CAPÍTULO 5 - O PODER OCULTO DE LIANA
A Rainha Eloise esbravejava ao máximo possível. Mohm e Alex estavam ouvindo dela muito mais do que, com certeza, cada um deles deve ter ouvido da própria mãe, quando criança. Ela estava indignada pelo fato de que Svan solicitou ajuda aos dois, e estes permitiram a Mercy fugir sem demonstrar nenhuma resistência. Mas, Rainha, ele derrubou facilmente o Capitão, era a desculpa dos soldados. Vocês são guerreiros da Armada ou são apenas civis comuns?, era a resposta da Rainha. O Capitão estava na enfermaria da cidade. O braço direito escurecido, devido a um golpe de amortecimento mórbido que recebera, e o abdômen exterior queimado devido ao tiro de mesma propriedade.
Liana entrou rapidamente, sem pedir às enfermeiras. A vendedora do depósito de Carlin nem sequer olhou para elas ao entrar no quarto. Svan estava acordado. Ela sentou-se numa cadeira de madeira refinada ao lado da cama de Svan. O quarto era de concreto, todo cor-de-rosa. As mesas, cômodas, criados-mudo e camas eram amarelas com detalhes dourados. O chão de lajotas era razoavelmente áspero, e incômodo para se andar descalço.
- Capitão! Como você está?
- Estou tentando estar bem - lançou um olhar cético para Liana, como quem estivesse pensando Não está vendo? -. Mercy, desgraçado... está com os dias contados no continente.
Liana e Svan conversaram por vários minutos, quando um baque forte e estrondoso foi ouvido do lado de fora. Ela foi então à janela, para ver do que se tratava. E aconteceu o que Svan imaginava: Mercy havia dito à Armada Inversa que ele estava debilitado. Esta era, portanto, uma magnífica oportunidade de se dar bem na largada dentro da guerra. O Capitão da Armada de Eloise estava pensando sobre como contra-atacar naquelas condições. Mas havia pouco tempo para pensar: a janela foi quebrada por uma pedra avermelhada, caprichosamente arredondada, com um símbolo circular no meio. Ela então se abriu, liberando fagulhas de faíscas já conhecidas pelos magos. Instantaneamente, uma incrível explosão de uma "mini-napalm" se cresceu dentro do quarto do hospital de Svan. Tudo em chamas, e o Capitão caído longe da cama. Liana foi arremessada para fora do quarto, e as enfermeiras estavam todas mortas e quase carbonizadas. Com um pouco de esforço, Svan levantou-se e caminhou na direção oposta à porta, ouvindo os gritos de Liana. Tomou sua espada embainhada, e se dirigiu instantaneamente para fora do local, sendo carregado pela vendedora. Desceram rapidamente a escada de emergência, vendo outras pessoas também deixarem seus quartos.
* * *
Do lado de fora, Hardek comandava as ações. Josh estava acuado num canto, sob a mira da espada de um dos guardas da Armada Inversa. Mercy não se fazia presente, no entanto.
Svan e Liana cruzaram toda a cidade, que estava repleta de chamas, pelo lado oeste de sua entrada. No entanto, quando se aproximaram da Escola dos Druidas, Hardek posicionou-se na frente de ambos, bloqueando a entrada à Taverna. O Co-Capitão Chefe da Armada Inversa estava usando o sobretudo que Melchior usara quando fora assassinado. Por baixo, uma simples armadura de aço, e calças simples de algodão fino. Suas botas eram marrons, comuns como todas as outras, exceto pelas asas que carregava nos calcanhares, fazendo com que a locomoção de quem as usasse fosse mais ligeira. Debaixo do braço direito, o capacete real da Armada. Empunhado na mão esquerda, um cajado. O local onde estavam não apresentava sequer uma pequena fogueira. Hardek já havia preparado o local para esta eventualidade.
- Svan, meu caro! Que belo dia este, não? - ele fez uma pausa - No entanto, parece-me que estou destruindo a sua cidade inteira... não é frustrante, Capitão? - mais uma pausa - Ver o sonho da sua vida toda desmoronar?
