Meus caros e dignos colegas, bem vindos de volta a mais uma história de Jason Walker.
Sem entrar em delongas demais, agradeço imensamente àqueles que se dispuseram a acompanhar os primeiros três contos. Ingressamos, agora, no quarto dos cinco livros da série, isto é, o antepenúltimo. Aos que estão acostumados com a história desenvolvida em "introdução, clímax e fim", aviso de antemão que A Sétima Vingança possui um enredo que tem como sequência "continuação, clímax, introdução e clímax", inexistindo fim nessa história por si mesma, pelo que o último dos tomos da série é o que verdadeiramente a encerrará.
EDITADO: Atenção! Todos os tomos de Jason Walker encontram-se registrados e, por consequência, protegidos por direitos autorais, na forma da Lei n. 9.610/1998, anexos e alterações. A reprodução, contudo, não é proibida; basta que sejam indicados os créditos caso a história seja replicada em outro lugar.
Assim, vamos adiante.
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Atualizações
Postados o Capítulo 18 e o Epílogo
14/03/2018
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Postado originalmente por Índice
Prólogo (neste post)
Capítulo 1 - Por um fio (neste post)
Capítulo 2 - Perigosa aliança
Capítulo 3 - Os Demonologistas
Capítulo 4 - A primeira contenção
Capítulo 5 - Lacunas
Capítulo 6 - Presságio de morte
Capítulo 7 - Auxílio providencial
Capítulo 8 - Combate mortal
Capítulo 9 - Mano a mano
Capítulo 10 - Fechamento
Capítulo 11 - Férias forçadas
Capítulo 12 - Busca implacável
Capítulo 13 - Bonança
Capítulo 14 - A primeira marca do tridente
Capítulo 15 - O pacato povo de Cormaya
Capítulo 16 - Quem de nós?
Capítulo 17 - Os três maiores
Capítulo 18 - Sacrifício necessário
EpílogoSpoiler: PrólogoPRÓLOGO
Cain avaliou o campo de batalha desenhado diante de si, mas seus olhos mantinham-se fixos em somente uma figura: Leonard Saint, a reencarnação de Abel, seu irmão e sucessor, a quem fora atribuído o primeiro homicídio da história do homem.
Adiante, as linha de Lúcifer eram organizadas, mas um pouco dispersas. E, embora em número reduzido, os homens do ausente Jason Walker tinham uma estratégia de batalha deveras definida. Era interessante que ele tivesse decidido atacar, ainda mais interessante que o tivesse feito com um contingente pequeno.
Por um instante, Cain lembrou-se da promessa que lhe fora feita por Deus: quem o matasse seria punido sete vezes, o mesmo número de vezes que Cain seria vingado. Ele sorriu, baixando a cabeça por um segundo. A Marca do Senhor pareceu brilhar sobre sua pele, no local onde sabia que ela havia sido inserida. Agora, era uma questão de tempo.
Adiante, John Walker hasteou o brilhante estandarte de Carlin, dividido com o de Thais, carregado por Arthur.
— Eles lutam — disse Lúcifer, achando curioso.
— Todos morrem — respondeu Cain, ainda pensando em Abel.
O outro assentiu uma vez, dando-lhe as costas.
— Confio a missão às suas mãos competentes.
Cain fez que sim, franzindo a testa.
A batalha começaria em breve, e ele iria vencer.
Pela vez derradeira.
Spoiler: Capítulo 1 - Por um fioCAPÍTULO 1 – POR UM FIO
De braços cruzados, John se recusava a deixar a enfermaria dos druidas em Carlin. Rafael já se juntara a Miguel e retornara às forças de contenção, e Leonard estava organizando a guilda dos arqueiros em Carlin, junto de Melany, da melhor forma que podia. A cidade estava inflada e os acontecimentos recentes somente vieram a inflamá-la ainda mais.
Dois dias antes, Jason Walker chegara com o grupo de amigos em um estado de semimorte. Completamente apagado, sinais vitais muito fracos, corpo dilacerado, vários hematomas na cabeça e escoriações por toda a extensão do tronco. John, Rafael, Miguel e Gabriel tentaram curá-lo, mas os ferimentos haviam sido abertos com a Espada de Crunor. Se Jason não respondesse naturalmente, morreria.
O incandescente lembrou-se da temporada que passou no inferno, sendo violentado e torturado dia e noite, sem cessar, pelo tempo que lhe pareceu ser uma eternidade. Mesmo quando seu corpo era fatiado e reorganizado para ser fatiado novamente, nunca deixou de perder a esperança, de rezar, de buscar pela presença de Crunor. Neste momento, já o havia contatado mais de 100 vezes, sem obter qualquer resposta.
John sequer piscou quando sua sintonia com os anjos lhe informou que Venore caíra, e que estava sob domínio de Lúcifer agora. Jason não só era essencial para o combate, como era um amigo querido e um familiar amado. Sua vida era mais importante, naquele instante.
Heloise deixou a enfermaria alguns minutos depois, removendo as luvas de látex.
