Saudações!
Espero pegar mais ritmo agora, para poder seguir com o arco mais pesado e intenso da narrativa; confesso que eu estou surpresa que a história está caminhando para o fim, tantos anos após abandoná-la. A quem possa interessar, eu farei, sim, uma versão em quadrinhos de Behogár Bradana para postar online, tanto em meu site oficial quanto outros locais web afora kkkkk
Alguns eventos serão alterados, principalmente levando em consideração todos os feedbacks que recebi até hoje (e os que receberei até o final da história), bem como outras questões do worldbuilding. Mas, sem maiores delongas, vamos às Respostas aos Comentários!
Spoiler: Respostas aos Comentários
Sem maiores delongas, o Capítulo de Hoje!
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Spoiler: Bônus Musical
Capítulo Dois — Quem foi?
Quem, ou quê, matou Behogár Bradana Vigiawyrm?
Tempo presente.
Audrey jogou sua cabeça para trás, seus olhos semicerrados por fim aceitando a realidade.
— Quem foi? — Indagou ela, com a voz vazia, receosa de voltar seus olhares para a lápide, tão definitiva em seu testamento. — Quem fez isso?
— É o que eu gostaria de saber, também. É tudo o que eu queria saber.
A paladina ruiva virou lentamente seu rosto em direção à voz, encontrando um Anão robusto, cuja barba negra já estava atravessada por muitas mechas grisalhas. Seu nariz era grande, típico da estrutura facial dos anões, com dorso e narinas largas, como se ocupasse quase um terço do rosto do homem. Seus olhos eram azuis, brilhantes como água das nascentes montanhesas. “Do mesmíssimo tom dos olhos dela”, Audrey pensou, “mas, não possuem o mesmo carinho.” O homem trajava uma armadura que, a despeito de bem cuidada, entregava os sinais de uso em muitas, muitas batalhas; uma armadura de escamas em tons vermelho e preto, feita em metal e couro trançado, tal qual um dragão em menor escala. Seu corpo estava protegido do frio por uma capa carmesim com pele de logo cinzenta ao redor de seus ombros, deixando-o ainda mais imponente do que se apresentava. Apesar da velhice, Audrey Raines sabia que estava diante de um veterano de sua espécie, e que deveria tratá-lo como tal.
— Você é…? — Indagou Audrey, com a pouca força que ainda tinha para trivialidades.
— Mikhail Barbarruna. Comedor de Dragões, Filho do Fogo. — Replicou o homem, cortês, porém áspero pelo pesar que partilhava com a estranha. — Pai de Bradana. E você é? — Discretamente, a mão do Anão já estava posicionada próximo ao cabo de seu machado de arremesso, oculto pela capa que usava.
— Raines. Audrey Raines. — Respondeu a moça, o luto sugando a pouca convicção que ainda tinha.
— Ah. — Replicou Mikhail em um tom seco de desaprovação. — A Humana. Melhor dizendo, Patrulheira-Tenente das Irmãs da Jarreteira. — Sua postura relaxou discretamente, ainda que seu semblante traísse o quão indesejada era a presença de Raines por ali. — O que veio fazer aqui?
— Eu… — Audrey gaguejou, lábios tremendo em meio à dor que sentia. — Eu vim… Por ela… — O engasgo em sua voz veio seguido do choro. — Eu não sabia… Eu achei que… Esperava que fosse mentira. Tinha que ser mentira, mas não é, não é! —Suas mãos passaram por seus cabelos em meio a um suspiro tremido, buscando uma calma que era incapaz de ter naquele momento. — Eu a amava, eu a amei, eu a amo ainda assim! O que aconteceu?! Como isso pode acontecer?!
Mikhail, deixando suas ações falarem mais alto que suas palavras, acolheu a Humana em um paternal e triste abraço. Em meio aos solavancos enlutados do corpo de Audrey, o Anão ajudou-a a se levantar e, passo a passo, levou-a em direção à cidade, a fim de contar à Patrulheira-Tenente os sombrios acontecimentos que levaram à perda de sua única e tão amada filha.
