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Tópico: A Ilha das Lamentações

  1. #21
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    Rhizód conseguiu o que queria. Lug seria julgado após os rituais fúnebres de seus quatro companheiros. O júri seria composto pelos cinco membros do Conselho, pelo Chefe e por dois Druidas. A defesa caberia ao próprio acusado podendo este ser auxiliado por alguém, se assim quisesse. No dia do funeral, Lug seria comunicado e, dali em dez dias, julgado. Este foi o acordo feito entre as autoridades de Othialla.

    Passaram-se três dias após o grande almoço e um emissário de Rhizód Frinneqa bateu à porta da família Mariel. Foi Lug quem o recebeu, sendo a este entregue uma carta com o brasão da cidade e as iniciais “R.F.”. Lug despediu-se do emissário, desejando-lhe um bom dia e leu a carta com os seguintes dizeres:

    “A Administração de Othialla e o Conselho dos Druidas convidam Vossa Senhoria e seus familiares a comparecerem às homenagens póstumas aos bravos pescadores Themis Ddebat, Loan Fyysz, Gánor de Thûum e Skarl Vórin, que foram acolhidos por Fyyr durante uma viagem ao mar. A cerimônia será no trigésimo quinto dia de nosso calendário, no momento em que o sol estiver despedindo-se. O local será no Altar da Árvore Verde, próximo ao Farol.”

    “É amanhã...” – Pensou Lug.

    No dia seguinte, Lug acordou um tanto indisposto. Shirà ficou preocupada com o marido. Será que sua comida não lhe havia feito bem? Lug, porém, estava com um mau pressentimento. Estava com um gosto metálico na boca, que lembrava aquele que sentia nos primeiros momentos de sua volta à Othialla. Preferiu não dizer nada a sua esposa. No almoço, limitou-se a comer uma sopa de legumes. Com o alimento, sentiu-se mais forte. Preferiu, no entanto, não ir ao ritual fúnebre dos amigos. Talvez fosse até isso que estivesse o deixando naquele estado. Pediu então a Shirà que ela fosse sozinha, representando a Casa Mariel, e prestasse as homenagens às famílias.

    Na hora determinada, havia muitas pessoas em frente ao Altar da Árvore Verde, que ficava ao pé de um grande carvalho em um campo aberto próximo ao farol. No ponto mais alto, em volta do altar, estavam três druidas, os cinco membros do Conselho, sentados e o Chefe Frinneqa. O ritual fúnebre teve início no cair da tarde, com cânticos tristes entoados pelos druidas enquanto estes queimavam ervas e sais aromáticos em reverência a Fyyr. Muitas pessoas acompanhavam a cantoria. Em seguida teve início um sermão, proferido pelo druida hierarquicamente superior, um senhor de cabelos brancos longos e escassos e de nariz proeminente. Olhando por cima dos presentes, começou sua fala, dirigida ao mar. Foi quando, de súbito, o Chefe e alguns membros do Conselho levantaram-se, surpresos, interrompendo o druida.

    Lug Mariel caminhava em direção ao altar. Passou pelas pessoas com a majestade e o olhar de um Imperador. Havia nele uma estranha prepotência; uma autoridade incomum. Fez-se um grande silêncio. Por um momento, ele olhou para a platéia. Com uma voz rouca, começou, então a esbravejar em uma língua gutural, jamais ouvida até então:

    "Pranach reichnech natram, calom lo kedalal preavh ghadneh! Rhadarash ne, tel kom otsat da preach reach, o calom. Da, vamorh ghomei o lo kedalal, songoeol preavh nes ramiun te kedor, te alam, te kedor. Irnetch e reach o dasam vasanath e reach lo ghumak cudiaraisu, nes o natram iccheindor... Nes lo ine: GI LE FARG!!!!!" Após pronunciar essas palavras, Lug desmaiou.

    O que se seguiu ficaria para sempre na memória das pessoas. Veio do sul. Veio do mar. Primeiro, começou distante, mas foi ficando mais alto, mais próximo e varreu a cidade. Uma gargalhada macabra e demente, de alguma mulher demoníaca; talvez alguma alma atormentada... Não há na cidade quem não tenha ouvido e a reação de todos foi a mesma: um frio glacial que percorreu a espinha e uma sensação inexplicável de pavor.

