Diz a lenda, que corre por trás das Montanhas Moonstone, que há séculos atrás vivia ali uma bela e jovem mulher junto com sua mãe, velha costureira, em uma pequena casa na foz do Rio Vermelho. A bela moça era cobiçada por todos os filhos de mercadores da região, que referiam-se a ela como a “princesa dos cachos negros”. E é verdade. Sua beleza era surpreendente: os cabelos negros e soltos cobriam seus ombros e lhe emolduravam o rosto fino e muito pálido, completado pelos radiantes olhos azuis. Seu nome? Katharina.
A paz e harmonia de vivência com sua mãe durou até o dia em que dois homens bateram à sua porta. Eram soldados do rei Thimor, da Galistéia. Vieram cobrar impostos, mas como as duas eram muito pobres e já estavam há dois anos sem pagar suas taxas ao governo, a dívida foi paga com o aprisionamento de Katharina e o assassinato cruel de sua mãe.
Levada para as masmorras do castelo Thimor, Katharina cresceu ao lado de uma terrível feiticeira: a bruxa Nastássia. Ela ensinou todos os seus segredos de magia para a menina, trantando-a como discípula. Foi assim durante vinte anos, quando Katharina atingiu o auge de sua beleza encantadora. Mas uma bruxa costuma cobrar caro por suas aulas...
Antes de morrer, Nastássia amaldiçoou Katharina com um poderoso feitiço que fez com que sua beleza e juventude desaparecessem e, no lugar, surgiu uma figura envelhecida e encarquilhada. A maldade tomou conta da alma da pobre mulher que agora era uma terrível e vingativa feiticeira. Escapar das masmorras do castelo não foi dificuldade, mas mal sabia ela que sua aparência hostil era apenas o início da terrível maldição de Nastássia.
Voltou para as Montanhas Moonstone, onde vivia, mas sentiu estranhas modificações em seu corpo ao passar do tempo. Em poucos dias ela já estava completamente modificada. Seu corpo estava imenso e envolvido por uma carcaça marrom-acinzentada extremamente dura. Unhas muito afiadas saiam de suas enormes presas. A cauda e as sete cabeças completaram o visual da monstruosa HIDRA, o produto final da maldição de Nastássia. Para desfazer o feitiço só havia uma maneira: aprisionar as almas das sete princesas mais belas dos reinos de Allansia em safiras para executar o contra-feitiço. A aterrorizante hidra, gozando de enorme poder, criou inúmeros exércitos de monstros e criaturas mágicas para aprisionar as princesas. Apenas seis das sete garotas foram capturadas, pois nos demais reinos não havia princesa alguma. Sendo assim, o feitiço não pôde ser desfeito. Sentindo-se humilhada, a terrível hidra atirou-se do mais alto ponto de Allansia, o Monte Shazâar, suicidando-se. Porém, na guarda de seus exércitos, deixou as sete safiras mágicas com as almas das seis princesas aprisionadas. Ainda hoje, os escravos da Hidra circulam e vivem disfarçados de mercadores, comerciantes, mineiradores, donos de estalagens, ladrões ou até mesmo reis.
O tempo passou e a vida presenteou o rei Zeng, de Silverton, com o nascimento de uma bela menina: Leila. Apesar do extremo cuidado e precauções tomados pelo monarca, o décimo quinto aniversário da princesa foi “comemorado” com um terrível e inevitável rapto...