
Postado originalmente por
Legiao
Eu entendo o que você está falando e concordaria se tivéssemos uma data certa para a vacina.
O que não temos.
Como foi falado aqui no posto mesmo, a vacina pode chegar em setembro OU NUNCA CHEGAR.
Não tem vacina para SARS, por exemplo.
E se a vacina não chegar? O que fazemos?
E se a vacina chegar no ano que vem e o virus mutar? Voltamos a nos confinar por mais 1 ano? E depois?
O ponto é que LOCKDOWN não funciona.
Lockdown é perda de tempo e pode matar mais, diz cientista de Stanford
https://exame.com/ciencia/lockdown-e...a-de-stanford/
Temos que atingir a imunidade de rebanho e enquanto isso viver o mais próximo do normal possível, enquanto INVESTIMOS EM SAÚDE.
Em uma guerra não se para a economia, se acelera ela direcionando para armamento, por que não fazemos o mesmo para saude?
Gerar valor e direcionar isso à saúde é o caminho.
Pessoas saudáveis devem viver normalmente e pegar o virus o quanto antes.
Resguardar os doentes.
O que vocês querem é viver na trincheira sem nem ao menos ter uma previsão para sair.
Entrar na trincheira é fácil, dentro da trincheira é seguro. Mas ninguém ganha a guerra dentro da trincheira.
Se você entendo o que estou falando, entende também que você está jogando um jogo com vida de pessoas? E que, sabendo disso, é preciso ter responsabilidade ao tentar propor medidas simplistas para problemas complexos?
Se sim, então vamos lá. Primeiro, você sabe a história da vacina da SARS e porque ela não existiu?
https://www.uol.com.br/vivabem/notic...a-pandemia.htm
Resumindo: controlaram a epidemia, não virou um problema tão sério quanto o que vivemos, não existiu interesse econômico para desenvolver a vacina. Você acha que o cenário será o mesmo agora? Difícil, né.
Segundo ponto: a notícia que você postou tem exato 1 mês. E ela é sobre uma simples opinião. Qualificada, claro, porque é de um cientista, embora seja um químico, mas ainda assim uma opinião, o pior nível de evidência científica que temos. O interessante é que, na mesma matéria, existe um ESTUDO que evidencia o contrário do que foi dito pelo Dr. Michael Levitt, provavelmente você não quis saber do contraditório, mesmo que ele seja melhor evidenciado. Eu posso postar outros aqui, com meta-análises sobre o que aconteceu em países onde o isolamento e o lockdown foram adotados mais cedo em comparação aos que optaram por não segui-lo.
De novo, faça as contas. Vamos supor que seu argumento faz sentido e que a imunidade de rebanho seja possível (não sabemos e temos indícios de que não é). Mesmo que o Brasil consiga alcançar essa imunização de rebanho por exposição, na taxa desconhecida que varia de 50 a 70%, quantas pessoas serão infectadas? Quantas precisarão de auxílio médico hospitalar? Quantas morrerão? Você acha que nosso sistema de saúde suporta isso? Que nossa sociedade suporta esse tanto de morte e o medo da doença? E se a vacina vier meses depois, quem vai assumir a responsabilidade pela decisão que matou seu pai, seu avô, sua mãe, sua esposa?
Tem mais um dado: não sabemos se a imunização natural contra o Corona é perfeita. Não sabemos se existe risco de reinfecção ou se a capacidade imunológica do corpo em relação a esse novo vírus é durável. Não sabemos nem se a doença deixa sequelas a longo prazo. Sem esse dado, corremos ainda mais um risco em apostar na imunização por exposição.
Meu ponto: a vacina da COVID vem, provavelmente em tempo recorde na humanidade. Já temos candidatas sendo testadas, inclusive no Brasil. Conseguimos controlar mais ou menos os picos de epidemia pelo mundo justamente porque fizemos isolamento. Não são necessários atos de heroísmos e colocar milhões de vidas em risco por uma ideia que não tem grande evidências de que sejam reais e funcionais. Imunização de rebanho por exposição é discurso antigo, o trem para isso já passou a muito. Nós vamos vencer essa situação complexa com ciência de base, de qualidade, feita em laboratórios e por gente que sabe do assunto. E não com soluções simplistas e de características medievais.