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(Narrado por Mikhail Barbarruna)
A taverna de Tezilla, assim como eu, vira dias melhores; poucos eram os Anões e Anãs a frequentar o estabelecimento naquele inverno, mais rigoroso que o esperado… Rigoroso como naquele dia, naquele tempo, naquele maldito Concílio… E em tudo que veio depois. A garota, cuja altura passava de uns quinze centímetros da minha, parecia miúda em meio à sua dor. Porém, se era questão de confessar, eu não era capaz de ter muita empatia para com ela. Até porque…
— Você tem culpa nisso. — Falei, sem rodeios, segurando meu copo de cerveja com mais firmeza do que gostaria, com o olhar fixo em Raines.
— Que?! — Indagou a garota, cuja ofensa parecia estar trazendo-a de volta aos vivos. Ótimo. — Como que eu tenho culpa disso?!
— Seis anos. — Respondi após dar um gole na cerveja, o líquido descendo, pela primeira vez em muito tempo, amargo em minha garganta. — Seis anos desde que vocês se conheceram. Três meses desde que você sumiu do mapa. — A última frase saiu com mais raiva do que eu queria transparecer.
— “Sumiu do mapa”?! — A garota começou a esbravejar, ultrajada. — Eu não sumi do mapa!
— Não, não mesmo. — Respondi, ríspido, aproveitando a oportunidade que esperei por anos. — Você voltou para o seu lugar, não é? Para o seu casamento. Para o seu marido.
— Eu… — A moça arregalou os olhos, seu gaguejar soando como se tivesse levado uma facada nas costas. Quem me dera ter feito isso, de verdade.
— Sabe, minha filha, que é… Era o raio de luz da minha vida, tinha muita coisa pela frente ainda, entende? — A cerveja desceu insípida pela minha garganta, o que piorava ainda mais o meu sentimento. — Ela também tinha o casamento dela, o marido dela, o amor dela. A família dela. E eu me pergunto, até hoje, o porquê de vocês quererem destruir isso. O que vocês ganhariam com isso?
— Eu não queria… Nunca quis… Eu não quis destruir nada! — Bradou a moça após finalmente beber da cerveja que paguei. — Foi um acidente… Eu não escolhi isso!
— Ninguém escolhe nascer como nasce. — Repliquei, austero. — Mas, você escolhe, sim, como agir diante disso. — Minha segunda frase calou a moça, cujos ombros eu vi cair em derrota. — Você já tinha o seu caminho. A sua família. O seu marido. Por que diabos você foi atrás dela? Por que tentou arruinar o casamento da minha filha? Você sabe o quão difícil foi para ela? Nem Humana, nem Anã, sempre no meio do caminho, sempre incerta… Sempre insegura.
— Sua filha, Bradana, era muito valente… — Moça balbuciou, em um misto de tristeza e doce lembrança do amor que um dia vivera.
— Valente ela era, e valente ela morreu. — Respondi, bebendo o último gole da minha cerveja.
— Acho que foi isso o que mais me atraiu nela. A valentia que ela tinha. — Confessou Audrey, com um sorriso triste e um semicerrar de olhos, viajando em suas lembranças — Eu sempre soube que gostava de mulheres desde nova, mas, eu tinha aceitado que nunca poderia estar com uma. Eu tinha feito as pazes com isso, inclusive. — Ela soltou uma risada baixa, leve, ao ser carregada por suas lembranças. — Conheci Szczeisny quando eu era apenas uma Batedora, bem antes da faixa das Irmãs da Jarreteira ser uma realidade para mim. Quando isso era ainda um sonho distante. Eu estava no vilarejo dele, a mando de Sua Majestade, Rainha Eloise, para garantir a segurança dos Norsir.