— Está estável, mas não responde a estímulos — ela informou, sacudindo a cabeça de leve. — Se existe um momento para se fazer um milagre, John, é agora.
— Não podemos curar esses ferimentos — o incandescente respondeu, fechando os olhos. — Precisamos que ele responda ao tratamento.
A rainha ergueu os ombros, apertando o de John com carinho e deixando o hospital na sequência. O incandescente aproveitou a oportunidade e ingressou na enfermaria, onde o corpo de Jason encontrava-se apartado do dos demais, envolto por uma cortina translúcida.
Ele empurrou a cortina para o lado e marchou até a cama, sentando-se ao seu pé. À exceção da absoluta falta de cor em seu rosto, Jason estava exatamente como ele se lembrava. As sobrancelhas pareciam quase que permanentemente franzidas. Seus olhos estavam fechados e o rosto tinha vários cortes já em processo de cicatrização. O sistema eletrônico que monitorava sua frequência cardíaca exibia estabilidade.
John colocou o rosto entre as mãos, em desespero. Depois de um longo tempo, levantou-se e levou os lábios aos ouvidos do garoto.
— Saia dessa, Jason — pediu, sussurrando. — Precisamos de você aqui.
A pulsação de Jason acelerou-se por alguns segundos e reduziu-se novamente, estabilizando-se outra vez. Afora isso, o cavaleiro não apresentou qualquer sinal de resposta.
Durante aqueles anos em que conhecia Jason, John já o vira ser queimado, torturado, ter muitos ossos quebrados, sofrer vários ferimentos e até se afogar, tudo com o objetivo de defender um ideal incorpóreo que nem mesmo ele, John, era capaz de entender. Inobstante, o cavaleiro sempre abraçava com fervor e devoção as causas que lhe eram colocadas. Em hipótese alguma merecia um futuro em que fosse derrotado por Aleister Crowley.
A cortina se mexeu e o demônio Randal entrou na enfermaria, trazendo um buquê de margaridas recém colhidas. John sorriu para ele de canto quando ele depositou as flores na cabeceira da cama de Jason e saiu, sem dizer palavra. Havia uma certa peculiaridade naquele homem que não se coadunava com o comportamento dos demais homens do inferno. John registrou mentalmente o fato para conversar com Crunor oportunamente e ver o que poderia fazer ao seu respeito.
John relanceou um último olhar para Jason antes de deixar o cubículo no qual ele permaneceria internado. Em silêncio, fez nova prece. Pela primeira vez, não sabia o que mais poderia fazer.
*
De costas para o espelho, Cain analisou a longa tatuagem que começava em sua nuca e terminava no fim das suas costas. Eram duas linhas negras entrelaçadas, nada muito complexo. Apesar disso, era o que poderia mantê-lo vivo em qualquer combate. A Marca de Deus.
Ele vestiu sua camisa de linho branca e a abotoou devagar, de baixo acima. O quarto em que estava era simples, mas suficiente: uma cama de solteiro, um espelho, uma cômoda e alguns tapetes puídos distribuídos desigualmente pelo chão de madeira.
Dois minutos depois, duas batidas secas ressoaram à porta. Ele afivelou a bainha do punhal e permitiu a entrada.
Apocalypse marchou para dentro, parecendo mais selvagem do que nunca.
— Seu plano funcionou — ela disse. — Venore foi tomada. Todos morreram.
— Senhor — acrescentou Cain.
Ela tombou a cabeça, confusa.
— Como?
— Chame-me de senhor.
Apocalypse não podia se sentir mais ofendida. Ela sacou a espada e avançou contra Cain, que somente virou os olhos para ela, entediado. Imediatamente, uma força invisível a empurrou pelas costas e a colocou de joelhos, torcendo seu braço até que deixasse cair a espada. Ela grunhiu, rosnou e rangeu os dentes, mas não conseguiu se livrar do aperto.
— Chame-me de senhor — repetiu Cain, calmamente. — E peça perdão por isso — ele apontou para a espada.
Ela fechou os olhos por um instante, como se a simples ideia lhe causasse arrepios.
— Perdoe-me, senhor — disse, entre os dentes.
Cain desviou o olhar e Apocalypse pode se mover novamente, colocando-se de pé com dificuldade.
— Avisarei nosso senhor imediatamente — continuou ele, de costas para ela, como se nada tivesse acontecido. — Dar-te-ei Venore, Apocalypse, como sinal de minha gratidão. Parabéns. Você é a nova prefeita.
— Prefeita? Por Lúcifer me foi prometido o trono de meu pai!
A mulher franziu o rosto de tal forma que parecia ter sofrido um derrame. Cain virou-se para ela, os olhos entreabertos, mais em tom de análise crítica do que de irritação em si.
— Não o chame pelo nome — advertiu, as mãos cruzadas diante do corpo, com uma calma de ferver os nervos. — E não, você não terá o trono de Zathroth. Não há chances de que o nosso senhor deixe sob o encargo de um demônio tão medíocre o domínio de uma relíquia tão poderosa.
