poxa essa fic tah ficando muito dez mal posso esperar prah ver essa turminha chegar em rook kkkkkk quero ver o que vao aprontar por lah o kadi tenta tirar a genevive do serio kkkkk parece ate uns amigos que eu tenho kkkkkkk
o tibianus vai ter que engolir a heloise kkkkkkkkkkkk
nao fica tanto tempo sem postar um capitulo novo pllllleassseee
vc demora muito
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Posto hoje mais um capítulo da narrativa, como escrito ao fim do último capítulo postado. Espero que gostem.
Antes, seguem as respostas aos comentários, os quais agradeço muito.
Um grande abraço a todos.
Spoiler: Respostas aos comentários.
Postado originalmente por Iridium
Saudações!
Capítulos longos xD
De qualquer forma, muito bom! Meus parabéns! Parece então que teremos uma reunião diplomática de proporções épicas: basta ver o naipe dos figurões chegando em Thais.
A parte chata: um único errinho de formatação, nessa linha:
Você deve ter tido algum problema quando fez. Pode ter acabado apagando o restante do código antes de postar. De qualquer forma, é só esse o erro e ficou evidente pois todas as demais linhas estavam perfeitamente formatadas. De resto, tudo certo.
Fico no aguardo do desenrolar desses dois eventos principais: a reunião com os líderes do Continente Principal e a jornada do grupinho a Rookgaard. Achei muito interessante, também, você ter abordado guildas; gostei da "personalidade" das que foram citadas e a forma como elas se veem envolvidas nos assuntos das várias Coroas do Tibia; é mais um diferencial positivo em sua história, e quero ver até onde você vai levar esse gancho.
De toda forma, estou no aguardo do próximo, e fico feliz em saber que meu feedback está sendo útil. Estou aqui para ajudar
Precisando de alguma ajuda a mais, minha inbox se encontra disponível para tal.
Abraço,
Iridium.
Saudações, Iridium. Tudo bem? Obrigado por comentar.
Pois é, caiu um milho fora da bacia, hehe. Valeu por avisar. Vou consertar após postar este capítulo, que segue logo depois das respostas aos comentários. É sempre muito bom saber que alguns frequentadores do fórum enxergam aspectos positivos no decorrer do enredo. Vamos ver como o Velho Tibianus encara a voluntariosa e decidida soberana de Carlin, hehe. O grupinho, após uns poucos e breves capítulos adiante, estará zarpando para Rook. Me inscrevo entre os jogadores que gostam da antiga, “mítica” e “lendária” ilha dos noobs e quero muito escrever a respeito, através dos pesonagens. Espero que a CIP ainda tenha planos para Rook e, ao invés de apenas deletá-la, implemente algumas modificações para despertar o interesse dos jogadores. As guildas, convivendo com o Exército Real, podem se constituir em um mundo quase paralelo, “subterrâneo”, dando tons novos à narrativa. Espero que funcionem e se encaixem bem no enredo. Mais uma vez, obrigado.
Um abração.
Postado originalmente por Lipe Tenebroso
ueeebaaa tres capitulos de uma vez sp?
poxa essa fic tah ficando muito dez mal posso esperar prah ver essa turminha chegar em rook kkkkkk quero ver o que vao aprontar por lah o kadi tenta tirar a genevive do serio kkkkk parece ate uns amigos que eu tenho kkkkkkk
o tibianus vai ter que engolir a heloise kkkkkkkkkkkk
nao fica tanto tempo sem postar um capitulo novo pllllleassseee
vc demora muito
Oi, Lipe Tenebroso. Bom ver você por aqui, de novo. Obrigado por comentar.
Não existe maior recompensa para quem escreve fics do que saber que alguém está gostando da narrativa. Eu também estou ansioso para escrever a partir do momento em que os protagonistas chegarem a Rookgaard. As provocações de Cadi são típicas da adolescência. Mas são só brincadeiras. Há uma grande empatia entre os dois. As negociações entre os monarcas vão ser duras, hehe. Eu sei que os intervalos entre as postagens tem sido longos, mas estou tentando abreviá-los. Fique firme aí, hehehe.
Um grande abraço.
Capítulo 6 – Um tratado histórico – Quarta parte.
O grupo, formado por Arturos. Elane, René e os cinco jovens ganha a Upper Swamp Lane. Quando chega na esquina com a Harbour Street, se depara com uma espécie de tumulto e correria.
Algumas pessoas gritam: __Eles vão fechar a Harbour também...eles vão fechar a Harbour!!!
__Mas que raio de confusão é essa? Indaga Elane.
Um senhor esbaforido, que acabara de atravessar a rua, ao ouvir a indagação de Elane, responde: __Parece que o Exército do Rei vai colocar um cordão de isolamento para que ninguém possa atravessar a Harbour.
Arturos diz: __Hum, acho que sei porque....
__O que está acontencendo, Mestre Arturos? Pergunta René.
__Eu lhes direi no outro lado da rua, René. Responde Arturos. __Vamos atravessar rápido a Harbour antes que a fechem, senão ficaremos sem acesso ao Porto.
O grupo atravessa correndo a rua e alcança o lado oposto.
Arturos então diz: __Eloise está vindo para Thais, de navio. O navio deve estar se dirigindo ao antigo Porto, que fica fora da cidade, ao lado do farol. Provavelmente a tripulação carlinesa acha que, caso Eloise desembarque no porto interno de Thais, causará um grande tumulto no Porto e na cidade. Bem, eu acho que mesmo que ela desembarque no antigo Porto, causará um grande tumulto, também. Como estamos constatando aqui, na Harbour. Isso é um acontecimento histórico...
__Esse bloqueio da Harbour está deixando as coisas confusas. Está difícil transitar mesmo pelos cantos da rua... Diz Elane.
Arturos aponta para um pequeno beco que leva para o lado oeste da cidade: __Podemos ir por ali e alcançar a praia de Thais, depois seguimos para norte até alcançarmos o Porto.
__Esse beco vai sair na Sorcere's. Diz Cadi. __Mas é uma boa ideia....ela termina mesmo perto da praia...
Então Jared diz: __Vejam...soldados estão vindo para cá...em duas fileiras, uma em cada canto da Harbour.
O grupo vê duas fileiras de soldados descendo a Harbour Street . Vão formando dois cordões de isolamento. No meio deles, um oficial, cavalgando um belo cavalo branco, vai dando ordens e coordenando a formação dos cordões de isolamento. O oficial traja uma espécie de vestimenta de gala. Um elmo prateado com proteções metálicas no queixo. Na parte posterior, o elmo cobre todo o pescoço, chegando até os ombros. De cima caem-lhe fitas decorativas. Uma faixa em diagonal atravessa o tórax e o abdômen do oficial.
__Que vestimenta bonita aquele oficial usa. Diz Genevieve.
__É uma espécie de uniforme de gala ou cerimonial. Diz Arturos. __Ele provavelmente dará as boas-vindas a Eloise no porto externo e fará parte da escolta até o Palácio.
__Cadi... Diz Addae. __Não está reconhecendo aquele oficial???
Cadi olha fixamente para o rosto do oficial. Então seu próprio rosto toma uma expressão de deslumbre e ele exclama: __É o meu pai!!! É o meu pai naquele cavalo branco!!!
__Seu pai deve estar com prestígio junto ao Rei...ser designado para dar as boas-vindas a Eloise e escoltá-la.... Diz Elane.
__Pai!!! Cadi grita na tentativa de fazer seu pai ouví-lo. O amigo de Addae não esconde o orgulho de ver seu pai naquela situação.
__Ele não vai te ouvir, Cadi. Muito barulho e muita confusão na rua. Diz Addae.
__Vamos andando, pessoal. O navio de Fearless deve estar se aproximando do atracadouro. Diz Arturos.
O grupo segue pela Sorcere's Avenue até atingir, no final da rua, junto ao oceano, uma praia de areia branca e grossa, quase formada de pequenos seixos. As pessoas correm de lá para cá, devido à notícia da chegada de Eloise, dos elfos e dos anões. Na praia, agumas aglomerações de pessoas observam o mar, para ver o navio de Eloise.
Arturos aponta para um ponto no oceano, localizado a cerca de um quilômetro da praia: __Vejam, o navio do Fearless vindo do sul e o navio de Eloise vindo do norte. Estão passando um perto do outro, ali.
As demais pessoas aglomeradas na praia também apontam para as duas imponentes embarcações, com suas velas estufadas, vento em popa, se aproximando da costa.
__Até aqui está tumultuado. Primeiro o Palácio foi isolado. Há uma aglomeração em torno dele. Depois a Habour foi fechada. Vamos seguindo antes que o acesso ao próprio Porto interno fique difícil. Diz Arturos.
__É...não me lembro de ter visto Thais tão tumultuada. Nem nos dias festivos e feriados. Diz René. __Anões e elfos vindo pelo Portão Norte...Eloise pelo Portão Oeste...os noobs das guildas chegando...está animada a coisa...
Arturos e os outros vão caminhando em direção ao Porto, abrindo caminho no meio da multidão que se aglomera na praia e nas ruas ao redor, ávida por ver a chegada dos dignitários estrangeiros. Chegam, então, na extremidade sul do grande cais suspenso.
Arturos aponta para uma escada que leva para o nível do cais suspenso: __Vamos subir e aguardar o navio atracar, lá em cima.
Após subirem, constatam que o cais também está fervilhando de gente. Estivadores e demais trabalhadores do Porto se colocam em posição para apanharem as cordas que serão jogadas do navio e depois amarradas no cais. Comerciantes e artesãos com suas cargas aguardando o momento de embarcá-las. Outros esperando o desembarque de cargas que estão vindo no navio do Capitão Fearless.
René cutuca levemente Arturos e diz: __Mestre Arturos...olha só quem está ali....
Dois homens conversam a cerca de uns 30 metros de onde estão Arturos e os demais. Um deles, cabelos cinzas compridos e esvoaçantes, sob o efeito do vento frio e cortante que sopra do oceano, traja um longo sobretudo negro, fechado na frente, que ainda assim tremula, também, devido ao vento. O outro, cabelos castanhos claros, um pouco compridos, chegando-lhe aos ombros, usa uma espécie de poncho com desenhos e tonalidades em vermelho e cinza. Os dois percebem a presença de Arturos, Elane e René, na extremidade sul do cais elevado, e se dirigem então ao grupo.
__Arturos...Elane...René... Diz o homem de vestimentas negras. __Esperando seus novatos para embarcá-los para Rookgaard, não?
René e Elane cumprimentam a dupla, que apenas olha para os jovens ali presentes, sem lhes dirigir alguma palavra, com gestos da cabeça.
__Olá...Vorgas. Responde Arturos, um pouco lacônico. __É...os garotos estão chegando...você também deve estar esperando o seus, não?
__Exato... não sei se vocês conhecem o Lars, aqui. Da Sociedade dos Exploradores...
O homem que acompanha Vorgas, por sua vez, dirige sorrisos a Arturos, Elane e René, e gestos com a cabeça em sinal de cumprimento. O trio devolve a gentileza.
__Muitos aspirantes neste semestre? Indaga Vorgas a Arturos.
__Cinco. A Sombra, segundo informações que obtive em Venore, está enviando 3, de Venore mesmo, não? Devolve Arturos.
Ao ouvirem Arturos citar o nome da guilda de Vorgas, Addae e Cadi se entreolham.
__Isso. Três jovens de Venore. Muito promissores. Espero que aproveitem bem o tempo em Rookgaard. O Rei cobra caro pelo curso...Responde Vorgas, em um tom de gracejo.
Elane se dirige a Lars: __Os Exploradores estão enviando quantos?
__Quatro novatos. Responde Lars. __Dois de Liberty Bay e dois de Port Hope. Queríamos enviar mais, mas quando solicitamos inscrições à Coroa, só havia mais quatro vagas. As vaga para as guildas são limitadas pelo número de acomodações da pensão de uma senhora, que é comerciante em Rookgaard. Infelizmente o Rei só permite que aspirantes ao Exército ocupem as acomodações que ficam dentro da Academia. Este ano estamos enviando também seis aspirantes para a nova academia dos Aventureiros, em Dawnport. Queríamos que todos fossem para Rook, mas não há mais vagas para este semestre...
__Sabe se outras guildas, além da de vocés, estão enviando alunos para Dawnport? Pergunta Arturos.
__Não tenho informações. Responde Lars. __Além de alguns alunos nossos, pelo que sei, apenas alunos dos próprios Aventureiros estão indo para Dawnport. Como não havia mais vagas para Rook, resolvemos fazer uma experiência com essa nova academia. Espero que não nos decepcionemos.
Na outra extremidade do cais, um movimento mais intenso pode ser percebido. Por uma outra subida, um oficial da Guarda Real, acompanhado por sete soldados, chega ao cais elevado. Isso chama a atenção de todos: trabalhadores, comerciantes, e do grupo de Arturos e dos outros, que estão na extemidade sul do mesmo cais.
Cadi diz a Addae: __Ei, eu sei quem é aquele tenente. É o tenente Leroy...serviu um tempo sob as ordens do meu pai no Portão Leste...deve ter vindo receber os aspirantes ao Exército que estão chegando no barco do Capitão Fearless...eles vão ficar hospedados no Palácio Real até a partida...
Ao ouvir Cadi dizer isso, Vorgas lhe pergunta: __Você é filho de um oficial da Guarda?
Elane responde por Cadi, apontando também para Addae e Genevieve: __Sim. Ele e esses dois jovens aqui estão indo a Rook pela Coroa Real.
__Hum...entendo. Reage Vorgas. __E esses dois outros jovens? Diz se referindo a Jared e a Mirna.
__Estão indo pela minha guilda... Responde Elane. __Jared aqui é meu filho.
__Aliás... Continua Vorgas, dessa vez se dirigindo a Arturos. __E Victor? Já tem idade para ir, não?
__É um dos aspirantes que estão vindo com Fearless. Responde Arturos. __Eu quis que ele viesse a Thais com os outros, no navio, ao invés de comigo e com René, para que conhecesse e se relacionasse com os colegas da guilda.
__Sei...sei... Responde Vorgas.
__A Sombra sempre colhendo informações... Diz René para Vorgas, em tom de brincadeira.
Vorgas ri, um pouco sem graça.
Addae pergunta, discretamente, a René: __Victor é o filho do Mestre Arturos, não?
__Isso... Responde-lhe René, piscando um olho.
__Legal...vamos ser colegas. Diz Addae.
Então Cadi diz a Addae: __Addae, vamos lá falar com o tenente Leroy?
Addae se supreende mas diz: __Claro, vamos lá.... Se volta para Genevieve: __Vamos lá, Gê?
__Vamos... Responde, interessada, Genevieve.
__Jared...Mirna...não querem vir conosco? Pergunta Cadi.
__Beleza...vamos Mirna? Indaga Jared.
__Tudo bem. Responde Mirna.
__Já voltamos, mãe. Diz Jared, para Elane.
__Isso. Diz Elane. __Vão se acostumando com os milicos. Afinal vocês, durante o curso em Rookgaard, estarão subordinados a oficiais da Guarda, que atuam lá como instrutores e professores.
Os outros cavaleiros riem do que Elane acabara de dizer.
Lars faz um comentário: __ Há professores membros de guildas por lá, também. Há inclusive uma dos Exploradores, atualmente.
Os cinco jovens caminham então na direção do grupo de militares, na outra extremidade do cais.
__Olá tenente! Diz Cadi, ao chegar perto do oficial.
__Cadi! Que bom revê-lo! Responde o tenente. __Finalmente seu sonho se realiza! Vai para Rook!
__Sim, senhor! E esses são Addae e Genevieve. Também vão pela Coroa. Diz Cadi.
__Essa jovem eu conheço. Responde Leroy. __Eu a vi no Palácio, aguardando para ter uma audiência com Mestre Trimegis. Aliás, você não é de Thais. Diz, se dirigindo a Genevieve.
__Não, senhor, Sou de Greenshore. Responde a jovem.
__E por que não está hospedada no Palácio? Os aspirantes do Exército, que não moram em Thais, ficam hospedados no Palácio até o dia da partida para Rook.... Diz o tenente.
__É que meu pai está na cidade e estamos hospedados na hospedaria do Senhor Frodo.... Responde Genevieve.
__Hum, se seu pai está com você...mas de qualquer forma diga a ele que, caso queira, você pode ficar hospedada no Palácio Real. Por não ser de Thais, tem esse direito. Deixe-me fazer uma anotação ao lado do seu nome...foi bom você ter me dito. O Tenente desenrola um dos dois grandes pergaminhos que traz consigo. __Hum...deixe-me ver...Genevieve...Genevieve...aqui, achei...Genevieve Paysan...pronto. Assim sabemos onde encontrá-la, se necessário. Por esses dias, assim que tivermos uma confirmação mais precisa quanto aos dias da chegada e da partida de Bluebear, soldados irão procurá-los para que sejam notificados e estejam prontos para a partida. Então se volta para Addae: __E você, aspirante, qual seu nome?
__Addae Smith, senhor. Responde Addae.
__Addae...Addae...aqui, achei. Vocé mora na Upper, não? Pergunta Leroy.
__Sim, senhor. Diz Addae.
__Ótimo....e vocês dois? Indaga Leroy, dirigido-se a Jared e a Mirna.
__Estamos indo pelos Paladinos de Elane. Responde Jared.
__De guilda, hein? Um minuto. Leroy enrola o primeiro pergaminho e desenrola o segundo. __Paladinos....Paladinos....aqui. Qual seu nome, aspirante?
__Jared Fletcher, senhor. Responde Jared.
__Jared....certo....aqui diz que você reside atualmente na Arena dos Paladinos...confere?
__Sim senhor. Diz Jared.
__E você, minha cara? Pergunta Leroy a Mirna.
__Er...Mirna Magellan... Responde Mirna.
__Mirna...mora na Mill, confere?
__Er...sim senhor. Responde Mirna.
__Muito bem. Assim as informações a respeito de vocês estão checadas e, no caso de Genevieve, atualizadas. Diz o Tenente.
Addae então se dirige a Leroy: __Tenente, poderia checar as informações a respeito de um colega nosso, que também vai pela Coroa?
__Claro, por que não? Qual o nome dele?
__Phineas Saylor...daqui mesmo de Thais.
O Tenente desenrola novamente o primero pergaminho. __Phineas...Phineas...aqui, achei...mora na Sorcerer's....confere?
__Isso mesmo. Diz Addae.
Genevieve, por sua vez, toca levemente o braço do Tenente Leroy e lhe pede: __Tenente, pode conferir mais um nome? Tatius...de Fibula...
Addae e Cadi se entreolham e esboçam um sorriso no canto da boca. Jared e Mirna percebem mas não entendem o porque das expressões dos dois amigos.
__Tatius, de Fibula...deixe-me ver....aqui, achei...Tatius Fermir....hum, aqui consta que ele, apesar de ser de Fibula, está residindo em Thais com seu tio, em uma estalagem na Temple.... Diz Leroy.
__Ah, então está certo...confere. Diz Genevieve.
__Addae !!! Cadi!!!!! Uma voz familiar aos dois amigos grita por eles enquanto se aproxima.
__Struggle! Exclama Addae. __Cara, estava tentando te localizar aqui no cais mas não conseguia te ver.
__E aí, Struggle? Cadi cumprimenta o amigo.
__Eu estava ali embaixo, no nível da rua, arrumando algumas caixas que vão ser embarcadas no navio do Capitão Fearless, que está chegando. Diz Struggle.
Addae se volta para o Tenente Leroy: __Tenente...este aqui é o Phineas, que eu pedi ao senhor para verificar na lista.
O Tenente olha para Struggle, suado, um pouco sujo e trajando uma camisa rústica com alguns rasgos: __Er...você vai para Rookgard?
Addae responde por ele: __É que ele trabalha aqui no Porto como estivador, tenente.
__Humpft.... Resmunga Leroy. E diz em voz baixa, um pouco para dentro. __O Exército já foi mais exigente ao selecionar seus aspirantes.
Addae e Cadi conseguem ouvir o resmungo do tenente, olham um para o outro e fazem um esforço para não rir.
Em seguida, Addae apresenta Struggle para Genevieve, Jared e Mirna: __Struggle, esta aqui é a Genevieve, de Greenshore. É para ela que eu e o Cadi estamos mostrando a cidade...
__Muito prazer....Phineas, ao seu dispor...mas pode me chamar de Struggle. Struggle, inesperadamente, segura e beija a mão direita de Genevieve, em um gesto de cortesia.
Addae e Cadi ficam surpresos, e observam a reação de Genevieve, devido ao estado em que se encontra Struggle, suado e sujo, por causa do trabaho duro no Porto.
Mas a jovem parece não se incomodar e devolve o comprimento com um sorriso bem simpático: __Muito prazer...Genevieve....mas pode me chamar de Gê.
__E estes aqui são o Jared e a Mirna. Diz Addae. __Estão indo a Rook por uma gullda, os Paladinos de Elane.
__E aí, cara? Struggle estende a mão para Jared, e os dois jovens trocam um aperto de mãos.
__Prazer, cara. Jared mostra-se também bem simpático, esboçando uma expressão risonha como se achasse os modos de Struggle engraçados.
Struggle se volta para Mirna, fazendo menção a segurar sua mão, como fizera em relação a Genevieve.
Mas Mirna, ainda que esboce um sorriso amigável, mantém as mãos juntas uma da outra e abaixadas, na frente do corpo, como a sinalizar que prefere não receber o mesmo tipo de cumprimento dado a Genevieve, e apenas diz: __Muito prazer....
Struggle percebe mas parece não se incomodar, compreendendo a reticência de Mirna.
Neste momento, as pessoas que estão no cais, ouvem, vindo do nível das ruas, uma espécie de tumuldo e gritaria. Na Main Street, também fechada por cordões de isolamento, como a Harbour Street, no trecho entre a Temple Street e a própria Harbor, uma espécie de carruagem fechada, conduzida na frente por dois soldados, tendo mais dois soldados de pé, na parte de trás, sobre uma espécie de degrau, se desloca para a esquina com a Harbour Street. A carruagem é escoltada por dois destacamentos de 10 soldados. Um destacamento vai na frente, dividido em duas fileiras de cinco soldados, uma à direita e a outra à esquerda. Da mesma maneira se organiza o outro destacamento, que segue a carruagem. Entre as duas fileiras de soldados do destacamento posterior, dois oficiais a cavalo se destacam. Trajam a mesma espécie de uniforme de gala usado pelo Capitão Tim, quando estava organizando o fechamento da Harbour Street por cordões de isolamento, compostos de soldados.
__Vocês estão sabendo que a Rainha de Carlin está chegando num navio, não estão? Indaga Struggle. __ O Navio vai atracar no Porto Antigo, perto do Farol, fora da cidade...
__Estamos sim, Struggle. Responde Addae. __Essa carruagem que entrou agora na Harbour, e toda aquela escolta, devem ser para esperá-la e levá-la ao Palácio Real.
__Aqueles dois oficiais que seguem a carruagem...um deles é o General Bloodblade...o outro, eu já até o vi uma vez no Palácio...mas não sei quem é... Diz Cadi.
O Tenente Leroy ouve Cadi dizer isso e responde: __É o Capitão Chester Kahs...ele dirige um órgão de informação da Coroa...vocês aprenderão sobre isso em Rookgaard...aliás, Cadi, seu pai também vai receber a Rainha Eloise no Porto Externo....
__Eu sei, tenente...eu o vi organizando o fechamento da Harbour, quando estava vindo para o Porto.... Diz Cadi.
__Pois é. Continua Leroy. __Seu pai ser designado para esta, digamos, missão, é um sinal de distinção. Significa que o Rei o tem um muito boa conta. Na verdade, Cadi, eu apostaria que ele não permanecerá muito tempo na patente de capitão. Uma promoção deve estar a caminho. E o Capitão Tim merece. Um oficial exemplar. Respeitado por seus superiores, querido por seus subordinados. Gostava muito de servir sob suas ordens no Portão Leste. Mas depois fui requisitado para trabalhar no Palácio.
Ao ouvir o que Leroy dissera, vem à mente de Cadi as palavras de seu pai, que disse pensar em sair da Guarda ainda como Capitão, e abraçar outra atividade. Mas não diz isso ao Tenente.
Addae então pergunta a Leroy: __Tenente, quantos aspirantes ao Exército estão vindo de outras cidades?
__Uma questão interessante, em relação a este semestre. Responde o Tenente. __Geralmente Thais envia a Rookgaard o maior número de alunos, em comparação com os demais ducados. Mas neste semestre, pela primeira vez, que eu saiba, Venore enviará um número maior. Estao vindo sete de lá. Somados aos três de Thais, um de Fibula, uma de Greenshore, três de Edron, dois de Port Hope e dois de Liberty Bay, serão dezenove alunos pela Coroa. Diria que um bom número. Mais do que tem sido enviado nos últimos semestres.
__Todos a postos!!! Todos a postos!!! Aproximem-se das defensas!!!. Um homem, um jovem adulto de cabelos ruivos e longos, usando uma vestimenta rústica, mas bem conservada, de tons acinzentados, com alguns papéis e pergaminhos nas mãos, grita para os estivadores.
Os estivadores que estão no nível do cais se aproximam da borda como a aguardar a chegada e atracação do navio do Capitão Fearless. Outros estivadores que estavam no nível da rua e nas imediações, sobem para o cais suspenso a fim de se posicionarem, também.
__Ih...o Luke está chamando os estivadores para ajudarem na amarração do navio....tenho que ir lá, galera. Diz Struggle.
O Tenente Leroy pergunta a Stuggle: __Aspirante....esse tal de Luke é o administrador do Porto, não?
__Sim, Tenente. Responde Struggle. __Ele trabalha também como uma espécie de guia turístico para os que chegam nos navios, mas a função principal dele é administrar o Porto. Ele quem faz a escala dos estivadores....
__Ótimo. É com ele mesmo que eu tenho que falar. Diz Leroy. Em seguida grita na direção de Luke: __Ei, você!!! Venha cá!!!
Luke se surpreende com o grito autoritário do Tenente. Meio atônito, vem em direção ao oficial.
__Preste atenção.... Diz Leroy a Luke. __Não comece as operações de desembarque e embarque de cargas até que todos os alunos da Academia, que estão vindo neste navio, tenham desembarcado. A prioridade são os alunos. Entendeu?
Luke, ainda um pouco atônito com a chamada e ordem do oficial, responde: __Errr...tudo bem, tenente...aguardarei o desembarque dos jovens e só então começarei as operações com as cargas....
__Ótimo! Após dizer isso, o Tenente caminha na direção do grupo de responsáveis pelas guidas, onde estão Arturos, Elane e os outros cavaleiros, mais ao sul, no nível do cais suspenso.
Luke diz a Struggle: __Humpft...esses milicos....acham que todo mundo está sob as ordens deles...bem, Struggle, vá se posicionar, o navio vai atracar em questão de minutos.
__Deixa comigo, Luke. Responde Struggle. __Tchau, pessoal. Struggle acena para Addae e os outros jovens do grupo, que acenam de volta. Em seguida vai para a borda do cais, ao lado de outros estivadores.
O belo e imponente veleiro do Capitão Fearless se aproxima suavemente do Porto de Thais. As pessoas no cais já conseguem divisar, com mais detalhes, a movimentação da tripulação no convés. Alguns marinheiros sobem e descem dos mastros, utilizando as cordas e as escadas de cordas com habilidade. Podem ser vistos também alguns jovens debruçados na sacada do navio, obsevando, do mar, a cidade e seu porto.
__Olha quem chegou ao cais. Diz Addae para Cadi, apontando para a escada que conduz ao nível do cais suspenso, mais ao norte da estrutura.
Andrej e Marcus, os dois cavaleiros dos Falcões de Edron, com os quais Addae, Cadi e Genevieve conversaram na visita à Torre de Observação, acabam de subir ao cais supenso, juntos de alguns estivadores que vem para auxiliar nos trabalhos de atacação do navio.
Andrej reconhece os tres jovens e diz, enquanto deles se aproxima: __Veja, Marcus, nossos jovens amigos lá da Torre...olá meninos, vieram ao Porto ver a chegada dos novos alunos de Rook?
__Olá, senhor Andrej....senhor Marcus....sim, nós viemos ao Porto com alguns cavaleirosm de outras guildas... Diz Addae. __O grupo de cavaleiros está lá na borda sul do cais....conversando com um oficial da Guarda...
Cadi e Genevieve também cumprimentam os cavaleiros.
__Hum.... Diz Andrej. __Também preciso convesar com esse oficial, sobre os procedimentos a respeito do desembarque e estadia dos alunos de minha guilda....
Cadi apresenta Jared e Mirna para os dois falcões: __Estes são Jared e Mirna...vão a Rook pela guilda dos Paladinos de Elane.... E continua, agora dirigindo-se aos dois jovens aprendizes da guilda de Elane: __ Estes são os senhores Andrej e Marcus, da guilda Falcões de Edron.
__Ah...a famosa guilda dos arqueiros. Muito prazer, meninos. Diz Andrej.
__Prazer... Diz, por sua vez, Marcus.
Jared responde: __Muito prazer senhores....é uma honra conhecer dois membros dos Falcões...sempre ouvi muitas histórias sobre os feitos de sua guilda.... Jared parecia realmente impressionado após ouvir Cadi pronunciar o nome da guilda dos dois guerreiros.
__Olá....muito prazer... Mirna parece um pouco acanhada com a presença dos dois imponentes cavaleiros.
Andrej diz a Jared: __A maioria das guildas, inclusive aquela a qual vocês pertencerão, tem em suas histórias feitos heróicos...e outros feitos em relação aos quais não sentem muito orgulho.... Andrej dá uma conotação de brincadeira à última frase.
Jared e Mirna se sentem mais à vontade após ouvirem a afirmação de Andrej.
O grupo vai caminhando em direção à parte sul do cais, onde se encontram os demais cavaleiros e o Tenente Leroy.
