo, com colete e tudo, marchou por entre os homens, que abriram espaço para ele, como numa espécie de ritual. Seus olhos cinzentos revelavam o conteúdo de sua alma, que parecia irremediavelmente irreparável. O corpo torneado destacava-se sob o terno, que estava perfeitamente alinhado em seu corpo robusto. Na linha de frente, Jason reconheceu os cabelos ruivos de Josh, um dos antigos soldados de Heloise. Todos pareciam estranhamente bestializados.
Jason também reconheceu o homem que marchava até o amplificador mágico que ali fora instalado por Heloise. A rainha, a dois passos de distância, mantinha as mãos cruzadas defronte ao corpo, desolada. Perdera muitos amigos e familiares. Não perderia muitos mais.
— Bom dia — disse ele, a voz baixa e mordaz, como o sibilo de uma serpente, cortando o ar sem esforço algum. — Agora que estabelecemos suficientes critérios para nossa boa convivência, trago-lhes uma mensagem do vosso senhor, o Leviatã.
Ele ergueu os olhos e fixou-os em Jason Walker, que, ajoelhado, assistia àquela situação, sentindo-se mais impotente do que nunca. A Espada de Crunor, em breve, retornaria à sua bainha. Não tinha tempo a perder.
— “Por ordem do Leviatã, Vossa Majestade, o Inominado, todo e qualquer, singular ou coletivo, projeto de lei, ato normativo, decreto ou mandamento anteriormente editado pela Coroa Unificada de Carlin, Edron e Thais jaz absolutamente revogado…”
Outra vez, ele levantou a cabeça. Neste momento, suas atenções foram atraídas por um simples momento para Heloise, cujo rosto era de uma máscara impassível. A rainha não esboçava qualquer reação.
— “Por força da referenciada ordem, os seguintes estatutos editados pela Coroa Unificada de Carlin, Edron e Thais passam a vigorar com a seguinte moção: a respeito do desígnio da Coroa de Carlin para a guardiania de relíquias antigas e sagradas deste continente… revogado. Sobre a nomeação de Bambi Bonecrusher a capitã do exército de Carlin… revogada. No que toca à concessão dos títulos de Lorde, Comendador e Cidadão Honorário, respectivamente, a Jason Walker, Leonard Saint e John Walker… revogada. Sobre a Lei Orgânica de Carlin, que nomeou a rainha regente Heloise Pennyworth; a Lei Orgânica de Thais, que nomeou o rei regente, Arthur Pennyworth; e a Lei Orgânica de Edron, que conta com Daniel Steelsoul como honorário e vitalício regente… revogados.”
Jason trincou os dentes, baixando a cabeça, muito irritado. Leonard, ao seu lado esquerdo, espelhava a expressão de Heloise; parecia estar pensando em alguma coisa interessante que lera em algum momento da vida, muito, mas muito distante dali. À sua direita, John semicerrou os olhos, como se esperasse algo acontecer.
— O Decreto Conjunto da Regência do Inominado inicia-se a partir desta data, com efeitos retroativos até… até o momento em que o mundo foi criado — o homem deu um sorriso, mostrando dentes perfeitos. — O Inominado é o regente pretérito, atual e futuro, e todo e qualquer homem, mulher ou criança neste continente, cidadão ou não, humano ou não, responderá diretamente a Ele por seus atos, bem como será ampla e irrestritamente bonificado por suas benfeitorias. Trabalhem por seu novo rei, produzam riquezas, façam suas ofertas e agreguem valores em suas avaliações. O que poderão ter dependerá do que forem capazes de produzir.
O homem fechou o livro pesado que trazia, lançando à população, alinhada defronte a ele, um olhar que pretendia ser profundo e penetrante. Não era possível, contudo; sua alma, ofuscada, não tinha mensagem alguma para transmitir, nenhum sentimento para compartilhar, excedo o ódio, o rancor, a amargura, a raiva e a vingança.
Finalmente, seus olhos se fixaram nos de Jason, e ele lhe deu um meio sorriso presunçoso.