— Para reprimir uma rebelião, eu suponho. — Repliquei, totalmente familiarizado com esse discurso. — Todo mundo sabe o que vocês fazem com as suas… “Colônias”.
— Sim. — Pigarreou a moça, com um sorriso breve de quem percebeu que poderia falar livremente. — O irmão dele, Piotr, foi pego junto a um carregamento de Hidromel. Bebidas são proibidas pela lei Carliana, e todas as… Colônias devem obedecer. — A palavra “colônia” saiu, talvez, com um tom mais debochado do que deveria, dadas as circunstâncias. — O rapazinho teria que ser punido, entenda.
— E qual era a punição? — Indaguei, curioso, pedindo mais uma rodada para nós dois.
— Açoite. — A Paladina respondeu, de forma quase casual, com uma pontada de tristeza e remorso. — Trinta açoites para contrabando, e mais vinte por ser Hidromel.
— Por ser a bebida dos Norsir, feita bem antes de vocês chegarem e dizerem que mandam. — Comentei, com um corte rápido no assunto.
— É. Sim, é certo. — Respondeu a moça, depois de uma pausa, levemente ofendida e começando a sentir os efeitos do álcool em seu corpo. — Mas, imagine que era um rapazinho que, se tivesse oito anos, era muito. E aí, foi quando eu o vi. Szczeisny. Tínhamos dezessete anos, nós dois, e ele estava começando a ter mais carne nos ossos. — Ela mexeu o copo de cerveja delicadamente, em movimento circular, perdida em suas memórias. — Ele se ofereceu para ser açoitado no lugar do irmão, e minha superior aceitou, na época. Eu tive que segurar o irmão dele enquanto minhas superioras o açoitaram e depois queimaram o carregamento todo da bebida doce.
— Queimaram mesmo? — Arregalei os olhos, surpreso. — Eu achava que vocês…
— Revendiam o produto? Não. — Replicou Audrey depois de um grande gole. — Nossa Rainha é bem literal com seus decretos. Se não é para ser feito, é para ser destruído, simples assim. Mas, voltando ao açoite… Minha superiora, na verdade, aplicou o triplo da punição para ele, pois meu futuro marido se recusava a gritar ou até mesmo gemer de dor, e isso foi uma humilhação para ela. Ora, uma oficial de Carlin não ser capaz de quebrar o espírito de um Norsir, fazê-lo temer e obedecer? — Um risinho debochado veio da ruiva. — Não, isso não podia…
— Deixa eu adivinhar: ela duplicou a punição? — Indaguei, nada surpreso em confirmar os rumores sobre a brutalidade carliana em seu trato colonial.
— Triplicou. Lógico. Malvera Rosaespinho, a Capitã de Patrulha* de Hrodmir, recuar? Jamais. Ela queria ver o olhar do meu futuro marido, tão desafiador, voltado ao chão em submissão. — Replicou Audrey, para meu espanto e nojo. — Cento e cinquenta açoites no total, e ele aguentou bravamente… E desmaiou na última. — Seus olhos marejaram, e eu não soube dizer se eram de tristeza ou nostalgia. — Depois que a comitiva da Malvera saiu, bem, eu esperei um pouco e tirei o Szczeisny e o irmão dele de lá, e o levei até um dos casebres dos seithmadur locais. O resto, bom… É história para outra ocasião. Mas, basta dizer que foi naquele momento que eu me apaixonei por ele, pela bravura e valentia dele. Pela proteção que ele deu ao irmão. E por tudo que veio depois.
Uma das atendentes da taverna nos entregou nossa refeição: pães, queijos, fatias generosas de carne e mais cerveja. Provavelmente, seria nossa hora de deixar o estabelecimento, algo que eu preferiria momentos atrás, não fosse o fato de me sentir cada vez mais interessado em conhecer a moça que, por tanto tempo, foi parte do coração e da vida de minha finada filha.