__Vejam.... Diz Marcus, apontando para o oceano. __O navio já está manobrando para atracar....
__Que belo navio.... Diz Genevieve.
__É....de fato....Fearless tem um belo veleiro nas mãos. Completa Andrej.
Quando Andrej, Marcus e os cinco jovens se aproximam do grupo de cavaleiros, os dois Falcões procuram cumprimentar a todos.
__Mestre Arturos....Elane....Oficial... Andrej acena em cumprimento também para Vorgas , Lars e René, identificando-os, pelas vestimentas e porte, como cavaleiros. Mas demonstra não conhecê-los.
Os três e o Tenente Leroy cumprimentam Andrej e Marcus, de volta.
__Ora, ora, ora....se não são Andrej Croddi e Marcus Rahn. Já faz algum tempo, não? Diz Arturos.
__Por Banor! Diz Elane. __Andrej e Marcus! Desde o ataque dos Behemoths a Edron, em 87, que não os vejo! Sempre imaginava se vocês tinham sobrevivido. Mas ninguém conseguia me dar informações sobre vocês. Além do fato de eu não ver um Falcão sequer desde então.
__Se o senhor tivesse aceitado nossa proposta, de se juntar aos Falcões, Mestre Arturos, nos veríamos com mais frequência. Diz Andrej.
__Lamento, Andrej. Mas tenho uma dívida para com o Mestre Abran. Só saio da Adaga se ele me expulsar, hehe. Responde Arturos.
Marcus diz a Elane: __Ainda estamos nos negócios, Elane. Em dado momento, naquela invasão, pensei mesmo que bateria as botas. Mas, como diz o adágio popular, vaso ruim não quebra, hehe.
__O ataque dos Behemoths a Edron, em 87...dizem que foi como se as portas do inferno tivessem sido abertas sobre a cidade... Intervem Vorgas.
__Bem. Responde Andrej. __É uma imagem que descreveria apropriadamente a situação....senhor....
__Vorgas Ugarte. Responde Vorgas. __Da guilda “A Sombra”. E este é o senhor Lars Sorensen, da Sociedade dos Exploradores... Diz, apontando para Lars.
__Conheço bem a Sociedade. Diz Andrej. __Mas é a primeira vez que ouço falar na...”Sombra”...
__Bem, na verdade é bom ouvir isso. Responde Vorgas. __Preferimos mesmo manter um certo...anonimato....
__Pode-se dizer que eles na verdade se constituem em uma guilda “filha” da Adaga. Diz Arturos.
__Aham... Pigarreia o Tenente Leroy. __Senhores não quero interromper seu interessante colóquio, mas preciso dar-lhes algumas instruções a respeito do desembarque dos aprendizes de suas guildas. Peço que não se aproximem logo após os jovens alcançarem o cais. Eu tenho que fazer uma pequena preleção e passar a eles algumas instruções. Eles ficarão sob as ordens do Exercito Real pelos próximos quatro anos. Após a preleção, eu dar-lhes-ei um sinal e os senhores poderão se aproximar e levar os jovens para as moradias onde passarão esses dias em Thais, que precedem o embarque para Rookgaard. Da minha parte, escoltarei os aspirantes ao Exército para o Palácio Real. Alguma pergunta?
__Já sabem ao certo quando o Capitão Bluebear chegará a Thais, e quando partirá para Rook? Indaga Lars.
__Bem, o capitão de um navio que zarpou ontem de Thais para Edron, afirmou que Bluebear lhe dissera, há um mês, em Port Hope, que pretendia estar aqui em Thais no dia quinze deste mês. Daqui a cinco dias, portanto... Responde o Tenente.
__Mais cedo do que eu esperava. Diz Vorgas.
__Portanto... Prossegue o Tenente. __Muito provavelmente os jovens estarão embarcando para Rookgaard dentro de sete dias. Tenham em mente este horizonte e estejam preparados. Soldados os procurarão nos endereços informados para entregar-lhes notificações e uma confirmação, tão logo Bluebear chegue ou seja avistado. Mais alguma pergunta, senhores?
__Por mim, não. Diz Elane. __As instruções fornecidas no ato das inscrições e matrículas já esclareceram praticamente tudo referente à viagem.
Os outros cavaleiros também parecem não ter mais perguntas.
__Muito bem, senhores. Continua o Tenente. __Eu vou recepcionar os alunos. Podem se aproximar um pouco. Mas peço que mantenham uma certa distância do grupo, até eu liberá-los para os cavalheiros...e para as damas. Diz, olhando para Elane.
Leroy, então, vai se dirigindo para o local onde a plataforma de desembarque é comumente instalada.
O grupo vai seguindo-o, a uma certa distância, e devagar.
__Que história é essa de oferta por parte dos Falcões, Mestre Arturos? Indaga René, discretamente.
__Ora. Responde Arturos. __É comum guildas tentarem atrair cavaleiros de outras guildas.
__E a grana que eles ofereceram? É boa? Pergunta, novamente, René.
__Não interessa. Responde Arturos, em um tom que denota, um pouco, brincadeira. __Se eu tenho uma dívida para com Mestre Abran, você tem uma dívida para comigo. Enquanto eu permanecer na Adaga, você permanece, também.
Addae e Cadi ouvem o diálogo, pois caminham ao lado de Arturos, e riem.
Elane pergunta a Andrej: __Já conhece o Jared? Meu filho.... Diz orgulhosa. __Está indo para Rook neste semestre.
__Oh, sim. Responde Andrej. __Já fomos apresentados, aqui mesmo no cais, pelo meu jovem amigo, ali, o Addae. Mas que ele é o seu filho, estou sabendo agora. Me lembro que você me disse, acho que meses antes da invasão dos Behemoths, que você tinha, à época, um filho pequeno. Bem, já é um rapaz, agora.
Ao ouvir o que Andrej dissera, René pergunta, discretamente, a Addae: __De onde você conhece esse Falcão?
Addae responde: __Eu o conheci, e ao Senhor Marcus, hoje mesmo, mais cedo, quando eu, o Cadi e a Genevieve, estávamos visitando a Torre de Observação. Eles estavam no mesmo grupo que a gente, na hora de subir. E mesmo antes disso eu já os tinha visto na loja de meu pai. Ele e o senhor Marcus foram vender equipamentos lá.
__Hum...entendo. Reage René.
__Não estou vendo cavaleiros de algumas das guldas sediadas aqui em Thais. Será que não envarão alunos a Rookgaard, este semestre? Pergunta Lars.
__Conversei com o Mestre Gregor, dos Leões, hoje mais cedo. Diz Arturos. __Mandarão sete aspirantes, mas todos daqui de Thais. Por isso não estão vindo alunos com o Fearless.
__E eu estive agora há pouco, antes de vir para o Porto, conversando com dois cavaleiros dos Filhos de Thais. Complementa Andrej. __Da mesma forma, também estão enviando alunos apenas de Thais. Quatro. Esses cavaleiros também disseram que os Cavaleiros de Banor estão mandando cinco, todos daqui da capital. Por isso não vemos representantes dessas guildas, hoje, no cais. Não há aspirantes deles chegando de navio.
__Parece que não se esforçam em cooptar novos alunos, em outras cidades. Diz Vorgas.
__Bem, pode ser que tendo um número razoável de candidatos aqui mesmo da Capital, por serem daqui, não precisem buscar aspirantes em outras localidades. Afinal, deve-se levar em consideração que o curso não é barato. Podem pesar, digamos, limitações orçamentárias, na questão... Diz Lars.
__Espero que durante a viagem para a ilha, o tempo esteja firme. Tormentas em alto-mar me deixam enjoado. Diz René, para Arturos.
__Ora, se enjoar basta debruçar-se na sacada do navio e botar pra fora.... Responde Arturos.
Vorgas, que ouvira o diálogo entre os dois guerreiros da Adaga, pergunta: __Vai viajar de navio, René?
__Claro. Responde o arqueiro. __Vou com a noobada para Rookgaard.
__Hum...sei. Vorgas julga que René está de brincadeira.
__Aliás. Diz Arturos. __Preciso combinar com alguns estivadores para que peguem o meu carregamento de armas que está armazenado na loja do pai de Addae, e o tragam para o cais, para que seja embarcado no navio do Bluebear.
Vorgas intervem novamente: __Peraí....estão falando sério vocês dois? Vão mesmo viajar para Rookgaard no barco do Bluebear, junto com os aspirantes?
__Claro que estamos falando sério. Responde Arturos. __Vou vender algumas armas para o comerciante local de armas . E, obviamente, acompanhar meus aspirantes até a ilha.
Andrej diz: __Dizem que é muito difícil conseguir autorização real para ir a Rookgaard. A Adaga deve estar com prestígio junto à Coroa.
__Bem. Responde Arturos. __Na verdade entre o pedido e a autorização, passaram-se alguns meses. E algumas cartas de Mestre Abran suplicando ao Rei o deferimento do pedido.
__Estou com uma ponta de inveja. Diz Elane. __Como eu gostaria de acompanhar o meu pimpolho aqui, nesta viagem. Ao dizer isso, Elane aperta as bochechas de Jared.
Jared protesta, envergonhado. __Mãe....para com isso...as pessoas estão olhando...
Todos riem da reação de Jared.
As pessoas no cais passam a dar atenção ao grande veleiro que, já há alguns metros da estrutura, se prepara para a aproximação final. Os marinheiros da tripulação do Capitão Fearless jogam as cordas na direção do cais. Os trabalhadores do Porto, Struggle entre eles, pegam as cordas e procedem à amarração do navio. O imponente veleiro, puxado para o cais, pressiona as defensas e faz toda a estrutura do cais ranger. Alguns estivadores posicionam a passarela de madeira para o embarque e desembarque de passageiros e cargas.
Vários jovens e alguns outros passageiros estão de pé no convés, segurando suas bagagens, aguardando o momento para desembarcar.
O Tenente Leroy se apressa em subir a bordo, e grita para os jovens que estão de pé no convés: __Alunos de Rookgaard. Não desembarquem ainda. Aguardem o meu comando.
Alguns jovens fazem uma cara de impaciência, como se estivessem ansiosos para desembarcar, após a longa viagem.
Os demais passageiros desembarcam logo.
Leroy sobe na ponte de comando para falar com o Capitão Fearless.
No cais, Luke ordena aos estivadores que esperem o desembarque dos alunos, antes de começarem as operações de embarque e desembarque de carga.
A tripulação do Capitão Fearless se movimenta de um lado a outro do convés, subindo e descendo dos porões e dos mastros, amarrando o velame. Todos trajam uma espécie de uniforme, camisas listradas na direção horizontal, nas cores vermelha e branca, calças brancas, formando um belo conjunto.
Leroy retorna ao convés acompanhado do Capitão Fearless.
Os jovens se despedem do Capitão. Alguns apertam-lhe as mãos e mesmo o abraçam, demonstrando que, na viagem, uma certa amizade e uma empatia se desenvolveram entre os aspirantes e o experiente navegante. Os alunos também se despedem dos marinheiros.
Leroy desembarca e diz aos jovens que o sigam, para o cais: __Muito bem, aspirantes. Formem dois grupos aqui no cais. À minha esquerda fiquem os alunos das guildas. À minha direita, os aspirantes ao Exército de Sua Majestade!
Então Leroy se volta para o grupo de cavaleiros, que se mantém a uma certa distância, e diz para os cinco jovens aprendizes: __Cadi e os demais alunos, tomem posição em seus respectivos grupos. Quero que vocês ouçam algumas instruçôes, também.
Cadi, Addae e Genevieve se posicionam junto ao grupo à direita de Leroy, enquanto Jared e Mirna se juntam aos alunos das guildas.
Os trabalhadores do Porto e a tripulação do Capitão Fearless dão início aos trabalhos de carga e descarga.
Quando Struggle passa perto de Leroy, carregando um caixote para o navio, o Tenente o chama e diz: __Cadete Phineas...largue isso e se junte aos demais aspirantes do Exército.
Struggle fica um pouco atônito com o comando e olha para Luke, como a lhe pedir permissão para interromper o trabalho.
Luke faz uma expressão e movimenta os ombros como a dizer: “É o jeito, fazer o que? Vai lá”
Struggle entrega o caixote a outro estivador e se junta ao grupo de aspirantes ao Exército, bem ao lado de Addae, Cadi e Genevieve. Addae toca o ombro do amigo. Alguns alunos olham para Struggle, surpresos com o aspecto e as vestimentas do jovem estivador.
Genevieve diz a Addae: __Pena que o Tatius não está aqui.
__Pois é. Responde Addae. __Mas depois a gente transmite a ele o que o Tenente disser.
No grupo dos alunos das guildas, um jovem de belos traços, alto, cabelos negros escorridos que chegam aos ombros, trajando roupas de bom nível e luvas, acena para Arturos, que observa um pouco afastado.
Arturos, e também René, devolvem o aceno.
Addae, Cadi e Genevieve compreendem que o jovem deve ser Victor, o filho de Arturos, que veio no navio.
Leroy começa a checar as informações referentes a cada aluno. Primeiramente em relação aos alunos das guildas.
__Muito bem, vamos começar pelos alunos das guildas....deixe-me ver. Leroy desenrola um dos pergaminhos. __Guilda...A Adaga....vejamos....de Venore...temos aqui....Ivan Trabbit...
__Presente! Responde um jovem louro de cabelos curtos, olhos azuis, mas com um grande topete que chega a cobrir-lhe o olho esquerdo.
__Ótimo...Ivan...de Venore... Diz Leroy. __Agora...Diana Aviz....
__Presente! Reage uma jovem de cabelos castanhos, longos e um pouco ondulados. Muito bonita. Com generosas sobrancelhas sobre vívidos olhos castanhos, bem desenhadas, que lhe caem bem no rosto, realçando sua beleza.
__Isso...isso... Diz Leroy. __Diana...muito bem....agora...Victor Belloc.
__Aqui, tenente! O filho de Arturos levanta o braço.
__Muito bem..Victor....confere...três de Venore, pela Adaga.....agora, de Edron, Arsenio Vagarius...
__Aqui, tenente. Arsenio, como Victor, levanta o braço. É alto. Magro.Tem os cabelos castanhos bem claros e lisos, bem cortados atrás, mas na frente do rosto pendem-lhe dois finos topetes que alcançam, lado a lado, a parte de cima do naziz bem afilado.
__Presente. Diz uma jovem de cabelos ruivos, lisos e bem compridos. Tem belos olhos amendoados e negros. A tez morena, queimada pelo sol, característica muito comum aos habitanes de Port Hope. O rosto tomado por sardas e pequenos sinais, logo abaixo dos olhos, que acabam por lhe proporcionar um certo charme.
__Ótimo, Laeticia, e com isso checamos os alunos da Adaga. Leroy se volta para o grupo de cavaleiros e pergunta: __Por gentileza, quem responde mesmo pela Adaga?
Arturos levanta o braço e se aproxima do Tenente. Victor aproveita e abraça seu pai, que lhe acaricia os cabelos.
__E então, filho, Como foi a viagem? Indaga Arturos.
__Foi ótima, pai. Um pouco cansativa. Mas foi muito bom conhecer o pessoal da guilda...e das outras guildas, também. Responde Victor.
Leroy pergunta a Arturos: __Onde os alunos da Adaga ficarão instalados até o dia da partida?
__Em um apartamento, no segundo andar de um prédio. Mill Avenue, número 3. Diz Arturos.
__Obrigado, cavaleiro. Pode voltar a seu lugar, por obséquio. Diz o tenente.
Arturos faz mais um afago na cabeça de seu filho, e retorna para junto dos demais cavaleiros.
__Vejamos, agora...os Falcões de Edron...isso...Continua Leroy. __De Edron, temos...Constantino Worumbah...
__Eu, aqui! Responde um jovem de cabelos ondulados e castanhos claros, cortados bem curtos, quase raspados nas laterais e na nuca. Mas com um pouco de volume em cima, lembrando o corte de Jared. Percebe-se uma personalidade expansiva através de seus olhos esverdeados.
__Muito bem...Constantino....agora....Calista Vaengrod. Prossegue o oficial.
__Aqui..... Uma jovem lindíssima, cabelos negros escorridos e bem longos, olhos verdes um pouco puxados, lábios carnudos, nariz afilado e arrebitado, levanta o braço. A beleza de Calista chama a atenção dos outros alunos.
Struggle cutuca Addae discretamente e diz, em um tom baixo: __Só tem gatinha nesse negócio, hein?
Addae concorda com a cabeça, também discretamente.
__Roderic...aqui, eu. Se manifesta um rapaz magro, de estatura mediana, cabelos negros escorridos cortados rente à orelha e bem desenhados na nuca. Na frente, um topete proeminente quase oculta seu negro olho direito.
__Certo...Roderic. Diz Leroy. __Agora, Cora Vaengrod....
__Eu! Todos ficam novamente admirados. Uma jovem idêntica a Calista, de uma beleza deslumbrante, mas com cabelos mais curtos, balança a mão.
Leroy se surpreende: __Hum...gêmeas, hein.
__Sim, hihihi. Ri Cora.
Calista também ri da surpresa do Tenente e dos demais.
__Continuando. De Venore, temos....hum...Denis Ortreian. Diz Leroy.
__Denis Ortreian, aqui. Responde um jovem de estatura mediana, cabelos castanhos bem claros, quase louros, lisos, dividos ao meio e compridos, chegando-lhe aos ombros. As grandes orelhas escapam e dividem os cabelos nas laterais. Transmite, através de seus olhos negros, uma expressão séria.
__Muito bem, Denis. Agora...Franciesca Vassallis.
__Oooi, Franciesca, euzinha. Responde uma jovem de cabelos castanhos escuros compridos alisados e olhos de igual tonalidade. Os olhos são puxados e as sobrancelhas bem desenhadas, mais expessas na parte mais central da face Tem as maçãs do rosto um pouco proeminentes e uma expressão sorridente nos lábios carnudos, quase debochada.
__Vocezinha, né? Tá certo. Responde Leroy.
Os demais alunos riem.
__Finalmente, de Port Hope, pelos Falcões....Littus Temperus.
__Aqui, tenente. Um jovem alto, forte, de cabelos alourados, lisos, que lhe cobrem as orelhas e a maior parte da nuca, divididos na frente, levanta o braço direito. Tem os olhos castanhos bem claros, mas a pele bronzeada pelo sol. O maxilar anguloso lhe confere um aspecto bem apessoado.
__Muito bem...Littus...e aqui fechamos os Falcões. Leroy se volta mais uma vez para o grupo de cavaleiros: __Quem responde pelos Falcões?
__Eu, tenente. Responde Andrej, enquanto se aproxima do oficial.
__E onde seus aspirantes ficarão alojados por estes dias?
__Upper Swamp Lane, 8. Responde Andrej, ao mesmo tempo que cumprimenta os alunos dos Falcões. Os jovens transparecem estar bem felizes com a presença do cavaleiro, ali.
Após Andrej retornar a seu lugar, Leroy diz: __Vamos agora checar os Paladinos de Elane. Jared e Mirna já falaram comigo antes, aqui no cais. Então, de navio chegaram...chegaram....deixe-me ver...aqui. Eberhardt Crossius, de Venore. Eberhardt?
__Sou eu, tenente. Eberhardt. Responde um jovem magro, alto, cabelos negros escorridos um pouco compridos, cobrindo as orelhas, e com uma espécie de franjinha na frente. Olhos da mesma cor dos cabelos.
__Muuito bem...vamos ver...agora...Licia Andrimona, de Edron.
__Eu, aqui. Uma jovem de cabelos castanhos claros e lisos, presos atrás em uma espécie de rabo de cavalo, olhos de uma tonalidade um pouco rara, arroxeados, ergue a mão direita.
__Ótimo...ótimo...fechamos os Paladinos. Diz Leroy, se voltando para os cavaleiros. __Quem pelos Paladinos?
__Eu, Tenente. Elana vem para perto dos jovens.
__Certo....é...Jared está na Arena dos Paladinos...Mirna já me confirmou seu endereço...Mill Avenue, 5. E esses dois jovens que chegaram? Indaga Leroy.
__Ficarão hospedados na Arena dos Paladinos. Responde Elane.
__Perfeito...Arena dos Paladinos...anotado...
Elane aproveita e pergunta aos dois jovens recém-chegados: __E então, Eberhardt...e Licia...como foi a viagem?
__Eu gostei muito. Diz Eberhardt. __Gosto do mar...de navegar...e foi muito bom conviver com todos os outros alunos. Mal posso esperar para partir para Rook.
__Eu enjoei um pouquinho. Responde Licia. __O barco jogava muito em alguns momentos. Mas mesmo assim a viagem foi muito legal. Nunca vou me esquecer do Capitão Fearless e de sua tripulação. Nos trataram tão bem...contaram histórias incríveis...e eu estava ansiosa para conhecê-la pessoalmente, Mestra Elane...Mestre Eliah falou muito a respeito da senh...er...de você...ele disse para nunca chamá-la de senhora.
__Ahahahah...Ah, Eliah...exagerado, como sempre. Prefiro mesmo que me chame de você...mas se me chamar de senhora também não vou ficar brava, por isso. Quero que conheçam seus dois futuros camaradas de guilda: Jared, meu filho...e essa menina bonita aqui chama-se Mirna.
Eberhardt e Licia cumprimentam Jared e Mirna. Os quatro colegas de guilda transparecem uma certa alegria por se conhecerem.
Leroy intervém, dizendo a Elana: __Er...por favor, senhor...er...Mestra...poderia retornar a seu lugar? Preciso prosseguir com a checagem dos outros aspirantes.
Elane acena para os quatro jovens e vai se afastando em direção ao grupo de cavaleiros, enquanto diz: __Mais tarde conversamos, crianças....
__Muito bem. Diz o Tenente. __Agora os alunos da....Sombra. Leroy murmura baixo, para si mesmo. __Caramba...que nome para uma guilda.... Fala então em um tom de voz mais alto: __ Temos....três aspirantes de Venore....isso....primeiro...Gerd Finnergan.
__Aqui, senhor. Gerd. Responde um jovem de compleição forte, porém um pouco baixo. Louro, cabelos um pouco compridos, encorpados. Olhos esverdeados. Tem uma expressão simpática, quase bonachona.
__OK, Gerd. Agora....Felicia Romanescu...
__Presente. Manifesta-se uma jovem de cabelos negros que lhe chegam um pouco acima dos ombros, lisos mas com pontas quebradas e dobradas. Chama a atenção uma mecha de cabelos brancos na frente à sua esquerda. Olhos igualmente negros. Tem um olhar um pouco assustado, quase tenso. E uma pele quase tão branca como a neve. Seus traços são bonitos e delicados, no entanto. O vestido negro inteiriço, comprido até os calcanhares, como também as luvas e botas de mesma cor, chamam a atenção de quem a observa. Mas o conjunto tem uma certa elegância e distinção.
Leroy observa por alguns segundos a mecha branca no cabelo de Felicia. Depois se recompõe e lê: __Agora....Olaf Bonignon...
__ Presente. Reage um jovem de cabelos também negros, lisos e repartidos ao meio, jogados para trás das orelhas e que lhe cobrem toda a parte traseira do pescoço, abrindo-se em algumas pontas na altura da coluna cervical. Dois pequenos cachos simétricos caem-lhe sobre a testa. Sobrancelhas bem desenhadas e penetrantes olhos azuis. Olaf tem uma compleição esguia e estatura alta.
__Certo...Olaf.... Leroy se volta para os cavaleiros: __Quem está pela Sombra?
Vorgas levanta a mão e vem caminhando na direção do oficial. __Eu respondo pela Sombra, Tenente.
__Muito bem, onde ficarão alojados os jovens de sua guilda, cavaleiro? Pergunta Leroy.
__No Grande Hotel de Thais, na Harbour....
__Ótimo, cavaleiro. Obrigado. Pode voltar ao seu lugar, por favor.
Vorgas retorna para seu lugar, ao mesmo tempo que dirige um aceno e um leve sorriso a seus aspirantes, que lhe respondem da mesma maneira.
Genevieve, junto ao grupo de aspirantes da Coroa, diz, discretamente, a Cadi: __Nossa, que turma grande essa ....
Ao que Cadi responde: __Muito grande. Para você ter uma ideia, quando meu pai e o do Addae foram a Rook, havia doze alunos no total...
Neste momento, um cavaleiro trajando vestimentas quase indênticas às de Lars sobe ao cais e se aproxima do grupo. É um homem jovem, bem forte, estatura mediana para baixa, cabelos louros um pouco compridos. Tem olhos azuis e usa uma espessa barba. Esbaforido, se dirige a Lars: __Lars...consegui os quartos.
__Na hora certa. Responde Lars. __O Tenente ali já vai me chamar para informar o local da estadia.
__É que tive dificuldade para alojar os alunos que vão para Dawnport. Responde o cavaleiro.
Leroy começa a citar os nomes dos alunos da Sociedade dos Exploradores.
__Vamos ver....temos dois alunos de Port Hope....primeiramente....Krej Nuraggio.
__Aqui, tenente. Um jovem de cabelos castanhos claros, com um corte de cabelo assimétrico, com fios em diferentes comprimentos, repicados, responde. Tem os olhos esverdeados. Curiosamente, os cabelos desgrenhados combinam com seu rosto quase infantil. Por ser de Port Hope, tem a tez bronzeada.
__Aqui. A jovem que responde tem os olhos esverdeados e os cabelos escorridos compridos da mesma cor dos de Krej. Pele também bronzeada pelo sol.
__Irmãos.... Diz Leroy.
__E gêmeos. Completa a jovem.
__É...essa turma promete. Responde Leroy. E continua: __Agora dois alunos de Liberty Bay. Amanda Leroux.
__Presente... Uma jovem loura, de olhos azuis, com um enorme rabo de cavalo trançado atrás, a tez bronzeada pelo sol, responde.
__Isso...Amanda...Voltando-se então para o último aluno das guildas ali presente, um jovem de cabelos louros raspados, com uma pequena camada remanescente de cabelos sobre a cabeça, usando um pequeno cavanhaque, de olhos castanbos escuros: __E você, obviamente, deve ser o Greg...Greg Madanius...
__Isso, Tenente.... Responde o rapaz.
__Muito bem....e qual dos senhores responde pela Sociedade? Indaga Leroy voltando-se e caminhando para o grupo de cavaleiros, mas mantendo os olhos voltados para o pegaminho.
O cavaleiro que acabara de subir ao cais, toca no braço de Lars como a pedir que ele mesmo responda ao Tenente. Exibe um pequeno sorriso, como se tivesse algo engraçado a dizer. Então diz: __Eu respondo pela Sociedade...Leroy....
O Tenente arregala os olhos, para de olhar para o pergaminho, ergue a cabeça surpreso, para ver quem acabara de chamá-lo pelo nome, demonstrando uma certa intimidade. Olha para o cavaleio da Sociedade e exclama: __Uwe! Quanto tempo! Aperta efusivamente as mãos do cavaleiro e llhe dá um forte abraço.
__Ahahahah!! Ri Uwe. __Pois é...a gente nunca fez aquela reunião da turma que prometemos, após voltarmos de Rook!
Os cavaleiros, como também os alunos, observam surpresos aquele inesperado colóquio enttre Leroy e Uwe.
__Ah, rapaz...pois é, cada um toma um rumo, depois fica difícil reencontrar os colegas. Responde Leroy. __ Mas pelo que sei, todos ainda estão vivos, felizmente....
__É verdade. Foi uma turma bem pequena. Diz Uwe. __Olhando todos esses jovens aqui no cais, fico admirado como estão indo tantos alunos para Rook, este semestre.
__Sim, no nosso semestre, apenas quatro alunos pelas guildas. Um por guilda. E cinco de nós pelo Exército. Nove no total. Turminha pequena, mas boa.Diz Leroy.
__É verdade que Dallheim e Zerbrus foram designados para Rook? Pergunta Uwe.
__Sim. Dois sortudos. Como eu gostaria de voltar para Rookgaard, por uns tempos. Diz Leroy. __Giacomo está servindo em Venore, e Layla acabou ficando na Academia de Edron, após concluir os estudos. Portanto, só eu, dos “ miilicos”, permanece em Thais. E os outros das guildas? Você os tem visto?
__Charos, pelo que soube, os Aventureiros o designaram para ficar na ilha que funciona como sede deles. Diz Uwe. __Os Leões mandaram a Violetta para a representação deles em Liberty Bay. Vanessa ficou na sede da guilda dela, em Port Hope.
__Aliás, por falar em Vanessa, os Rastreadores não vão mandar ninguém para Rook...este semestre. Diz Leroy.
__É...são uma gulda bem pequena. No máximo conseguem um ou dois aspirantes por semestre, quando conseguem... Diz Uwe. __Mas eu tenho uma boa notícia, a partir de agora eu representarei a Sociedade aqui em Thais. O Lars aqui estava como interino, até que o Rei aprovasse a nossa representação na Capital. Portanto poderemos nos ver com uma certa frequência.
__Que ótima notícia! Você está intimado a jantar conosco um dia desses. Depois me passe o endereço da Representação de vocês, eu vou te procurar para combinarmos. Diz Leroy.
__”Conosco”? Você e aquela menina que ficou te esperando aqui em Thais...se casaram? Pergunta Uwe.
__E ela já está esperando o segundo bebê. Diz Leroy. __Tomara que seja um menino, assim teremos um casal.
__Poxa, parabéns, Leroy. Diz Uwe.
__E você, já se amarrou? Pergunta Leroy.
__Ainda não. Responde Uwe. __A Sociedade me obriga a muitas viagens. Não consigo me estabelecer em algum lugar por muito tempo. Quem sabe agora com essa representação em Thais....