— Porra, as bonificações começarão a ser concedidas agora mesmo — disse, em alto e bom som. — Considera-se foragido o homem conhecido como Zathroth, que detém o Anel Finalíssimo, uma das 12 Grandes Relíquias do continente. Sabemos que Jason Walker detém a Espada de Crunor; Leonard Saint, o Arco dos Elfos; o demônio chamado Randal, também foragido, o Colar de Contas; e John Walker, o Livro das Ciências Ocultas.
Ele fez uma pausa.
— Infelizmente, por alguma circunstância fortuita, não conseguimos localizar nenhuma das quatro relíquias que supostamente deveriam estar aqui, junto de seus donos. Então, se algum de vocês tiver, ainda que mínima e distante, qualquer pista a respeito de qualquer uma dessas relíquias, sugiro que deem um passo à frente e quem me conceder alguma útil informação será recompensado imediatamente.
Jason levantou a cabeça, bem em tempo de notar algo nos céus, muito, mas muito distante dali. Pelo tempo que a visagem durou, poderia ser nada além de uma visagem, no final das contas. Ele franziu o cenho ao assemelhar o sinal com uma pequena bola de fogo, e seu coração se descompassou por um instante quando ele avaliou, finalmente, que Ferumbras estava próximo, talvez já estivesse ali.
Os cidadãos de Carlin se entreolharam, sem bem saber o que fazer.
— Ninguém? — o homem parecia decepcionado. — Vamos lá — encorajou, sorrindo e tirando uma pequena bolsa de moedas de um dos bolsos internos do paletó. — Recompensa.
Pela segunda vez, a atenção de Jason foi atraída para o céu. O mesmo sinal, pensou, ligeiramente encabulado. Pela segunda vez.
Enfim, o cavaleiro compreendeu. Ignorando as fortes mãos que dominavam seus ombros, ele se levantou, empurrando seu captor com as costas e dando dois passos à frente. O homem que discursava sorriu para ele, dividido entre a admiração pela sua coragem e o assombro por, finalmente, ele ter decidido cooperar.
— Morfeu — disse Jason, semicerrando os olhos. — Tenho uma pista sobre uma das relíquias.
— E qual seria ela? — Morfeu perguntou, achando a situação levemente interessante. — Não a Espada de Crunor?
Jason sorriu amarelo, no exato instante em que a imensa bola de fogo desceu dos céus e explodiu a dois passos de distância dele, lançando soldados de Ferumbras para todos os lados. Por alguma razão, nenhum dos bons cidadãos de Carlin, ou dos combatentes do seu exército, sofreu qualquer avaria pela explosão. Todos se movimentaram, é claro, mas somente pelo susto ocasionado.
John levantou-se de uma só vez e socou o seu captor, recuperando seu cajado e disparando feitiços para todos os lados quando a balbúrdia se instaurou. Por alguma razão, Leonard estava preso pela boca à parte interna da coxa do homem que segurava seu arco, arrancando-lhe sangue na base da dentada e recuperando também sua arma.
Quando a Espada de Crunor ressurgiu, Jason identificou, exatamente no ponto em que a bola de fogo explodira, um homem de armadura grega completa, alva como a neve, vestindo um capacete de batalha dourado e montado em um cavalo de fogo. Houve somente tempo para que Apolo piscasse para ele com um só olho, antes de atingir Morfeu exatamente em seu centro de gravidade, atirando-o para dentro do depósito.
Nenhum dos cidadãos de Carlin ousou pegar em armas agora. Pelo contrário, Jason, John e Leonard combatiam sozinhos uma infinidade de soldados, acumulando seus corpos pelas ruas da amada cidade. A rainha se aproximou de Jason quando ele arrancou a Espada, que estivera cravada em uma cabeça, empunhando-a de volta.
— Vou com vocês.
— Preciso de você aqui — ele abateu outro soldado, dando cobertura para John, que era responsável por uma carnificina toda particular. — Confio que não permitirá que os cidadãos sejam molestados.
Heloise refletiu por meio segundo e assentiu uma vez, determinada.
