PRÓLOGO
Frank Jordan sentia-se feliz pelo fato de a empresa
Chrysler ser tão boa em construir automóveis. Seu
PT Cruiser Classic prata tinha um rodar macio, e o homem divertia-se com os
DVDs e o localizador
GPS implementados ao veículo. Ainda era cedo, relativamente. Frank sequer sentia-se cansado pela longa viagem de quase 260 quilômetros desde Virgínia até Washington. Naquele momento exato, o PT Cruiser Classic caminhava vigorosamente em meio aos demais veículos, entre o
Herbert Hover Commerce Building e o
Ronald Regan Building. Jordan sentia-se estarrecido. As duas construções eram realmente imensas. Não era a primeira vez que passava entre elas, mas, com certeza, impressionava-se a cada nova visita. As construções localizam-se a 400 metros da Casa Branca.
O PT Cruiser Classic descreveu uma curva à esquerda, e, em seguida, outra à direita. Jordan estava, neste momento, a 200 metros da casa presidencial dos Estados Unidos, em Washington, de frente para a Ala Oeste. O sinal fechou, enquanto ele observava, fascinado, a construção.
- Realmente, senhor presidente – falava sozinho, dentro do automóvel -, o senhor tem o maior luxo, mas mesmo assim precisa dos nossos serviços.
- De acordo, senhor Jordan – o computador inteligente de bordo do carro respondeu a fala.
- Fico feliz que partilhe da mesma opinião, amigo.
- É um prazer fazer parte de seus pensamentos, senhor.
O sinal tornou-se verde, trazendo Jordan novamente à realidade. O sol em Washington era intenso, naquela tarde de julho.
O verão desta vez veio com força total.
O carro descreveu outra curva, passando por uma rua que circundava o jardim central. A Ala Sul da Casa Branca.
- Senhor – o computador de bordo deu-lhe outra palavra -, com sua permissão, devo anunciar que estamos entrando em local restrito. Esta é a Ala Sul da Casa Branca.
- Obrigado, Jack. Nossa visita é regulamentada.
- Fico feliz por trabalhar com um homem de acordo com a lei, senhor.
Jordan sorriu. Havia uma vaga exclusiva com seu nome, de frente para a Ala Sul do monumento. Ele estacionou, e desceu do veículo, que automaticamente se trancou. Havia um homem negro, alto e corpulento à sua espera. Trazia um sinete da Casa Branca do lado esquerdo do paletó tweed. Jordan dirigiu-se a ele.
- Olá, Greggy. É um prazer vê-lo outra vez.
- O prazer é todo meu, senhor Jordan. Queira me acompanhar, por gentileza.
Jordan observou por cerca de cinco segundos, e fez um sinal para que Greggy fosse à frente.
Homem fiel, este segurança. Jordan lembrava-se muito bem. Greggy Larson lutou bravamente a favor dos EUA quando o último atentado terrorista passou perto de destruir a Casa Branca, em 1997. Osama Bin Laden fora astucioso ao tentar lançar um míssil altamente destrutivo em direção à residência presidencial. Larson, na situação, era um agente da CIA, e foi o primeiro a detectar, por meio de escutas, a ação do terrorista.
Os dois passaram vagarosamente pelo
Jardim Jacqueline Kennedy, que sempre trazia boas lembranças a Jordan.
Lynda... As lembranças fizeram o homem ficar para trás.
- Algum problema, senhor? – a voz vinha como um trovão, de Larson, a bons três metros à frente, enquanto olhava para trás. O som estrondoso fez com que Jordan voltasse à realidade e tornasse a acompanhar o segurança lado a lado.
- Não, nenhum, Larson – respondeu-lhe, com um sorriso amigável.
Os dois caminharam por um tempo até a fachada central da Casa Branca, de frente para a
Pensylvannia Avenue. O segurança parou na porta e estendeu o braço, em tom de cortesia, em direção a ela.
- Seja bem vindo, senhor. Pode entrar. Eu fico aqui, do lado de fora. Nicky irá acompanhá-lo do lado de dentro.
A pesada porta de carvalho puro moveu-se, fazendo com que Jordan visse o
Hall de Entrada. Um tapete vermelho, com bordas douradas, cintilava de fora a fora dentro da residência. Do lado esquerdo, havia um quadro de Victor Hugo, e um sofá de três lugares, de ferro fundido, com estofados também vermelhos. Do lado direito, dezenas de estátuas, com figuras de ex-presidentes, estavam iluminadas devido ao grande lustre preso ao teto, alguns metros á frente. Grossas colunas ornamentadas de concreto desciam desde o teto até o chão. Mais à frente, do lado esquerdo, havia uma porta, também ornamentada e em carvalho puro, que dava acesso às escadas, que faziam conexão com todos os outros aposentos da residência.