__Pois é...e com a Vanessa agora em Port Hope...sempre achei que vocês dois acabariam se casando...Diz Leroy.
__É...a vida toma um rumo diferente do que planejamos, muitas vezes. Diz Uwe, coçando a cabeça.
Elane, em tom jocoso, diz: “__Aham”. Pigarreia.” ___Eu não quero interromper o colóquio dos cavaleiros”... Diz, imitando e reproduzindo o que o Tenente dissera minutos antes. __Mas será que o Tenente poderia proceder à checagem dos aspirantes ao Exército e depois dar a tal da preleção? Assim poderia liberar nossos aspirantes em seguida e poderíamos levá-los para os locais onde ficarão instalados...
Os outros cavaleiros riem, disfarçadamente, da intervenção de Elane.
Leroy fica um pouco sem graça, mas responde: __Oh, queiram me desculpar. Tem razão. Depois nos falamos, Uwe.
__Claro Leroy, vai lá....Diz Uwe.
__Ah, já ia me esquecendo....diga-me o local onde seus aspirantes ficarão até o dia da partida. Diz Leroy.
__É mesmo. Responde Uwe. __Os garotos ficarão no Grande Hotel....na Harbour Street.
Ao ouvir isso, Vorgas diz a Lars: __Seus meninos ficarão perto dos meus.
__Sim...Responde Lars. __Bom que já vão se enturmando....se é que já não o fizeram no navio...
Leroy se volta para o grupo de aspirantes da Coroa: __Muito bem, cadetes do Exército de Sua Majestade...chegou a sua vez....acredito que todos vieram, mas tenho que checar...são as ordens...e ordens, na Guarda, são praticamente tudo...temos aqui...de Venore....sete cadetes...deixe-me ver...Aleksander Novalis...Aleksander?
__Aqui, senhor. Responde um jovem muito bem apessoado, de belos traços, cabelos negros bem cortados, um pouco volumosos nas orelhas e na nuca, olhos castanhos bem claros, de um raro tom quase avermelhado quando atingidos pela luminosidade do ambiente. Alto e de porte atlético. Tem uma expressão serena e séria, embora um pouco melancólica.
Leroy gosta da atitude respeitosa do jovem, ao responder à chamada. Combina com o espirito marcial.
__Agora...Leonidas Adamanter....
__Aqui, senhor. Reage um jovem também muito bem apessoado. Cabelos castanhos bem claros, um pouco desalinhados, cobrindo as orelhas e a nuca. Olhos azuis, mas não muito claros, parecendo esverdeados quando não atingidos diretamente pela luz. Um pouco mais baixo do que Aleksander e de compleição física forte. Tem uma expressão séria e compenetrada.
__Muito bem, cadete....agora...Gunnar Daher...
__Gunnar Daher...aqui, Tenente. Gunnar é louro, cabelos um pouco compridos e volumosos, cobrindo totalmente as orelhas e quase chegando aos ombros. Olhos azuis. Tem um pouco de sardas na face. Tem uma expressão simpática, leve e compleição física forte, também. Tem a altura de Leonidas.
__Sou eu, Tenente. Um jovem esguio e bem alto, cabelos negros eriçados na parte superior do couro cabeludo, e caídos terminando em pontas quebradiças quase tocando os ombros, responde à chamada de Leroy. Eneias tem olhos negros e puxados que produzem um olhar vívido. Tem um nariz aquilino e proeminente, lábios finos e bem desenhados, dando a impressao de produzirem um permanente sorriso cínico.
__Eu, senhor. Responde um rapaz louro, cabelos curtos raspados nas laterais. Na parte mais de cima, repartidos no lado esquerdo. Olhos castanhos claros. Como parece ser uma constante nos cadetes do Exército, tem uma compleição física forte e estatura mais para alta.
__Isso...isso...agora temos duas cadetes...de Venore.....deixe-me ver....Jane Cordaris...
__Eu, senhor. Uma jovem de cabelos castanhos claros lisos, repartidos no lado direito, cujas pontas dobradas para dentro lhe chegam na base do pescoço, responde ao tenente. Tem olhos castanhos escuros e uma expressão compenetrada, séria.
__Sou eu, tenente...Helga. Responde a Leroy uma jovem loura de cabelos compridos e escorridos que se esparramam por seus ombros. Olhos azuis muito claros e pele claríssima também. Poderia quase passar por uma pessoa albina, sob um olhar incial e desavisado. É bem alta. Mais do que alguns dos rapazes sobre o cais, naquele momento. Tem uma expressão serena e leve.
__Excelente. Agora os cadetes de Edron. Primeiramente...Almáquio...Almáquio Sangenis...
__Aqui, senhor. Um jovem de olhos e cabelos negros, cortados bem curtos, com um pequeno topete a frente da testa, levanta o braço direito. Tem a pele muito clara e uma compleição física mais para magra. Um rosto com belos traços.
__Fidio...aqui! Responde um jovem de cabelos alourados e escorridos, bem compridos, que ultrapassam os ombros e lhe chegam na parte superior das costas. Tem olhos azuis escuros e pele bem clara, como é comum nos habitantes da fria e enevoada terra de Edron.
__Ótimo...ótimo...Fidio....agora, ainda de Edron...Sabrina...Sabrina Amyse...
__Sabrina...eu. Uma jovem de cabelos compridos e encaracolados, bem ruivos, olhos azuis, pele muito alva, cheia de sardas, se manifesta.
__Sabrina....muito bem, Sabrina...então, encerramos com Edron...agora vamos para Port Hope...temos aqui...Crisostomo Xanton.
__Aqui, senhor. Responde um jovem de cabelos castanhos claros escorridos, cortados um pouco além das orelhas, cobrindo-lhe toda a nuca até a base traseira do pescoço e com um longo topete caido praticamente obstruindo o olho esquerdo. Tem a pele um pouco bronzeada pelo sol e compleição esguia e alta.
__Sou eu, Tenente. Filipa. Uma jovem de cabelos castanhos escuros, repartidos do lado direito, bem penteados e escorridos, com pontas dobradas que chegam na altura dos ombros, responde à chamada de Leroy. Tem os olhos castanhos bem claros e brilhantes, e uma expressão simpática em um rosto muito bonito..
__Ok, Filipa. E aqui fechamos Port Hope. Diz Leroy. __E agora, finalmente....Liberty Bay. Primeiramente....Melchior Ferruggio...é você, não? Indaga Leroy ao último jovem do grupo dos cadetes do Exército Real, um rapaz corpulento, bem apessoado,de queixo quadrado, cabelos castanhos muito claros, quase alourados, bem cuidados e cortados na altura das orelhas, cobrindo-as um pouco. Vívidos olhos verdes e pele bronzeada de sol, por ser de Liberty Bay..
__Sim, senhor. Melchior Ferrugio, às suas ordens, Tenente. Responde Melchior.
Os demais jovens, principalmente os aspirantes das guildas, tentam conter o riso diante da atitude marcial exagerada de Melchior.
Mas Leroy demonstra gostar. __Muito bem, cadete, esse é o espírito...esse é o espírito, disciplina e respeito. E continua. __E por último...Úrsula Mayalla. Diz Leroy, olhando para a única jovem que ainda não respondera.
__Presente...Tenente. Responde Úrsula. É uma linda moça de olhos puxados e expressivos, de um raro tom de púrpura. Sobrancelhas castanhas bem claras, da cor dos cabelos, longos e bem penteados, jogados para trás. Lábios carnudos que se destacam em um rosto bem desenhado, tomado por um belo bronzeado adquirido na ensolarada Liberty Bay.
__E com a cadete Úrsula, finalmente, encerramos a checagem. Todos chegaram, e bem. Diz Leroy.
No grupo dos cavaleiros, Elana diz a Arturos, em um tom baixo: __Até que enfim. Espero que a tal preleção seja rápida. Quero levar os meninos para a Arena....esse Leroy é um mala sem alça...
Arturos dá uma leve risada e responde: __Calma...ele logo liberará os garotos...
Então, o oficial enrola os papiros e, segurando-os, coloca as mãos para trás e começa a caminhar vagarosamente, diante dos aspirantes, olhando para o pavimento do cais com uma expressão compenetrada: __Muito bem, jovens aprendizes da Academia Real de Rookgaard. Deixe-me dizer-lhes umas breves palavras a respeito do que os aguarda, pelos próximos quatro anos. Antes de mais nada, considerem-se privilegiados por poderem estudar em Rookgaard. Centenas de jovens tentaram, neste ano e nos anos passados, e tiveram suas solicitações negadas. E não só os aspirantes ao Exército. Muitas inscrições solicitadas pelas guidas foram indefiridas. Por não terem o perfil adequado Mas vocês foram selecionados e considerados aptos, pelos oficiais da Guarda Real, a cursarem a mítica Academia. Saibam que por lá passaram guerreiros e heróis lendários. Vocês serão herdeiros e depositários de uma tradição de mais de 500 anos...
Neste momento, uma fila de sete estivadores, carregando pesados caixotes, desembarcados do navio do Capitão Fearless, pede passagem ao Tenente: __Olha a frente!!! Grita um dos estivadores.
Leroy leva um susto e, diante do grupo de estivadores que, levando pesadas cargas, não pode frear ou desviar o rumo, dá um pequeno pulo para o lado, para não ser atingido.
O Tenente fica bem irritado e grita para o grupo de estivadores, que se afasta rápido com a carga: __Hey! Eu estou falando com esses aspirantes da Academia, aqui! Vejam se encontram outra rota pelo cais para levar essas cargas!...Ora, bolas!
Alguns aspirantes e cavaleiros se esforçam para não rir diante da cena e da irritação do Tenente.
Leroy se dirige ao pelotão de soldados que o acompanhara até o cais e estava um pouco afastado, observando, e dá alguma ordens: __Soldados, fiquem por perto e não deixem esses estivadores passarem por aqui!
Struggle, discretamente, diz a Addae: __Os estivadores fizeram de propósito, hehe. O Luke não foi com a cara desse Tenente, aí.
__Muito, bem...continuando... Diz Leroy, tentando se refazer. __ Tenham em mente que a partir de agora, todos vocês, sejam aspirantes ao Exército....sejam aspirantes das guildas....Neste momento Leroy olha para o grupo dos jovens aprendizes das guildas. __Todos vocês estão sob as ordens dos Oficiais do Exército Real. De hoje até o dia da partida, podem ser requisitados, pelos Oficiais, para determinadas tarefas aqui mesmo na cidade de Thais, ou durante a viagem para Rokgaard. Ou para ouvirem palestras e instruções que se façam necessárias, de acordo com os critérios do Alto Comando do Exército de Sua Majestade. Seus tutores ou responsáveis nas guildas estão bem cientes disso. Devem se dirigir aos Oficiais de maneira respeitosa, observando a herarquia. O tratamento dispensado aos Oficiais, a partir de agora, deve ser : “Senhor”. Seja para responder a um comando ou a uma solicitação vinda de um oficial, seja para dirigir-se a um deles. Essas e outras instruções constam do papel que vocês, ou os responsáveis por suas inscrições, receberam junto ao comprovante de inscrição. Mas é bom relembrar. Alguma pergunta, cadetes?
Os semblantes dos jovens são tomados por expressões mais sérias, graves. Alguns dos aspirantes das guildas buscam, com o olhar, seus respectivos responsáveis, nas guildas. Talvez um pouco assustados com as instruções e com o tom empregado pelo Tenente, ao repisá-las. Mas nenhum dos aspirantes faz qualquer pergunta.
__Muito bem. Diz Leroy, se voltando para o grupo dos cavaleiros. __Senhores, podem assumir os seus pupilos a partir de agora. Quanto a mim, levarei os aspirantes do Exército ao Palácio Real. Leroy emite um comando aos aspiranes das guildas: __Dispensados...até novas ordens, claro...
__Sim, senhor. Respondem os jovens, alguns mais enfaticamente, outros com uma voz embargada. Expressões de alivio e alegria tomam conta dos rostos dos aspirantes das guildas. Os cavaleiros se aproximam dos respectivos grupos de jovens de suas guildas e entabulam animadas conversas. Abraços e apertos de mãos se misturam a vozes alegres e sorrisos.
Os aspirantes do Exército permanecem agrupados, em formação, aguardando instruções do Tenente. Observam, curiosos, a confraternização dos jovens das guildas com os cavaleiros.
Leroy se aproxima do grupo, toca nos ombros de Cadi e de Addae, tendo ainda Genevieve e Struggle junto de si e diz para os aspiranes que chegaram no navio: __Cadetes, quero que conheçam os cadetes Cadi Bellator, Addae Smith, Genevieve Paygan e Phineas Saylor...seus futuros colegas em Rookgard. Residem em Thais, por isso não precisarão ficar no Palácio Real...
Os jovens cadetes das outras cidades cumprimentam, com expressões de simpatia, Cadi e seus três amigos, que devolvem, por sua vêz, a gentileza: __Prazer..e aí caras...tudo bem...Trocam os jovens expressões de saudações, entre si. Uma aurea de empatia e de alegria toma conta de todos, ali, no cais.
Cadi diz ao Tenente: __Bem, Tenente, sabe onde nos encontrar, se formos designados para alguma tarefa...antes da partida.
__Claro, claro, Cadi...Responde Leroy. Em seguida pisca para Cadi e diz, em um tom baixo: __Dificilmente vocês serão requisitados para qualquer tarefa, antes de embarcar, como também os aspirantes das guildas. Essa parte da preleção é apenas, digamos, pro forma. Fiquem tranquilos. Só fiquem atentos em relação às notificações quanto o dia da partida...
__Sim, senhor, Tenente. Responde Cadi.
Então Leroy da um comando ao pelotão de soldados: __Soldados...em formação.
Os sete soldados se posicionam em torno do grupo de cadetes do Exército, formando uma espécie de escolta. A figura imponente dos soldados, com suas armaduras e elmos, segurando compridas lanças em posição vertical, obedecendo prontamente ao comando de Leroy, impressiona a todos, no cais. Até mesmo aos estivadores e marinheros no navio do Capitão Fearless.
__Vamos, jovens. Diz Leroy caminhando para a descida norte do cais, sendo seguido pelos aspirantes, que levam suas volumosas bagagens, escoltados pelos soldados.
Alguns dos aspirantes, ao se afastarem, acenam para Addae e para seus três amigos, que devolvem os acenos.
__Gostei dessa galera aí. Diz Struggle. __Parecem ser gente fina. E cutucando Addae, diz, discretamente: __E tem cada gatinha ali. Vou gostar de Rook....
__Vai com calma, Struggle. Responde Addae. __Namoros, pelo que meu pai me disse, não são proibidos em Rookgaard. Porém, são altamente desestimulados. Podem prejudicar o desempenho no curso. Se preocupe antes em estudar e em aproveitar os treinamentos. Lembre-se que o Capitão Tim espera se orgulhar de você.
__Não...tá limpo, Addae. Vou levar esse negócio a sério. Se der para ser primeiro de turma, não vou vacilar... Responde Struggle.
Geneveve que tinha ouvido o que Addae dissera, diz: __O quê? Não pode namorar em Rook? Sério???
__Ele não disse isso, Gê. Intervem Cadi. __Não é proibido...apenas desestimulado.
Strugle então pergunta a Genevieve: __Você “simpatizou” com algum “colega” ali?
A camponesa, ruborizada com a pergunta de Struggle, responde: [__Não...não é bem isso...é que...é que...
__É que ela e um outro colega nosso, que não está aqui, agora, já são assim, como dizer, amigos bem chegados....Responde Cadi, querendo mexer um pouco com Genevieve.
Genevieve fica mais ruborizada ainda e tenta balbuciar uma resposta.
Mas Struggle, percebendo o desconserto da jovem de Greenshore, diz, gentilmente, para não constrangê-la: __Ah, compreendo, Genevieve. Tá limpo. Desculpe ter feito aquela pergunta....eu não sabia.
__Ah, está tudo bem, Strug...Strugonofe, né? Reage Genevieve.
__Struggle, Gê...Struggle. Diz Addae.
Nisso, os jovens percebem Arturos e Elane se aproximando. Arturos traz consigo Victor, seu filho. Elane traz os dois jovens aspirantes dos Paladinos, de Venore e de Edron, respectivamente, Eberhardt e Licia.
__Jovens. Diz Arturos, primeiramente. __Quero que conheçam Victor, meu filho, e dentro de alguns dias, seu colega em Rookgaard. Victor, estes são Addae...Cadi....Geneveve e...e....Arturos se dá conta que não conhece Struggle.
Addae se apressa em apresentar Struggle a Arturos, Elane e aos jovens membros das guildas, ali: __Mestre Arturos...Mestra Elane...este é mais um futuro colega nosso de Rook...Phineas, também conhecido como Struggle...ele está vestido assim porque ele trabalha aqui no cais e já estava escalado para trabalhar hoje...
__Ah, um estivador. Diz Arturos. __Bom, a estiva é boa para ganhar músculos. Todos vão precisar deles para aguentar os exercícios e treinamentos na Academia...
O tom bem-humorado de Arturos deixa Struggle descontraido diante dos cavaleiros e de seus jovens pupilos.
__Muito bem. Diz Elane. __E estes aqui são Eberhardt, de Venore, e Licia, de Edron. Companheiros de guilda de Jared e de Mirna, e também futuros colegas seus em Rookgaard.
Os jovens das guildas e os cadetes da Guarda Real se cumprimentam efusivamente.
Addae diz a Victor: __Seu pai é muito legal, Victor. Nos mostrou as Arenas dos Cavaleiros e dos Paladinos e nos ensinou muitas coisas interessantes ao longo desta manhã.
Victor olha para seu pai e diz, meio em tom de brincadeira: __É...ele é legal...pelo menos na maior parte do tempo....
Arturos olha para cima e faz um sorriso enigmático. Todos riem.
Cadi, por sua vez, pergunta a Victor: __Pretende se especializar em quê, em Rook?
__Olha. Responde o jovem venoriano. __Ainda estou balançando, sabe? Me inclino entre seguir a especialização do meu pai, aqui, e treinar mais habilidades de combate direto, ou me especializar em combates a distância. Ainda não sei bem. Vou me decidir em Rook, mesmo.
Licia indaga a Genevieve: __Você vai tentar o grau de maga ou de druideza?
__Acho que o de druideza....e você? Devolve Geneveve.
__Também. Quando chegarmos em Rook eu posso te ensinar alguns “truques”. Já sei umas coisinhas a respeito dos poderes dos druidas. Minha mãe é druideza da nossa guilda, lá em Edron. Diz Licia.
Genevieve, surpreendida com a sugestão de Licia, não sabe incialmente o que responder. Acaba apenas dizendo: __Ah...tá...claro...obrigada...
Elane diz: __Engraçado...uma guilda chamada Paladinos de Elane...de quatro alunos enviados para Rookgaard, apenas uma, a Mirna, pensa em inciar-se na arte da arquearia...Jared quer ser cavaleiro, o Ebehardt aqui quer porque quer tornar-se um mago...
__Sempre sonhei em manipular o mana como os magos fazem, Mestra Elane, desde o dia em que vi um mago de nossa guilda, o Mestre Efram, criando bolas de fogo do nada e fazendo-as flutuar em torno dele...nunca mais tirei aquela cena da minha cabeça. Diz Eberhardt.
__Ora, Elena. Diz Arturos. __As outras especialidades tem também sua utilidade, mesmo em uma guilda formada em sua maioria por paladinos...
__Isso aí. Dizem, em uníssono, Licia e Eberhardt.
__Aff...sou minoria aqui...deixa pra la. Responde Elane.
O pequeno grupo ri do desconsolo da paladina.
Arturos então, diz: __Aliás, preciso contratar alguns carregadores aqui do porto, para que peguem meu carregamento de armas, que está armazenado na loja do pai de Addae, no dia do embarque para Rookgaard...
Struggle, ao ouvir isso, diz: __Senhor...eu conheço alguns carregadores confiáveis que fariam este trabalho. Se o senhor quiser eu lhe apresento, agora mesmo.Eles estão trabalhando na carga e descarga do barco do Capitão Fearless, ali, na ponta norte do cais...
__Claro, senhor...venha comigo, por favor. Diz Struggle.
Arturos segue Struggle. Nisso, Andrej se aproxima do pequeno grupo com o intuito de se despedir de Elane e dos demais.
__Bem, Elane, eu e Marcus levaremos nossos aspirantes para a moradia onde ficarão até o dia da partida...fica na Upper Swamp Lane, número 8. Se você e seus pupilos quiserem aparecer para uma visita...ficaremos honrados. Diz Andrej. Em seguida o cavaleiro olha para Addae, Cadi e Genevieve e diz: __E vocês também meus jovens amigos....se quiserem nos visitar antes do embarque, serão muito bem-vindos.
__Obrigado, senhor Andrej. Se der, faremos sim uma visita aos Falcões. Responde Addae. __Eu gostaria muito.
__E você não deixe de levar seus meninos para conhecerem a Arena dos Paladinos, Andrej. Diz Elane.
__Claro. Responde o cavaleiro. __Ainda temos alguns dias antes do embarque. Eu os levarei tambem para conhecerem a Arena dos Cavaleiros. O que Mestre Arturos foi fazer lá na ponta do cais?
__Foi contratar alguns carregadores para, no dia do embarque, levarem as armas dele até o barco do Capitão Bluebear. Elas estão armazenadas na loja do meu pai. Responde Addae.
__Ah, sim. Responde Andrej. __Lembro-me que ele falou a respeito há pouco, aqui mesmo no cais.
Victor aponta para a parte sul do cais e diz: __Vejam. Os cavaleiros dos Exploradores e da Sombra estão acenando.
Elane, Andrej e os jovens olham para a parte sul do cais, onde veem Vorgas, Uwe e Lars acenarem de lá, como a sinalizar que estão levando seus alunos para suas acomodações, ao mesmo tempo que se despedem.
Andrej e Elane acenam de volta. Na ponta sul, os três cavaleiros apertam as mãos de Marcus e de René e fazem um pequeno aceno para os aspirantes dos Falcões, da Adaga e para Jared e Mirna. Em seguida instam os aspirantes de suas guildas a descerem para o nível da rua. Os jovens ali ao redor se despedem entre eles. Os alunos dos Exploradores e da Sombra vão descendo para a rua, no que são seguidos pelos 3 cavaleiros.
__Sorte deles que estão acomodados no Grande Hotel. Não precisam aguardar o desbloqueio da Harbour para atravessar. Basta seguirem na direção sul, ladeando a praia. Diz Andrej.
__Caramba! Me esqueci que a Harbour está bloqueada. Exclama Elane. __ Não podemos atravessar para a alcançar a Arena.
__Bem. Responde Andrej. __Pode ser que o cortejo de Eloise esteja para passar. Assim que passar os soldados desbloquearão a rua....e poderemos atravessar.
Neste momento, Arturos e Struggle retornam para junto do grupo.
__Tudo acertado. Diz Arturos. __Quando eu souber com exatidão o dia da partida, informarei aos carregadores. Mas já se comprometeram comigo. Então se volta para Struggle. __Muito obrigado, Struggle. Estou em dívida com você. Qualquer coisa que precisar, este cavaleiro aqui estará ao seu dispor. E como viajaremos juntos para Rookgaard, no navio contar-lhe-ei a respeito de algumas aventuras relacionadas à Adaga.
__Que isso, senhor. Dívida nenhuma. Foi um prazer ajudá-lo. Responde Struggle. E mostra, discretamente, para Addae, uma moeda azul na palma de sua mão.
Addae arregala os olhos, mas se contém e não fala nada.
__Bem, Mestre Arturos. Diz Andrej. __Vou levar meus garotos para casa. Traga os seus um dia desses, antes do embarque, para nos visitar.
__Mas como passarão pelo bloqueio da Harbour? Pergunta Arturos.
Neste mesmo instante, antes que Andrej responda, a multidão acotovelada nos dois lados da Harbour Street, contida pelos cordões de isolamento, demonstra uma espécie de excitação, fazendo muito barulho.
Andrej diz: __Eloise e sua escolta devem estar subindo a Harbour. Poderíamos todos descer e quem sabe, vê-la de perto...
__Ah, vamos??? Pergunta, ansiosa, Genevieve.
Arturos acena para René, que pernamece na parte sul do cais. Indica, com as mãos, o nível da rua, como a dizer a seu ajudante que leve os aspirantes da Adaga para baixo. Então diz ao grupo que o cerca: __Vamos descer?
Struggle se despede de todos: __Até logo senhor Arturos....Dona Elana....e senhor...senhor...Struggle não sabe o nome de Andrej.
__Andrej, meu jovem. Responde Andrej. __E você se chama Struggle, não? Pelo menos foi o que entendi quando Mestre Arturos lhe agradeceu, há pouco.
Cadi explica a Andrej. __O nome dele é Phineas, senhor Andrej. Struggle é só um apelido. E ele vai para Rook, pela Coroa...
__Hum...certo...um cadete. Bem, boa viagem para Rookgaard...Phineas. Diz Andrej. __Aproveite bem seu tempo de Academia...
__Obrigado, senhor. Responde Struggle.
__Nada de Dona, cadete...apenas Elane. Responde Elane, bem-humorada.
__Ah, certo...Elane, então. Diz Struggle, bem-humorado, tambem, mas um pouco retraído em relação à paladina.
Arturos pega um pedaço de papel e uma caneta tinteiro, dentro de um pequeno alforje que carrega. Escreve algo e o entrega a Struggle. Então diz: __Este é o endereço onde ficarão alojados seus colegas de Academia, pertencentes à minha guilda. Na Mill Avenue, número 3. Fique à vontade, como também Addae, Cadi e Genevieve, para visitá-los. Eu e meu ajudante, o René, ficaremos lá a maior parte do tempo, até a partida. Mas estamos hospedados na Estalagem do Senhor Frodo.Qualquer coisa que precisar e que esteja ao nosso alcance....
__Obrigado, senhor. Responde Struggle, pegando o pedaço de papel. __Vou dar uma passada por lá, sim.
Victor, Licia e Eberhardt também se despedem de Struggle.
Struggle então se volta para Addae, Cadi e Genevieve: __Bem, pessoal. Preciso voltar ao trabalho. O Luke já está me olhando com aquele olhar...vocês sabem. Ainda tem muita coisa para carregar e para descarregar do navio do capitão Fearless. Bem que eu gostaria de perambular pela cidade com vocês...mas fica para um outro dia...
__Ok, Struggle, bom trabalho...a gente se vê, cara. Diz Addae.
__Falou, cara. Diz Cadi. __Se cuida...até mais...
__Foi um prazer te conhecer, Struggle. Diz Genevieve.
__O prazer foi todo meu...Gê...Responde Struggle, com um sorriso. __Desculpe qualquer coisa...
A jovem de Greenshore ri.
Struggle dá um último aceno e se dirige então para perto de Luke e de um grupo de estivadores.
Arturos, Andrej, Elane e os seis jovens então começam a se dirigir para a parte sul do cais, para se juntarem a René, Marcus e aos outros aspirantes.
Em questão de minutos todos estão descendo, em fila, pela escada, para o nível da rua.
O pavimento, nas cercanias do cais, está tomado de pessoas. Os cavaleiros e os aspirantes tentam se aproximar da Harbour Street, se esgueirando no meio da multidão, através de um beco em frente ao Depot. O povo se acotovela nas extremidades da rua, contido pelos cordões de isolamento de soldados.
A excitação aumenta quando o Capitão Tim reaparece montado em seu cavalo. Logo após ele, a cerca de uns trinta metros, a escolta de soldados que vai a frente da carruagem também aparece. Mas desta vez, ao lado de cada uma das duas fileiras de 5 soldados thaianos, na parte interna da escolta, mais para o meio da rua, vão duas fileiras de amazonas carlinesas. Isso causa um verdadeiro “frisson” na multidão. As guerreiras de Carlin, praticamente todas muito bonitas, trajando graciosas armaduras que perfeitamente se amoldam a seus corpos atléticos, exibem parte de suas torneadas pernas. As guerreiras apresentam algumas tatuagens nos rostos, braços e pernas. Apesar da estética bélica, as amazonas não perdem a sua feminilidade.Usam enfeites para prenderem seus longo cabelos.
Addae, Cadi, Genevieve e os demais ouvem os súditos e cidadãos de Thais dirigirem alguns gracejos às amazonas: __Fiu...fiu. Assoviam alguns. __Vem guerrear lá em casa. Diz um outro engraçadinho. Uma jovem que acompanha um rapaz, seu esposo ou namorado, lhe dá um tapa após seu companheiro dirigir algumas piadas picantes às guerreiras de Thais. Addae e Cadi riem da cena. Um cidadão faz um comentário soturno: __Poderiam aproveitar que Eloise teve coragem para vir a Thais, e jogá-la nas masmorras. Isso facilitaria a retomada de Carlin. Addae e Cadi se entreolham espantados, após ouvirem o cometário.
Após a escolta anterior, de soldados e amazonas, passar, surge a carruagem. Tem as cortinas fechadas, de modo que o povo não consegue ver quem está no interior do veículo. Mas todos consideram que Eloise está ali. Em seguida, a escolta posterior passa, também composta por duas fileiras de cinco soldados thaianos cada uma, e duas fileiras, mais para dentro da rua, composta por cinco amazonas carlinesas cada uma.Por fim, o General Bloodblade e o Capitão Chester Kahs em seus imponentes cavalos, fecham o cortejo.
O Capitão Tim dá um rápido galope, indo do início ao fim do cortejo. Coloca o seu cavalo ao lado dos cavalos do General Bloodbade e do Capitão Kahs, conversa com eles por alguns segundos e então desce a Harbour, instruindo os soldados que compõem os cordões de isolamento a sairem de formação, para liberarem a rua no trecho por onde o cortejo já passou.
Aos poucos a população vai retomando a Harbour.
Genevieve pergunta a Addae e a Cadi: __E então? Vamos seguir para perto do Palácio, para também vermos a chegada dos elfos e dos anões?
__Vamos tentar, Gê. Responde Addae. __Se eles demorarem muito a entrar em Thais, aí complica...prometemos te devolver a teu pai na hora do almoço...e está quase na hora...Diz Addae consultando seu novo relógio. Quando o cordão de isolamento dos soldados é desfeito, na altura do Depot, Arturos, René, Elane, Andrej e Marcus finalmente atravessam, junto com seus respectivos pupilos.