    Uma lágrima caiu do olho do velho druida que discursava. Quem estava próximo a ele pôde ouvi-lo resmungar:

    "Estamos perdidos. A Maldição caiu sobre nós... Que Fýyr nos ajude!"
    -------------------------------------------------------------------
    Nomes que aparecem nesse capítulo:

    - Themis Ddebat;
    - Loan Fyysz;
    - Gánor de Thûum;
    - Skarl Vórin: os quatro pescadores que partiram com Lug Mariel e sumiram no mar.




    @Kenseiden: Obrigado pelo comentário. Foi mal os nomes esquisitos mas... Sei lá, acho que fica mais plausível assim. =P

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    Última edição por Karasutengu; 05-11-2010 às 12:44.
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  2. #22
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    Baixou um santo nesse Lug é? Véi fico até triste quando acaba a história. ta ficando muito massa. =D Muito misteriosa.

    Li tua outra história, Garr e Guuk e tu podia faze uns desenhos nessa tambem... So uma sugestão. hehehehe


  3. #23
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    Resumo 1-10

    No começo, havia o povo fyr, que cultuava o mar e um Deus do mar a quem eles chamam Fýyr. Eles eram originários do nordeste do mapa Tibiano, de uma região próxima a Ab'Dendriel. Um líder espiritual dos fyr, chamado Gánor es Othialla levou um grupo para o sul. Fundaram ali uma cidade chamada Othialla. Gánor morre. A região era conhecida como Fyrren Wálltza. Mais tarde seria conhecida como Ghostlands. Muito tempo se passou até que um barco de pescadores capitaneado por Lug Mariel sumiu no mar. A sobrinha de Lug, Lome Mines encontrou a embarcação na praia, alguns dias depois. O tio Lug, porém, estava mudado. Saiu do barco com uma aparência envelhecida, resmungando em uma língua estranha. Disse a palavra "Gi Le Farg" e assustou a menina, que voltou chorando pra casa. Tadinha! O pais de Lome, Mylla Mariel e Tenner Mines ficaram preocupados. Tenner e Shirà, esposa de Lug, foram até a praia. O barco era mesmo o dele, mas ele não estava. O barco parecia abandonado. Shirà dormiu na casa da família Mines e, dia seguinte, seu vizinho Wrebh Esqiall veio lhe avisar que Lug estava na praça central da cidade. O pescador estava com um comportamento estranho e um cheiro metálico. Em casa, Lug disse coisas desconexas; falou sobre um acidente e uma ilha. A volta misteriosa de Lug alterou a rotina da cidade. Muitas pessoas passaram a olhá-lo de forma estranha. O Chefe da cidade, Rhizód Frinneqa resolveu realizar os ritos funerais para os pescadores mortos e, em seguida, julgar Lug por assassinato, pressionado pela opinião popular. Mas no dia do funeral, Lug aparece discursando em uma língua estranha. E uma gargalhada vinda dos mares do sul rasga a calmaria da cidade... Segundo o Druida, a cidade está maldita.
    NOMES + IMPORTANTES:

    - Fyrren Wálltza
    - Fyr
    - Fýyr
    - Gánor es Othialla
    - Othialla
    - Lug Mariel
    - Lome Mines Mariel
    - Shirà de Levho Mariel
    - Mylla Mariel
    - Tenner Mines
    - Wrebh Esqiall
    - Rhizód Frinneqa
    - Themis Ddebat
    - Loan Fyysz
    - Gánor de Thûum
    - Skarl Vórin

    @Kenseiden: é... Já pensei em fazer desenhos aqui tamem. Quem sabe não faça um dia? A falta de scanner dificulta a coisa. Vc é fã de Black Adder é? Com esse avatar aí... hahahahahaha Abraços e valeu a visita!
    Última edição por Karasutengu; 12-11-2010 às 15:24.
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  4. #24
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    11


    Pavor era o sentimento que pairava em Othialla. Rhizód, inicialmente relutante, agora estava convicto de que Lug havia trazido com ele alguma desgraça daquela viagem. Seria no mínimo banido da cidade. Seu julgamento não iria tardar. As famílias Mines e Mariel estavam apreensivas. Até mesmo Wrebh, grande amigo de Lug estava evitando os vizinhos. Quanto a Lug, ele estava arrasado. Não sabia o que havia acontecido. Tinha ido se deitar naquele fatídico dia do ritual e, acordou em seu quarto, do mesmo jeito, sob o olhar de uma Shirà em prantos. Inútil dizer que a pequena Lome foi poupada de tudo isso.