— Entendo… — Murmurei, rasgando um pedaço do pão em meu prato e colocando alguns dos recheios nele. — Como você soube da… Morte da minha filha?
— Eu estava em uma expedição em Darashia quando… Recebi a carta. — Replicou Audrey, com uma lágrima tímida escorrendo por seu rosto. — Depois de meses sem notícias.
****
Cinco anos antes.
(Narrado por Bradana Vigiawyrm)
A marcha apressada de meus irmãos de Irmandade ecoaram pelos salões reservados aos Comedores de Dragões; a trombeta de combate ecoou pelos corredores de pedra, o som emanado do chifre oco do que outrora fora um grande carneiro acelerando nosso passo em direção aos arsenais. Ali, os veteranos Isaac e Asimov atendiam todos os bravos homens e mulheres que estavam escalados para dar suas vidas para a primeira etapa da derrota do Basilisco.
“Estamos discutindo como matar um deus nessa sala”, foram as palavras de meu destemido pai, o qual eu via, pela primeira vez desde que conseguia me lembrar, com o corpo completamente coberto por sua armadura. Naquele momento, eu não via mais meu gentil pai, cuja risada era capaz de mover seu corpo inteiro, cujo abraço era capaz de curar todas as dores de meu coração ou cujas histórias me levavam ao Reino dos Sonhos de forma rápida e segura, fazendo do meu sono tão tranquilo. Não; ali, eu vi um marceneiro trocar suas ferramentas por armas; ele trocou sua mesa de trabalho por um enorme escudo de bronze escovado, por uma armadura de couro trançado e correntes de mithril. Sua cabeça agora estava protegida por um elmo de mithril e ferro, suas mãos estavam vestidas por uma manopla de escamas de ferro cobreado, e seu martelo e cinzel foram trocados por um machado de batalha pesado e muito afiado.
Asimov e Dragomira, sua filha, me ajudaram a vestir minha nova armadura: uma peça de couro trançado em tom púrpura e com correntes de ferro negro para meu tronco, calças de couro com caneleiras e joelheiras de mithril, luvas de couro para aguentar a tração das cordas dos arcos, um elmo de ferro negro e mithril para proteger minha cabeça, um broquel com uma adaga oculta e um arco feito de bétula com roldanas, para aumentar a tração das cordas** e uma aljava com dez setas explosivas, dez setas farpadas e cinquenta comuns, com as pontas feitas em diamante maciço e afiado.
Na medida em que os demais recebiam seus equipamentos e eram atendidos de forma eficiente e diligente pelos responsáveis pelo arsenal, o Imperador Kruzak designava o destacamento de patrulheiros a dedo.
— Meus Geomantes de maior confiança, Karpov do Rochedo Escuro e Karachev Brilharruna, serão representantes de minha voz e vontade, para que essa missão aconteça como planejado. — A voz do Imperador retumbava pelo salão. — Infelizmente, disseram que estou muito velho para o combate direto, então devo permanecer aqui. — Sua voz traía a decepção, típica de um homem idoso que recusa-se a aceitar o fardo e a bênção de envelhecer. — Com eles, eu quero Isolda Quebraossos, Rauta Cobressangue, Outoja, Morpheus Marteloverde, Sombra, Tura Tezilla, Marcus Mais-Veloz-que-a Morte e… Bradana Vigiawyrm.
Senti meu coração acelerar e um grande sorriso se formar em meu rosto; eu e meu noivo teríamos, juntos, a chance de provar nosso valor diante do Imperador! Ah, se Audrey pudesse ver isso… Ela ficaria orgulhosa de mim. O novo soar de trombetas, confirmando a decisão do imperador, ecoou pelos corredores de pedra uma vez mais, e nosso destacamento partiu, deixando a segurança das paredes e da alvenaria de Kazordoon rumo em direção aos túneis ao redor da cidade, buscando rastros do Basilisco.