Svan sabia do que Hardek falava. Quando ele chegou à Armada de Eloise, pôs-se em combate contra o filho de Hardek e não hesitou em o matar, pois era um fugitivo da Coroa. Hardek nunca se esquecera daquele fato, e tinha por Svan enorme ódio e retenção de mágoa.
- Hardek - Liana era quem falava, calmamente, pausando para pensar a cada frase nova -, peço por favor que me deixe passar. Se Svan não se recuperar, vocês nunca poderão ter uma luta justa. Por favor, me deixe passar... é questão de honra, Capitão.
Hardek oscilou, e encarou firmemente a filha de Melchior.
- Filha postiça de Melchior, não é, senhorita Liana?
O nome de seu pai adotivo ser falado por Hardek fez o sangue de Liana subir, ao passo de que Hardek estendia seu cajado em direção a Svan. Liana, que usava um vestido de linho impecável vinte minutos antes, usava agora o mesmo totalmente queimado e desgastado pelo calor das chamas. Não detinha qualquer arma e sabia bem poucas magias, seria um problema se Hardek prosseguisse com seu desejo de derrubar Svan. Mas não houve tempo. O Capitão da Armada Inversa estendeu o cajado em direção de Svan e disparou. Um pequeno estalido se ouviu, e o ombro direito de Svan, que estava enfaixado, ergueram-se pequenas queimaduras.
- Vamos, Capitão dos Capitães da Armada de Eloise - Hardek provocava -, faça tinir sua espada contra o meu cajado, meu nobre cavaleiro! Sempre ouvi falar muito de seus feitos nas terras do continente, seu verme, no entanto o que vejo diante de mim é um coelho acoado e sem a mínima condição de ir em busca de sobrevivência!
- Hardek - Svan falava -, você obviamente sabe que não estou em condições de uma batalha agora, portanto...
Neste instante, o mago abriu as mãos em direção ao Capitão e grunhiu um som tão inaudível quanto o que Mercy usara contra o mesmo. Um feixe de luz azul, cercado de correntes de eletricidade, se levantou contra ele. Num baque estrondoso, Svan foi arremessado dentro do lago que estava ao lado deles, mas misteriosamente a energia proveniente do ataque dissipou-se na terra antes de chegar à água, o que fez com que Svan continuasse vivo e fora de risco.
- Svan - Hardek caminhou à beirada do lago -... há tempos estou esperando por isso, meu velho. Se você pode tirar vidas, por que não eu? - o olhar de Hardek era repleto de ódio - Sua vida acaba aqui, Capitão, eu vou...
Hardek foi atingido nas costas e foi arremessado à margem oposta do lago, com um buraco no sobretudo de Melchior. Atrás dele, Liana não tinha mais pupilas nos olhos, que estavam brancos como a neve. Ela mantinha as mãos estendidas em direção ao Capitão de Thais, enquanto murmurava algumas palavras, totalmente fora de si. Hardek tentou contornar o lago, mas foi tarde: Liana disparou novamente, outra rajada de luz azul-clara, e ele foi arremessado desta vez bem mais longe que da primeira. Ela caminhou em direção ao lago, e apenas com a mão direita, retirou Svan da água. Contornou então seguindo a margem, e chegou ao outro lado, onde Hardek tentava se levantar. Sem dó ou piedade, estendeu as mãos no rosto dele, e outra rajada mágica cor-de-gelo se fez presente. Ele estava pregado no chão, com os olhos queimando e o rosto repleto de stalagmites, enquanto Liana tomava a espada de Svan à margem do lago. Entregou-a ao Capitão de Carlin e em seguida, virou-se novamente para Hardek, que já punha-se de pé.
- Você... você matou meu pai, desgraçado... vai pagar!
- Liana, Liana, minha cara - Hardek zombava, mesmo em pior situação -, existem coisas que nem a natureza descreve, você ainda é muito nova, portanto, queira entender que...