    Uma folha amarela caiu em uma poça d'água naquele dia, anunciando o início do outono. Umas três semanas haviam passado desde o que ficou conhecido como o "Incidente da Gargalhada". Se a cidade estava tomada por um clima de grande expectativa, Shirà, Tenner e Mylla estavam tensos. Naquele dia de ventos anormalmente frios e cortantes e céu enfadonho, Lug seria julgado. Por conta da comoção popular, decidiram por realizar o julgamento em um pequeno templo mais afastado da cidade. O local foi divulgado apenas para alguns habitantes mais influentes da cidade, na véspera. Alguns já estavam lá, quando Lug chegou, acompanhado de Tenner e Mylla. Shirà, muito nervosa, ficou em casa com a sobrinha Lome. No templo, Lug sentou-se no centro de uma pequena sala redonda, tendo a seu redor os convidados e a sua frente os cinco membros do conselho e um druida que debateriam sobre a sentença, o druida que iria interrogá-lo e o Chefe Rhizód Frinneqa, que se limitaria a proferir a sentença. Tenner ofereceu-se para fazer a defesa, mas Lug recusou. Fez-se silêncio na sala quando a porta secundária se abriu e os oito julgadores adentraram o recinto. O julgamento teve início e um dos druidas desceu as escadas, aproximando-se de Lug.

    - Neste presente dia 14 do mês oitavo de nosso calendário, sob o o olhar onipresente do Grande Deus Fýyr, terá início o julgamento de Lug Mariel, filho de Sador Mariel e Thea'a Mytre Mariel, acusado de condenar a cidade ao mau agouro por conta de um ritual fúnebre realizado em condições dúbias com o seu aval. Senhor Lug, o que o senhor tem a declarar sobre o caso?
    - Apenas reitero o que já falei, Grande Druida. Meus amigos morreram durante uma tempestade no mar. E eu nada sei sobre o "Incidente da Gargalhada".
    - Mas o Senhor esteve lá. Discursou com autoridade em uma língua desconhecida.
    - Eu nego!
    - Eu afirmo!
    - Não tinha como ser eu! Estava na minha cama!
    - E a gargalhada?
    - Dizem que era feminina. Novamente, não podia ser eu...
    - O Senhor a trouxe. Amaldiçoou a cidade, e isso não ficará impune. O povo de Othialla merece respostas!
    - Já disse o que sei! Que perguntem a Fýyr pois só Ele sabe mais que eu!
    - Blasfêmia! Não ouse usar o Sagrado Nome na condição de culpado!
    - Retiro o que disse. Mas eu realmente não posso dar ao povo a resposta que eles querem.

    Nisso, o druida ficou pensativo. Voltou-se para os outros sete julgadores que ouviam atentamente.

    - Algo mais?

    Diante do silêncio, voltou-se para Lug

    - Algo mais?
    - Nada mais a declarar, Grande Druida, à Sentença...

    O druida, então, entrou com os seis membros em uma sala para debaterem sobre a sentença. Uma hora depois, saíram do quarto, entregando à Rhizód um documento amarelado. Rhizód empalideceu. Sua fisionomia não era boa, o que não agradou a Tenner nem a Mylla. O Chefe levantou-se e disse em tom solene:

    "Sem mais, por cinco votos a dois, decidiu este Conselho Julgador que, por ter trazido desgraça e mau agouro à pacata cidade de Othialla, semeando a apreensão e a insegurança em meio à sua população, fica o Senhor Lug Mariel condenado à morte pela forca. Esta é a sentença, que deverá ser prontamente executada."