Dos salões da Irmandade dos Comedores de Dragões, fomos à estação principal dos vagões da cidade, a fim de investigarmos o rastejar mais recente do Basilisco. Um dos condutores, um jovem rapaz loiro de olhos dourados, separou nossa comitiva em duplas e guiou os vagões túnel adentro em direção à área externa à cidade-fortaleza.
O caminho foi estranhamente silencioso, com exceção dos momentos em que Karpov e Karachev entoavam encantamentos para as pedras e a terra ao nosso redor; nessas ocasiões, era possível ver veios brilhantes em meio à rocha, e podíamos, de forma constante e baixa, o pulsar dos veios, como se fosse o coração do Grande Ancião batendo em uma frequência que apenas Anões conseguem ouvir. Durante as pausas de tal ritual, Karpov e Karachev cochichavam algo entre si e instruíam o condutor a seguir pelo caminho sussurrado pelas pedras.
Aquela área era estranhamente fria e seca, o que tornava a respiração áspera e difícil; percebi, pela primeira vez em anos, o quão calorosa era Kazordoon, com seus rios e aquedutos de lava fornecendo energia e conforto para todos nós. Entendi, então, o porquê de meu pai não deixar que eu me aventurasse para longe dos muros da cidade e pude encarar a realidade do perigo em que eu estava — ao mesmo tempo que estava exultante com a possibilidade de começar minha lenda enfrentando o Basilisco. Era tudo o que eu queria, talvez fosse meu maior sonho. Eu deveria ter tido mais cuidado com o que eu desejei para mim mesma.
— Bom… É o máximo que consigo levá-los, senhores e senhoras. — Falou o condutor, com a voz jovem e trêmula — Meu nome é Anatoly, foi um prazer guiá-los. — O rapaz fazia o seu melhor para conter uma leve gagueira, bem como o tremor em suas mãos. — A Irmandade já cuidou de meu pagamento, então, em nome de Kazordoon… Boa sorte. Que o Fogo e a Terra lhes tragam proteção e vitória! Eu… Eu vou voltar, sim?
O condutor nos deixou no final do trilho que levava ao Navio à Vapor, onde encontramos, assim que nossos pés tocaram a terra, o rastro de escamas e pele ressecada. Naquele momento, olhei para trás, e ouvi o som dos vagões refazendo seu caminho pelos trilhos, e senti meu coração bater mais forte em meu peito; não havia mais volta, pelo menos não naquele instante.
— Tadinho do rapaz… — Murmurou Isolda, estalando a língua. — Mais nervoso que ratazana em um bueiro, heh…
— Sim, bem nervoso… — Comentei, com um riso que disfarçava meu nervosismo. Minha atenção logo voltou-se para os dois Geomantes, entretidos em uma aparente discussão.
Engoli em seco; Karpov abaixou, tocando o solo com suas mãos nuas e calejadas, recitando um encantamento em uma versão tão antiga de nossa língua que eu era incapaz de compreender. Karachev, o outro Geomante, abaixou-se perto de seu colega, usando seu cajado de apoio.
— Tem certeza disso? — Indagou Karachev, olhando ao redor. — Podem ser escamas de outras criaturas; dizem que há Perfuradores*** por essas partes, talvez…
E então, a terra tremeu; os olhos verdes de Karpov se arregalaram quando as escamas ressecadas tremularam com seu feitiço, ganhando nova vida e assumindo a forma etérea de uma serpente, a qual lançou-se furiosamente contra o chão aos nossos pés, rompendo, para nosso horror, a camada de terra que nos mantinha firmes e seguros, revelando um vão de escuridão e incerteza logo abaixo. Nossa vozes ecoaram em involuntários gritos de horror, nossos corpos em queda livre rumo ao desconhecido; entretanto, logo fomos amparados pelo chão de pedra lisa, escorregadia e com mais escamas. Ao invés de estarmos em queda livre, estávamos deslizando por um sistema de túneis completamente desconhecido, os quais não haviam sido feitos pelas mãos dos filhos de Durin— mas sim pelo rastejar do corpo do Basilisco.
