Bem... Cá estou. Ia soltar a história só em Maio, mas refleti e refleti e achei melhor deixar sair logo de uma vez (parece que eu estou falando de outra coisa ._.). Ok, não quero e não posso me delongar muito, sendo assim, algumas bobas considerações iniciais:
1 - Vamos por um fim naquele estereótipo RIDÍCULO de que toda história de Tibia é uma merda ridícula só porque "o jogo é podre", "todas são iguais", e qualquer merda boba e sem justificativa. Não existe isso de "eu não gosto de histórias de Tibia porque Tibia é bobo >.<". Tibia é Tibia, história é história e ponto final.
2 - Como acho que deu pra entender, é uma história que se passa em Tibia, mas não necessariamente tibiana. Com ela eu pretendo mostrar que existem sim pessoas normais nesse universo, não só os cavaleiros da armadura reluzente ou os magos poderosos. Temos civis, gente com eu e como você, caor leitor. Gente que ama, que sofre, que ri, que chora. Gente.
3 - Alguns elementos inexistentes no Tibia forma incluídos na história. Cavalos, por exemplo. Mas relevem; é pra dar mais naturalidade ao texto. Ou queria que eu pusesse minotauros puxando carroças? xd
Sem mais delongas, vamos aos trabalhos:
O Outro Lado da Lua Cheia
Mas que pretensão eu tinha, pensar que a lua era minha
E que me namorava naquela noite.
E uma lágrima escorreu pelo rosto como o orvalho na flor
E a lua se fez tua, a lua se fez nua e a lua se fez amor.
(Versos da noite e lua, Edimarlos dos Santos Kappke)----Índice
Prólogo - Precisa? :rolleyes:
Capítulo Um - O Céu Está Caindo
Capítulo Dois - Encontro
Capítulo Três - O Devaneio
Capítulo Quatro - O Selo da Lua Cheia
Prólogo
- VEJA! COMO ELA É UMA MENINA BONITA, não é mesmo?! - Disse com empolgação uma voz rouca feminina em meio à multidão. Houve um rebuliço e alguns poucos viventes concordaram. Outros soltaram suspiros de admiração enquanto se perdiam pela pele branca como um algodão daquela menina. Confusa, olhava nervosamente para todos os lados. Não sabia o que fazer, aquilo que deveria ser feito por ela. Veio um homem mais velho dali do meio e olhou feio para as pessoas. Disse algumas palavras que machucaram os ouvidos da menina e puxou-a para longe do grupo, pelo pulso. Acomodou-a em uma carruagem sofisticada que por ele esperava e partiu. Cuidaria dos quesitos legais apenas no dia seguinte.
- Precisa descansar. - Disse ele em simplicidade. Fez uma pausa enquanto o veículo fazia uma curva. - Sabia que é uma sobrevivente? Uma grande abençoada! Seu destino é iluminado, é como as faíscas de sol que emanam do horizonte pela manhã! Você é uma rainha minha querida, a rainha do amanhecer!
***
Tão logo vem e tão logo se vai. Essa era a filosofia cruel que a vida dura na cidade ensinara à Dawn Evans. O que fora um dia a “garota do milagre”, a “abençoada dos céus” e a “sobrevivente do massacre” era agora nada. Uma contradição de ser humano, ora desafiadora aos princípios sociais e ora uma sujeira esfarrapada largada ao vento. O que há de belo na vida que todos a amam tanto? Insistia ela em pensar. Aprendeu desde muito cedo que a vida é frágil como um copo de cristal. Um mero toque pode ser lhe fatal dependendo de sua força. Mas o que via-se de tão bom naquela existência miserável, cruel e desigual? A justiça dos homens era superior a justiça da ideologia. Na verdade, justiça era só uma palavra usada para designar inexistência.
Lembrava-se como se tivesse acabo de ocorrer. Estava lá, parada, o olhar fixado na imagem dos pais sendo mutilados, esfaqueados, perfurados, decapitados. O sangue deles pintava o teto e a parede de uma cor vermelho-escura assombrosa. Gritos de dor e pedidos de piedade ecoavam pelo pequeno casebre da agrícola Greenshore. O fogo consumia cada pedaço daquele antro. Os agressores - aqueles seres verdes que transpiravam intolerância e maldade - sequer notavam a presença da menina. Abraçada ao criado-mudo, calada como este. Nem uma lágrima escorreu de sua face ao ver a cena. Nunca pôde compreender exatamente o que sentiu ou pensou na hora. Tinha só sete anos.