    Enquanto a sentença era proferida, na casa de Lug, Shirà fazia uma comida para sua sobrinha. Estava tão preocupada, que seria o pior bife que Lome iria comer na vida. A menina, que brincava na sala, tinha subido para o quarto dos tios. Olhava a cidade pela janela; sentia que algo estava diferente. Disseram a ela que seu tio havia ido caçar. Mas ela não tinha acreditado muito na história. Quando saiu da janela, viu algo curioso em um espelho. Uma imagem esfumaçada de uma mulher, claramente olhando para ela. Aproximou-se e a imagem tornou-se mais nítida. Céus! Era a mulher mais linda que a pequena Lome havia visto! Ainda mais linda que sua tia Shirà. A imagem sorriu de leve e sumiu. Lome desceu correndo as escadas, anunciando à sua tia que havia visto uma fada. Mas Shirà fez pouco caso. Apenas terminou de servir o prato e colocá-lo sobre a mesa para que a menina comesse...
    Última edição por Karasutengu; 30-12-2010 às 10:04.
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  5. #25
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    Muito bom!!
    Uma da minhas histórias favoritas aqui.

    Vaõ matar o cara é? Duvido! hahahaha Mas se matar já vai tarde, que eu tava de saco cheio dele. okok brinks véi

    looooooool




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  6. #26
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    Padrão 12

    12


    Lug, condenado à morte pela forca, foi levado a uma masmorra, perto do cemitério, onde seria executado. Tenner e Mylla foram até sua casa, onde Shirà cuidava da sobrinha. As duas mulheres iriam visitar Lug antes de sua execução. Muito fragilizadas, as duas foram acompanhadas por Wrebh, o padeiro vizinho de Lug. Tenner, também muito abalado, ficou em casa com a filha. Preferiu não levar a menina às masmorras; era um ambiente muito macabro.

    Mylla, Wrebh e Shirà chegaram à masmorra pouco antes do anoitecer. Lá, encontraram-se com o Chefe Rhizód Frinneqa que tentou inutilmente consolá-las. Os três foram visitar Lug, que estava sorridente, sentado no canto de uma cela escura. Shirà o abraçou por uns vinte minutos... Mylla estava nervosa e Wrebh pouco tempo ficou na cela. Não gostava de ver o amigo naquela situação e o ambiente lhe causava um grande mal estar. O condenado, porém, estava tranquilo. Tinha o olhar calmo e sem brilho. Mas não dizia nada. Quando um guarda se aproximou para retirar as mulheres da cela, ele finalmente quebrou o silêncio:

    - Shirà... Não perca seu tempo aqui. Volte pra casa e prepare meu prato favorito. Daqui a pouco eu voltarei também.

    Lug sussurou essas palavras numa voz rouca que assustou sua esposa. Mas, após ouvir isso, ela ficou estranhamente calma. Não tentou ficar mais tempo com o marido na cela e seguiu calmamente o guarda para a parte de fora. Viu quando o carrasco dirigiu-se para onde estava seu marido. Junto com Rhizód, Wrebh e Mylla, Shirà aguardou lá fora, sob um céu estrelado o corpo de seu marido.

    Dentro da masmorra, Lug era levado para um subsolo, onde ficava a "câmara da morte", local onde as sentenças eram executadas. Ali estavam dois druidas, além de alguns guardas e do carrasco. Os druidas entoaram cânticos fúnebres, para acordar Fýyr e pedir para que o Deus do Mar viesse acolher o espírito de Lug. Tochas azuladas iluminavam o ambiente e o cheiro de incenso era forte. Lug teve sua cabeça coberta com um pano preto. Uma corda foi colocada em seu pescoço. Com a ordem de um dos druidas, que fez um sinal com a mão, o carrasco puxou uma alavanca, fazendo com que o alçapão sobre o qual Lug estava de pé se abrisse. Para a surpresa de todos, a corda se rompeu e Lug apenas caiu no chão. Enfurecido, um dos druidas diz ao carrasco:

    - Como você não verifica a qualidade de suas cordas, seu inútil? Espero que tenha preparado uma reserva!
    - Tenho sim, Grande Druida. Ja vou prepará-la.

    Prontamente, o carrasco verificou a resistência da outra corda. Aguentava seu peso; não iria se romper com Lug, visivelmente mais leve. O processo foi refeito e, sob o pano preto, Lug não conseguia conter o riso... O carrasco novamente puxou a alavanca, abrindo o alçapão. Dessa vez, a corda não se partiu mas... Lug apenas caiu no chão novamente: a corda era maior que o necessário. O carrasco coçou a cabeça... Isso não era pra ter acontecido. Nunca havia acontecido antes... O druida, então, resolve mudar a sentença.