Apocalypse e Cain encararam-se longamente. Em toda sua longeva e eterna vida, a verdade é que o demônio nunca fora traído. Não tinha a exata noção de proporção, e simplesmente não sabia o que fazer diante daquela ocasião. Naqueles cinco minutos de conversa, já havia arquitetado milhares de planos para matar Cain, mas achava que ele era simplesmente poderoso demais para ela. No final das contas, Jason Walker estava certo: o status quem seria menos vantajoso do que o status quo.
Cain sentou-se diante de sua escrivaninha, no centro da sala, e começou a escrever demoradamente em um pedaço de pergaminho utilizando tinta e pena. Apocalypse permaneceu de pé ao seu lado, sem bem saber como agir. Finalmente, o homem enrolou o pergaminho e o lacrou com cera quente.
— Seu despacho de nomeação — informou, entregando o papel a ela. — Você deve entregá-lo aos demônios que auxiliaram na tomada do município. Assuma sua posição, destrua o que quiser, construa o que quiser, simplesmente não me importo. Só exijo que saia da minha presença depressa, antes que me induza o vômito com sua aura execrável e nojenta.
A mulher sentiu-se como se tivesse sido esbofeteada. Seus olhos arderam por um instante antes que ela decidisse dar as costas a Cain e simplesmente sair.
Do lado de fora, ela analisou longamente a campina. Sabia que Venore ficava ao noroeste de sua posição, e que passar pelo acampamento das amazonas não era exatamente uma opção inteligente.
Ela relanceou um olhar para o pergaminho em suas mãos e o guardou num dos bolsos internos da armadura. Frustrada, pôs-se a caminhar, a cabeça trabalhando febrilmente.
*
John checou os últimos detalhes de cada um dos itens à sua frente. Sangue de incandescente, sangue de demônio, sangue de humano, tudo muito misturado, e a argamassa do encantamento estava pronta. Randal ficara feliz em colaborar, e não achava que Jason fosse se importar com o fato de que doara um pouco de sangue.
O incandescente respirou fundo, riscou um fósforo e atirou na mistura, que pegou fogo e se consumiu quase instantaneamente. Um segundo depois, um homem de meia idade, de cabelos e barbas brancos e armadura demoníaca completa, surgiu diante deles, profundas olheiras sob os olhos e algumas escoriações aqui e ali.
— Um incandescente e um demônio cristão, ambos me convocando — disse Zathroth, batendo a poeira das vestes. — Não há explicação. O mundo realmente virou do avesso.
Ele olhou para cima e identificou uma estrela de seis pontas toscamente gravada no teto de alvenaria e revirou os olhos. A julgar pelos biombos espalhados pelo domo, claramente estava numa enfermaria muito avançada, em Carlin, provavelmente.
Baixando a cabeça novamente, dirigiu-se a John.
— O que você quer? — ele apontou para o teto. — Se quisesse conversar comigo, bastava me chamar. Isso é baixo demais, até para você.
— O Livro das Ciências Ocultas, você o tem?
A falta de rodeios, ironias e sarcasmos pegou Zathroth de surpresa. Ele arqueou as sobrancelhas. Durante todo o tempo, ele manteve a mão direita repousada sobre o cabo da espada que trazia embainhada.
— É claro que não. Negociei o Livro com Lancaster há poucos dias, logo depois de você soltar aquela bestialidade no mundo, em troca de um determinado feitiço. Aquele é Jason Walker?
John lançou um olhar para as cortinas translúcidas fechadas e voltou os olhos para Zathroth.
— Isso é mais importante do que eu, você ou Crunor — advertiu, tenso. — Se não unificarmos forças agora, Lúcifer vencerá. Preciso de Jason inteiro para o combate. Ele é o único que pode trancá-lo.
Zathroth baixou a cabeça, sacudindo-a de leve e respirando fundo.
— Do que precisa?
— Ele está severamente ferido, e o artefato que produziu os ferimentos não é outro senão a Espada de Crunor. Preciso de um contrafeitiço. Antes que seja tarde.
— Por que não pede a Crunor?
John abriu e fechou a boca duas vezes.
— Ele me mandou para o inferno. Joguei no time de lá por uma temporada, e foi muito desagradável. Não quero requerer a ajuda dele.
Zathroth apontou para cima e, sem pestanejar, John lançou um feitiço no teto, fazendo desaparecer o sigilo que mantinha o demônio trancado. Ele assentiu, em sinal positivo, e caminhou devagar pela enfermaria, raciocinando.
— Meus termos são bastante claros — sentenciou. — Paz, para mim e para meu reino. Não ataco seres humanos, e vocês não atacam meu trono. E quero as cabeças de Lancaster Wilshere e Apocalypse presas numa estaca, como espólio de guerra.
— Aceito — respondeu John, sem nem pensar. — Pode fazê-lo?
Zathroth olhou para o biombo fechado.
— Acredito que sim, mas preciso de ingredientes. Mantenha os olhos no horizonte.
E sumiu.
Obrigado a todos e aguardo-os sempre!
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