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O estriduloso grito de uma ave marinha, cortou a monotonia cinzenta daquela manhã em Othialla. As pessoas acordavam e se dirigiam ao centro da cidade para dedicarem-se a seus afazeres diários. A rotina de Wrebh Esqiall não era muito diferente. Ele estava indo até seu comércio onde vendia pão junto com dois sócios. Porém, ao chegar à praça central viu um grupo de pessoas amontoando-se perto da estátua de Gánor es Othialla, fundador da cidade. Chegou perto para ver o que estava acontecendo e, aproximando-se, sentiu um forte odor metálico, não exatamente desagradável, mas um pouco enjoativo. Ao pé da estátua, dormia um homem magro, de aparência cansada. Trajava uma calça de pano visivelmente apodrecido e uma camisa branca rasgada e imunda. Tinha alguns escassos fios de barba distribuídos de forma desigual pela face e longos cabelos grisalhos enrolados, de aparência endurecida e mal-cuidada. Em seus cabelos, havia toda sorte de alga pendurada, dando a este a aparência de um “séssartróllar”, o lendário trasgo dos pântanos, que aparece nas mais lúgubres histórias do povo fyr. A pele daquele homem tinha uma coloração pálida, levemente esverdeada e exalava o odor metálico que o padeiro, havia pouco, sentira no ar. Wrebh mal podia acreditar no que via. Apesar de estar diferente, com aparência mais velha, ele não teve dúvidas. Aquele homem fétido era Lug!
A passos largos, Wrebh foi imediatamente à casa de Shirà, sua vizinha, a fim de avisá-la sobre a volta do marido, mas não encontrou ninguém ali. Pensou então na casa da irmã de Lug, Mylla. Foi correndo até lá, com um misto de alegria e apreensão, esperando encontrar a moça.
Tenner acordou sobressaltado quando alguém bateu forte e rapidamente na porta, despertando todos na casa.
-Senhor Mines! Sinto muito acordá-lo a essas horas, mas estou procurando pela Shirà... O senhor sabe onde ela estaria?
-Wrebh? O que houve? – Antes que Tenner, ainda em estado letárgico respondesse alguma coisa, Shirà adiantou-se, aparecendo perto da porta, com os cabelos desarrumados de quem acaba de acordar e dobras de lençóis marcando seu rosto. Trajava uma longa camisola branca, que pelo tamanho era da Mylla, mais alta, e não dela. Shirà tinha mesmo uma beleza fora do comum. Sua pele era clara e tinha olhos negros levemente amendoados. Os cabelos, que usava na altura do ombro, tinham uma raríssima cor verde escura, com uns poucos fios azulados e brilhantes, que davam a ela a aparência de algum ser mítico; como uma fada ou uma sereia. Essa beleza exótica e delicada era um verdadeiro espelho de sua personalidade, sempre atenta e carinhosa com todos em sua volta.
Wrebh soluçou, talvez por sentir-se desconcertado ao ver Shirà, linda em seu despertar no mais simples dos trajes. Ali, em sua simplicidade, aquela mulher poderia ofuscar a mais bela Amazona coberta de ouro. Desviando o olhar que insistia em ver sua vizinha, Wrebh respondeu:
-Lug voltou, Shirà! Ele está na praça central da cidade, dormindo sob a Estátua...
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Nomes que aparecem nesse capítulo:
- Wrebh Esqiall: vizinho de Shirà e Lug. Trabalha como padeiro em Othialla.
- Séssartróllar: "trasgo dos pântanos" (swamptroll para os jogadores de TIBIA) Aprendi no "literatura" que trasgo é um bom equivalente a troll. Usarei a palavra quando couber...
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