    - Corte-lhe a cabeça. E ande logo com isso.

    O carrasco, visivelmente contrariado, dirige-se a uma das paredes e pega um enorme machado de lâmina afiada. Lug é amarrado com a cabeça perto de um tronco. Tudo é preparado para o golpe final mas quando o machado, com toda a força, atinge o pescoço de Lug seu metal se estilhaça em mil pedaços e sua madeira se desfaz em fios fibrosos em uma explosão que parece atingir apenas ao carrasco, que é atirado no chão, atordoado. Nisso, uma estranha voz ecoa na sala, parecendo feminina, rouca, glacial... As únicas palavras claras são "Lug...não....morre...." Um dos druidas sugere que "talvez Fýyr não queira a morte de Lug". Mas o outro, hierarquicamente superior, tomado por um orgulho ensandecido esbraveja que ele deve morrer e ordena que o carrasco o queime vivo. O carrasco se nega.

    - Desculpe a falta de respeito, mas eu já fiz demais! Execute-o você mesmo.

    O druida ordena que os guardas prendam o carrasco. Ele pega uma tocha e se aproxima de Lug. Nisso, o condenado se solta das cordas, dos troncos, retira o capuz negro e, correndo em direção ao druida, com uma agilidade impressionante aperta-lhe a traquéia, levantando-o do chão.

    - Seu druida patético!!! Qual parte você não entendeu??? Eu não vou morrer hoje. Nem amanhã. Vou morrer quando Fýyr quiser. E, por seu orgulho, é você quem irá encontrá-lo mais cedo!

    Lug proferiu essas palavras com uma voz rouca e arranhada, cheias de ódio. Em seguida, atirou o druida contra uma parede e este, como que possuído por algum demônio, ateou fogo sobre si mesmo, queimando até a morte.

    Todos na sala estavam atônitos. Lug, livre, apenas saiu da masmorra. Ninguém ousou detê-lo.
    Última edição por Karasutengu; 14-01-2011 às 16:34.
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  7. #27
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    Padrão 13

    13


    Lug saiu triunfande da masmorra. Para espanto de seus parentes e amigos, ele estava vivo. Nada nem ninguém consegui matá-lo e, atrás dele, vinham guardas, o druida e o carrasco, todos com um misto de perplexidade, curiosidade e um medo de certa forma infantil. Como o que uma criança sente em relação a um adulto autoritário. Lug não falou com ninguém, apenas foi pra casa, comeu algo e dormiu. Shirà, Mylla e Wrebh não sabiam muito bem o que fazer. Esperavam por tudo menos por isso. O druida relatou a eles o ocorrido, antes de voltar e cuidar do corpo do druida imolado. Dia seguinte, o fato seria informado ao Chefe da cidade, Rhizód Frinneqa, que dessa vez, apoiado por um conselho apavorado e pela maioria dos druidas, optou por arquivar temporariamente o processo contra o pescador. Talvez tenha sido a coisa certa... Não por conta da calmaria que voltou à cidade nos tempos subsequentes, mas pela impossibilidade de haver alguma punição contra Lug. O banimento da cidade foi fortemente debatido, mas no final, foi condicionado a algum outro incidente. Que não ocorreu. Lug estava claramente protegido por e sob a influência de algo. Restava saber do quê.

    Peço desculpas se adiantei um pouco a sucessão dos fatos nessas últimas frases. Mas saibam que a não ocorrência de incidentes foi apenas parcial. A cidade, Lug, as famílias Mariel e Mines... Nada voltaria a ser exatamente como antes. Não mais. Nunca mais. Tenham certeza, aquilo infelizmente era o começo do fim. Por mais que esse fim tardasse, ele viria. Já passearam por Ghostlands? Se sim, entenderão exatamente do que eu estou falando - não é o lugar ideal para um pique-nique.