— AAAAAAAHHHH!!! — Gritaram Morpheus, Tura, Outoja e Sombra, deslizando túnel abaixo sem muito controle.
— OS ESCUDOS! — Bradou Isolda, jogando seu corpo por cima do bronze escovado, tirando seu braço dos ferrolhos. — USEM OS ESCUDOS!
— E QUEM NÃO TEM ESCUDO?! — Gritei, percebendo o quão pequeno era o broquel.
— BRADANA! SEGURA MINHA MÃO! — Rauta esticou seu braço o máximo que pôde, tentando me alcançar.
Karpov e Karachev também deslizavam sem muito controle, tentando, em vão, encostar os cajados no chão para seus encantamentos surtirem algum efeito. Os que possuíam escudos grandes conseguiram, com algum esforço, apoiar seus corpos neles, apenas para deslizarem com maior velocidade rumo às aberturas ao final do túnel, cada um encontrando uma direção diferente.
— EU NÃO CONSIGO… AAAAAAAAH!!!
Tentei, bravamente, encontrar as mãos de meu marido, apenas para ouvir a voz de algum dos Geomantes entoar algum feitiço e bater o cajado contra o solo. Infelizmente para mim, o resultado foi eu ser arremessada para longe do destacamento, para um túnel cujo destino parecia ser apenas meu para enfrentar.
— BRADANA! NÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!! BRADANAAAAAA!!! — A voz de meu noivo soava mais e mais distante, em uma velocidade rápida demais para mim.
— GEOMANTES! VOLTEM! AJUDEM! — Ouvi, ao longe, a voz exasperada de Isolda, até não ouvir mais nada.
— Agora, será você e ele. Boa sorte. — Eu reconheci, para o meu horror, essa voz, antes de tudo ao meu redor ficar escuro e frio.
Eu estava em um túnel escorregadio, frio e com algum muco recobrindo suas paredes; o final daquele túnel me levou a cair em algo semelhante a um monte de ossos e palhas secas e com sujeira petrificada. Em minha queda, acabei por gritar de dor… E me calei no instante em que percebi ter caído em cima de um cemitério esquecido — e petrificado.
— Ah, não. — Murmurei o mais baixo que pude, paralisada pelo medo ao perceber as órbitas vazias da caveira centenária de um anão olhando-me no fundo dos meus olhos, como se me convidasse a passar pelo mesmo tormento que ele. — Não, não, não, não, não, não…
Eu estava diante da consequência do meu maior sonho, do meu desejo prestes a ser atendido; eu estava no covil do Basilisco, não havia dúvidas quanto a isso. Porém, eu não tinha um escudo de bronze escovado comigo, metade das minhas flechas quebraram antes mesmo de eu poder usá-las e eu ainda precisava armar a corda em meu arco.
Eu estava prestes a enfrentar o Basilisco. Eu estava a um passo da glória.
Porém, eu estava sozinha.
Eu estava desorientada.
Despreparada.
Sozinha.
A um passo da minha morte.
Continua…
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(*) Capitã da Patrulha: Patente intermediária no oficialato militar do Reino de Carlin.
(**) Descrição de um Arco Composto moderno adaptado para fantasia.
(***) Perfuradores: Drillworms.
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A coisa ficou feia pro lado dos Anões, principalmente da menina Bradana. Infelizmente, sabemos o endgame de Behogár Bradana Vigiawyrm, mas, a pergunta que não quer calar e que é o título do Capítulo: Quem, ou o quê, matou Bradana Vigiawyrm?
Aguardo os palpites![]()
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Até o próximo capítulo, a Estação está chegando na metade!
Forte abraço,
Iridium.
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