Addae e Cadi gritam e acenam para os cavaleiros, no meio do tumulto, quando a multidão invade a rua: __Vamos para o Palácio tentar ver os elfos e os anões chegarem!!! Grita Addae.
Arturos faz um gesto com o polegar, como a dizer que entendera. Ele e os demais cavaleiros, como também alguns dos aspirantes, principalmente Jared, Mirna e Victor, acenam se despedindo dos três amigos, e desaparecem no meio da multidão, no outro lado da Harbour.
O cortejo de Eloise ganha a Main Street e se aproxima rápido da esquina com a Temple Street. O povo vai seguindo atrás a medida que os soldados vão desfazendo os cordões de isolamento.
__Vamos tentar passar por aquele beco que a gente usou antes, para se aproximar do Pequeno Templo. A gente vai sair perto da entrada do Palácio. Diz Addae, enquanto o trio entra na Main Street.
Com a aproximação do cortejo de Eloise, do Palácio, o povo vai subindo para o norte da cidade, se juntando à multidão que já estava aglomerada perto do complexo Real, esperando os elfos e anões, junto à ponte que conduz à ilha que fica na parte noroeste de Thais.
O trio de jovens mais uma vez tenta se esgueirar através do beco que ladeia o Pequeno Templo. Desta vez o beco está ainda mais cheio do que quando da visita ao Pequeno Templo. Addae vai na frente abrindo caminho. Genevieve segura em seus ombros enquanto Cadi segue um pouco mais atrás. Com muita dificuldade os três jovens finalmente alcançam a Royal Avenue.
As cercanias do Palácio estão apinhadas de gente. Genevieve, baixinha, não consegue ver a rua por sobre a multidão e também por sobre o cordão de isolmento dos soldados. Addae a faz subir na borda de uma fonte localizada na frente do Pequeno Templo. E a segura pela cintura para que não escorregue para dentro da água.
Nisso, um grande burburinho se faz ouvir e o cortejo de Eloise surge na esquina da Temple Street com a Royal Avenue e se aproxima do Palácio Real. O destacamento de soldados que monta guarda na extremidade da ponte que conduz à ilha, onde se localiza o complexo de prédios e castelos que formam o chamado Palácio Real, abrem espaço para o cortejo passar. Em sequência, as escoltas anteriores de soldados e amazonas, a carruagem, as escoltas posteriores, o General Blooblade e os capitães Tim e Kahs, montados em seus belos cavalos, atravessam a ponte e em seguida o grande portão que dá para o grande pátio externo frontal do Palácio.
O povo na rua tenta ver através do portão mas não consegue observar muita coisa.
__Que pena que não deu para ver a Eloise. Lamenta Genevieve.__Mas foi legal ver aquelas amazonas. Nunca tinha visto uma guerreira de Carlin, antes. São bonitas. Achava que seriam assim um pouco brutas.
__É. Em Rook você também vai se transformar em uma espécie de guerreira, Gê. Diz Cadi, brincando com a jovem de Greenshore.
Neste instante um novo burburinho toma conta da multidão, vindo da esquina da Royal Avenue com a Temple Street.
__Ih...acho que os anôes estão chegando. Diz Cadi.
__Oba...quero vê-los e bem. Diz Genevieve esticando os pés, sobre a borda da fonte.
Da esquina, surge um grupo de quatro militares thaianos a cavalo. Dobram a esquina da Royal Avenue vidos do Portão Norte. O grupo é composto por um tenente e três soldados. Logo após eles, aparecem duas fileiras de enormes javalis montados por guerreiros corpulentos, atarracados, com grossos bigodes e espessas barbas. Trajam armaduras adaptadas a seu corpo e tem pendurados nas costas escudos, machados e enormes martelos de batalha. Tem uma expessão carrancuda e sequer olham para os lados, para a multidão. As duas impressionantes fileiras paralelas de javalis contam com dez animais cada uma. Para espanto do povo, logo após a “cavalaria” de javalis, surgem duas fileiras paralelas de sete ursos-panda cada , também montados por assustadores e muito sérios anões com pesadas vestimentas de guerra. Em seguida, aparece uma carruagem blindada, comprida e pesada, com pequenas janelas e puxada por três parelhas de búfalos. De pé, em cima da carruagem, e em degraus nos lados e na parte traseira, contam-se cerca de oito guerreiros anões. A população entende que ali está o Imperador Kruzak. Após a carruagem, mais duas fileiras com sete ursos-panda cada, seguidas por mais mais duas fileiras de javalis com dez animais cada. Todos os animais montados por guerreiros anões muito bem equipados e compenetrados. Fechando o impressioante cortejo, tres cavaleiros thaianos.
O povo thaiano presente na Royal Avenue, ensaia alguns gracejos a respeito dos anões, sobre seu aspecto peculiar, mas acaba se rendendo à assustadora e ao mesmo tempo imponente figura dos guerreiros de Kazordoon.
__Cara. Esses anões dão medo. Diz Cadi a Addae.
__E são excelentes ferreiros. Seus equipamentos são de alta qualidade. Não é prudente se deixar levar pelo fato de não serem altos. Eles são bem fortes e guerreiros tenazes. Responde Addae.
__Como são carrancudos. Diz Genevieve. __Espero que os elfos estejam perto. Dizem que são lindos, mesmo com aquelas orelhas pontudas.
O cortejo de Kazordoon atravessa a ponte para o palácio e passa pelo pesado portão, alcançando o pátio interno, levantando e deixando uma nuvem de poeira na Royal Avenue.
__O informante do Mestre Arturos disse que a delegação dos elfos vinha próxima da de Kazoordon, embora mantivesse uma certa distância para que os dois grupos não se encontrassem. Diz Cadi. __Então os elfos devem estar estourando por aí.
O povo percebe que o destacamento de soldados que guarda a ponte para o Palácio abre novamente um espaço como que aguardando a passagem de algum grupo ou cortejo. Logo em seguida o grupo de militares thaianos montados a cavalo, que viera escoltando os anões até Thais, deixa o Palacio e cavalga em grande velocidade pela Royal Avenue em direção à esquina com a Temple Street. Dobram então para o Portão Norte.
__Eles devem estar indo recepcionar a delegação de Ab'Dendriel, e escoltá-los para dentro da cidade. Diz Addae. __O elfos devem estar perto.
__Oba. Assim este dia maravilhoso vai ficar completo. Vou poder ver os elfos. Diz, entusiasmada, Genevieve.
Com efeito, alguns minutos após a saída dos cavaleiros thaianos pelo Portão Norte, o povo próximo passa por uma espécie de excitação. Quatro dos militares montados de Thais retornam. E segundos depois, belíssimos cavalos brancos, divididos em duas fileiras paralelas de dez cavalos cada uma, cavalgados por elfos, entram pela Royal Avenue. Os cavaleiros elfos trajam calças e camisas verdes com belas estampas e desenhos de formas estilizadas. Tem seus louros cabelos presos por rabos de cavalos e trazem pendurados ao corpo arcos e recipientes para flechas. Logo em seguida, duas fileiras paralelas de seis grandes e belíssimos cervos brancos cada uma, os cervos com suas magníficas galhadas, cavalgados por elfos que trajam vestimentas de cor vermelha. Em seguida, uma bela e comprida carruagem de madeira, de tres eixos, talhada e pintada externamente com motivos florais e formas geométricas curvas, evocando a flora e a fauna das florestas, guiada por dois condutores elfos e puxada por tres parelhas de cervos brancos. Nas duas laterais da carruagem, posicionados um mais perto da parte anterior do veículo, outro mais para a parte posterior, dois degraus ou pequenas plataformas encimadas por altivos e imponentes lanceiros elfos. Seguindo a carruagem, de manera simétrica em relação à parte anterior do cortejo, seguem duas fileiras paralelas de seis grandes cervos brancos cada uma, conduzidas por cavaleios elfos em trajes vermelhos. Depois, duas fileiras de dez cavalos brancos cada uma, controlados por cavaleiros elfos em trajes de cor verde. Finalmente, fechando o cortejo, os tres cavaleiros thaianos restantes.
A multidão que se aglomera atrás dos cordões de isolamento na Royal Avenue quase vai ao delírio com a passagem da bela delegação de Ab'Dendriel.
__Nossa...que espetáculo! Exclama Genevieve. __Como os elfos são lindos! Tudo está perfeito nessa delegação deles. Os cavalos, os cervos brancos. Parece um sonho!
__Também não é assim, Gê. Rebate Cadi, com uma ponta de despeito. __Esses elfos tem uma aparência assim meio andrógina, meio efeminada...sei lá...e essas orelhas pontudas deles...
__Ah, fala sério Cadi. Eles são lindos....Insiste Geneveve.
Addae ri do diálogo: __Como só tem elfo, a Gê que pode avaliar melhor. Se tivesse alguma elfa...
__A carruagem dos anões e também esta dos elfos são bem grandes. Diz Cadi. __Além do Kurik, com certeza havia mais anões ali dentro....sei lá...altos funcionários de Kazordoon... e nesta carruagem dos elfos deve ter mais gente ali dentro junto dos patriarcas das castas, como o Mestre Arturos se referiu a eles...vai que tem alguma anã ou alguma elfa nas delegações....mas como as cortinas das janelas estavam fechadas...não deu pra ver... agora, com a Eloise veio mulher pra caramba...cada amazonona ali....
__Humpft. Reage Genevieve à última afirmação de Cadi.
Addae ri novamente.
Assim que a delegação élfica e os cavaleiros thaianos que a escoltam atravessam a ponte para o Palácio Real, os cordões de isolamento de soldados que contém a população nos dois lados da Royal Avenue saem de formação e vão se movendo também para o Palácio. Após o último soldado que compunha um dos cordões de isolamento atravessar a ponte, uma guarnição fortemente armada se póe em posição de guarda na extremidade da mesma ponte, impedindo a passagem para a ilha onde se localiza o Palácio Real. O povo então toma a Royal Avenue e se aglomera em frente à guarnição, tentando ver alguma coisa através do grande portão que conduz ao pátio frontal do Palácio.
__Caramba. Diz Cadi. __Não dá pra ver nada. Tem muito soldado na ponte e no portão. Gostaria de ver o Kurik e os patriarcas elfos...mas tá difícil...
__Sinto inveja da galera de Rook que está hospedada aí no Palácio. Diz Addae. __Provavelmente vão poder ver as amazonas, os anões e os elfos. Vão ficar hospedados no Palácio durante as negociações para o tratado...
__Ah, nem fala....Responde Genevieve. __Eu que não sou de Thais poderia ter ficado no Palácio, mas meu pai quis que ficássemos hospedados naquela estalagem...mas foi bom que assim eu conheci o Tatius.
Nisso, os tres jovens percebem, um pouco mais para trás da posição onde se encontram, no sentido da esquina com a Temple Street, um certo tumulto. Podem ver, sobre a multidão, lanças altas na posição vertical, indicando que soldados estavam escoltando alguém e se aproximando da ponte, vindo na direção dos tres amigos. A medida que as lanças se aproximam, um nervoso empurra-empurra vai tomando conta da multidão mais próxima a Addae e a seus dois amigos.
__Abram caminho!!!! Abram caminho!!!! Grita uma voz potente no meio da turba. Pelo número de lanças vê-se que cerca de uma dúzia de soldados formam a escolta. Quando os militares, abrindo caminho no meio da multidão, tentando alcançar o Palácio, finalmente chegam perto dos tres jovens, eles percebem, no meio da escolta, dois homens, idosos, com longas barnas e cabelos, usando túnicas compridas, presas na altura da cintura. O homem que aparenta ter menos idade, usa uma túnica de cor roxa com cinto e complementos vermelhos. O outro, bem mais idoso, usa também uma túnica de coloração roxa, porém o cinto e os adereços tem um tom acinzentado. Tem um chapéu negro pontiagudo e traz na mão esquerda uma espécie de cajado ou vara comprida, com uma bola de cor azulada na extremidade.
__Quem são esses caras? Addae pergunta a Cadi.
__O sem chapéu eu sei quem é...é o Trimegis. Responde Cadi. __O velhote de chapéu não conheço....é um mago ou um druida....
De dentro do círculo formado pelos soldados, que tentam a todo custo abrir caminho, empurrando a mutidão, o olhar de Trimegis encontra Genevieve.
__Genevieve! Trimegis grita.
__Mestre Trimegis! Responde a camponesa.
Trimegis estende a mão para fora da escolta, tentando alcançar Genevieve: __Entre aqui dentro da escolta, Genevieve!
Addae e Cadi se espantam com o gesto do Mago Supremo do Rei.
O soldado mais próximo a Genevieve, a pedido de Trimegis, a puxa para dentro do círculo formado pelos militares.
__Genevieve. Diz Trimegis. __O que está fazendo aqui fora??? Você deveria estar hospedada no Palácio!
__É que meu pai quis que ficássemos hospedados em uma estalagem, Mestre Trimegis. Responde a jovem.
__Aff...para quê ele está gastando dinheiro com a sua hospedagem, Genevieve??? Eu disse a ele que você poderia ficar no Palácio, por não ser de Thais. Diz Trimegis. Então o mago se dirige ao homem mais idoso que o acompanha na escolta: __Veja Mestre Eclesius. Esta é a jovem a respeito de quem eu lhe falei há pouco. Genevieve de Greenshore.
O homem mais idoso se inclina sobre Genevieve para observá-la bem. Em seguida aproxima seu cajado da jovem, movendo-o em torno da silueta da camponesa. Subitamente, a bola de cor azulada na extremidade do cajado começa a emitir uma luz intermitente.
__Hummmm...Resmunga Eclesius, enquanto coça sua espessa barba. __Notável, realmente notável.
__Eu não disse, Mestre Eclesius? Temos uma matéria-prima de qualidade aqui! Responde Trimegis.
__De fato...aham. Pigarreia Eclesius. __Hyacinth com certeza gostaria de esculpir uma jóia dessa pedra bruta e promissora.
__Mestre Hyacinth se aposentou, Mestre Eclesius. Eu já lhe disse. Rebate Trimegis. __Já não faz mais parte do corpo de professores da Academia. Vive agora como um ermitão em cima de um monte rochoso, no meio da floresta em Rookgaard.
__Hummm...aquele garoto sempre foi um pouco antissocial. Apesar de ser um druida brilhante. Resmunga Eclesius.
__Garoto??? Mestre Eclesius...Mestre Hyacinth tem 150 anos! Responde Trimegis.
__Então...um moleque. Eu é que já estou um pouco maduro, do alto de minhas 220 primaveras. Rebate Eclesius.
Genevieve se espanta com o diálogo e tenta não rir do que ouve.
__Genevieve. Continua Trimegis. __Venha conosco para o Palácio. Quero que você assista a recepção que o Rei dará aos dignitários estrangeiros. Depois você volta para a estalagem.
__Ai Mestre Trimegis. Que demais! Vamos sim. Responde a jovem camponesa.
__Humpft. Até que enfim esse Rei cabeça-dura entendeu que precisamos de aliados. Diz Eclesius.
Genvieve então interpela Trimegis: __Mestre Trimegis...podemos levar dois colegas meus que irão para Rookgaard...para que eles vejam a recepção, tambem?
__Colegas de Rookgaard??? Onde??? Onde estão eles??? Indaga Trimegis, olhando para a multidão.
__Ali, Mestre Trimegis. Diz Genevieve, apontando para seus dois amigos, que se esforçam para manter a cabeça acima dos ombros dos demais súditos que os comprimem na multidão.
Trimegis fala para um dos guardas que compõe a escolta, o que está mais próximo do local onde se encontram Addae e cadi: __Soldado, puxe aqueles dois fedelhos ali para dentro da escolta.
O soldado, corpulento, de grande estatura, estende o braço através das pessoas e agarra a gola da camisa de Addae. Em seguida o puxa para dentro do círculo formado pelos soldados.
Novamente, o soldado estende o braço. Desta vez para tentar alcançar Cadi. O amigo de Addae está quase submergindo dentro do mar de pessoas, mas o soldado consegue agarrar seu braço direito, junto ao ombro. O assustado adolescente é vigorosamente puxado para dentro da escolta.
Genevieve vibra ao ver seus dois amigos dentro do círculo de sodados: __Addae! Cadi! Nós vamos ver a recepção que o Rei vai dar às amazonas, aos elfos e aos anões!
__Sério? Surpreende-se Addae. __Vamos entrar no Palácio com tudo isso acontecendo lá?
__Vocês dois são de Thais, não? Aliás, você não me é estranho, rapaz. Diz Trimegis, se dirigindo a Cadi.
__Eu já estive no Palácio algumas vezes, Meste Trimegis. Responde Cadi. __Sou filho do Capitão Tim.
__O capitão Timotius...entendo. Diz Trimegis. __Pelo que tenho ouvido dos oficiais, seu pai não permanecerá capitão por muito tempo...
__Quem são estes dois moleques??? Pergunta Eclesius.
__São dois amigos da nossa “pedra bruta e promissora” aqui. E vão para Rookgaard também. Responde Trimegis.
__Vão para Rookgaard? Algum deles vai se especializar nas artes manais? Indaga Eclesius.
Genevieve responde por seus dois amigos: __Não, Mestre Eclesius. Eles estudarão mais técnicas de combate físico.
__Humpft...eu já desconfiava. Eles não tem mesmo uma expressão inteligente. Rebate Eclesius.
Addae e Cadi não sabem se protestam ou se riem do que o mago ancião acabara de dizer.
Eclesius então diz a Trimegis: __Vamos entrar logo no Palácio ou essa multidão vai esmagar os soldados e nós depois deles.
__Agora está com pressa, Mestre Eclesius? Gastei mais de uma hora para convecê-lo a vir comigo e com os soldados. O senhor é o decano do Conselho. Tem que estar presente às negociações com nossos futuros aliados. Quase tivemos que arrastá-lo. Diz Trimegis.
__Humpft, Eu não tenho paciência com as teimosias desse Rei. O pai dele era sensato e razoável. Mas esse moleque que se senta no trono atualmente é um cabeça-dura incorrigível. Reclama Eclesius.
Addae, Cadi e mesmo Genevieve fazem força para não dar gargalhadas das coisas que Eclesius fala.
Trimegis diz para o militar que comanda a escolta, um sargento: __Sargento, tire-nos daqui. Leve-nos para o Palácio.
__Sim, Mestre Trimegis. Responde o comandante. Então o sargento assume a posição dianteira da escolta e grita para a multidão a frente: __Abram caminho!!!! Abram caminho!!! Saiam da frente!!!
A escolta vai lentamente se aproximando da extremidade da ponte e da guarnição diante dela. A multidão aglomerada diante do Palácio torna o deslocamento muito difícil. Os soldados se esforçam para que os magos e os jovens no interior da escolta não sejam comprimidos pela turba curiosa.
Nisso, Addae escuta uma voz familiar feminina chamando-o, do lado esquerdo da rua, próxima ao acesso para a ponte: __Addae!!! Addae!!!
Addae procura localizar a autora do chamado. Consegue então ver Hanna, e ao seu lado Augustus, acenando para ele.
Addae grita para Hanna, tentando vencer o barulho da multidão: __Hanna!!! Diga ao papai e ao pai da Genevieve, na estalagem do senhor Frodo, que nós vamos ver a recepção que o Rei dará aos estrangeiros, no Palácio!!! Talvez nos atrasemos um pouco!!!
Hanna leva a mão ao ouvido e faz uma expressão como de quem estivesse com dificuldades para ouvir e compreender o que seu irmão lhe gritava.
De qualquer maneira, Addae se tranquiliza pelo fato de Hanna e Augustus o terem visto sendo escoltado para o Palácio, como também Cadi e Genevieve. Com certeza Sam, e também Tokel, principalmente Tokel, ficariam sabendo do motivo de um eventual atraso em relação à volta de Addae para a loja de seu pai e de Genevieve para a estalagem.
Finalmente a escolta alcança a guarnição da ponte. Os guardas dão passagem para os soldados que escoltam o pequeno grupo composto pelos dois magos e pelos tres jovens amigos.
Já na ponte, os magos e os jovens, como também os militares que compunham a escolta, se sentem aliviados por não estarem mais comprimidos pelo povo da rua.
__Obrigado, sargento. Diz Trimegis. __Sem a sua ajuda e dos soldados, não conseguiria trazer meu velho e teimoso mestre, aqui. Trimegis toca o ombro de Eclesius.
__Humpft! Por pouco não mandei você e esses soldadinhos aí para alguma dimensão desconhecida. Pensei até mesmo em transformá-los em sapos cheios de verrugas. Resmunga Eclesius.
Todos riem das rabugices do mago ancião.
__Não há de quê, Mestre Trimegis. Responde o sargento. __Foi uma honra poder ajudá-lo. Foi uma honra também poder escoltar Mestre Eclesius.
O grupo transpõe o enorme portão principal do Palácio, onde outra grande guarnição de soltados monta guarda.
Já no grande pátio interno frontal, Addae, Cadi e Genevieve ficam extasiados com a movimentação de soldados e altos funcionários da corte. Havia uma espéie de excitação no ar, e mesmo alegria, com a visita das tres delegações estrangeiras.
Na parte oeste do pátio, no lado oposto ao do grande portão de entrada, descansam os cavalos usados para escoltar Eloise e sua guarnição de amazonas. Alguns soldados thaianos cuidam dos cavalos, escovam seus pelos e lhes dão água e alimentos. Perto da entrada mais próxima para as dependências internas do Palácio, está estacionada a carruagem usada para trazer Eloise. Um grupo de seis amazonas conversa ao lado da carruagem, observadas de perto por alguns soldados thaianos, que, por seu turno, conversam entre si, parecendo comentar, com pequenos risos no canto da boca, a respeito da beleza das amazonas. Mas elas os ignoram solenemente.
Addae, Cadi e mesmo Genevieve olham fascinados para as belas e atléticas guerreiras carlinesas. Elas dirigem um rápido olhar para os tres jovens e para os dois magos, demonstrando uma certa curiosidade. Mas logo voltam a conversar entre si, desviando o olhar. Percebe-se a expressão de altivez e até um pouco prepotente das guerreiras de Eloise.
__Rapaz....Cadi fala discretamente com Addae. __Quando voltar de Rook, se esse tratado vingar, gostaria de ser designado como adido militar em uma provável embaixada em Carlin. Só tem mulherão nesse exército da Eloise.
Addae ri de seu amigo.
Genevieve escuta e ri também, mas reage: __Deixa de ser bobo, Cadi.
Na parte sul do pátio, pode ser vista a pesada carruagem metálica dos anões, onde, presume-se, veio o Imperador Kruzak. Perto, estão as impressionantes montarias dos anões. Grandes, gordos e assustadores javalis, com suas presas proeminentes saindo da boca. As parelhas de fortes e vigorosos búfalos, que puxam a carruagem. E os belos ursos-panda. Alguns anões cuidam dos animais, escovando-lhes os pelos, alimentando-os. Alguns soldados thaianos lhes trazem baldes com água e alimentos para os animais, no que os anões agradecem com gestos e movimetos de cabeça.
__Ai, olhem...Diz Genevieve, manhosa. __Como os pandas são lindos...
__É...mas não se engana com a “fofura” deles. Rebate Cadi. __Um bicho desses estraçalha um ser humano num piscar de olhos.
__Esses javalis parecem bois. Repara Addae. __Não gostaria de cruzar com um bicho desses por aí....como são grandes...aquelas presas devem perfurar até metal, se bobear....
No parte norte do pátio, junto a outra porta de entrada para a parte interna do Palácio, está a bela e ornamentada carruagem élfica, próxima aos imponentes cavalos brancos e aos belíssimos e grandes cervos, também, como os cavalos, brancos como a neve. Os soldados thaianos observam admirados as impressionantes galhadas dos animais. Enquanto alguns elfos escovam e alimentam suas montarias, soldados de Thais, do mesmo modo como em relação aos anões, trazem baldes de água e ração para os animais. Os elfos também agradecem, com simpáticos sorrisos.
__Nossa...que visão de sonho...elfos...parecem príncipes de tão bonitos...e esses cervos...gente, eu preciso conhecer Ab'Dendriel um dia... Diz uma extasiada Genevieve.
__Ó...Fala Cadi, querendo mexer com Genevieve. __O Tatius não vai gostar nada dessa sua “paixonite” em relação aos orelhas pontudas ali...
__Não fala besteira, Cadi. Reage a camponesa. __E tem mais, o Tatius não é meu namorado, não...quer dizer, ainda não...tem que pedir para o meu pai primeiro....e o meu pai é uma fera, sabia? Tem um ciúme louco das filhas....
__Liga não, Gê. Contemporiza Addae. __O Cadi gosta de mexer com você. Ele sempre foi meio assim, desde a escola. Só quer te tirar do sério.
__Aff...e eu não sei??? Responde Genevieve.
Nisso Trimegis, e os jovens o seguem, se dirige para perto de uma bela fonte localizada perto do centro do pátio. Lá pode ser visto um capitão da guarda dando instruções para um pequeno grupo de soldados.
__Capitão Baxter. Diz o mago. __Sabe me dizer se todos os membros do Conselho já vieram para o Palácio?
__Oh...como está o senhor, Mestre Trimegis? Responde o militar. E continua. __Acho que só faltava mesmo o Mestre Eclesius...deixe-me ver...os Mestres Marvik, Muriel, Edowir e Xodet já estão no Palácio...os monges Quentin e Norf também...a druideza Lynda, Mestra Lungelen e a maga Loria também já chegaram...acho que estão todos já reunidos no Salão do Conselho, Mestre Trimegis....
__Ótimo...confere...todos os que poderiam vir, vieram. Obrigado, Capitão. Responde Trimegis. Então se volta para falar com Eclesius. __Mestre Eclesius, vamos para o Sal....Mestre Eclesius? Aff, onde ele se meteu, estava aqui agora há pouco. Mestre Eclesius???
Genevieve aponta para a extremidade sul do pátio e diz: __Ele está lá conversando com alguns anões, Mestre Trimegis.
__Aff...Mestre Eclesius, o senhor não é fácil. Suspira Trimegis, enquanto se encaminha para o local onde estão as montarias dos anões.
Addae, Cadi e Genevieve o seguem.
Quando o grupo chega perto de Eclesius e dos anões, percebe que o velho mago conversa animadamente com dois dos guerreiros de Kazordoon.
__Mestre Eclesius!!! Fala, nervosamente, Trimegis, ao mesmo tempo que dirige um sorriso constrangido para os anões. __Mestre Eclesius. Vamos para o Salão do Conselho. Precisamos tomar algumas resoluções antes do início da recepção e das conversações posteriores. O Rei precisa de nossa orientação.
__Hum...está certo. Cede o velho mestre mago. __Eu só estava conversando com esses dois simpáticos súditos do Imperador Kruzak. Estava praticando o meu Dwarfico. Estou um pouco enferrujado. Sabe o que me disseram? Que meu velho amigo, o mago geomancer Etzil está na delegação de Kazordoon. Veio na carruagem com o Imperador. Ficarei muito feliz em revê-lo. Etzil é um dos sábios mais poderosos de todo o Tibia.
__Ótimo. Agora vamos, Mestre Eclesius. Diz Trimegis, enquanto sorri mais uma vez para os interlocutores anões, como se desculpando por subtrair Eclesius da conversa.
Os anões sorriem de volta, como se compreendessem o que se passa, apesar de, aparentemente, não falarem o idioma thaiano.
Genevieve se aproxima cautelosamente de um urso panda, que é cuidado e alimentado por um anão.
O guerreiro de Kazordoon percebe a aproximação da jovem e, esboçando um simpático sorriso, traz o animal, pelas rédeas, para bem perto de Genevieve e lhe indica, por gestos, que pode, se quiser, afagar a cabeça e o pelo da bela montaria.
Genevieve se deslumbra e afaga carinhosamente o forte e imponente panda que, da sua parte, demonstra gostar da jovem e a cheira e lambe amistosamente.
Addae, Cadi e os dois magos se enternecem com a bela cena.
Genevieve, com uma expressão radiante, se despede e agradece ao súdito de Kruzak por lhe proporcinar um momento como aquele.
O anão devolve a gentileza com um terno sorriso por debaixo da espessa barba.
Finalmente o grupo se dirige para a centro do pátio, se despedindo, com gestos, dos anóes ali presentes.
__É....Diz Eclesius, olhando de maneira terna para Genevieve. __Certamente será uma druideza. Os animais parecem gostar muito de você. Por outro lado é uma pena. Que maga poderosa você poderia ser, com esse nível de mana nato que há em você... Ao dizer isso Eclesius aproxima o cajado do corpo de Genevieve, e a esfera azul na extremidade novamente emite uma luz intermitente. __Não quer vir conosco para o Salão do Conselho? Os outros sábios ficariam boquiabertos com seu nível natural de mana.
__O senhor sabe que ela não pode participar das reuniões do Conselho, Mestre Eclesius. Aliás o senhor mesmo estipulou essa regra, na época em que o senhor presidia o mesmo Conselho. Diz Trimegis.
__Humpft ! A gente quando é jovem faz muita besteira. Rebate Eclesius. __Você agora preside o Conselho, Trimegis.Pode revogar essa minha regra idiota.
__Não vou revogar coisa alguma, Mestre. No Conselho se discutem questões de estado, de segurança nacional. Não é lugar para adolescentes. Trimegis se volta para Genvieve. __Não se ofenda, querida, mas é que que os sábios discutem assuntos que jovens como você ainda não tem maturidade para ouvir e participar.