    Foi um dia de sol que se seguiu ao da sentença de morte não executada de Lug. O pescador agora inspirava medo na cidade toda. Ele saiu e caminhou por Othialla naquela manhã, indiferente aos olhares tortos, cochichos e mães afastando as crianças de seu caminho. Tão feliz estava que parecia haver nascido novamente. Da janela de casa, Shirà o observava se afastar em direção ao centro da cidade. Lug foi até o mercado, onde comprou vários pergaminhos, papiros, papéis de toda sorte, plumas, tintas, carvão... Comprou de um mercador vindo do sul, alheio à sua história. Um vendedor local provavelmente o haveria ignorado então ele teria que procurar os estrangeiros para as compras que o ocupariam pelo resto de seus dias. Lug almoçou pelo mercado e, pela tarde, foi ao seu barco para consertá-lo. Pretendia voltar a pescar, ainda que soubesse que ninguém mais na cidade compraria do seu peixe. Mas que importa? Venderia para outras localidades. De repente, até mesmo Wrebh poderia viajar para ele e vender nos povoados ao redor de Othialla. Apenas voltou pra casa quando o sol já preparava-se para se pôr. Estava ansioso para voltar ao mar e jogar as redes. E queria também pescar tubarão! Especialmente os tubarões-platina, temidos peixes que viviam nos mares do norte, chamados de fyrmendahr, "assassinos-do-mar". Eram pouco menores que os tubarões comuns, porém mais vorazes e agressivos. Sua carne era mais abundante e saborosa. Sim... Ele teria que ir atrás desses bichos nos próximos dias.

    Shirà continuava na janela quando viu o marido que despontava no horizonte. Talvez tivesse ficado lá o dia todo a sua espera. A bela mulher estava muito pensativa. É... Ela não era diferente do resto da cidade e estava com um certo medo do marido. Queria que ele tivesse sido executado e que tudo acabasse? Isso não aconteceu. E agora? Ira abandoná-lo? Shirà sentia-se extremamente culpada enquanto esses pensamentos lhe vinham à cabeça. Não! Não era o momento de deixá-lo. Talvez ele precisasse de seu apoio. Ela teria que enfrentar a sociedade, agora. Othialla contra eles. A troco de quê? Um misterioso acidente no mar. Causado por seu marido que foi onde não devia, atrás de uma pérola. Para ELA! Mais culpa. Uma lágrima rolou da escuridão noturna e infinita de seus olhos.

    Aceite Shirà. Você o ama. Não irá deixá-lo. E viverá com ele o seu tormento.

    ----------------------------------------------
    Nomes que aparecem nesse capítulo:
    - Fyrmendahr: "Assassino-do-mar": É um tubarão não muito grande, de corpo alongado, porém robusto. Ágil e agressivo, é um grande predador dos mares do norte. Tem o corpo com um colorido que vai do branco em sua barriga ao azul escuro em seu dorso, com listras platinadas que o camuflam no ambiente.

    -----------------------------------------------
    Impressão minha ou essa história tem leitor único (@Kenseiden)? Caso no qual ela será terminada com um RESUMÃO... Dá trabalho de escrever!
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    Muito bom esse capítulo 13. Espero que não termine a história num resumo, pô! Ta fikando massa, manoooooo!
    =D
    Continua aêeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee

    Flw!!
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    Padrão 14

    14


    Mal Lome saía de sua casa e já recebia em cheio, na sua cara, uma pesada bolota de neve atirada com toda velocidade por seu amigo. A garota limpou os olhos, retirando a neve de sua cara vermelha e ardida para encontrar Bygudo, com um sorriso cretino estampado no rosto.

    -E aí, Miudinha! Tá gostosa, a neve?

    Os dois saíram correndo numa perseguição implacável. Mas por culpa da diferença de tamanho e idade, Lome jamais o alcançaria.

    O inverno chegou cedo naquele ano. E com ele, a neve, algo raro na região. Lome adorava brincar nela e era uma grande escultora de bonecos de neve. Naquele dia, sua felicidade ao ver tudo branco do outro lado da janela era indescritível. Ela tomou o café da manhã rápido, leite de cabra com uns pães preparados pela sua mãe, colocou uma roupa bem quente, botas de pele de urso e saiu ao encontro do mundo branco exterior. Dentro de casa, a mãe chegou a ouvir a bola de neve atingindo a filha. Mylla já sabia o que era e sorriu levemente.