— Crie um meio de comunicação seguro, que não seja destinado exclusivamente a mim, mas a toda a militância contra Ferumbras — ele ignorou a careta que ela fez e chutou um homem na altura do plexo, rompendo sua armadura. — Leonard, John e eu estaremos juntos. Precisamos encontrar as relíquias que faltam.
Outra explosão pode ser ouvida próximo dali, na saída leste. De repente, um imenso dragão, negro como a noite, alçou voo sobre a cidade, pousando sobre o cortiço onde Jason costumava morar com Leonard e levando-o abaixo. Ares saltou por entre as casas e aterrissou diante do cavaleiro, sacando sua espada imensa.
— Você me devia um favor; agora, deve dois — ele arrancou uma cabeça, salpicando Heloise com o sangue do soldado. — Estou arriscando o Olimpo aqui. Vá embora e tenha a certeza de saber o que está fazendo.
— Não o decepcionarei — prometeu.
Ares revirou os olhos.
— Quer um beijo de despedida? Vá!
Jason acertou um chute rodado no queixo de um soldado, desmontando-o. John abateu outro próximo e Leonard cravou uma flecha na cabeça de um deles, o mais próximo de Heloise. Devagar, os três amigos começaram a recuar no sentido do oceano, e o cavaleiro achou muita graça quando percebeu Margareth avançando entre os inimigos, nocauteando vários deles batendo com um livro gasto em suas cabeças.
— Vamos lá, Maggie — gritou Leonard, empolgado, e ela ergueu o polegar.
Hermes materializou-se atrás deles, franzindo o cenho e balançando a cabeça em sinal negativo ao perceber o tamanho da bagunça que acontecia em Carlin. Ele tocou Jason no topo da cabeça, repetindo o gesto com Leonard e John.
— Paspalhos — ele estalou os lábios, desgostoso. — Estão invulneráveis aos olhos mais perspicazes agora. Cuidem-se para que não sejam encontrados ao acaso, porque só não poderão ser achados se estiverem procurando por vocês. Entendem? Não estão invisíveis, mas o Inominado não pode encontrá-los utilizando suas magias de localização, nem seus correligionários, nem ninguém. Então, ao montarem acampamento…
— Protegeremos os arredores e nos asseguraremos de que ninguém nos encontrará — completou John, enfiando seu cajado de qualquer jeito na cara de um dos inimigos. — Obrigado, Hermes, mas realmente precisamos partir.
— Não sei o que ainda estão fazendo aqui. A propósito, antes que Eremo tenha um filho…
Ele enfiou algo parecido com uma correspondência de qualquer jeito nas mãos de Jason e desapareceu.
O cavaleiro ainda tentava assimilar o que acontecera recentemente quando todo o calçamento entre o depósito e a posição em que estavam explodiu. Blocos de concreto e argila foram atirados pelo ar e parte da estrutura frontal do depósito cedeu, bloqueando parcialmente a avenida horizontal principal da cidade.
Deslizando pelo chão, como se seus pés não o tocassem, ele surgiu. Os olhos brancos, opacos, como se houvesse perdido a visão há muito tempo. Seu manto vermelho roçava no chão destruído enquanto ele andava, e seus cabelos e barbas, longos e brancos, criavam um contraste medonho com a cor pálida do seu rosto. Ele segurava um cajado dourado, no topo do qual uma letra “F” ornamental havia sido insculpida.
A visão era aterradora. Ainda pior que poderia parecer.
— Que… altercação é esta… em minha cidade?
Os pelos dos braços de Jason se eriçaram. Sua voz era rascante, arrastada, ao mesmo tempo debochada e firme, e o esforço que fazia para ser ouvido era ainda menor do que o desempenhado por Morfeu, seu correligionário. Jason lembrou-se de um sibilo breve, um sussurro suplicante, algo que só tinha ouvido uma vez em toda a sua vida: no inferno.
Ele engoliu em seco, a Espada de Crunor firme na mão direita, e o combate, que já parecia muito violento até aquele momento, estava momentaneamente paralisado. John, todavia, semicerrou os olhos, sentindo a aura demoníaca que ele exalava. A impressão que fora deixada era de que a cidade explodiria em mil pedaços a qualquer momento, se ele simplesmente decidisse que assim seria.