__Mas quando você voltar de Rookgaard, já tendo obtido o grau druídico, poderá partipar, Genevieve.Completa Trimegis.
__Claro, eu entendo Mestre Trimegis, Não se preocupe. Diz a jovem.
Quando o grupo passa perto da fonte, onde ainda se encontram o Capitão Baxter e alguns soldados, Trimegis se dirige ao oficial: __Capitão, por gentileza, poderia providenciar para que estes tres jovens alunos da Academia fossem acomodados em um local apropriado, no Palácio, de onde pudessem presenciar a recepção do Rei aos dignitários estrangeiros?
__Pois não, Mestre Trimegis. Responde Baxter. __Providenciarei isto agora mesmo.
__Obrigado, Capitão. Diz Trimegis. Então se volta para os tres jovens amigos: __Até logo, jovens. Espero que gostem da recepção. Nesses dias que antecedem o embarque para Rookgaard, podem vir ao Palácio conviver com seus futuros colegas de Academia que aqui ficarão hospedados. Qualquer problema no Portão, digam aos guardas para me chamarem. E você, Genevieve, gostaria que conhecesse minha filha, Tânia. Ela também vai para Rookgaard. Gostaria também que se tornassem boas amigas. Ela pode te dar algumas dicas sobre a manipilação do mana. Óbviamente, por ser minha filha, já tem alguns conhecimentos, ainda que básicos.
__Claro, Mestre Trimegis. Gostaria muito de conhecê-la. Diz Genevieve.
__Obrigado por nos por para dentro do Palacio, Mestre Trimegis. Diz Addae.
__Valeu mesmo, Mestre. Complementa Cadi.
Eclesius diz aos tres jovens: __Não toquem nem se apoiem em qualquer objeto lá dentro do Palácio. O Rei é apegado às armaduras, escudos, estátuas e outros objetos decorativos espalhados pelos corredores, galerias, escadas e aposentos. Uma vez eu fui me encostar em uma armadura exposta, o negócio desabou, fez um barulho dos infernos. O Rei ficou possesso, queria saber quem tinha feito aquilo. Mas eu me tornei invisível e ele nunca descobriu o autor da façanha, ihihihi. Então se dirige diretamente a Genevieve: __Meu anjo, quando você chegar a Rookgaard, procure o Mestre Hyacinth. Diga que foi o Mestre Eclesius quem te recomendou. Não se preocupe com essa história de que ele não é mais professor da Academia. Procure ele mesmo assim. Sabe muito. Vai por mim. Em seguida, segura o braço do atônito Trimegis, que assim ficou após ouvir o que Eclesius acabara de falar aos jovens, e o puxa, para que, juntos, se dirijam à porta oeste, que conduz ao interior do Palácio.
__Aahaha, esse Mestre Eclesius é muito doido. Diz Cadi, para Addae.
__Uma figuraça. Diz Addae.
__Eu gostei dele. Diz Genevieve.
O Capitão Baxter fica estupefato ao ouvir a confissão de Eclesius. Enquanto o observa e a Trimegis se afastarem, diz em tom baixo, como se quisesse falar consigo mesmo: __Não é possível...então foi Mestre Eclesius quem derrubou aquela armadura. O Rei praticamente conduziu um inquérito para descobrir quem fizera aquilo...
Os tres jovens conseguem ouvir o que Baxter diz e se esforçam para conter o riso.
O Capitão Baxter se recompõe e chama por um Tenente que está próximo aos elfos, ajudando-os com suas montarias: __Tenente Bressi!
Cadi, ao ouvir o nome do Tenente, reage: __O Tenente Bressi está aqui? Ele serve ou servia sob as ordens do meu pai no Portão Leste.
O Tenente dá instruções a uns soldados, para que continuem ajudando os elfos, e vem na direção do Capitão Baxter: __Sim, Capitão!
__Tenente...Diz Baxter. __Leve estes tres cadetes da Academia para a Alameda Interna oeste, do Palácio. Aloje-os em um local de onde possam ter uma boa visão do Salão do Trono, durante a cerimônia de recepção.
__Claro, Senhor. Então se volta para os tres amigos: __Sigam-me, cadetes.
Os jovens se despedem e agradecem ao Capitão Baxter.
Neste instante o Tenente nota a presença de Cadi, no trio: __Cadi! Como está? Eu soube de sua inscrição em Rookgaard. Parabéns. Aproveite sua estada lá para se aperfeiçoar.
__Claro que sim, Tenente, vou tentar aproveitar ao máximo. Responde Cadi. Em seguida pergunta: __O senhor também foi transferido para o Palácio, como o Tenente Leroy?
__Não, não. Responde Bressi. __Seu pai me requisitou para ajudar nos trabalhos de recepção às delegaçoes estrangeiras, tão logo ele fora requisitado, por sua vez, pelo General Bloodblade. Mas ainda estou lotado no Portão Leste. O Leroy sim está lotado agora aqui no Palácio. Quando terminarem as negociações e as delegações forem embora, seu pai e eu voltaremos para a Guarnição Leste. Quer dizer...eu, pelo menos...porque não sei se você está ao par...mas correm boatos na Guarda que seu pai será promovido a Major. Se assim for, ele será designado para outra função. Tradicionalmente apenas capitães comandam as guarnições dos portões de Thais. É assim também em Venore. O que para mim seria uma pena. Gosto muito de servir sob as ordens do Capitão Tim.
Ao ouvir isso, Cadi mais uma vez se recorda do que seu pai dissera outro dia, que pretendia dar baixa do Exército ainda no posto de capitão. E novamente, como quando conversava com o Tenente Leroy no Cais, prefere não comentar sobre o fato. Apenas diz: __Tenente , estes são meus amigos, Addae e Genevieve.
__Prazer, cadetes. Desejo-lhes o mesmo que a Cadi. Que façam bom proveito do tempo em que ficarão em Rookgaard. Diz Bressi.
__O prazer é nosso, Tenente. Responde Addae.
__Muito prazer, senhor. Diz, por sua vez, Genevieve.
O grupo se aproxima da Porta Norte do Palácio, onde estão as montarias dos elfos,e alguns elfos e soldados cuidando delas.
Genevieve, encantada, observa os cavalos e cervos dos cavaleiros de Ab'Dendriel. E mais encantanda ainda, olha para os guerreiros elfos, que ali cuidam de seus animais.
Um dos elfos, que escova os pelos de um enorme e imponente cervo branco, olha de soslaio para a jovem de Greenshore. Parece exibir um sorriso no canto da boca, como se percebesse o interesse de Genevieve nos elfos ali presente.
Genevieve nota e desvia o olhar, um pouco ruborizada.
Assim que o grupo entra pela Porta Norte, para o interior do Palácio, Genevieve diz: __Ai, como são bonitos esses elfos... não sei, tem uma expressão de anjos, traços delicados...ao mesmo tempo são fortes e esbeltos...
__Ihhh...o Tatius não vai gostar nada dessa história...Brinca Cadi.
Slap! Genevieve dá um leve tapa no braço de Cadi: __Como é bobo esse menino! Diz em um tom de brincadeira.
__Shhhh!!! Addae leva o dedo aos lábios, pedindo aos dois que se comportem, temendo a reação do Tenente Bressi e das pessoas que circulam no corredor do Palácio por onde o grupo avança.
Mas o Tenente apenas ri.
Addae, Cadi e Genevieve ficam impressionados com a movimentação no interior do Palácio. Funcionários da Corte e militares transitam de lado a lado pelos corredores, que tem pavimento em madeira bem encerada e brilhante. Nas paredes, de escuras pedras, há vários escudos e armas penduradas, armaduras montadas e expostas, gualhardetes e flâmulas com símbolos da heráldica thaiana, entremeados por tochas que iluminam os ambientes do grande complexo.
Addae diz, em um tom baixo, para Cadi: __Vendo essas armaduras me lembro do que o Mestre Eclesius contou...
__Eu também. Responde Cadi. __Me dá vontade de rir novamente.
O Tenente Bressi conduz os jovens até o início de uma escada em caracol, na parte oeste do Palácio. Enquanto sobem o oficial pergunta aos jovens: __Impressionante o Palácio, não?
__Muito impressionante. Responde Addae. __Devem haver muitos quartos e salões.
__Cento e quarenta quartos e mais de trinta salões e salas menores. Responde Bressi.
__Nossa! Surprende-se Genevieve. __E onde estão hospedadas as delegações estrangeiras??
__Bem, a Rainha Eloise e suas amazonas estão na Ala Norte, no terceiro andar. Responde Bressi. E continua: __Os elfos estão na mesma Ala Norte, só que no segundo andar. Os anões foram alojados na Ala Leste, no quarto andar.
__E os alunos da Academia, que vão pela Coroa e não são de Thais? Pergunta Cadi.
__Os cadetes estão na Ala Sul, no segundo andar. Responde o Tenente. __E vocês, caso queiram, podem visitar o Palácio outras vezes, antes de embarcarem. Isto é permitido aos cadetes inscritos na Academia, e que residam em Thais. Basta que peçam a um dos soldados da guarnição da ponte que chame um oficial, para servir de guia. Falem que estão inscritos em Rookgaard. Vocês de certa forma já estão sob o comando da Guarda.
__A gente podia trazer o Tatius aqui, um outro dia. Diz Genevieve.
__Isso se o Senhor Frodo liberá-lo do serviço. Tem muito trabalho duro naquela estalagem e na taberna. Ele tira o couro do sobrinho. Responde Addae. __O Struggle provavelmente também gostaria de conhecer o Palácio, mas o problema é que parece que ele já está escalado por aquele senhor Luke para trabalhar no Porto por esses dias...
__A gente tenta ver um dia no qual eles possam vir, sei lá, falar com o Senhor Frodo e com esse tal de Luke aí, administrador do Porto....quem sabe na parte da manhã... Diz Cadi.
__É...vamos ver... Responde Addae.
Cadi então pergunta ao Tenente: __Tenente...o senhor reparou que as guerreiras da Eloise são bonitonas, né?
Bressi se surpreende com a pergunta mas depois ri: __Hehehe...é verdade, Cadi. Difícil não reparar. São muito bonitas, sim. Eloise provavelmente seleciona suas amazonas levando em conta, além de outros requisitos, a beleza. É compreensível. Um exército com boa aparência e presença sempre causa uma boa impressão.
Finalmente Bressi e os garotos chegam a uma espécie de galeria, no fim da escada. De um lado, uma parede coberta de objetos militares decorativos, bustos e estátuas. Do outro, vãos abertos em forma de arcos alternados com robustas colunas que, além da função estrutural, tem em suas faces belas esculturas em pedras representando seres de aspecto angelical. Os vãos abertos dão uma ampla visão do Salão do Trono, lá embaixo e são protegidos por grossas sacadas, escoradas por pequenas pilastras que também exibem delicadas e bonitas figuras esculpidas em pedra. A galeria já está cheia de funcionários da corte e militares, aguardando ansiosamente o início da cerimônia de recepção aos dignitários estrangeiros.
__Não esperava que já estivesse tão cheia. Diz Bressi, surpreso. __Praticamente não há mais lugar perto das sacadas, de onde se pode ver o Salão do Trono. O Tenente olha para o fim do corredor e diz: __Vamos mais lá para o fim da galeria. Pode ser que encontremos um local mais vazio.
O grupo vai se esgueirando entre as pessoas que lotam a galeria a medida que o Tenente Bressi pede licença e passagem. Quando já estão quase no fim do corredor o Tenente nota um vão ocupado por duas amazonas que acompanham tres jovens, adolescentes, que trajam vestimentas ao estilo das guerreiras de Carlin: botas e uma espécie de túnica comprida aberta nos lados, mostrando parte das pernas. Não utilizam, no entanto, armaduras, como as guerreiras, mas apenas uma camisa sobre a túnica. O vão, ao lado das amazonas, ainda tem lugar para o Tenente e os tres jovens por ele conduzidos.
O Tenente Bressi pede educamente licença às duas guerreiras de Carlin que, no entanto, não lhe respondem, apenas lhe dirigem o olhar e se afastam um pouco, junto com as outras tres amazonas mais jovens, para dar mais espaço para o Tenente e os tres cadetes.
Ao se aproximarem da sacada da galeria e observarem, lá embaixo, o Salão do Trono, Addae e seus dois amigos ficam deslumbrados. À esquerda do Salão, de quem observa da galeria elevada onde estão Addae e os demais, está o imponente Trono de Tibanus. Alguns altos funcionários conversam e andam nervosamente pelo Salão, finalizando os preparativos para que o Rei e os soberanos estrangeiros possam adentrar o recinto.
Genevieve interpela Addae discretamente, para que as amazonas ao lado não ouçam: __Onde estavam essas tres garotas amazonas aí do lado? Eu não as vi no cortejo da Rainha Eloise.
__Ué, provavelmente dentro da carruagem com a Rainha. Responde Addae.
__Ah é. Complementa Genevieve. __As cortinas estavam arriadas, não dava para ver lá dentro. Cabe muita gente naquela carruagem.
Cadi observa a galeria elevada oposta à que ele e seus amigos estavam, no outro lado do salão. Também está bem cheia. Ele nota que os demais alunos que vão pela Coroa estão nas sacadas, acompanhados pelo Tenente Leroy. Cadi também percebe que em um ponto da sacada oposta, bem diante de onde ele e os demais estão, está de pé um guerreiro anão. E, junto a ele,tres jovens anões ainda mais baixos, sem barba.
__Olha lá, Addae. Diz Cadi. __Anões adolescentes. Que engraçados.
__Ih, é mesmo. Que interessante. Deviam estar na carruagem junto com o Imperador Kruzak. Responde Addae.
Genevieve diz: __Olhem lá na outra ponta da galeria oposta. No canto direito, lá longe. Estão vendo??
Addae e Cadi se esforçam para enxergar o que Genevieve lhes indica.
Addae então diz: __Ih, são elfos...dois elfos adultos e tres mais jovens...adolescentes também...na verdade um dos elfos mais jovens parece ser uma elfa...uma elfinha hehehe.
__Cara, a Gê tem uma capacidade pra ver elfo, que eu vou te contar....Brinca Cadi.
Slap! Genevieve dá um pequeno tapa, de brincadeira, no braço de Cadi.
O Tenente Bressi, ao ouvir os comentários dos tres jovens, intervem na conversa: __Cadetes...acho que não há problema eu contar-lhes algo a respeito de sua turma na Academia...Sua Majestade, nosso amado Rei, ao enviar mensagens aos soberanos de Carlin, Ab'Dendriel e Kazordoon, propondo negociações e a assinatura de um tratado de mútua defesa...ofereceu, como um gesto de boa vontade e gentileza, vagas em Rookgaard para jovens desses tres reinos...até tres vagas, caso quisessem...na verdade o Rei achava que provavelmente não aceitariam a oferta. No entanto, como podem ver, a oferta foi plenamente aceita...o que quero dizer, cadetes...é que vocês terão, como colegas, em Rookgaard, anões, amazonas e elfos...pela primeira vez, em seus mais de 500 anos de existência, a Academia Real de Rookgaard terá alunos estrangeiros...e justamente na turma de vocês...
Addae, Cadi e Genevieve, surpresos com o que o Tenente acabara de dizer, não sabem, incialmente, o que responder.
Então Genevieve diz, em um tom de alegria: __Gente...vamos ter colegas elfos em Rook!
__Ih...começou... Brinca Cadi.
Addae pergunta discretamente ao Tenente Bressi, tentando evitar que as amazonas próximas ouvissem: __Tenente...então essas garotas de Carlin aí ao lado...
__Vão para Rook, também. Completa o Tenente.
__Caramba... Diz Cadi. __Acho que nem meu pai sabia disso. Deve ter ficado ao par depois da chegada das delegações. Incrível...alunos de Kazoordon, Ab'Dendriel e Carlin em Rook...quem poderia imaginar uma coisa dessas?
__Sinto inveja de vocês, cadetes. Além de pertencerem a uma turma grande e diversificada, o que não é usual, ainda terão alunos de outros reinos e nacionalidades. Minha turma em Rookgaard foi pequena. Vocês viverão um momento histórico e original dentro da longa tradição secular de Rookgaard.
__Quando o senhor se formou em Rookgaard, Tenente? Indaga Addae.
__Foi há cinco anos. A minha turma foi a seguinte à turma do Leroy. Responde Bressi.
__Geralmente os oficiais e mesmo os membros de guildas falam de Rook com saudade. A ilha fica mesmo na mente e nos corações dos ex-alunos. Diz Addae.
__Ninguém passa por Rookgaard “impunemente”. Responde o Tenente. __Vocês entenderão isso, quando lá estiverem. E depois, quando partirem.
Nisso, Genevieve toca o braço de Cadi e, apontando para baixo, para o Salão do Trono, diz: __Veja Cadi, aquele oficial não é o seu pai?
Cadi olha para baixo e vê o Capitão Tim conversando com o Capitão Chester Kahs, em um local próximo ao Trono. Logo em seguida, Trimegis entra no Salão, vindo por uma porta situada na parede atrás do Trono. Aproxima-se dos dois oficiais e começa a conversar com eles.
__É meu pai sim, Gê. Responde Cadi. __Deve estar ajudando nos preparativos para a cerimônia.
__Mestre Trimegis está com eles. Complementa Genevieve.
Logo o mago e os oficiais saem do Salão, através da porta por onde Trimegis entrara.
Os funcionários da Corte dão os arranjos finais no recinto. Estendem um largo tapete vermelho desde as escadas frontais que dão acesso ao Salão até o próprio Trono. Colocam dois grupos de tres robustas e altas cadeiras cada um ladeando o tapete à esquerda do Trono e mais um grupo no lado direito. Ao lado dos grupos de cadeiras posicionam pequenas e delicadas mesas. Mais para perto do Trono são colocadas dez cadeiras, cinco de cada lado formando semicírculos.
Outros funcionários acomodam tronos menores ao lado do Trono de Tibianus. Um trono um pouco menor do que o Trono do Rei, à sua esquerda. Um outro ainda menor à esquerda do segundo trono. E dois do mesmo tamanho do menor, à direita do Trono do Rei. Entre o Trono do Rei e o mais próximo, à esquerda, uma pequena e delicada mesa sustenta tres belas caixas de madeira, decoradas com brilhantes e entalhes.
__Nossa, para quê tanto trono??? Pergunta Genevieve.
__Bem, o trono logo à esquerda do Trono Real é para a Rainha Isabel. Responde Bressi. __Os demais são para a Princesa Sasha, para o Príncipe Tibianus e para o Príncipe Pedro. Estarão todos presentes na recepção aos soberanos estraneiros.
__O Rei já teve outra esposa, não? Que já faleceu. Me lembro de minha professora ter dito isso lá em Greenshore. Diz Genevieve.
__Sim. Responde Bressi. __A Rainha Isabel é sua segunda esposa. E mãe do Príncipe Pedro. A finada e saudosa Rainha Margarida é, ou foi, mãe dos Príncipes Tibianus e Sasha.
__A Rainha Isabel é bem mais jovem do que o Rei, não? Pergunta Addae.
__Ah, sim. Nossa amada rainha tem hoje apenas 32 anos. Uma jovem rainha. Sua Alteza Real, o Rei Tibianus, tem 57 anos. Se a Rainha Margarida fosse viva, teria hoje 55 anos. Responde Bressi.
__Malandro o velho Tiba. Diz Cadi, discretamente, cutucando Addae.
Addae ri. __É...deve ser bom ser rei, hehe.
__A Princesa Sasha é a mais velha de todos os filhos, não é? Pergunta Genevieve.
__Sim. Responde Bressi. __A princesa Sasha tem 36 anos. É mais velha inclusive que sua madrasta, a Rainha Isabel.
__Quando o Rei morrer ela que será a Rainha, não? Indaga Genevieve.
__Er...na verdade, não. Responde Bressi, falando em um tom baixo, para que as amazonas ao lado não ouçam. __Na verdade, desde que Carlin tornou-se independente e tomou como regra o fato de que apenas mulheres poderiam efetivamente reinar por lá, Thais determinou que apenas homens poderiam ser Reis de verdade, por aqui. Apenas homens governariam. As rainhas em Thais são apenas esposas dos reis e mães das proles reais, mas não têm qualquer poder político ou administrativo. Portanto, na linha sucessória, a Coroa irá para o Príncipe Tibianus que, após o passamento de seu pai, assumirá o Trono Real sob o título de Tibianus IV.
__Hum...não gostei dessa regra. Queixa-se Genevieve.
__Tem que ser assim mesmo. Diz Cadi, brincando, para mexer com Genevieve. __Mulher no comando, confusão na certa.
Slap! Um leve tapa estala no braço direito de Cadi.
Neste momento, todos das galerias tem suas atenções voltadas para a entrada principal do Salão do Trono, por onde um grupo de 12 soldados, trajando uniformes de gala e segurando compridas trombetas douradas, adentra o Salão.
__Epa. Parece que a cerimônia vai começar. Diz Addae.
Os soldados se dividem em quatro grupos de tres. Dois dos grupos se posicionam cada um em um lado da entrada principal, perto da escadaria que dá acesso ao Salão. Os outros dois grupos se colocam mais para o meio do Salão, um em cada lado do grande tapete vermelho.
Em seguida, adentra o Salão, vindo de uma das portas posteriores ao Trono, um homem trajando uma bela túnica, com elementos decorativos nas cores da Casa Real de Thais. Ele porta um comprido bastão metálico prateado, com bonitos detalhes decorativos, esculpidos ao longo de todo o comprimento, que ultrapassa a altura do homem.
__Quem é este? Pergunta Genevieve.
__Este é Bizo...o principal mestre de cerimônias da Corte. Responde o Tenente Bressi. __É irmão de Bozo, o bobo da Corte titular de Sua Majestade.
__Caras, eu já vi algumas apresentações do Bozo, abertas ao público, diante do Palácio. A gente se escangalha de rir. Diz Cadi.
__Sim, ele é muito engraçado. Completa Bressi. __Deve-se inclusive tomar cuidado com o que se fala diante dele. Qualquer frase com sentido dúbio ele já aproveita e faz uma piada. Às vezes deixa a gente constrangido, hehe.
Então, lá embaixo, no Salão, Bizo bate fortemente com o bastão no assoalho, como a chamar a atenção dos presentes nas galerias.
Faz-se silêncio no recinto. Alguns fazem o famoso “shhhh” , pedindo aos demais que fiquem quietos.
Bizo então diz, demonstrando ter uma potente voz: __Prezados súditos de Sua Majestade, cidadãos de Thais aqui presentes, tem início agora a cerimônia de recepção aos nobres soberanos e dignitários dos Reinos de Kazordoon, Ab'Dendriel e Carlin.
Os soldados que portam as trombetas tocam-nas a todo pulmão, produzindo uma impressionante sinfonia, que chega a fazer vibrarem as estruturas do Salão. Muitos dos presentes levam as maos aos ouvidos, tal a magnitude do volume de som produzido.
Após o soldados pararem de tocar, Bizo continua, com sua potente voz: __Recebamos agora, com respeito e afeto, a nosso mui amado Soberano, Sua Majestade Real, Senhor das terras de Thais, de Venore, de Edron, Port Hope, Liberty Bay e arredores, Rei Tibianus III, como também sua adorável esposa, a Rainha Isabel!!! E os príncipes Tibianus e Pedro!!! E a princesa Sasha!!!
Novamente o som das trombetas ecoa fortemente pelo Salão.
Então, de uma das portas posteriores ao Trono, saem, em fila, o General Bloodblade, dois oficiais que, pelas insignias que portam, demonstram ser de alta patente, seguidos pelos capitães Tim e Chester Kahs, estes por sua vez, seguidos por Trimegis.
O grupo se posiciona, de pé, no lado esquerdo do Trono, segundo a visão de quem entra pela porta principal, bem abaixo da galeria onde estão Addae e os demais.
__Aqueles dois oficiais ali são o Coronel Leonidas e o Major Templeton, não? Pergunta Cadi, discretamente, ao Tenente Bressi.
__Exato, Cadi, São eles mesmos. Responde Bressi.
Em seguida, através da outra porta posterior ao Trono, saem, também em fila, vários sábios, que vão se posicionando diante das cadeiras que formam dois semicírculos, nos dois lados do Trono. Addae e seus amigos identificam, entre os sábios, Eclesius, Lynda e o monge Quentin.
__Este é o Conselho Real de magos e druidas, não, Tenente? Pergunta Addae.
__Isso mesmo. Responde Bressi. __Há ainda outros membros que residem em cidades e localidades distantes, o que tornaria a presença deles, nesta recepção, muito difícil. Mas alguns deles ainda podem chegar a Thais, para as negociações com vistas ao tratado, que podem se estender por vários dias...
As pessoas das galerias são tomadas por uma súbita excitação, quando soldados trajando reluzentes armaduras douradas saem pelas duas portas posteriores ao Trono Real e pisam forte causando sons metálicos de passos. De cada porta saem seis guerreiros dourados. Dois deles se posicionam dos dois lados do conjunto de tronos, e os dez restantes se dividem em dois grupos de cinco, posicionando-se cada grupo em um lado do grande tapete vermelho, em fila, formando um corredor dourado desde o pé dos degraus que levam aos tronos até quase o meio do Salão.Os soldados empunham escudos e lanças douradas e usam elmos tambem dourados. Capas brancas caem-lhes desde os ombros até quase os calcanhares.
__Uau...a Guarda Dourada...que espetáculo! Diz Cadi.
__Impressionante. Diz, por sua vez, Cadi.
__Quem são esses guerreiros dourados?? Indaga, deslumbrada, Genevive.
__São a Guarda Pessoal de Sua Majestade. Diz o Tenente Bressi. __Um grupo de elite do Exército que faz a proteção pessoal da Famílla Real, a Guarda Dourada. Os dois guerreiros posicionados próximos aos tronos são os coronéis Stutch e Harsky. Nas duas filas, nos dois lados do tapete há um major, um capitão e tres tenentes do Exército. A Guarda é inteiramente composta por oficiais, portanto. Responde e é diretamente subordinada ao General Bloodblade. Na ponta da fila do outro lado do tapete, está o Tenente Geoffrey, um grande amigo meu e colega de turma em Rookgaard.
Em seguida, vindo pela porta por onde entraram o General Bloodblade, Trimegis e os demais oficiais, um homem adulto, alto, muito bem apessoado, com cabelos compridos negros, bem cuidados e penteados, cavanhaque e bigode bem cortados, também negros, usando uma belíssima túnica de tecido brilhante e viscoso, em tons brancos e dourados, e ainda uma pequena coroa prateada sobre a cabeça, se dirige ao trono mais próximo ao do Rei, dentre os dois posicionados à direita.
Os membros do Conselho Real de magos e druidas, como também Trimegis, os oficiais, Bizo e os soldados com as trombetas, se linclinam respeitosamente diante da presença do homem, que se senta no trono imediatamente à direita do Trono Real. Algumas pessoas presentes nas galerias também fazem gestos de respeito e devoção. A Guarda Dourada se perfila e bate uma das botas no chão.
__Principe Tibianus. Diz Cadi, para Addae e Genevieve.
__Nossa...que homem bonito...que presença. Diz Genevieve.
Então um jovem, também muito bem apessoado, de cabelos castanhos claros cortados pouco abaixo das orelhas, trajando uma túnica de tons negro e azul bem claro, igualmente com uma pequena coroa prateada na cabeça, vem pela mesma porta e se dirige ao trono do lado daquele ocupado pelo Príncipe Tibianus, um pouco mais distante do Trono Real. O jovem parece ter a idade de Addae e de seus dois amigos.
__Principe Pedro. Diz Cadi, meio que narrando a cerimônia para seus dois amigos.
Os presentes no Salão novamente se inclinam respeitosamente, em consideração ao jovem príncipe.
Ato contínuo, através da porta por onde sairam os membros do Conselho de Magos e Druidas, entra uma mulher belíssima, de cabelos negros, presos por um coque na parte de trás, pele muito alva, usando também uma pequena coroa prateada e um longo e elegante vestido negro com motivos estampados brancos e prateados. Ela ocupa o menor dos dois tronos situados à esquerda do Trono Real.
Os presentes inclinam-se diante da mulher.
__Princesa Sasha. Continua Cadi com sua narração.
__Céus...Diz Genevive. __Como a Família Real Thaiana é linda...
__Também, né... Rebate Cadi __Tibianus só escolhe mulherão pra casar...
__Pois é. Diz Addae. __A mulherada do reino quase toda gostaria de se casar com o Rei. Ou com os príncipes. Mas tem que ser de família nobre.
__Os príncipes Tibianus e Sasha são casados? Pergunta Genevieve.
__São sim, Gê. Responde Addae. __Sua professora em Greenshore não ensinou isso a vocês, lá?
__Ah, Addae...a gente lá só tinha aula de matemática e de Língua Thaiana...isso quando tinha...era difícil conseguir professor para a escola de Greenshore...Responde Genevieve.
O Tenente Bressi então diz a Genevieve: __O Príncipe Tibianus é casado com uma jovem da Família Ducal de Edron...e a Princesa Sasha com o filho do Conde de Fibula...
__Ah tá....Diz Genevieve __E o Príncipe Pedro...tem namorada?
__Errr...não que se saiba, oficialmente. Responde Bressi. __Parece ser assim, muito amigo da filha de Meste Trimegis, Tânia, que vive aqui no Palácio...mas, nada indica que sejam namorados. Ademais, apesar do grande prestígio que Mestre Trimegis tem na Corte, por ser o Presidente do Conselho Real de Magos e Druidas e Mago Supremo do Rei, ele e sua filha não são de linhagem nobre. Dificilmente o Rei permitiria um relacionamento assim, digamos, além da amizade...
__Viu Gê, o que o Tenente Bressi disse? Diz Cadi, brincando com Geneveve. __Pode tirar seu cavalinho da chuva...plebeias não tem chances com o Príncipe Pedro.
Genevieve faz uma careta para Cadi, em resposta.
Addae e o Tenente Bressi riem.
As amazonas ao lado e as jovens que as acompanham parecem ficar interessadas no dialogo , e curiosas em relação às risadas e brincadeiras. Mas mantém expressões sérias.