A porta fechou-se atrás de Jordan, trazendo-o de volta de seu devaneio.
- Bom dia, senhor Jordan – um homem de média estatura, ruivo, repleto de sardas e também corpulento dirigiu-se a ele. As vestes eram as mesmas do segurança de pouco tempo atrás, trazendo também o conhecido sinete da Casa Branca.
- É um prazer revê-lo, Nicholas – Jordan devolveu-lhe um sorriso amigável.
- O presidente espera-o no Salão Oval. Fica na Ala Oeste. Por favor, acompanhe-me.
Salão Oval?
Jordan já estava preocupado, desde a noite anterior, quando recebera uma ligação do presidente James Springfield, nos aposentos da sede da CIA. A voz de James trazia incerteza, ao passo de que passava pavor ao próprio presidente da empresa de inteligência, Jordan. A conversa não tinha sido nada amistosa. Springfield, que sempre fora firme em suas decisões e jamais oscilara, trazia um espantoso medo em sua voz. A conversa durara um minuto e meio, nada além disso. E só o presidente falara.
- Frank, eu quero você aqui, amanhã, no começo do expediente. A situação é realmente peculiar. Eu sei, recebemos dezenas de ligações como a que eu recebi hoje por dia, mas eu tenho sérias dúvidas para desconfiar dessa vez.
Quando Jordan percebeu, estava a dois metros do famoso Salão Oval, que fica na Ala Oeste da Casa Branca. Jamais havia entrado ali antes. As reuniões com o presidente eram realizadas na sede da CIA na Virgínia, a bons 260 quilômetros de distância. Nicholas apertou um botão ao lado de uma escuta, logo ao lado da porta. Em seguida, o dispositivo emitiu um bipe.
- Senhor Springfield, o senhor Frank Jordan encontra-se aqui.
O dispositivo emitiu dois segundos de estática. Em seguida, a voz do presidente se fez ouvir.
- Obrigado, Nicky. Peça-o para entrar. Estou aguardando – o bipe familiar soou, decretando o fim da transmissão.
A grossa porta moveu-se automaticamente.
Será que todas as portas neste edifício são feitas de carvalho puro? Pela fresta, Jordan distinguiu algo familiar. Havia uma mesa em pinho, logo de frente para a porta, a dez metros de distância, pelo que ele pôde calcular. Atrás da mesa, hasteada à parede, havia um símbolo conhecido: uma águia, segurando num dos pés um ramo, no outro, um punhado de flechas. Jordan entrou, e a porta fechou-se atrás dele.
O presidente encontrava-se sentado atrás da mesa. À frente, havia duas poltronas vermelhas, similares às do Hall de Entrada. James Springfield deu-lhe um olhar gélido, ao passo de que apontava para uma das cadeiras. Jordan seguiu o olhar para onde o presidente apontava, e dirigiu-se para a cadeira da referência. Sentou-se.
- Frank James. É um prazer recebê-lo aqui novamente, senhor presidente da CIA.
- É um prazer estar novamente com o senhor, presidente.
Springfield observou-o atentamente, penetrando em seus olhos. Jordan amaldiçoou cada um dos poderes daquele homem, quando recebeu o olhar.
- O senhor me chamou, presidente?
Springfield levantou-se, dando-lhe as costas, enquanto observava a bandeira da águia logo atrás da mesa. Em seguida, deu-lhe uma confirmação breve com a cabeça, e sentou-se novamente.
- Senhor Jordan... – o presidente remexia uma papelada à sua frente. – Por um acaso, o senhor se lembra deste homem? – o presidente atirou sobre a mesa uma ficha técnica, seguida de uma foto. A imagem refletia um homem um pouco obeso, com apenas um tufo de cabelo como uma coroa, ao redor da cabeça. Olhar compenetrado. Barba por fazer. Havia algumas poucas rugas em sua testa.
- Não senhor – Jordan teve medo por sua resposta. – Agora, de momento, não.
- Senhor Jordan, este é Victor Manuel Gerena. É o maior fugitivo do FBI. Há alguns anos, Gerena assaltou a nossa empresa de segurança, a Connecticut, à mão armada, e roubou dela o equivalente a sete milhões de dólares.
Um clarão passou pela cabeça de Jordan.
- Sim, senhor. Agora me lembro.
O presidente levantou-se, foi até o lado esquerdo da sala e trouxe um pequeno gravador, colocando-o sobre a mesa.
- Reproduza-o, por favor, Jordan.
Sem nada entender, Jordan ligou o play do gravador. O que ouviu deixou-o perplexo. Rebobinou a fita e ouviu novamente. Não podia acreditar.
- Senhor Jordan – o presidente parecia profundamente cansado -, dou-lhe meus parabéns. Você irá entrar em ação, agora. Temos uma
bomba, senhor.