    Bygudo Tatár Reenách era um dos amigos de Lome e, sem sombra de dúvida, o "companheiro de neve" da menina. Fazer bonecos de neve e atirar bolas geladas estavam entre os hobbies dos dois. Ele era um ano mais velho e tinha cabelos loiros, quase brancos. Era magro, tinha a pele tão branca e sem graça quanto seus cabelos. Em meio à tanta branquidão, destacavam-se seus olhos verdes, como folhas de carvalho brilhantes após as primeiras chuvas. Bygudo era filho de um cartógrafo da cidade. Os dois se conheceram quando, certa vez, a menina foi até a casa de Bygudo-Pai (tinham o mesmo nome) na companhia de seu tio Lug, que queria uns mapas de navegação para ir ao norte. Passavam bastante tempo juntos, mas era principalmente no inverno que se divertiam mais, na condição de haver neve, é claro.

    Cansados da perseguição, os dois caíram no chão ofegantes. Ficaram lá um tempo, alheios ao frio, olhando o céu igualmente branco, pontilhado por alguns corvos negos que voavam para lá e para cá. O garoto quebrou o silêncio.

    - O que houve com o seu tio, afinal? Só se fala dele na cidade...
    - Ningém sabe ao certo. Ele saiu pra pescar com os amigos, voltou sozinho e estranho. Ele parece não se lembrar da viagem e fala pouco no assunto.
    - Ah... Deve ser legal. Digo... Sair pra pescar, viver pelos mares, sentindo o vento. Quando crescer, vou me aventurar por aí e conhecer terras distantes.
    - Hahahah! Vai aparecer um Tróllar e você fará xixi nas calças de medo. Te conheço, Bygudo!
    - Cala a boca, Miúda! Você tem mais medo deles que eu. Além do mais, quando eu for gente grande, eles é que terão medo de mim! Mas... Conte mais do seu tio!
    - Eu não sei muita coisa. Minha família não fala muito sobre isso. Soube que tinham tentado matar ele, mas não conseguiram. Parece até que ele matou um druida!
    - Uau!
    - A última coisa que eu soube é que ele consertou o barco e que comprou umas coisas estranhas.
    - Que coisas?
    - Hum... As mesmas que tem lá na sua casa! Mapas, papéis, livros, tintas. Esse tipo de coisa.
    - Normal. Ele ia lá em casa atrás disso mesmo.
    - Eu sei, mas parece que agora ele está atrás de umas coisas mais exóticas.

    Lome fez um silêncio e se levantou, sentando em um tronco de madeira apodrecido.
    - Bygudo... De vez em quando ele repete uma palavra estranha. Quando ele fala, me dá muito medo.
    - Qual palavra?
    - Gi... Gi...

    A palavra ficou presa na garganta.
    - Nada. Deixa pra lá.
    - Como assim, "nada"? Agora eu quero saber!
    - Esquece!
    - Diga, Miú...
    Antes que terminasse, uma bola de neve voou na sua cara.
    A guerra recomeçou.

    Enquanto isso, Lug estava afoito em sua casa, rearrumando tudo. Shirà indagou o porquê dessa arrumação toda. Ele disse apenas que precisava esvaziar o porão. Para isso, teria que ter espaço nos outros cômodos da casa. Ela estava ajudando quando ouviu alguém lá fora gritando: tróllar!! Dois deles!! Roubando meus peixes!!


    ---------------------------------------------
    Nomes que aparecem nesse capítulo:


    - Bygudo Tatár Reenách: um dos amigos de Lome. Seu pai, cartógrafo, tem o mesmo nome.
    -----------------------
    @Kenseiden: Ahm... Fica tranquilo, não quero terminar isso num resumo. Nem gosto de história pela metade. E, não lembro quem foi que pediu, mas acho que em breve um desenho aparecerá por aqui, pra enfeitar...

    Obrigado por comentar! Abração!!
    Última edição por Karasutengu; 11-03-2011 às 14:04.
    Duos habet et bene pendentes.

    --As Escrituras--
    GARR E GUUK
    A ILHA DAS LAMENTAÇÕES
    MAKUMBADO, A MAKUMBA DEU ERRADO!
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  10. #30
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    Padrão Muito boa

    Opa nesse capítulo pensei que iria falar mais das visões que a Lome teve no espelho, mas é legal ver ela interegir com mais crianças.

    Aguardo ansioso o próximo capítulo.

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