Então, um burburinho maior parece tomar conta do recinto e, vindo pela mesma porta por onde entrara a Princesa Sasha, surge o Rei Tibianus. Um homem alto e corpulento, de quase dois metros de altura, com longas e espessas cabeleira e barba brancas, expressão severa. Usa uma bela túnica azul com motivos decorativos dourados e um longo manto vermelho feito da pele de algum animal raro, caindo-lhe sobre as costas. Na cabeça, uma alta e deslumbrante coroa dourada, cravejada de pedras preciosas. Vem de mãos dadas com a Rainha Isabel, uma mulher muito bonita, de aparência jovial, cabelos castanhos claros presos atrás por um coque. Na cabeça uma coroa dourada, menor que a do Rei, mas igualmente cravejada de brilhantes. Usa um vestido vermelho com estampas e motivos decorativos de cor negra.
Todos os presentes no Salão, inclusive muitos dos que assistem das sacadas, fazem uma reverência mais longa e respeitosa do que a feita para os príncipes, tocando um dos joelhos no chão, em sinal de devoção ao Casal Real. Mesmo os príncipes fazem reverências ao Rei e à Rainha. A Guarda Dourada mais uma vez perfila-se, bate com força as lanças e uma das bota no chão e volta a face e o olhar para o Rei.
Tibianus leva sua esposa, pela mão, até o menor dos dois tronos principais e, após a Rainha se sentar, ele se senta no Grande Trono Real.
O Rei faz um sinal para que Bizo prossiga com a cerimônia.
O Mestre de Cerimônia bate novamente com seu bastão contra o assoalho e diz: __Prezados súditos de sua Majestade, cidadãos de Thais, recebamos com respeito e sincera hospitalidade sua Alteza Imperial, Soberano de Kazoordon, Imperador Kruzak!!!
As trombetas ecoam pelo Salão.
Então, sobem pelas escadas da entrada principal tres guerreiros anões. O do meio vem desarmado, carregando uma bela caixa metálica decorada com pedras preciosas. Os dois da ponta trazem escudos e lanças. Em seguida, surge o Imperador Kruzak, ladeado por dois sábios anões, que seguram cajados com pedras azuladas nas extremidades. Após o imperador, mais dois guerreiros anões com escudos e lanças, fechando a pequena escolta.
Bizo vai na direção do guerreiro anão que segura a caixa metálica. Recebe dele a caixa e a deposita aos pés do Trono Real, no último dos degraus que conduzem ao Trono. Levanta a tampa e exibe o conteúdo para o Rei, que balança a cabeça em sinal de aprovação. Em seguida, Bizo pega uma das caixas de madeira, em cima da mesa entre os tronos do Rei e da Rainha, e leva até diante do Imperador Kruzak. Levanta a tampa e mostra o conteúdo ao Imperador. Kruzak balança a cabeça positivamente e faz um gesto de agradecimento, com as mãos, ao Rei, que devolve o gesto. O anão que trazia a caixa metálica, pega a caixa de madeira e a coloca em cima da mesa, ao lado do grupo de tres cadeiras mais próximo do Trono Real, entre os dois que se situam na borda do tapete vermelho, à direta de quem entra pela porta principal. Em seguida, Bizo convida o Imperador a se sentar na cadeira do meio. Ele se senta, seguido pelos dois sábios anões, que se sentam nas duas cadeiras, ao lado do Imperador. Os guerreiros anões assumem posições ao redor das tres cadeiras.
__O que tem naquelas caixas??? Pergunta Genevive.
__São presentes, como jóias, perfumes e tecidos de qualidade. Responde o Tenente Bressi. __Se usa trocar presentes, em visitas ou reuniões com dignitários, como sinal de boa vontade e de intenção de se manter boas relações diplomáticas.
__Hum, naquelas caixas de madeira ao lado do Rei devem haver algumas jóias da loja do Senhor Augustus. Ele disse hoje de manhã, lá em casa, que funcionários do Palácio compraram algumas jóias dele. Diz Addae.
__Devem ser tão bonitas quanto esse colar que ele me deu. Diz Genevieve, segurando o belo pingente nos dedos.
Novamente, Bizo bate com seu bastão ou báculo contra o assoalho e diz: __Prezados súditos de Sua Majestade, cidadãos de Thais, recebamos com respeito e hospitalidade suas Excelências Venerandas, Soberanos de Ab'Dendriel, os Patriarcas Eroth, Elathriel e Faluae.
Subindo pelas escadarias da entrada principal, surgem tres elfos. O elfo do centro, trajando roupas verdes com motivos da flora e desenhos geométricos, traz em suas mãos uma bonita caixa de madeira, com desenhos talhados, também representando a flora e belas encrustrações de madeira, de uma cor mais clara em relação à cor da madeira da caixa. Dos dois lados do elfo que leva a caixa, dois elfos arqueiros com vestimentas vermelhas, também com motivos da flora e desenhos geométricos. Os arcos que carregam tem belos motivos decorativos, como também os recipientes para as flechas que levam pendurados nas costas. Logo atrás da primeira fila, aparecem os tres patriarcas elfos, Eroth, Elathriel e Faluae, que representam, respectivamente, as tres castas que convivem em Ab'Dendriel, os Cenath, os Kuridai e os Deraisin. Vestem elegantes túnicas brancas decoradas com estampas vermelhas e complementos dourados. Fechando o cortejo, mais dois elfos arqueiros, vestidos da mesma maneira que os elfos arqueiros que caminham à frente dos patriarcas.
Da mesma forma como em relação aos anões, Bizo pega a caixa trazida pelos elfos e a coloca aos pés do Trono do Rei. Abre cudadosamente a tampa e apresenta o conteúdo ao monarca, que faz uma expressão de aprovação. Bizo pega mais uma caixa, das que estão sobre a mesa entre os dois tronos reais, e a leva até diante dos tres patriarcas elfos, mostrando-lhes os objetos contidos pelo recipiente. Os tres patriarcas conversam entre si e fazem, como Tibianus, expressões de aprovação.Trocam com o Rei gestos de cumprimento e agradecimento.
O elfo que trazia a caixa dada como presente ao Rei, pega a caixa thaiana e a deposita sobre a mesa colocada ao lado das tres cadeiras situadas à esquerda do tapete vermelho, segundo o ponto de vista de quem entra no Salão do Trono, pela porta principal.
Bizo convida os Patriarcas a se sentarem nas tres cadeiras. Eles assim o fazem. Os elfos que os acompanham ficam ao redor das cadeiras, de pé.
__Ai...ai...eles são perfeitos...Diz Genevieve, colocando os cotovelos na sacada e apoiando o queixo nas mãos.
__É...reconheço que eles tem estilo...aqueles arcos deles, que desenho maneiro... Diz Cadi.
__E agora...é a vez de Eloise entrar no Salão. Diz Addae.
__Ah...Eloise. Diz Genevieve. __Finalmente vou poder vê-la.
O burburinho aumenta a medida que se aproxima o momento de Eloise entrar no recinto. O nome da Rainha de Carlin é pronunciado, aqui e ali, em tom de sussurro, nas galerias: __Eloise...Eloise...
As amazonas e as jovens que as acompanham, ao lado do grupo de Addae, conversam intensamente ante a iminência da entrada de Eloise.
Então, lá embaixo, no Salão, Bizo bate mais uma vez com seu bastão no assoalho e diz, em alta voz: __ Prezados súditos de Sua Majestade, cidadãos de Thais, recebamos com respeito e hospitalidade sua Alteza Real, Soberana de Carlin...a Rainha Eloise!
Assim que um trio de amazonas aparece na entrada principal, o nível de excitação aumenta. Pela primeira vez, em cerca de 500 anos de independência de Carlin, uma soberana da antiga colônia thaiana pisa em Thais.
Como no caso dos anões e dos elfos, uma amazona vem trazendo um recipiente contendo presentes para Tibianus. Uma bela caixa feita de um material parecido com madrepérola, com desenhos encrustados, de motivos florais. Duas guerreiras portanto escudos, com as espadas embainhadas, escoltam a amazona do meio.
Então, na sequência, sobe as escadas para o Salão, através da entrada principal, uma dama trajando um vestido longo vermelho, com detalhes amarelos e brancos. Usa um manto rosa caindo sobre as costas. Seus cabelos ruivos são presos em coques laterais e posteriores. Impressiona sua beleza. Traços delicadíssimos; que expressam serenidade e confiança; e que podem ser notados mesmo pelas pessoas que se encontram nas galerias. A pele, alvíssima, em um formoso contraste com os cabelos e o vestido. O Salão reverbera os comentários admirados, mesmo encantados, com a formosa figura da soberana.
__Gente...como ela é linda! A pele...parece de porcelana... Diz, admirada, Genevieve.
__É...a Elioise ainda dá um caldo. Completa Cadi.
__Quantos anos tem a Rainha? Pergunta Addae ao Tenente Bressi.
__Ela tem, segundo as informações de que dispomos, a mesma idade da Rainha Isabel, ou seja, 32 anos. Responde Bressi.
__Ela é casada? Pergunta Genevieve.
__Não. Responde o Tenente. __A Rainha Eloise ainda é solteira. Sabemos que há vários pretendentes na Corte de Carlin, mas ela ainda não escolheu seu Príncipe ou Rei Consorte.
Ladeando Eloise, duas mulheres trajando espécies de túnicas, como a indicarem que seriam magas ou druidezas.
Por fim, duas guerreiras entram no Salão, alguns passos atras da Rainha, fechando a escolta e o pequeno cortejo.
Bizo, uma vez mais, recolhe a caixa de presentes, agora de Carlin, e a leva até ao pé das escadas que conduzem ao Trono de Tibianus. Abre vagarosamente o recipiente e exibe seu conteúdo ao Rei. O soberano faz um movimento com a cabeça, como que aceitando as dádivas de Eloise, e indica a Bizo a última das caixas sobre a mesa, ao lado do Trono. O Mestre de Cerimônias leva o presente thaiano até a Rainha Eloise, abrindo a caixa diante dela. A Rainha faz um gesto de aceitação e acena para o Rei de Thais. Mas, diferentemente de Kruzak e dos Patriarcas Elfos, que trocaram com Tibianus expressões de simpatia, quase alegres, os semblantes de Tibianus e de Eloise se mostram sérios, tensos.
__Nossa...como o Rei está com uma expressão emburrada. Ele não estava assim com o Imperador e com os Patriarcas...Nota Genevieve.
__Você não lembra do que o Mestre Gregor disse, lá na Arena dos Cavaleiros? Indaga Addae a Genevieve. __Tibianus na verdade nem queria que Eloise viesse.... Addae procura falar baixo, para que as amazonas ao lado não ouçam.
__Que absurdo...nosso Rei devia parar com essa política de má vontade em relação a Eloise e a Carlin... Diz Genevieve, também em tom baixo, desta vez para que o Tenente Bressi não ouça.
Lá embaixo, no Salão, alguns funcionários reais, sob o comando e instruções de Bizo, pegam as tres cadeiras que estavam colocadas ao lado do tapete vermelho, perto das cadeiras usadas por Kruzak e sua comitiva, mas um pouco mais próximas da entrada principal, e as colocam sobre o tapete, voltadas para o Trono Real, de modo que Eloise fique de frente para o Rei, com os elfos e anões sentados de frente uns para os outros, nas laterais do tapete, formando todos os soberanos presentes uma espécie de quadrilátero.
Eloise, antes de se sentar, faz respeitosas reverências a Kruzak e aos Patriarcas Elfos que, em resposta, se levantam e também cumprimentam respeitosamente a Rainha.
Eloise se senta em sua cadeira, e as duas sábias que a acompanham tomam os dois assentos ao lado da Rainha. As guerreiras que as escoltam ficam de pé ao redor das cadeiras.
Então Bizo, dirigindo-se às pessoas que ocupam as galerias, diz, em voz alta: __Prezados súditos de Sua Majestade, cidadãos de Thais...retiremo-nos agora do Salão e das galerias, para que suas altezas possam almoçar e em seguida iniciarem conversações com vistas à assinatura do histórico e tão amejado tratado...solicito aos oficiais da Guarda presentes nas galerias que procedam à retirada ordeira dos cidadãos e convidados.
Pela entrada principal, um grupo de dez funcionários da Corte traz uma enorme e robusta mesa de madeira, onde Tibianus e os dignitários estrangeiros almoçarão.
O Tenente Bressi se dirige aos tres jovens: __Vamos cadetes, vamos nos retirar devagar, junto com esta multidão presente nas galerias. Sem pressa e ordeiramente...
O Tenente e os tres amigos vão caminhando devagar, no fim de uma extensa fila, já que estavam posicionados longe da porta de saída da galeria, que conduz à escada por onde subiram.
As pessoas que estão nas galerias vão se retirando ao mesmo tempo que observam a movimentação e os preparativos para o almoço e as negociações, lá embaixo, no Salão.
Os sábios membros do Conselho Real de Magos e Druidas se levantam e se dividem entre conversar com o Rei e com os dignitários estrangeiros e seus acompanhantes, com o intuito de deixá-los mais à vontade, para o banquete e para as conversações. A enorme mesa é colocada no centro do quadrilátero imaginário formado pelo Trono Real e pelos tres conjuntos de cadeiras ocupados pelos soberanos convidados.
Addae olha para a outra galeria, no lado oposto do Salão, e vê o Tenente Leroy conduzindo a retirada dos cadetes hospedados no Palácio. Procura localizar também os jovens anões e elfos que, segundo o Tenente Bressi, também irão para Rookgaard.
Cadi percebe que seu pai, no Salão, observa lá de baixo a retirada das pessoas das galerias. Quando o olhar do Capitão Tim se direciona ao local onde ele e seus amgos estão, Cadi acena tentando chamar a atenção de seu pai. O Capitão Tim percebe então a presença de Cadi e de Addae na galeria, faz uma expressão de surpresa e em seguida abre um largo sorriso, acenando lá de baixo para os dois amigos.
__Agora meu pai sabe que nós presenciamos a cerimônia, hehe. Diz Cadi.
__É...e devemos isso ao prestígio que nossa amiga aqui tem com o Mestre Trimegis. Responde Addae, afagando levemente os cabelos de Genevieve.
__Ah, que isso meninos...foi um prazer “poder colocar”l a gente para dentro do Palácio. Responde Genevieve em tom de brincadeira.
O final da fila vai se aproximando da porta de saída da galeria. Bem à frente do grupo formado pelo Tenente Bressi e pelos tres jovens amigos, vão as amazonas e as jovens que elas escoltam. As pessoas mais à frente da fila procuram disfarçar, mas olham curiosas, e de soslaio, para as guerreiras de Carlin ali presentes. Quando todos começam a descer a escadaria em caracol, muito funcionários da Corte vão saindo por portas localizadas ao longo da escada, antes de chegarem ao térreo ou ao final das escadas. Quando passam diante de uma dessas portas, as amazonas, através dela, deixam as escadas. Neste momento, uma das jovens amazonas dirige o olhar para o grupo de Addae, que vinha logo atrás. Seu olhar encontra o de Cadi. Os dois adolescentes se observam por alguns segundos. A jovem, como o padrão das amazonas que visitam Thais, neste momento histórico, é muito bonita. Tem cabelos castanhos longos ladeados por algumas tranças presas por pequenos apliques. Olhos castanhos, também. A amazona dolescente se refaz, assume uma expressão séria e desvia o olhar de Cadi. Segue com as demais amazonas por um corredor comprido, para onde a porta conduz. Cadi observa o grupo de amazonas se afastar no corredor.
Addae percebe o ocorrido e diz, discretamente, para Cadi: __Bonita, não? Aliás como as demais amazonas que vieram a Thais com Eloise.
__Rapaz... Responde Cadi. __O Exército de Carlin deve ser o exército mais bonito de todo o Tibia.
Genevieve que, para a surpresa dos dois amigos, ouvira o diálogo, intervém: __O exército mais bonito do Mundo é o de Ab'Dendriel.
O Tenente Bressi ri das afirmações e diz, por sua vez: __Beleza não vence batalhas, cadetes. Treinamento intenso, companheirismo e coragem, sim.
__Tá certo, Tenente. Mas já que Thais vai se aliar oficialmente a Carlin, pelo menos é o que se espera, bem que eu gostaria de lutar ao lado dessas amazonas da Eloise aí. Diz Cadi. __Seria um incentvo a mais para o meu companheirismo e coragem.
Todos riem do que Cadi acaba de dizer.
Genevieve, além isso, lhe dá um pequeno tapa no braço.
O grupo chega ao final das escadas, no andar térreo do Palácio. Logo depois, estão de volta ao pátio externo frontal. Genevieve e os outros ainda conseguem ver alguns poucos anões e elfos cuidando das respectivas montarias. Soldados e oficiais thaianos se dividem em pequenos grupos esparsos pelo pátio.
Cadi se dirige ao Tenente Bressi: __Muito origado, Tenente, por nos conduzir pelo Palácio. Foi um privilégio poder testemunhar aquela cerimônia.
__Não há de quê, Cadi...e cadetes. Na verdade vocês devem agradecer ao Mestre Trimegis e indiretamente, à cadete Genevieve aqui, hehe. Sem eles vocês dificilmente conseguiriam entrar no Palácio em uma situação como essa, de tumulto e correria. Responde Bressi.
__Caramba, que horas são? Indaga Addae olhando para o relógio dado por Augustus.
__Ihhh...quase uma hora da tarde. O pai da Gê vai tirar o nosso couro. Estamos bem atrasados. Diz Cadi.
__Ai, gente, meu pai vai ter que entender que nós fomos “convidados” para assistir a cerimônia aqui no Palácio. Diz Genevieve.
__Então se apressem, cadetes. Diz Bressi. __Caso não nos vejamos até o embarque, desejo-lhes uma boa viagem e que aproveitem bem tudo que aprenderão em Rookgaard. E que, uma vez incorporados às forças de Sua Majestade, honrem as cores e a bandeira de nosso amado Reino.
__Muito obrigado, Tenente. Responde Cadi. __Agradeça ao Capitão Baxter por nós.
__Obrigado por tudo, Tenente. Diz, por sua vez, Addae.
__Obrigada, Tenente Bressi. Foi ótimo conhecer o senhor. Diz Genevieve.
Após as despedidas, os tres amigos andam apressados na direção do Portão Principal do Palácio. Os guardas do destacamento no Portão os deixam sair. Os jovens alcançam a ponte e também são liberados pelos guardas postados no acesso.
Finalmente ganham a Royal Avenue. Ainda há bastante gente nas imediações do Palácio e circulando ao redor. Alcançam a esquina da Temple e descem na direção da esquina com a Main.
Cadi aponta para a loja de Sam e diz: __Veja, Addae, seu pai está saindo da loja e fechando as portas.
__Ele deve estar indo para a estalagem do Senhor Frodo. Hoje eu acho que ele vai almoçar lá. E eu também, hehe. Espero que a Hanna tenha avisado a ele que nós fomos ver a cerimônia no Palácio. Diz Addae.
Os tres jovens se aproximam de Sam, que, ao avistá-los, diz: __Oh, finalmente, meninos. Eu já estava indo almoçar lá no Frodo. Se quiserem me acompanhar, estão convidados.
__A Hanna disse ao senhor que nós entramos no Palácio, pai? Indaga Addae.
__Sim, filho, Hanna e Augustus passaram por aqui há pouco e me disseram que viram vocês sendo escoltados por guardas, para dentro do Palácio. Cheguei a pensar que tinham sido presos, hehe. Responde Sam.
__O senhor sabe se a Hanna foi na estalagem do Senhor Frodo avisar ao pai da Genevieve ou a alguém por lá que ela estava no Palácio? Pergunta Addae.
Genevieve intervem e diz: __A Hanna não conhece meu pai, Addae. E talvez nem tenha conseguido ouvir direito quando você gritou para ela, de dentro daquela escolta. Eu mesma vou ter que me explicar com ele, por causa do atraso.
__Pode deixar que eu e o Cadi falamos com ele, e explicamos que nós fomos ver a cerimônia no Palácio. Diz Addae.
__Deixa com a gente, Gê. A gente fala com ele. Não dava para você recusar um convite como aquele, do Mestre Trimegis. Diz Cadi.
__Não. Vocês só me dão apoio, mas deixem que eu falo com ele. Diz Genevieve.
__Vamos almoçar e eu tambem participo do time de apoio à Genevieve, para ela falar com seu pai, hehe. Diz Sam, em tom de brincadeira.
Os meninos relaxam um pouco ao ouvirem o que Sam acabara de dizer e riem.
Nisso, Sam repara no belo colar usado pr Genevieve: __Que belo colar, Genevieve. Não tinha prestado atenção nele quando você veio à loja, mais cedo...é muito bonito.
_Ah, o colar...bem, eu não estava usando quando eu vim na loja, mais cedo. Eu o ganhei depois, do senhor Augustus, na joalheria onde sua filha trabalha... Responde Genevieve.
__Augustus lhe deu o colar? Espanta-se Sam. __Muita generosidade da parte dele...é uma joia que parece ser bem cara...
__E não foi só isso, pai. Olha só. Diz Addae, mostrando o pulso e segurando o braço esquerdo de Cadi, para que Sam veja os relogios recebidos de presente.
__É...estou surpreso com esse desprendimento do Augustus, dando presentes que pelo menos não são baratos, para vocês...enfim...talvez eu selecione algumas armas de bom nível de minha loja e lhes dê de presente...talvez...hehe.
__Opa, bem que eu gostaria de ter aquela “Estrela da Manhã” que os Falcões venderam para o senhor, hoje mais cedo, senhor Sam. Diz Cadi.
__Calma, Cadi. Não de tão bom nível assim. Responde Sam em tom de brincadeira.
Addae e Genevieve riem.
Os quatro se dirigem à estalagem de Frodo.
A Temple ainda se encontra cheia de gente, indo de um lado a outro, devido à chegada das delegações. Mas há um clima alegre na cidade, um ar de novidade, como se novos tempos tivessem chegado à capital, com a presença dos soberanos estrangeiros.
Sam e os garotos chegam à estalagem. Frodo, do balcão, já os avista e grita: __Sam! Aquela mesa ali no canto já está reservada para você!
Sam faz um gesto com o polegar, como que respondendo positivamente e se dirige à mesa, com os meninos. Todos se sentam à mesa e Frodo vem atendê-los.
__Olá, Sam. Olá meninos. E então, como foi o passeio? Indaga Frodo.
__Foi ótimo, senhor Frodo, Inesquecível. Vi tanta coisa maravilhosa. Se adianta Genevieve. Mas em seguida, pergunta, um pouco apreensiva: __Meu pai está no quarto?
__Seu pai saiu cedo para tratar de uns assuntos pela cidade, mas até agora não voltou, Genevieve. Responde Frodo.
Genevieve faz uma expressão de alívio e diz, para Addae e para Cadi, discretamente: __Ufa...ainda bem que ele se atrasou...
Cadi respode: __Beleza....então ao inves dele brigar com você pelo seu atraso, você briga com ele por causa do atraso dele...
Genevieve e Addae riem.
Neste exato momento, Tokel adentra a estalagem, esbaforido e apressado. Vê Genevieve e os outros sentados à mesa, no canto, e se aproxima.
__Uff...oi filha...me desculpe o atraso...uff...estava em uma negociação com a dona de um hotel perto do Portão Sul...mas felizmente fechei um acordo para fornecer alimentos...uff...e como foi o passeio? Diz, ofegante, Tokel.
__Foi maravilhoso, pai. Conheci os templos de Thais, as arenas...e até o Palácio Real! Responde Genevieve.
Frodo diz a Tokel: __Senhor Tokel, conhece o armeiro Sam, pai do Addae, aqui?
Sam se levanta e estende a mão para Tokel: __Muito prazer, senhor...
Tokel também estende a mão, mas ao olhar para o rosto de Sam, fica como que paralisado, observando. Então, diz, balbuciando: __M-muito prazer.
__O senhor é o pai da Genevieve, não? Indaga Sam.
__S-sim... Responde Tokel. __Mas...diga-me, o senhor já esteve alguma vez em Greenshore?
__Bem. Completa Sam. __Apenas uma vez...foi há treze anos atrás...fiz parte do batalhão que foi levantar o cerco à cidade...e resgatar os habitantes e a guarnição, que estavam sitiados....
__Eu sabia...nunca me esqueci de suas feições... Diz Tokel. __Do soldado que se colocou entre a minha casa e um grupo de orcs...com dois machados nas mãos...e salvou a minha família...
Sam faz uma expressão de espanto. Seu olhar como se enxergasse longe, tentando se lembrar ou visualizar algo. Então diz: __O senhor...é aquele pai de família, que tentava impedir que os orcs...invadissem sua casa...
__Senhor...depois que o Exército nos trouxe para Thais, eu sempre quis encontrá-lo novamente, para mais uma vez agradecer. Diz Tokel, apertando, com as duas mãos, a mão direita de Sam.
Genevieve se levanta e diz: __Senhor Sam. O senhor é aquele soldado. De quem meu pai sempre nos falou. O soldado que salvou a vida de nossa família.
Addae, surpreso, diz: __Pai...que episódio foi esse??? Eu sempre acabo sabendo dessas coisas por outras pessoas. O senhor nunca conta nada!
__Eu contarei! Diz Tokel, com um olhar distante, como se tentasse lembrar ou visualizar uma cena distante no tempo: __Os orcs conseguiram romper a defesa em alguns pontos. Grupos de orcs tentaram invadir várias casas de Greenshore. Ao perceber isso eu corri do ponto da muralha onde estava para ver se tudo estava bem em minha casa, onde estavam minha esposa e minhas quatro filhas. Genevieve era apenas um bebê de colo. Era uma noite escura e chuvosa. Quando chego percebo um grupo de cinco orcs se aproximando de minha casa. Eu me coloquei entre eles e a porta de entrada. Eram todos muito fortes, musculosos, assustadores, com quase dois metros de altura. Eu estava com um escudo de madeira e uma clava. Queria gritar para que minha esposa e as crianças fugissem por alguma janela lateral ou traseira. Mas nem para isso tive tempo. Um dos orcs investiu contra mim. Com um halbert partiu meu escudo em dois e quase quebrou meu braço. Caí no chão com o impacto. Pensei que era o meu fim e o de minha família. Nisso o orc que me atingira emitiu um enorme urro de dor. O orc tentava alcançar alguma coisa nas suas costas, mas acaba caindo agonizante. Um guerreiro thaiano pula entre os orcs e eu, ao mesmo tempo em que segura e arranca um machado que estava encravado nas costas do orc morto. Esse guerreiro empunhava então dois machados e os movia em uma velocidade na qual eu mal conseguia enxergar seus movimentos. Atingia e se desviava dos orcs com uma agilidade descomunal. Sangue orc era projetado no ar, em todas as direções. Mais dois dos monstros caem inermes. Neste momento eu me arrasto, com dificuldade, para dentro de minha casa. Minha esposa e as crianças estavam encolhidas em um canto da sala, aterrorizadas com os grunhidos dos orcs e os ruídos de luta lá fora. Súbitamente os ruídos cessam. A porta da frente se move, fazendo um rangido que pareceu durar um século. Todos ficamos sem respirar naquele momento. O coração saindo pela boca. Um vulto aparece na porta e a luz da tocha acessa na sala ilumina seu rosto. Era o guerreiro thaiano, com a armadura e os machados manchados com sangue orc. Nunca me esqueci da fisionomia do soldado. Os anos se passaram mas eu sei que aquele guerreiro é este homem que está de pé diante de mim, aqui e agora.
__Bem, senhor. Diz Sam, um pouco encabulado com a situação. __Era minha obrigação. Fomos à Greenshore resgatar e salvar vidas. As que pudéssemos salvar. Felizmente pude ajudar a salvar sua vida e de sua família. Isso já me deixou imensamente feliz. E na verdade não fui eu quem abateu aqueles dois últimos orcs. Eu já estava cansado e apenas me defendia. Foram companheiros meus, arqueiros da Guarda, que chegaram em seguida e transformaram os dois orcs em paliteiros, de tantas flechas que os atingiram.
__Poxa, senhor Sam. Diz Cadi. __O senhor tem que sentar com a gente um dia e contar suas aventuras, quando servia na Guarda Real.
__É só dar uma boa caneca de cerveja que ele começa a contar tudo, ahahahaha. Diz Frodo, em tom de brincadeira.
Sam também ri do que Frodo acabara de dizer.
Genevieve então, subitamente, dá um terno abraço em Sam, que se surpreende.
__Senhor Sam. Diz Genevieve. __Eu gostei muito de conhecer o senhor, quando Addae me levou na sua loja. Agora que sei que o senhor é aquele guerreiro que salvou a vida de meu pai, de minha mãe, de minhas irmãs e a minha vida também, gosto mais ainda do senhor.
Sam, um pouco encabulado, toca o ombro de Genevieve, como que correspondendo ao abraço da jovem, e diz: __Como eu disse a seu pai, Genevieve, não há nada a agradecer. Cumpri com o meu dever, como Oficial da Guarda, como soldado do Exército Thaiano. Só o fato de terem sobrevivido, me basta. E me faz feliz.
__Deixa de modéstia, Sam. Diz Frodo. __Muitos companheiros seus de armas já contaram, nessas mesas aqui, na minha taverna, seus feitos como soldado do Rei.
Tokel então diz: __Estalajadeiro, arranje mais uma mesa e a junte a esta aqui. Hoje o almoço do senhor Sam é por minha conta. E dos meninos aqui também. Tokel se volta para Sam. __Espero que aceite a minha companhia para o almoço, Senhor. Isso me faria muito feliz. Seria para mim uma honra.
__M-mas é claro, senhor Tokel. F-ficaria feliz com a sua companhia. Mas por favor, não precisa pagar o almoço de todos. O meu e dos meninos aqui eu mesmo pago. Responde Sam, um pouco sem jeito.