— Morfeu?
O Arauto surgiu um instante depois, aproximando-se devagar. Seu terno, outrora impecável, estava rasgado em vários pedaços.
— Jason Walker e a Espada de Crunor — relatou, olhando para o cavaleiro. — Com a ajuda dos olimpianos.
Ferumbras ergueu a cabeça e Jason supôs que estava olhando para ele. Não era possível saber, diante da opacidade infinita daqueles olhos medonhos.
— É verdade? — Ferumbras questionou. — Gostaria de saber se… estamos na mesma página, no livro da história da humanidade.
Ele deu dois passo para a frente, e Jason se retesou automaticamente, mas ele não se aproximou mais do que isso. Guardava, ainda, cerca de cinco metros de distância.
— Morfeu vem à sua cidade… minha cidade, oferece redenção ao seu povo, promete não tocar num único fio de cabelo de quem quer que seja e, ainda assim, você explode o que é meu — ele coçou a barba com a mão livre, parecendo reflexivo. — Bem, Jason Walker, dono da Espada de Crunor. Esta é uma conduta… inaceitável.
Ele fez um biquinho, conjecturando.
— Jovem Jason Walker, vou oferecer-lhe uma nova chance de redenção. Sim, porque tenho bom coração, e quero mostrar-lhe que podemos ser grandes parceiros de negócios. Gosto do seu ímpeto, para ser sincero, mas acho-o um pouco impulsivo. E é óbvio, ainda não houve tempo para que você tivesse contato total com as novas leis que regem esta cidade, mas vou simplificar o caminho para você.
Ele se aproximou mais dois passos. Jason achou que, a qualquer momento, seu coração saltaria pela garganta.
— Não há motins — sua voz era ainda mais baixa. Ameaçadora. — Você não explode o que é meu. Não ataca meus homens. Não reduz meu contingente. Não se rebela. Você obedece. Não firma alianças. Não cria confusões. Não foge.
Jason franziu o cenho, muito nervoso.
— Agora — Ferumbras sorriu; os dentes eram indetectáveis por baixo da barba cheia, que descia até a altura da sua cintura. — Vou mostrar-lhe o quão decente posso ser e, mais do que isso, como sou justo. Você nominará alguém, não importa quem, e esse alguém morrerá. Obviamente, você está perdoado pelo que fez aqui. Gosto de você. Mas nossas leis exigem punição. Então, se não se importar…
O cavaleiro arregalou os olhos, descrente. Sua boca secou. Não só não via saída para aquela crise, como sabia que não apontar alguém significaria a extinção da cidade como um todo. Ele refletiu por vários segundos, sem conseguir dizer nada.
— Não? — Ferumbras parecia decepcionado. — É uma pena. Seu silêncio, segundo nossas leis, permitem que a escolha seja feita por mim. Então… aos negócios. Gosto de você — ele repetiu, pela enésima vez —, mas não posso compactuar com a violação das nossas normas.
Josh, o antigo soldado do exército de Heloise, se destacou da multidão, trazendo consigo Bambi Bonecrusher. Jason ameaçou dar um passo adiante, sentindo o coração martelar loucamente, mas foi impedido por John, que fez que não com a cabeça, como quem sugerisse que se conformasse.
— Não faça isso — pediu Jason, perto de cair aos prantos.
Ferumbras arqueou as sobrancelhas grossas, surpreso.
— Ora, foi-lhe dada a oportunidade. Embora seja do seu feitio, Jason Walker — ele colocou a mão no peito —, seu soberano não descumpre as leis que criou.
Com um único golpe, justamente usando o “F” entalhado no topo do seu cajado, Ferumbras arrancou a cabeça de Bambi. Ela rolou até os pés de Jason, que sentiu que teria outra crise de pânico em breve. Heloise se retesou, assombrada.
— Não!
Jason avançou contra Ferumbras de Espada em punho, pronto para morrer, se necessário. Caso o último ato da sua vida fosse o de tirar a vida daquele homem, estava disposto ao sacrifício.
Obrigado a todos, desde já, e desejo uma excelente leitura.
[]'s
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