Um estralo ouviu-se. A mão direita de Liana estava coberta por uma camada de gelo. E foi com esta mesma mão que ela levantou-se a Hardek com um tapa na face. Hardek, que estava com a cabeça de lado, endireitou-a, cheio de ódio no olhar, enquanto encarava a jovem moça à sua frente. Liana deu alguns passos para trás e em seguida levantou os braços em direção ao céu. Uma enorme esfera de energia aparentemente de gelo se formava sobre ela. A cada segundo que passava, essa esfera aumentava desproporcionalmente.
- Eu nunca vi isso na minha vida, por Crunor - Svan falava sozinho -, é necessário uma grande concentração mágica de muitas pessoas para que isso possa ocorrer! Uma explosão de gelo?
Depois de vários segundos, Liana desprendeu sua mão direita do encanto e a estendeu na direção de Hardek. A esfera de energia gélica começou a mover-se na direção dele, sem oscilar, firme, e determinada a tirar a vida do mesmo. O Capitão da Armada Inversa estava pressionado contra uma concentração montanhosa, e não tinha para onde fugir. Num ato de desespero, Hardek disparava fagulhas com seu cajado no corpo de Liana, em vão. Svan distanciou-se alguns metros, mas Liana disse em alto e bom som, mesmo a cem metros de distância ele acabou ouvindo. Exevo gran mas frigo.
Hardek bateu violentamente contra a concentração montanhosa que o pressionou contra a esfera mágica. O corpo petrificado, coberto de gelo. Vários cortes por todo o corpo, o cajado estilhaçado, várias de suas pedras mágicas foram atiradas longe e o sobretudo de Melchior, por incrível que pareça, tinha sido levado pelo vento e não apresentava nenhum corte ou arranhão - fora o buraco proveniente do primeiro ataque de Liana ao mago -, a quase quarenta metros do local. Depois do disparo, Liana perdeu a força nas pernas e desmaiou. Estava caída no chão quando Svan cruzou o lago congelado. Caminhou por cerca de quarenta metros e tomou no braço sóbrio o sobretudo de Melchior. Colocou Liana nas costas e com muita dificuldade, dirigiu-se à Taverna.
* * *
Na prisão de Thais, Olk acordou repentinamente. Sentou-se na cama num salto, e observou as paredes da cela em que estava. A cela era solitária. Paredes de pedra cuidadosamente moldadas, o chão úmido devido à garoa que vinha pelo oceano. Estava deitado numa espécie de rede, porém em cama de material de ferro. Ao invés de um colchão, apenas um pedaço de pano velho esticado a certa altura do chão. Do lado, um pequeno criado-mudo de madeira refinada, com um jarro de água sobre ele.
Olk tinha seus sessenta e tantos anos. Cabelos grisalhos, já, devido à idade. Apesar da velhice que se aproximava cada vez mais, era forte e robusto. Tinha cerca de um metro e oitenta, era forte, mas perdeu parte de sua força mental com o passar dos anos. Olhos azuis e profundos, envolventes. Depois da última guerra, que levou sua filha para a tumba, decidiu que viveria longe da balbúrdia. Mas estava disposto a ajudar Svan, se precisasse. E foi por essa ousadia que jazia na prisão, naquele momento. Mas não foi esta a causa de ter acordado. Ele sentiu... Olk tinha certeza do que sentia.
- Hardek...
Não sinto mais sua energia sobre o continente, miserável. Ele pensava no que parecia ser impossível até o momento... mas sentiu. O Velho Guerrilheiro, como era chamado, tinha a sensibilidade dada por Crunor de perceber em terra quando alguém que conhecia deixava de viver.
- Ah, parabéns Svan! Você o matou, impediu a destruição em Carlin!
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Enfim... eu quero pedir pra aqueles que entrarem aqui, comentem, por favor. Ler sem comentar com certeza não satisfaz o escritor. Eu preciso saber como as coisas estão indo por aqui.
Obrigado a todos!![]()
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