__Eu faço questão, senhor. Rebate Tokel. __Seria um privilégio para mim
__Oba...boca livre. Diz Cadi, em um tom baixo, quase para si mesmo.
__Tatius!!!! Berra Frodo para Tatius, que está no outro lado do salão, servindo outros clientes, em outras mesas. __Pegue mais uma mesa no depósito e traga aqui!!!
Como das outras vezes, Addae, Cadi e até mesmo Genevieve, levam as mãos aos ouvidos para se protegerem dos berros de Frodo.
Tokel se dirige a sua filha: __Genevieve...onde você arranjou este colar que está usando???
__Ganhei de presente, pai. Do dono da loja onde a irmã do Addae trabalha...Responde Genevieve.
__Mas essa joia é cara, Genevieve. Responde Tokel. __Vou passar nessa loja e pagar por esse negócio aí.
__Nós também ganhamos presentes, senhor Tokel. Diz Cadi, enquanto mostra o relógio novo no pulso.
Addae também mostra o seu relógio.
__O gerente da loja onde minha filha trabalha aparentemente quis presentear os meninos, em função deles irem para Rookgaard. Diz Sam. __Eu também fiquei um pouco surpreso com a generosidade dele.
__Deixa, senhor Tokel. Uma “lembrancinha” para comemorar o início de uma nova etapa na vida de sua filha. E dos meninos aqui. Diz Frodo, dando uns tapinhas nas costas de Tokel.
__Lembrancinha? Indaga Tokel coçando a cabeça. __Bom, tudo bem. Não vou fazer a desfeita de pagar ou fazer Genevieve devolver...se ele quis presentear...
Addae toca no ombro de Cadi e aponta para a entrada da Taverna: __Veja, Cadi, veja quem acaba de chegar.
Cadi olha para a entrada e vê Arturos e René adentrando o recinto.
Addae acena para eles e grita: __Mestre Arturos!!! Senhor René!!!
Os dois guildanos, ao perceberem Addae e os outros no canto do salão, vêm em direção à mesa de Sam.
__Olá meninos....armeiro...senhor Tokel.... Diz Arturos, cumprimentando todos ali.
René, igualmente, cumprimenta a todos.
Arturos Olha para Addae e diz: __Já acomodamos nossos novatos no apartamento que Turvy alugou. Ela e Topsy já providenciaram almoço para eles. Agora eu e René vamos providenciar o nosso almoço, hehe. Digam-me jovens, conseguiram ver a entrada das delegações dos elfos e dos anões na cidade?
__Não só vimos a entrada das delegações, Mestre Arturos. Também estivemos presentes à cerimônia de recepção aos dignatários estrangeiros. Vimos tudo das galerias que dão para o Salão do Trono, no Palácio. Responde Addae, orgulhoso.
__Não me digam. Espanta-se Arturos. __Bem que eu gostaria de ter levado os alunos de minha guilda para ver esta recepção. Mas como não se sabia ao certo o dia da chegada das delegações, ou mesmo se viriam, e uma autorização real para entrar com os jovens guildanos no Palácio costuma demorar meses, não me foi possível levá-los à recepção. Devido ao tumulto nas ruas achei melhor nem tentar ver as delegações dos elfos e dos anões entrando na cidade. Mas isso evidentemente não impede que vocês me contem tudo o que viram na recepção. Estou curioso...
__Pai. Diz Geneveve, para Tokel. __Mestre Arturos nos mostrou a Arena dos Cavaleiros, bem como a Arena dos Paladinos. E ainda nos levou ao Porto, para vermos a chegada dos alunos das guildas. E outros alunos do Exército, também.
__Mesmo? Indaga Tokel. __Bem, senhor Arturos, ficaríamos felizes se se juntassem a nós para o almoço. Tudo por minha conta!
__Que isso, senhor Tokel. Rebate Arturos. __Não quero abusar de sua generosidade....
__Pois eu faço questão. Fechei alguns bons negócios hoje em Thais. Considere isso uma espécie de comemoração. Por favor, junte-se a nós. Insiste Tokel.
__Bem, se for assim....Diz Arturos.
__Tatius!!!! Mais uma mesa!!!! Grita Frodo em direção a uma das portas do fundo.
Tatius vem trazendo, esbaforido, uma mesa e duas cadeiras. Junta a nova mesa àquela onde Sam se encontra. Acomoda as cadeiras que trouxera. Troca alguns olhares e sorrisos com Genevieve e se prepara para buscar mais uma mesa.
__Eu te ajudo a trazer mais uma mesa e algumas cadeiras, Tatius. Diz Addae.
__Ufa...valeu, Addae. Responde Tatius. __Você trazendo as cadeiras já me ajuda muito, Deixa a mesa comigo...
Quando os dois jovens trazem e acomodam a mesa e as cadeiras restantes, todos, fora Frodo e Tatius, se sentam e formam um alegre e faminto grupo.
René lança alguns olhares para a porta da cozinha, na esperança de ver Lana.
Arturos se dirige a Sam: __Armeiro....o General Gregor falou a seu respeito. De quando você servia como oficial da Guarda. Pediu a seu filho aqui que lhe dirigisse desculpas da parte dele, Gregor. Devido às palavras que usou para tentar demovê-lo da idéia de deixar o Exército. Na verdade ele se referiu a você como um soldado valoroso. Por isso não queria que desse baixa da Guarda.
__Humpft.... Reage Sam. __Gregor nunca me enganou com aquela atitude. Eu bem sabia o que ele pretendia. Tentava atingir meus brios, para que eu não deixasse a Guarda. Mas eu já estava decidido. E sou muito feliz hoje em dia com a minha arte e com o meu ofício diante da forja.
__E posso atestar a qualidade das armas que produz. Complementa Arturos. __Todas de excelente nível. Se o Exército Real perdeu um grande guerreiro, Thais ganhou um excelente armeiro.
__Obrigado pelas palavras, senhor Belloc. Responde Sam. __É bom saber que o produto que sai de minhas mãos agrada aos meus clientes e fregueses.
__Mestre Arturos também já foi da Guarda Real, pai. Diz Addae. __Lutou no último conflito em Plains of Havoc, quando o Exército barrou a marcha dos monstros até Thais. Ele hoje é Mestre da Guilda “A Adaga”.
__Bem, parece que o senhor também tem histórias para contar, senhor Belloc. Diz Sam.
__Hehe...é...tenho algumas. Responde Arturos. __Prometi contá-las aos meninos durante a viagem para Rookgaard.
__Algumas são até difíceis de acreditar. Intervém René. __Mas podem crer...são verdadeiras.
__Como assim, viagem para Rookgaard??? Indaga Tokel. __Dizem que o Rei não permite que, fora os alunos e pessoas envolvidas com a Academia, viajantes de um modo geral possam ir à Ilha.
__Bem, senhor Tokel. Sam responde por Arturos. __É possível sim ir a Rookgaard. Desde que se consiga uma autorização real. Deve ser pedida com antecedência de meses e está submetida á discricionariedade do Rei. Ou seja, ele pode ou não conceder, dependendo de seu humor. O senhor Belloc aqui conseguiu uma autorização para comercializar armas em Rookgaard.
__Vou pedir uma autorização para comercializar alimentos por lá. Diz Tokel. __Assim posso visitar Genevieve na Academia.
__Não quero desanimá-lo, senhor Tokel. Intervém René. __Mas se souberem que o senhor é pai de uma aluna da Academia, dificilmente o Rei vai conceder uma autorização. Mestre Arturos aqui pediu sua autorização meses antes de inscrever seu filho na Academia. Por isso conseguiu. Se tivesse pedido depois, seria quase impossível ter uma resposta positiva.
__Mas vou pedir assim mesmo. Rebate Tokel. __E senhor Sam, se o senhor quiser eu mesmo esfrego na cara desse tal de General Gregor umas verdades. Eu mesmo conto a ele como o senhor salvou a vida de minha família, na Última Guerra.
__Hehe, não é necessário Senhor Tokel. Responde Sam. __São águas passadas. E ele conhece esse episódio. Vamos torcer e rezar para que Genevieve, Addae e os demais meninos façam um bom curso em Rookgaard. Que sejam felizes e se realizem neste caminho que começam a trilhar.
__Belas palavras para um brinde, armeiro! Entusiasma-se Arturos.
Ao ouvir isso, Tokel diz a Frodo: __Estalajadeiro! Não ouviu o senhor Belloc, aqui? Queremos brindar! Traga vinho e cerveja, refrescos para os meninos aqui. E o melhor que tiver preparado para o almoço! Quero esta mesa aqui sempre cheia e bem servida!
__Mas é claro, senhor Tokel! Agora mesmo! Responde Frodo. __Tatius. Traga cerveja e abra aquela garrafa de vinho. O da safra de antes da Guerra. E diga a Lana para preparar as travessas com o leitão e os frangos assados. Dê prioridade a esta mesa aqui. Eu cuido das outras.
__Claro, tio. Diz Tatius se dirigindo rápido à cozinha.
Genevieve, sentada entre Addae e Cadi, puxa os dois amigos para mais perto de si com os braços, como a abraçá-los e diz: __Addae e Cadi...nunca vou me esquecer desse dia maravilhoso....de tudo o que vi na cidade...a Torre...os Templos...as Arenas...o Porto...as amazonas, os elfos, os anões...as pessoas que conheci...a Recepção no Palácio...foi um dia de sonhos! Obrigada por tudo!
Addae e Cadi ficam um pouco encabulados com a cena, mas não escondem a alegria pela felicidade da jovem.
__É...parece que teremos muito assunto para comentar neste almoço. Diz Sam, em tom de brincadeira.
__Minha cara, faço questão que você narre para nós tudo o que viu naquela recepção. E mesmo antes de eu encontrá-los na Arena. Diz Arturos a Genevieve.
__Claro Mestre Arturos. Contarei tudo! Responde a jovem.
E na mesa do alegre grupo, servida fartamente por Tatius, que aproveita para ouvir também a narração de Genevieve, a conversa e os risos fluem animadamente, avançando pela tarde de mais um dia que passa. Tornando mais próximo o momento da partida. Da partida para Rookgaard.
Segue o capítulo 8 desta narrativa, após as respostas aos comentários. Muitíssimo obrigado àqueles que se dispuseram a comentar. O intervalo de postagem diminuiu um pouco, mas sei que ainda é muito grande. Estou tentando encurtá-lo. Aos que porventura continuam acompanhando, espero que gostem.
Um forte abraço a todos.
Spoiler: Respostas aos comentários
Postado originalmente por Melkener
Muito bom!
O Cadi e todo danado, kk.
Oi, Melkener. Valeu por comentar.
O Cadi gosta, às vezes, de ser o foco das atenções, bancando o engraçadinho, hehe.
Um grande abraço e volte a freqüentar a seção de Roleplaying.
Postado originalmente por Kerrod
Champz
Essa tua expansao do universo do jogo é muito criativa as guildas e talz o exercito
Teu script tem muita qualidade tem densidade mas tu vai ter que escrever muito para manter esse nivel alto
Mas continua com a bagaça que ta muito boa é um dos melhores scripts e textos de todos os que tenho visto no forum tua estoria tem um ritimo muito bom
Oi Kerrod, obrigado, mais uma vez, pelos seus comentários.
As guildas se constituem, a meu ver, em um universo interessante, de possibilidades várias, dentro do universo maior do Mundo de Tibia.
Muito obrigado pelas palavras de incentivo. Isto deixa os “escritores” de fics animados e com vontade de prosseguir.
Um grande abraço.
Postado originalmente por Lipe Tenebroso
aaaaaaaaaaaaa agora que eu entendi desculpe a nossa falha tecnica
foram cinco partes de um capitulo grandao por isso veio tudo de um vez
mas mesmo assim ve se nao demora a continuar estou gostando demais dessa fic ta ficando muito boa
foi foda demais a entrada das delegacoes na cidade e a cerimonia no castelo
Oi Lipe Tenebroso. Sempre bom vê-lo por aqui.
Incialmente, me desculpe por não ter postado uma resposta ao seu comentário do capítulo 6, mas quando fui postar o capítulo 7, recebei uma mensagem dando conta que tinha ultrapassado o número máximo de caracteres permitido por post.
Então tive que cortar tanto a pequena introdução ao capítulo como a resposta ao seu comentário, que eu já havia redigido. Senão não conseguiria enviar.
Mas é exatamente como você comentou, após o capítulo 7. Era um capítulo bem grande que foi dividido em cinco partes. Por isso os intervalos de postagem foram curtos, de uma semana, apenas. Já estava tudo redigido. Bem que eu gostaria de poder postar um capítulo novo a cada semana, hehe.
Saber que você gostou do capítulo me deixa muito alegre e motivado. Firme aí, hehe.
Um abração.
Postado originalmente por Iridium
Saudações!
Fiquei te devendo comentários desses dois últimos capítulos. Devo dizer que você está de parabéns! Estou adorando o andamento da história, de verdade!
Agurado ansiosamente pela chegada dessa galerinha em Rookgaard! Continue a escrever, que a sua história é sucesso!
Abraço,
Iridium.
Oi Iridium, saudações. Tudo bem?
Que isso, você não deve nada, ao contrário, já faz muito tentando manter a seção movimentada e atrair novos participantes. É como já referi anteriormente, comente quando der, quando puder, pois a correria da RL deixa a gente às vezes sem tempo
Claro que seus comentários, como eu já escrevi uma vez, são muito qualificados, ajudam muito e são sempre muito bem-vindos.
De qualquer maneira, é muito bom ler palavras de incentivo como as que você escreveu. Ainda mais de alguém que demonstra saber analisar e comentar textos com muita propriedade.
Muito obrigado, mesmo.
Um grande abraço para você.
Postado originalmente por Jackk Blades
Está otima como de costume, espero o proximo capitulo.
Abraços.
Oi Jackk Blades, tudo bem?
Valeu mesmo por vir aqui e comentar.
É o combustível de quem escreve fics, hehe.
Segue mais um capítulo.
Um grande abraço.
Capítulo 8 – A partida de Augustus.
Augustus e Hanna, de pé, seguram as mãos um do outro, enquanto trocam olhares, na sala de estar, logo após o café da manhã. No chão da sala, algumas malas e sacos que compõem a bagagem de Augustus. Nisso, Marta entra na sala e o casal se refaz, um pouco sem graça. Marta percebe e dá um pequeno sorriso, como se quisesse brincar com os dois jovens.
__Fiz alguns biscoitos para você comer no navio, Augustus. Diz Marta. __Procure comê-los no primeiro dia de viagem, para que não fiquem amanhecidos ou passados.
__Oh, não precisava, Dona Marta. Responde Augustus. __Bem, muito obrigado, de qualquer forma. Tenho certeza que devem estar deliciosos. Aliás, como tudo o que a senhora faz em termos de comida.
Sam desce as escadas, seguido por Addae.
__Bem, Augustus, Addae vai acompanhar você e Hanna até o cais, para ajudá-lo a carregar a bagagem. Eu mesmo iria, mas tenho que esperar, agora bem cedo, na loja, a chegada de um fornecedor de ligas metálicas. É uma das matérias-primas que utilizo para forjar as armas que comercializo. Diz Sam.
__Mas é claro, senhor Sam. Responde Augustus. __Eu compreendo, afinal também atuo no comércio, hehe. Sei como são essas coisas. Na verdade eu tenho muito a agradecer ao senhor, a Dona Marta, a Hanna, Addae e Enzo. Me trataram como um membro da família. Foi um privilégio ficar hospedado na casa de sua família encantadora. O senhor é um homem de muita sorte, senhor Sam.
__Que isso, Augustus. De nossa parte foi muito bom ter sua companhia. Sempre que vier a Thais, nossa casa está a sua disposição. Responde Sam.
__Obrigado, senhor Sam. Augustus se volta para Addae. __Obrigado por ceder seu quarto, Addae. Finalmente você ficará livre de mim e poderá reassumir o seu “cantinho”, hehe.
__Não, que isso senhor Augustus. Tá limpo. Eu é que agradeço esse relógio maneiro que o senhor me deu. Responde Addae, consultando, vaidoso, seu relógio de pulso.
Enzo, que acaba descer as escadas correndo, diz: __Eu também quero um relógio!!!
__Enzo... Diz Hanna, meio que censurando seu pequeno irmão.
__Ehehe, vamos fazer o seguinte, Enzo. Diz Augustus. __Eu devo estar de volta a Thais mais ou menos daqui a um mês. Escolherei, na matriz da joalheria, em Venore, um relógio bem legal, e trarei para você. Combinado?
__Hum... tá bom. Responde Enzo, não escondendo uma ponta de desconfiança.
__Então estamos combinados, parceiro. Responde Augustus, estendendo a mão para Enzo.
O irmão caçula de Addae estende a mão para Augustus, selando o “acordo”.
Os pais e irmãos de Enzo esboçam um discreto sorriso, impressionados com a habilidade de Augustus em conter os ímpetos do pequeno.
Então, Sam diz: __Bem, pessoal. Vou indo. Tenha uma boa viagem, Augustus. E quando retornar à Capital lembre-se, nossa casa está a sua disposição. E Addae, aguarde o navio de Fearless zarpar, junto a Hanna. Depois a acompanhe até a joalheria. Em seguida, te aguardo na loja...
__Tá no esquema, pai... Responde Addae.
__Bom trabalho, senhor Sam. Muito obrigado por sua hospitalidade. Diz Augustus, apertando as mãos do armeiro.
Após Sam se despedir de todos, e sair, Augustus abraça Marta e diz: __Mais uma vez, muito obrigado, Dona Marta, por me fazer sentir como um membro desta família. Levarei sempre todos aqui na mente e no coração.
__Considere-se um membro da família, Augustus. Foi muito bom ter a sua companhia, nesses dias. Como Sam disse, a casa está a sua disposição.
Augustus afaga os cabelos de Enzo, brincando. __Estamos combinados, parceiro... Diz Augustus piscando um olho e apontando o dedo indicador para o menino.
__Isso aí, parceiro. Responde Enzo, piscando também um olho e apontando, da mesma forma, o dedo indicador para o comerciante.
Depois das despedidas, Augustus, Hanna e Addae ganham as ruas. Hanna segura o braço direito de Augustus, que, por sua vez, segura uma bolsa na mão esquerda. O casal conversa animadamente. Addae vai levando uma pequena caixa sob o braço esquerdo e uma bolsa segura pela mão direita. O trio sobe a City Wall, alcançando a esquina com a Main Street.
Pequenos flocos de neve começam a cair sobre a cidade, deixando os transeuntes encantados.
__Vejam! Diz Hanna. __É a primeira vez que neva neste inverno. __ Que lindo!
__Verdade. Responde Augustus. __Finalmente. Este tem sido mesmo um inverno atípico.
__É... maneiro. Diz Addae. __ A única coisa chata é ter que limpar a calçada em frente à casa, quando cai uma nevasca daquelas...
__ Deixa de ser preguiçoso, Addae. Rebate Hanna.
__ Preguiçoso, é? Protesta Addae. __ Pensa que é mole tirar a neve com a pá, quando cai um metro de neve durante a noite???
Augustos ri um pouco do diálogo, mas procura desviar o assunto: ___ Sabe Addae.... fiquei realmente impressionado com o seu relato, ontem à noite, a respeito do dia maravilhoso que você, Cadi e Genevieve tiveram.
__ Foi um dia irado, Senhor Augustus. Eu e o Cadi só queríamos levar a Genevieve para um passeio pela cidade. Nunca imaginaríamos que tanta coisa interessante aconteceria...
__Eu e Hanna ficamos surpresos, quando vimos vocês três sendo conduzidos por aquela escolta de guardas, juntos àqueles dois sábios, para dentro do Palácio Real. De início achei que vocês tinham sido presos, hehehe...
Diz Augustus.
__Sorte nossa que a Genevieve conhecia o Trimegis. Ele quem nos colocou para dentro, na verdade. Responde Addae.
__Deve ter sido maravilhoso presenciar a recepção aos dignitários estrangeiros... Suspira Hanna.
__Muito legal. As figuras dos patriarcas elfos, do Imperador Kruzak e de Eloise são muito imponentes e impressionantes. Completa Addae. __Também impressionam os súditos e guardas que vieram com eles.
Neste momento o trio passa diante da Arena dos Cavaleiros.
__Não foi só no Palácio que coisas interessantes aconteceram. Diz Addae.
__Tanto nesta Arena aqui, como na dos paladinos, e mesmo na Torre, conhecemos e conversamos com pessoas muito legais. Foi bom também rever o Monge Quentin e a Professora Lynda, nos templos.
Addae então avista o guerreiro que fica de sentinela na entrada da Arena dos Cavaleiros. É o mesmo do dia anterior. O mesmo guerreiro a quem Arturos se dirigiu, para informar que os jovens estavam com ele, e que poderiam entrar. Addae lembra de seu nome e lhe dirige, da rua, um aceno.
__Bom dia, Senhor Rheno!
O guerreiro tem a atenção chamada por Addae, e dirige, de volta, um aceno para o jovem aspirante, junto com um sorriso simpático, parecendo se lembrar do ocorrido no dia anterior.
__Está ficando uma pessoa importante na cidade, hein, Addae?
Pergunta Hanna, em tom de brincadeira.
__Ah, ele só se lembrou de mim porque o Mestre Arturos disse a ele que estava comigo, com o Cadi e com a Genevieve. Assim nos deixou entrar... só isso.
Responde Addae.
__Quando você voltar de Rookgaard como um oficial da Guarda, poderá entrar sozinho, Addae. Diz Augustus.
__Ah, claro. E não vou sair daí de dentro, hehehe. Gostei muito da Arena. Responde Addae.
Augustus e Hanna riem.
Os três vão caminhando pela Main Street, passam pela esquina com a Temple, em seguida alcançam a esquina da Harbour e finalmente se aproximam do Cais Suspenso.
Há certo encantamento no ar com os flocos de neve que caem sobre os telhados, sobre a rua e sobre os ombros e cabeças das pessoas.
Quando o trio se prepara para subir ao nível do cais suspenso, alguns estivadores se oferecem para ajudá-los com a bagagem de Augustus. Augustus aceita e, após subirem na grande estrutura de madeira, dá algumas moedas, como gorjeta, aos trabalhadores do Porto.
O Cais e suas imediações estão submetidos a uma intensa movimentação de pessoas e de cargas, levadas pelos estivadores. Addae repara que além do Albatroz, o navio do Capitão Fearless, há outro navio, um pouco menor, atracado na extremidade sul do Cais. No espaço livre entra as duas embarcações, alguns estivadores se preparam para a chegada de um terceiro navio, menor do que os outros dois, e que manobra ao largo.
Augustus coloca algumas etiquetas nos volumes pertencentes a sua bagagem, e instrui outros estivadores no sentido de levarem a bagagem para o Albatroz. Há muitas pessoas no Cais, passageiros, acompanhantes e trabalhadores, esperando a partida do Capitão Fearless para Venore.
Augustus e Hanna seguram as mãos um do outro e sussurram algumas palavras.
Addae, um pouco sem graça, diz: __Eu vou dar uma caminhada lá para a parte sul do Cais, enquanto vocês aguardam o Capitão Fearless chamar para o embarque...
Augustus e Hanna assentem com um sorriso.
Addae vai caminhando para a parte sul do Cais, observando o intenso movimento dos trabalhadores. Então avista Luke, o administrador do Porto. Luke dá instruções para alguns estivadores enquanto faz anotações em um papel sobre uma espécie de prancheta.
Addae se aproxima de Luke e diz: __Bom dia, Senhor Luke.
Luke, sem tirar os olhos do papel, no qual faz algumas anotações, responde um pouco lacônico: __ Bom dia...
__O senhor sabe onde está o Struggle? Não estou conseguindo vê-lo aqui no Cais... Diz Addae.
Ao ouvir a menção a respeito de Struggle, Luke levanta os olhos do papel e olha para Addae: __O Struggle? Bem, eu dei a ele um dia de folga. Ele trabalhou duro ontem, no descarregamento do Albatroz. Hum, você é um daqueles aspirantes que estavam ontem aqui no Cais, não? Vou te dizer uma coisa, aquele tal de Tenente Leroy é bem folgadinho...
Addae coça a cabeça, surpreso e um pouco sem graça, e responde: __É... eu vou para Rookgaard, junto com o Struggle. Ele é um de meus melhores amigos. Pensei em vê-lo, hoje, aqui no Cais.
__Rapaz... Responde Luke. __Essa história do Struggle ir para Rookgaard pegou a todos nós aqui no Porto de surpresa. Todos por aqui davam como certo que ele se incorporaria à tripulação do Capitão Bluebear... o próprio Capitão Bluebear queria muito isso... ele tinha grande consideração pelo pai do Struggle...
__É... eu sei... mas ele seguindo a carreira militar vai poder ficar mais próximo à mãe e à avó dele... Responde Addae.
__Bem, espero que ele esteja fazendo a escolha certa... Diz Luke.
Addae, então, pergunta: __ Aquele navio ali atracado na extremidade sul do Cais... o senhor sabe para onde ele vai?
Luke dá um sorriso um pouco debochado e diz: __Claro que sei, garoto. Sou o Administrador do Porto. Tenho que saber tudo a respeito dos navios que chegam e que partem... aquele é o Marlin, o navio do Capitão Dreadnought. Parte hoje mesmo, dentro de uma hora, para a Ilha de Dawnport. Aliás, vai transportar um bando de estudantes, como aqueles que estavam ontem aqui no Cais. Por falar neles, estão subindo agora mesmo para o Cais, ali, pela escada da extremidade sul.
__Ah ta, entendi... Addae se surpreende ao ouvir a menção a respeito de Dawnport.
Observa, de longe, vários jovens subindo ao Cais, com sacos e mochilas nas mãos. Reconhece, entre eles, alguns que estavam alojados no edifício de Struggle e que tinham passado, a cavalo, por ele, Addae, no dia anterior, próximo à casa de Cadi. Reconhece também três adultos que acompanham os jovens: Grosvenor, da Guilda dos Aventureiros e que discutira com o proprietário do prédio de Struggle, como também Lars Sorensen e Uwe, cavaleiros da Sociedade dos Exploradores e que estavam no cais, também no dia anterior, para recepcionar os alunos da Sociedade que vão para Rookgaard.
Addae murmura baixinho, como que pensando: __Hummm... são os aspirantes da Guilda dos Aventureiros e da Sociedade dos Exploradores, que vão estudar em Dawnport... não sabia que partiriam hoje... Então, indaga novamente a Luke: __ E aquele navio que está manobrando ali, se aproximando para atracar?
__Aquele é o navio do Capitão Kurt, o Calamar. Responde Luke. __Geralmente faz a rota Thais, Rookgaard e Ilha do Destino, uma ilha que fica ao norte de Rookgaard... Às vezes percorre outras rotas...
__Entendo... bem, obrigado pelas informações, Senhor Luke...vou andar um pouco mais pelo Cais... Diz Addae.
__Ok, filho... mas evite ficar perto da área de atracação do Calamar, para não atrapalhar os trabalhos de amarração... Responde Luke.
__Er... sim, senhor... Diz Addae, enquanto caminha mais para a parte sul do Cais. Aproxima-se de uma pilha de caixotes, dividindo sua atenção entre observar o embarque dos aspirantes de Dawnport, na extremidade do Cais, e a aproximação do Calamar.
O navio do Capitão Kurt desliza e manobra suavemente para perto do atracadouro, até que seus tripulantes, cerca de cinco marinheiros, possam jogar as cordas para os estivadores postados perto das defensas. O navio é puxado e amarrado nos cabeços instalados no Cais.
Addae observa que, aparentemente, o Calamar parece não trazer passageiros, pois só consegue divisar os tripulantes do veleiro. Mas em seguida, três homens aparecem no convés, vindos da cabine localizada embaixo da ponte de comando. Addae percebe que um dos homens, de cabelos ruivos, traja uma vestimenta militar, de um tom esverdeado. Identifica nele uma insígnia de capitão. Outro deles usa uma túnica elegante, em tons cinza e vermelhos e com ombreiras azuladas. O terceiro, um homem alto e forte, usa um traje de cor marrom, de muito bom gosto, como os trajes que os cavaleiros e guerreiros costumam usar sob suas armaduras. Tem os cabelos grisalhos, apesar da aparência jovial.
Os três homens, carregando suas respectivas bagagens, desembarcam e param, no Cais, diante da embarcação. Pousam a bagagem sobre o pavimento de madeira do Porto e parecem procurar, com o olhar, por alguém que aparentemente deveria estar aguardando pela chegada deles.
Subitamente, da Ponte de Comando, um homem alto e gordo, que aparenta ser o Capitão do Navio e que Addae julga ser o Capitão Kurt, grita, com uma voz potente, para um dos três passageiros que acabaram de desembarcar: __Mestre Asralius, retornarão comigo para Rookgaard??? Zarparei amanhã para Greenshore, para levar um carregamento e trazer outro, mas devo estar de volta a Thais dentro de uma semana. No mesmo dia retorno para Rookgaard e para a Ilha do Destino!
O homem com a túnica responde: __Não precisa se preocupar conosco, Capitão. Muito provavelmente retornaremos no navio do Capitão Bluebear, com os novos aspirantes.
__Ok, então... Responde o capitão, voltando em seguida aos afazeres no navio atracado.
Os três homens começam a entabular uma conversa. Addae procura se esconder atrás da pilha de caixotes para escutar, sem ser notado.
__Não há um soldado ou tenente para nos receber e levar ao Palácio? Enviei de Rookgaard uma correspondência para o Kahs, um mês atrás, dando conta que deveríamos chegar por esses dias. Eles deveriam checar toda manhã para ver se avistavam o Calamar. Seria muita falta de consideração não mandar uma escolta para nos receber. Na verdade seria bem típico do Kahs fazer isso. Reclama o militar.
__Calma Capitão... Responde Asralius. __Devem ter avistado o navio lá do Palácio. Algum oficial deve estar a caminho... Ah, veja, um tenente acaba de subir ao Cais!