Então veio-lhe a salvação. Cavaleiros gloriosos armados com machados e espadas arrombaram a porta da casa, invadindo-a sem pensar duas vezes, desafiando os monstros e o fogo. Passaram pelas chamas e lutaram bravamente com os seres verdes, enquanto um outro tirava-a dali. Ficou do lado de fora, sendo “protegida” pela multidão de curiosos. “O acaso a salvou”, “foi pura sorte”, “é o destino dela!” diziam. Ouviu dali de onde estava que o mais poderoso e conhecido dos cavaleiros fora morto tentando defende-la. A fragilidade de sua inútil e agora solitária existência custou a glória, o poder e a soberania de um homem importante. Que miserável era sua vida!
Somente dez anos depois foi saber que o homem corajoso que a salvara era seu pai.
***
Naquele mesmo dia conhecera Sir Isaac Evans. Um homem de idade avançada, cabelos escassos - os poucos que ainda residiam em sua cabeça manchada eram brancos como os pêlos dos cavalos dos estábulos de Thais - e de expressão séria e postura exemplar na sociedade. Vestia-se com requinte, desfrutava do melhor que a vida podia oferecer. Tinha mais dinheiro do que podia contar e fazia questão de partilhar sua “pequena fortuna” com quem quer que precisasse. E naquele dia, essa pessoa era Dawn.
Sem cerimônias ou apresentações prévias, Sir Isaac adotou-a ainda naquela tarde e levou-a para morar em sua gigantesca mansão. De uma madeira caríssima, janelas e portas com detalhes de ouro e composta pelos mais finos móveis que o dinheiro podia comprar, o casarão era visto à distância por aqueles que entravam na cidade. De localização privilegiada - na rua mais movimentada da cidade, entre o porto e o agitadíssimo bar do baderneiro Frodo, logo perante o Centro de Reuniões - era conhecida por todos, o que, ano pós ano, foi inflando o ego de Dawn.
Sir Isaac ensinou-a como portar-se na sociedade, o que devia falar e comer, como deveria tratar a todos. Também fez questão de passar-lhe os principais valores morais e éticos, certo de que a filha os aceitaria como uma duquesa. E tal foi. Dawn cresceu como uma verdadeira rainha, tendo tudo que queria e que precisava. Sentia aquele homem até então desconhecido como o maior herói de sua vida. Alguém em quem podia confiar.
Até aquele dia fatídico.
***
Uma dura revelação segurada por dez longos anos. E que ainda por cima não foi dirigida diretamente à podre órfã desamparada. Como de costume, Dawn inocentemente passava pelo corredor do subsolo, rumo à biblioteca para desfrutar de uma leitura como fazia em todas as gélidas noites do branco inverno thaiense. Parou logo à frente da porta, a luz crepitante da lareira chicoteando as sombras ocultadas por trás da fechadura. Por meio desta, com seu belo e luminoso olho azul como o céu, pôde ver o pai postiço sentado na poltrona verde, uma xícara de café pousada em sua mão. Alguém falava com ele. Deve ser um de seus amigos da alta sociedade. Não sabia dizer bem como, mas a conversa tomou o rumo que dizia respeito ao seu passado. Sir Isaac, meio inocente e meio preocupadamente, deixou escapar que o tal cavaleiro que salvara Dawn no dia do ataque dos orcs era o próprio pai biológico dela.
- Conhecia a família de longa data já. - Disse com a voz pesada que tinha. O outro provavelmente arregalara os olhos, mas era impossível saber. Estava de costas. - Acredito que deixou ela para que os camponeses a criassem. A mulher morrera no parto e sua vida incerta não lhe permitia, nem que quisesse, o luxo de criar um filho. Mas também não pode dizer que era um pai relapso. Visitava o casal de quinze em quinze dias, ou até talvez de trinta em trinta. Dava-lhes aquilo que faltava, mas nunca entrava em contato direto com a criança. Como Greenshore estava praticamente vazia naquele dia, graças à invasão Orc, deve ter ido apenas assegurar-se de que tudo corria bem. E foi aí que deparou com a cena. Deve ter entrado primeiro, alguns minutos depois vieram os reforços que o aguardavam nas montanhas. Estranharam sua demora e foram checar. Quando entraram, este já estava morto.
Ela não sabia como ele obtivera tais informações. Sabia sequer se eram verdade. Mas não podia continuar ali, morando na casa do homem que mentira para ela por tanto tempo. Na mesma noite, Dawn, abalada pela primeira vez na vida, pegou algumas poucas peças de roupa. Cobriu-se com o grosso cobertor de pele de mamute e saiu pela noite, em meio à nevasca. Começava ali a vida miserável de uma desiludida.
- Eu nunca fui ninguém, eu nunca tive nada! - Praguejava ela com uma voz dura e o olhar derretendo a neve pela qual caminhava. - Tudo foi uma ilusão!
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Espero que gostem.
Manteiga.
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