Capítulo IV - Magia Proibida
Um velho experiente e cansado. Herói de guerra, já tinha por volta de uns sessenta anos. Diversas cicatrizes espalhadas pelo corpo, envolvidas com suas rugas e imperfeições faciais. Pouco cabelo, este com um tom grisalho. Pele morena toda enrugada, nariz grande e olhos azuis lúcidos e profundos como quem está marcado para uma morte breve.
Este velho homem fazia alguns bicos como mercenário, com a pouca força que lhe restava. Trabalhava mais na base da inteligência, e volta e meia furtava, realizava trabalhos mais simples. Afinal, vida de mercenário é complicada. Ele sabia que este não deveria ser o fim para um herói, embora tenha esquecido tudo isso quando tornou-se um mercenário. Entendeu que final feliz para heróis só acontece em contos. Se quisesse sobreviver, teria que fazê-lo de uma maneira mais fácil, onde tenha bastante busca e não seja tão difícil realizar o trabalho. Furtar e matar, é nisso que ele é experiente.
Marcado por um passado comovente, ele perdeu sua mulher na noite de núpcias, num assassinato. Ele nunca soube quem a matou, embora já desconfiasse. Seus pais morreram de desgosto ao ver o filho trocar o bem pelo mal. Tocar nesse assunto deixa o homem pensativo, com certeza ele queria ter tido tempo para fazer as pazes com seus pais.
Tinha uma casinha simples, de madeira. Eram quatro cômodos: uma pequena sala junto com uma cozinha, um banheiro, um quarto e uma pequena biblioteca. Possuía umas quatro prateleiras apinhadas de livros, e era notável a sua delicadeza ao pegar um livro, era como se eles tivessem um enorme valor sentimental. Livros negros com pequenos detalhes de ouro, possuía uma capa de couro feita à mão com perfeição. Aqueles livros pareciam esconder algo muito importante, tamanho o cuidado que o velho tinha com os mesmos. Pareciam-se com uma edição sobre Magia Élfica Proibida, sendo que possuem a mesma cor e detalhes quase idênticos. Este homem não era obsoleto, sabia muito bem o que queria fazer. Lia sempre que não estava trabalhando, e parecia buscar algo freneticamente.
Tinha apenas um amigo, também colega de trabalho, que o arranjava serviço. Se encarregava de negociar com os clientes o melhor preço possível, já que era muito bom nisto. O velho confiava apenas nele, e em mais ninguém. Parecia ter uma grande afinidade com o rapaz. Já teve relações mais próximas com ele, já foram companheiros. O velho não aceitara o fato de casar-se com outro homem, sendo o mesmo muito mais jovem que ele, embora o amasse. Conseguiram conciliar-se e agora viviam como grandes amigos. Conversas e contos sobre os dois circulavam por Daeaith, pois o povo não consegue calar-se.
Este homem impediu a dominação de Niflheim a Nidavellir, e foi convidado a ficar nos aposentos do rei por um ano. Após o término do tempo, retirou-se e voltou a viver uma vida medíocre. Ele chegou a se relacionar com a rainha, sem o conhecimento do rei, mas foi algo passageiro. Acredita-se que a filha do rei, chamada Lirdae, seja, na verdade, filha deste velho homem.
Prestou serviços aos Lybael recentemente, assassinando Karter, o enviado do rei Cordae. Até hoje acredita que o ataque à sua esposa na noite de núpcias, que levou a falecê-la, tenha sido comandado pelo rei, desconfiado de uma antiga traição.
Agora era apenas um velho lúcido e de aparência triste. Quase corcunda, se definhando. Até o momento de ser encarregado de um trabalho que poderia mudar a sua vida: saquear os aposentos do rei de Asgard, Gahal, sucessor de Gahar e primo segundo de Cordae. Em troca receberia ouro e poder, além de acesso a alguns livros que faltavam em sua coleção. Lhe revelariam também o segredo da juventude. Teria que roubar alguns documentos do mesmo, que o cliente queria ter em mãos para garantir o sucesso de seus negócios. O velho, embora estivesse assustado, aceitou.







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