Ao ouvir isso, Addae olha para a extremidade norte do Cais e consegue identificar o Tenente Leroy vindo em direção ao trio, escoltado por dois soldados.
Assim que o tenente se aproxima dos três viajantes, se perfila, juntamente com os dois soldados que o acompanham e bate continência para o capitão: __Capitão Vascalir, seja bem-vindo a Thais, senhor.
__À vontade, tenente... pensei que teríamos que levar nossas bagagens até o Palácio. Murmura Vascalir
__De modo algum, senhor. Designei alguns soldados para que observassem, da Torre Sudoeste do Castelo, o Porto, e caso avistassem a aproximação do Calamar, me avisassem imediatamente. Responde Leroy.
__Muito bem, Tenente... Diz Vascalir. __Quero crer que conheça os mestres Asralius e Hykrion. Mestre Asralius é sacerdote no Templo de Rookgaard, e Mestre Hykrion é instrutor na Ilha do Destino...
__Claro Capitão. Responde Leroy. Então se volta para Asralius e Hykrion, cumprimentando-os. __É um prazer recebê-los em Thais, mestres.
__Obrigado, Tenente. Respondem, em uníssono, Asralius e Hykrion.
Addae, ouvindo a conversa, escondido atrás da pilha de caixotes, murmura baixinho para si mesmo: __Caramba, eles são professores em Rook...
Vascalir continua: __Diga-me, tenente, que belo navio é aquele que avistamos atracado no Porto Externo, quando nos aproximávamos de Thais? Parecia estar sendo guardado por um destacamento de soldados.
__É um navio carlinês, Senhor. Responde Leroy. __Aquele navio trouxe a Rainha Eloise a Thais.
__Incrível... Espanta-se Vascalir. __E-ela veio mesmo... não pensei que tivesse coragem...
__Eloise em Thais... quem diria. Diz Hykrion.
__Mas que notícia alvissareira. Entusiasma-se Asralius. __O tão almejado tratado pode se tornar realidade... que os Valar nos ajudem!
Vascalir meio que indaga: __Tenente... os elfos e anões...?
__As delegações de Ab’Dendriel e de Kazordoon chegaram ontem, Senhor, juntamente com o navio de Eloise. Responde Leroy.
__Estou muito esperançoso com estas notícias... Interfere Asralius. __Se Thais, Carlin, Ab’Dendriel e Kazordoon firmarem uma aliança, Ferumbras terá muitas dificuldades na hipótese de um novo ataque.
__Confesso que nunca tive muitas esperanças no sentido deste tratado concretizar-se. Diz Hykrion.
Vascalir, então, pergunta: __ Tenente... na carta que recebi do Alto-Comando, havia menção à possibilidade de recebermos alunos estrangeiros...
Leroy logo emenda: __Senhor, as delegações estrangeiras trouxeram alguns jovens, atendendo ao convite de Sua Majestade, no sentido de cursarem a Academia... isto obviamente se o tratado for assinado por estes dias...
__Isso que eu temia... isso não vai dar certo... Responde Vascalir, em um tom desolado.
__Mas por que isso o preocupa, Capitão? Indaga Asralius.
__Mestre Asralius... Responde Vascalir. __Rookgaard tem uma tradição de cinco séculos. Ali são formados os oficiais do Exército de Sua majestade e os líderes das guildas autorizadas pelo Rei. Os alunos, ali, entram em contato com assuntos de estado, de segurança nacional. Aprendem técnicas e estratégias de combate utilizadas por Thais. Não acho aconselhável que estrangeiros recebam tal tipo de informação e de formação. É como se estivéssemos passando informações, táticas e estratégias para outros reinos. Isso poderia ser usado contra Thais, um dia...
__Sob esta ótica, de fato, isto seria preocupante... Complementa Hykrion.
__E outra coisa... Continua Vascalir. __Esses jovens estrangeiros teriam que ter, como convidados, um tratamento especial. Como eu poderia, na função de Reitor da Academia, aplicar plenamente as normas de disciplina sobre eles, em eventuais infrações às regras de conduta? Isso seria considerado um incidente diplomático...
__Isto também seria um problema. Concorda Hykrion.
__Capitão... Diz Asralius. __Se estamos em vias de assinar um tratado com esses reinos, passar informações e técnicas de combate para jovens oriundos dos mesmos reinos não se constituiria em um problema, a meu ver, pois em caso de conflito todos estaríamos do mesmo lado. E sobre a questão da disciplina, já pensou na hipótese desses jovens estrangeiros se revelarem bons alunos, ou mesmo alunos exemplares? Sejamos otimistas, Capitão.
__Lamento Mestre, mas não compartilho de seu otimismo. Até espero que esteja certo, mas a idéia de alunos estrangeiros em Rookgaard me incomoda, realmente. Rebate Vascalir, que em seguida, indaga ao Tenente Leroy: __Tenente, sabe alguma coisa a respeito do Príncipe? O Alto-Comando também se referiu a ele, no Ofício que me enviou...
__Er... bem, Senhor. Responde Leroy. __Fiquei sabendo sobre essa questão hoje cedo... muitos no Palácio ficaram surpresos... parece que está confirmada a ida do Príncipe...
__Outro problema gigantesco... Resmunga Vascalir. __Como posso exercer minha autoridade sobre o filho do Rei? Príncipes devem ser educados por tutores especiais, na Corte...
Addae, escondido, arregala os olhos, surpreso, ao ouvir isso e murmura baixo, para si mesmo: __O Príncipe... em Rookgaard?
__Calma, Capitão. Insiste Asralius. __Será uma turma bem, digamos, original. Mas pode ser interessante.
Ao ouvir isso, Vascalir olha para Asralius, com uma expressão de ceticismo. Então, indaga novamente a Leroy: __Tenente, quantos alunos inscritos este semestre?
__Senhor, algo inusitado aconteceu este semestre... Responde Leroy. __Temos 19 aspirantes ao Exército de Sua Majestade... 39 alunos enviados pelas guildas... somados aos 9 jovens estrangeiros e incluindo o Príncipe Pedro, seriam ao final 68 alunos. Isso se Sua Majestade não aceitar ainda alguma inscrição intempestiva...
__68??? Isto é sério, Tenente??? Espanta-se Vascalir.
__Errr... sim Senhor, Capitão. Responde Leroy. __Eu mesmo recebi, ontem, aqui neste cais, os alunos que chegaram no navio do Capitão Fearless, vindos de outras cidades.
__Por Banor! 68??? Espanta-se, também, Hykrion. __Do que conheço da História da Academia, nunca li ou ouvi falar a respeito de uma turma tão grande!
__Notável. É bom saber que Rookgaard ainda desperta o interesse dos jovens do Reino. Será para nós um desafio formar uma turma tão grande... Diz Asralius.
__Turma grande? É uma turma gigantesca. Completa Vascalir. __Ao longo dos últimos anos, quando conseguíamos que as inscrições ultrapassassem o número de 10 alunos, era motivo de comemoração. Mas concordo que é um sinal de que Rookgaard ainda mantém sua mística. As instalações da Academia, como os dormitórios, após as últimas reformas, conseguem absorver 19 novos aspirantes ao Exército... mas a pensão de Lee’Delle... 39 guildanos, somados aos que lá já estão cursando a Academia... acho que alguns alunos terão que dormir no chão...
__Lee’Delle dará um jeito, Capitão. Diz Asralius. __Ela deve ter camas sobressalentes em seu depósito. Deve ficar contente, pois vai faturar um bom dinheiro com tantos hóspedes bancados pelas guildas... o Capitão Santiago também deve gostar da novidade... via de regra, os aspirantes o idolatram, ele tem um jeito especial de angariar a simpatia dos alunos...
__Humpft... Santiago. Resmunga Vascalir. __Aquela filosofia cuca fresca dele, em minha opinião, mina a disciplina militar. Ele não se decide se é um Capitão do Exército, ou um pescador... mas se o Alto-Comando o considera um bom instrutor, não serei eu quem vai contestar... além de tudo habita na Ilha do Sul, ao invés de ficar na Academia, como a maioria dos professores...
__Ora, Capitão, ele tem conseguido verdadeiros milagres, dissuadindo alunos em relação a comportamentos reprováveis, brigas, etc... é uma influência muito positiva sobre os jovens. Todos os alunos que me procuram para conversar ou em busca de alguma orientação falam muito bem do Capitão Santiago. Na verdade acho que vocês dois se complementam. O senhor morde, ele assopra, ahahahah. Diverte-se Asralius.
__O Capitão Santiago é um instrutor fenomenal. Diz Hykrion. __Os alunos que chegam à Ilha do Destino tem vindo com um preparo muito bom de Rookgaard, no manuseio das armas e técnicas de combate físico. Isto facilita o meu trabalho de complementação e especialização nas técnicas de combate. Não se poderia esperar menos de um oficial da lendária Legião Vermelha.
Neste momento, Vascalir tem sua atenção voltada para a parte sul do Cais, onde os alunos que vão para Dawnport embarcam no navio do Capitão Dreadnought. __Tenente... Pergunta Vascalir. __O que está acontecendo ali na parte sul do Cais? Há um grande grupo de jovens embarcando...
Addae, ao perceber que o trio direciona o olhar para a parte sul do Cais, procura se encolher mais ainda atrás da pilha de caixotes, para não ser descoberto.
__Ah, aquilo. Responde Leroy. __Bem, Capitão, lamento informar que Sua Majestade finalmente autorizou o funcionamento da Academia da Guilda dos Aventureiros, na Ilha de Dawnport. Aqueles jovens constituem a primeira turma a estudar nessa academia. São dez alunos da própria guilda, mais seis da Sociedade dos Exploradores...
__Não posso acreditar... Diz Vascalir com uma expressão de inconformismo. __As cartas enviadas do Alto-Comando garantiam que essa academia jamais seria autorizada.
__O Rei autorizou no final do ano passado, Senhor. Diz Leroy. __Dizem que a guilda “comprou” a autorização com quilos e quilos de moedas de cristal. Sua majestade acabou seduzido pela “argumentação” da guilda. De qualquer forma, a autorização implica na total submissão ao Rei de todo o conteúdo programático do curso. E a mesma autorização é em caráter precário, ou seja, pode ser suspensa ou anulada a qualquer momento, segundo a discricionariedade de Sua Majestade...
__Isso é um absurdo... Resmunga Vascalir. __Como se pode conceber uma academia para futuros guerreiros, sem que seja diretamente administrada pelo Exército Real? O Rei vai se arrepender por ter autorizado...
__Não temos como saber se esta nova academia dará certo ou não, Capitão. Contemporiza Asralius. __Só o tempo dirá... de qualquer forma isso jamais abalará a mística e a tradição de Rookgaard, que faz parte da própria História do Reino Thaiano.
__Rookgaard é eterna. Complementa Hykrion. __O verdadeiro berço dos guerreiros lendários... dos heróis. Não devemos nos preocupar em relação a esse novo instituto dos Aventureiros, Capitão... veja que neste semestre estamos recebendo 68 novos alunos...
Neste momento um veto frio e cortante começa a soprar sobre o Cais, vindo do oceano. Começa a nevar com mais intensidade e Addae se encolhe mais ainda atrás da pilha de caixotes.
__Bem, Tenente. Diz Vascalir. __O Alto-Comando nos convocou, aqui estamos. Provavelmente nos falará a respeito dessas “novidades”, às quais você se referiu. Conduza-nos ao Palácio...
__Claro, Senhor. Responde Leroy. Em seguida dá instruções aos dois soldados que o acompanham, no sentido de levarem as bagagens dos mestres de Rookgaard. O grupo então vai caminhando para a extremidade norte do Cais.
Addae finalmente sente-se aliviado, por poder relaxar e sair de trás da pilha de caixotes.
__Desculpe, garoto, mas precisamos levar estes caixotes para o navio. Um estivador, acompanhado de outros dois, pede a Addae que se afaste da pilha, para que possam colocar a carga no Calamar.
__C-claro, senhor... desculpe-me. Responde um surpreso Addae, que não notara a aproximação dos estivadores, uma vez que ainda acompanhava, com o olhar, o grupo de seis homens se encaminhar para a saída norte do Cais.
Addae observa mais um pouco, ao longe, os alunos de Dawnport embarcarem na extremidade sul do Cais.
Em seguida se dirige à parte norte, onde ocorre o embarque de passageiros, Augustus incluído, no navio do Capitão Fearless.
__Última chamada para embarque!!! Última chamada para embarque!!! Passageiros para Venore!!! O Albatroz vai zarpar!!!
Addae ouve o chamado em voz alta de um dos marinheiros do Capitão Fearless, postado na sacada do convés, à medida que se aproxima de onde estão Hanna e Augustus.
Alguns passageiros que ainda se encontram no Cais, se despedem de familiares e amigos. Vão atravessando a passarela de madeira, enquanto um marinheiro vai conferindo os bilhetes de passagem.
Augustus e Hanna permanecem no Cais segurando as mãos um do outro.
Hanna, ao ver Addae se aproximando, diz: __Addae, onde se meteu? Augustus já vai embarcar.
__Estava vendo a chegada daquele navio ali. Diz Addae, apontando para o Calamar.
Augustus segura as mãos de Hanna entre suas próprias mãos, e as leva até seus lábios. Beija-as e diz: __Até breve... meu anjo...o mais tardar dentro de um mês estarei de volta a Thais. E na próxima viagem a Venore, você irá comigo. Quero que conheça minha família. E quero que minha família a conheça. Trarei alguém da matriz para ficar cuidando da joalheria, durante nossa estadia em Venore...
__Que os Valar o protejam na viagem, meu amor. Estarei esperando... Diz Hanna.
Augustus se volta para Addae. __Até um dia, Addae, meu amigo. Sinto muitíssimo não estar por aqui quando de sua partida para Rookgaard. Meus pensamentos e preces estarão sempre com você e com seus amigos. Quando o vir novamente, já será praticamente um adulto, e um bravo guerreiro, tenho certeza. Sempre que consultar as horas em seu relógio, lembre-se de mim, hehehe.
__Claro que lembrarei, Senhor Augustus. O Cadi e a Genevieve também lembrarão. Muito obrigado pelos presentes. Responde Addae, enquanto aperta a mão de Augustus.
Augustus mais uma vez beija as mãos de Hanna e se dirige à passarela de embarque. Após embarcar, se posta na sacada do convés, e passa a acenar para Hanna e seu irmão.
Hanna e Addae acenam de volta.
Os estivadores desamarram os cabos e os atiram para a tripulação do Albatroz. Outros trabalhadores empurram o navio utilizando grandes varas. Os marinheiros soltam o velame e a embarcação vai se afastando suavemente do Cais.
Os passageiros acenam se despedindo de seus parentes e amigos no Porto. Augustus continua acenando para Hanna e Addae, até que o Albatroz alcance uma distância considerável em relação ao Porto.
__Ai... vamos Addae. Diz Hanna. __Espero que ele chegue a salvo em Venore...
__Tranquilo... ele está em boas mãos... nas mãos do Capitão Fearless e sua tripulação. Responde Addae, tentando tranqüilizar sua irmã. __Papai pediu para eu te levar até a joalheria. Depois vou para loja.
Addae e Hanna se dirigem à escada norte do Cais, descem ao nível da rua e vão seguindo pela Main Street. Quando cruzam a esquina com a Temple Street, Addae olha na direção da Royal Avenue, e as lembranças e imagens do dia anterior retornam a sua mente, principalmente a cerimônia no Palácio.
E no Palácio Real, naquele instante, em um salão contíguo ao Salão do Trono, a forte batida de mão sobre uma enorme mesa, situada no meio do salão, ecoa no recinto: Tum!!!
__Céus, mulher!!! Não consegue compreender??? Para que haja mais eficiência nos combates e deslocamentos se faz necessário que as tropas humanas estejam submetidas, todas elas, a um comando único!!!
Um pouco afastados da mesa, sentados em cadeiras ao redor e observando as negociações, juntamente com os demais membros do Conselho Real de Magos e Druidas, Eclesius e Trimegis demonstram certo nervosismo e ansiedade em relação aos termos e ao tom de voz utilizados pelo Rei, ao dirigir-se a Eloise. Eclesius, inconformado com os modos de seu Rei, faz menção a intervir na discussão, mas Trimegis, temeroso por seu velho mestre, lhe segura o braço e diz, sussurrando: __Por favor, Mestre Eclesius, não faça isso... não enerve o Rei mais ainda... a situação já está muito difícil...
Eloise, sentada no lado da mesa diametralmente oposto ao de Tibianus, levanta-se, coloca as palmas das mãos contra a superfície da mesa e, encarando firmemente o Monarca de Thais, diz, incisiva: __Preste bastante atenção, Tibianus, pois eu só vou falar mais uma vez... nunca... jamais... em hipótese alguma, minhas guerreiras ficarão subordinadas ou submetidas ao Alto-Comando Thaiano. O que estamos tentando construir e firmar aqui, juntamente com os soberanos de Ab’Dendriel e de Kazordoon, é um acordo entre iguais. Não cabe aqui se falar a respeito de qualquer tipo de subordinação, mas sim em coordenação... ajuda mútua...
O clima no salão fica pesado, tenso, olhares nervosos e ansiosos são trocados entre os soberanos. Como também entre as delegações que os acompanham e assessoram.
Então Eroth, o patriarca elfo da casta dos Cenath, posicionado, junto com os outros dois patriarcas, Faluae e Elathriel, no lado esquerdo da mesa, sob o ponto de vista de Tibianus, levanta-se e diz, pausadamente e em um tom que denota serenidade, ao Soberano de Thais: __Majestade, se me permite... veja, nós em Ab’Dendriel temos tentado, ao longo dos últimos anos, restabelecer relações com o reino élfico de Shadowthorn. Temos conseguido alguns pequenos avanços. Gostaríamos de trazer Shadowthorn, futuramente, para este tratado, que estamos tentando firmar aqui. Mas se sugeríssemos, se apenas sugeríssemos ao Rei Dharalion, que seus guerreiros ficassem subordinados aos chefes militares de Ab’Dendriel, poríamos tudo a perder. Sugerir a um soberano que suas forças fiquem subordinadas a um governo estrangeiro soaria quase como uma ofensa...
Ato contínuo, o Imperador Kruzak, sentado no lado direito da mesa, em relação a Tibianus, complementa: __Nos também, em Kazordoon, temos empreendido negociações com o ancestral reino dwarfico de Beregar e também com o Reino de Farmine. Há boas perspectivas no sentido do Imperador Rehal e do Rei Ongulf se interessarem, futuramente, em participar de um tratado como este que estamos negociando. Mas seria impensável sugerir a eles que se subordinassem, militarmente, ao Império de Kazordoon...
Tibianus, se vendo acuado na conversação, bufa um pouco e, coçando sua espessa barba, diz: __Hum... senhores, vamos interromper por algumas horas estas negociações, para melhor refletirmos a respeito do melhor caminho a seguir, em relação a este tratado. Sugiro, se não se opõem, que reiniciemos as conversações após o almoço...
Os demais soberanos apenas se entreolham, mas não respondem a Tibianus a respeito da sugestão.
Tibianus, no entanto, não espera resposta alguma, apenas se levanta, e se dirige a uma porta no fundo do salão, guarnecida por dois oficiais da Guarda Dourada.
O General Bloodblade e o Coronel Leônidas pedem licença aos demais soberanos, um pouco constrangidos, e seguem o Rei.
Eclesius repentinamente se levanta e vai em direção à porta por onde Tibianus acabara de passar. Trimegis, vendo isso, também se levanta e, com uma expressão de preocupação, segue Eclesius.
No salão ao lado daquele que é utilizado para as negociações, Tibianus, com uma expressão tensa, senta-se em uma réplica menor de seu trono, o trono principal, que fica no Salão do Trono. __Mas que mulher teimosa... e Kruzak e os Patriarcas a estão apoiando... Resmunga para si mesmo.
Bloodblade, juntamente com Leônidas, se aproxima do trono e diz: __Calma, Majestade, temos tempo, podemos negociar esta questão de um comando único com calma... podemos tentar conversar com Kruzak e com os Patriarcas em separado, tentar trazê-los para o nosso lado...
Neste instante, Eclesius, seguido por um nervoso Trimegis, irrompe no salão, fazendo com que os dois oficiais da Guarda Dourada que guarnecem a porta pelo lado de dentro do recinto, se surpreendam.
__O que está tentando fazer, Tibianus???? Um momento histórico e único como este, com todos os soberanos reunidos! Nunca estivemos tão perto de conseguir um tratado e você quer por tudo a perder??? Acha mesmo que Eloise aceitaria uma cláusula exorbitante como a que você quer enfiar goela abaixo dela??? Como pode imaginar que ela submeteria suas amazonas ao Alto-Comando Thaiano???
Todos arregalam os olhos com a ousadia de Eclesius, até mesmo os guardas dourados, os dois na porta e os outros dois que ladeiam o trono.
__C-como é que é??? Balbucia, incrédulo, o Soberano de Thais. __A quem acha que está se dirigindo nesses termos, velho?
Trimegis, pálido e tremendo, toca o braço de seu velho mestre, tentando dissuadi-lo da tentativa ousada de interpelar o Rei. __M-mestre Eclesius, por favor...
Mas Eclesius não recua. __Escute, Tibianus. Ferumbras se levantará novamente. Aquele servo perverso do senhor das trevas, Zathroth, voltará muito mais forte do que estava, na última vez em que o derrotamos. E se os quatro principais reinos deste continente não estiverem unidos e lutando lado a lado, todos perecerão. Nem mesmo você, seu trono, seus descendentes, seu exército e o Reino de Thais sobreviverão. Se não abrir mão dessa sua ambição tola, de submeter Carlin novamente ao Reino Thaiano, nem mesmo os favores de Fardos e de Uman poderão ajudá-lo nos dias que estão por vir.
Tibianus fuzila Eclesius com o olhar e diz, em um tom muito irritado: __Escute... velho...meu pai o tinha em muito boa conta. Você era seu principal conselheiro. Foi um de meus tutores na infância e na juventude. Talvez só por isso eu não mande enforcá-lo em praça pública ou exilá-lo para sempre de minhas terras, por se dirigir ao Rei nesses termos e nesse tom
__Seu pai, Tibianus, o Rei Julius, era um homem muito mais sensato do que você. Rebate Eclesius. __Ele há muito abandonara a idéia tola de submeter novamente Carlin. Tinha um sincero desejo de negociar tratados militares e comerciais com Carlin e com os demais reinos seguidores dos Valar benevolentes. Por circunstâncias diversas não pôde concretizar esse sonho. Mas o destino e os Valar colocaram em suas mãos, Tibianus, a oportunidade de unir novamente os inimigos de Zathroth, para que este mundo possa ainda ter um fio de esperança, diante do iminente ataque das forças das trevas. Mas você parece querer jogar tudo por terra, por causa de uma ambição menor e mesquinha. Se quer saber, mande mesmo me enforcar, ou mesmo me exilar, tenho certeza que neste caso, o Imperador Kruzak me receberia de braços abertos em sua corte. Ao menos eu não teria que testemunhar a queda do Reino onde nasci e onde estão enterrados meus antepassados...
Após dizer isso, Eclesius dá as costas ao Rei e se dirige novamente ao salão onde ainda se encontram os demais soberanos.
__E-estão vendo isso??? Tibianus, perplexo, indaga aos oficiais presentes e a Trimegis. __O que faço com este velho insolente? Ele me dá as costas e sai da minha presença sem ao menos fazer uma reverência... e depois de me dizer todas aquelas coisas...
Trimegis, ainda trêmulo por presenciar tal cena, tenta, de alguma forma, interceder por Eclesius. __Majestade, por obséquio, perdoe meu velho mestre e também seu antigo tutor... é a idade, ele acaba perdendo os freios com o tempo. E-eu vou conversar com ele para que seja mais sensato e mais... comedido. Com sua licença. Trimegis, ansioso por sair da presença e da vista do irritado Tibianus, faz uma reverência respeitosa e vai atrás de Eclesius, no outro salão.
Bloodblade e Leônidas permanecem junto ao Rei, tentando acalmá-lo.
No salão ao lado, os membros do Conselho Real de Magos e Druidas tentam conversar com os soberanos estrangeiros e seus principais acompanhantes, na intenção de desanuviar o ambiente, após a saída repentina de Tibianus.
Um fato inusitado aconteceu, em decorrência do apoio que o Imperador Kruzak deu às ponderações de Eroth. Normalmente distantes e cautelosos mutuamente, elfos e anões agora conversavam de maneira amistosa.
Eclesius, ao retornar ao salão das negociações, avista o mago geomancer Etzil e dele se aproxima. __Meu bom amigo Etzil. Peço desculpas pelo comportamento de meu Rei. Sinto-me envergonhado...
__Eclesius, velho e querido amigo... não se sinta culpado pelo que aconteceu. Pondera Etzil. __Negociações de acordos e tratados são assim mesmo. Com o tempo posições e reivindicações díspares convergem para um ponto comum. E a rabugice de Tibianus é conhecida até mesmo nas demais cortes, hihihi...
Neste instante, Trimegis se aproxima dos dois e diz a Eclesius. __Mestre Eclesius, por favor, não se dirija mais ao Rei naqueles termos. Temo que ele perca definitivamente a paciência e acabe por puni-lo.
__Humpft. Reage Eclesius. __Pois eu acho que ainda peguei leve com ele. Deveria ter-lhe dito mais algumas verdades.
__Ihihih. Ri Etzil. __Sabem, eu e o Imperador também protagonizamos, vez por outra, alguns arranca-rabos. Também, eu sou um dos poucos naquela corte que tem coragem de dizer a Kruzak algumas verdades, hihihi.
Eclesius ri e Trimegis fica um pouco mais relaxado, ao ouvir as palavras de Etzil.
Eloise, um pouco cansada devido ao entrevero com Tibianus, faz menção a se retirar para seus aposentos, como visitante no Palácio, mas um oficial da Guarda Thaiana, inesperadamente, se dirige a ela, de maneira muito respeitosa.
__Majestade, se me permite a ousadia, sei que as negociações com o Rei se mostram difíceis, neste momento. Mas suplico a Vossa Majestade que não desanime. Tenho plena convicção que chegaremos a um denominador comum, do interesse de todos. É preciso apenas um pouco de paciência... sei que nossos reinos e nossos povos almejam este Tratado tão esperado.
Eloise, inicialmente surpresa com a atitude do oficial, exibe em seguida uma expressão mais suave, simpática até, contrastando com o semblante pouco amistoso das duas amazonas que a escoltam naquele momento, talvez inconformadas com o que considerariam uma impertinência por parte de um oficial thaiano, ao se dirigir à sua rainha.
Eloise então, diz: __ Oficial... Eloise tenta distinguir nas vestes do oficial alguma insígnia ou símbolo que indicasse sua patente.
__Capitão Timotius Bellator, Majestade. Ao seu dispor e a seu serviço durante sua estadia em Thais.
Eloise gosta da atitude educada e respeitosa de Tim. Passa a exibir um sorriso amistoso, e um olhar quase sedutor.
É uma mulher tão bonita que Tim tem que se esforçar para manter uma expressão serena e reverente e não se desestabilizar.
Eloise prossegue. __Capitão Timotius... folgo em saber que há em Thais corações e mentes sensatas. De fato, nossos povos aguardam ansiosamente a assinatura de um tratado que promova a boa convivência e a segurança de nossos reinos. Eu não pretendo desistir tão facilmente. Mas seria de bom tom que alguém, nesta corte, abrisse um pouco os olhos e a mente de seu Rei, para que ele enxergasse que, caso insista em manter uma posição tão inflexível e radical, pode desperdiçar uma oportunidade extraordinária, para todos nós, e terminar isolado nestas negociações. Pois, como pode observar, o Imperador Kruzak e os Patriarcas Elfos também não estão vendo com bons olhos determinadas reivindicações por parte de seu amado... Soberano.
Há um pouco de sarcasmo nas palavras de Eloise, mas Tim releva isso e apenas diz: __Mantenhamos a esperança, Majestade. Estou certo que dentro de poucos dias Vossa Majestade, meu Rei, e os demais soberanos chegarão a um acordo benéfico para todos.
__Sua esperança também é a minha, Capitão. Responde a Rainha. E em um tom de voz mais baixo e aveludado, fitando os olhos de Tim, Eloise complementa. __Espero que tenhamos a oportunidade de conversar novamente, por esses dias, Capitão... Timotius. Com sua licença...
__Seria uma honra e um privilégio, Majestade. Responde Tim, mantendo a atitude respeitosa e reverente.
Eloise se dirige, acompanhada de suas duas sisudas, porém belas, amazonas, para a saída do salão.
O Major Templetom se aproxima de Tim e diz: __Caramba, Tim, fiquei preocupado com a reação que Eloise poderia ter, diante da sua interpelação. Mas parece que ela simpatizou com você. Que mulher envolvente e insinuante. O Velho Tibianus vai ter que cortar um dobrado para chegar a um acordo com ela.
__Bota envolvente nisso, Senhor. Em dado instante pensei que me arrependeria por ter me dirigido à Rainha. Aquelas duas guerreiras que a escoltam me olhavam com uma expressão de poucos amigos. Mas eu não queria que ela saísse hoje daqui desanimada e chateada com a atitude do Rei. Responde Tim.
__Sua intenção foi boa, Capitão. E o desfecho, favorável. Venha, vamos conversar um pouco com Sua Majestade no salão ao lado e tentar, como lhe sugeriu Eloise, abrir um pouco os olhos e a mente do Rei, hehe. Diz Templetom, prosseguindo. __Soube que seu filho vai para Rookgaard este semestre...
Enquanto os sábios thaianos ainda conversam com os soberanos e sábios elfos e anões, em um clima mais relaxado e calmo, Tim e o Major Templetom se dirigem, conversando, para o salão ao lado, para ver e dialogar com seu teimoso Rei, na esperança de que as negociações passem a caminhar num tom mais amistoso e promissor.
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