AHSuehaSUEHsuaHEUashEhu! Juro que me matei de rir com sua observação.Postado originalmente por tio porkz
Bom, já que você fica dia todo vendo se tem capítulo novo, vou te dar este de presente de Ano Novo.
Presente pra ti e pra todos que gostam desse RP...
Bom, Feliz Ano Novo para vocês e boas festas, que o ano que vem se transforme e um ano memorável de muitas oportunidades e felicidades.
E, divirtam-se!!
Capítulo 23 – O porto, o pântano e o fracasso.
A guarnição em Batalha tinha o mesmo desejo de Jeanette, e para fazê-lo tornar-se uma realidade, reuniu uma poderosa força de besteiros e soldados para emboscar os thaisenses a caminho do porto, mas eles, tal como Jeanette, estavam convencidos de que a guarnição de La Roche-Ogre faria a sua surtida na sexta-feira, e por isso só partiram tarde na quinta-feira, quando a força de Totesham já estava a menos de oito quilômetros do porto. A guarnição reduzida não sabia que Thais estava chegando, porque os capitães de guerra do duque Charles, que comandavam suas forças em Batalha enquanto o duque estava em Venore, decidiram não avisar à cidade. Se um número grande demais de pessoas soubesse que os thaisenses tinham sido traídos, os próprios poderiam ficar sabendo, abandonar os planos e, com isso, negar aos homens do duque a chance de uma rara e completa vitória.
Thais esperava a vitória. Era uma noite seca e, perto da meia-noite, uma lua cheia deslizou por trás de uma nuvem de contornos de prata, colocando os muros do porto em nítido relevo. Os atacantes estavam escondidos nos bosques, de onde observavam as poucas sentinelas nas defesas. Os defensores nas muralhas ficaram com sono e, depois de um certo tempo, foram para os bastiões, onde fogueiras estavam acesas, e assim não puderam ver os seis grupos portando escadas atravessando sorrateiramente os campos noturnos, nem as centenas de arqueiros seguindo atrás das escadas. E ainda estavam dormindo quando os arqueiros subiram os degraus e a força principal de Totesham surgiu dos bosques, pronta para invadir pela porta leste que os arqueiros iriam abrir.
As sentinelas morreram. Os primeiros cães acordaram na cidade, depois um sino de igreja começou a tocar e a guarnição do porto despertou, mas tarde demais, porque a porta estava aberta e os soldados de Totesham, vestindo cotas de malha, estavam dando o sinal para começarem a violência nos becos escuros enquanto ainda mais soldados e arqueiros penetravam pela porta estreita.
Os homens de Farz eram a retaguarda e, por isso, esperavam do lado de fora da cidade quando o saque começou. Sinos de igrejas tocavam alucinadamente à medida que as igrejas da cidade acordavam para o pesadelo, mas aos poucos o repique cessou.
Vince Farz olhou para os campos iluminados pela lua ao sul do porto.
- Soube que foi Sir Simon que melhorou sua aparência – disse ele para Argos.
- Foi.
- Porque você o mandou fritar o traseiro? – Farz sorriu. – Você não pode culpá-lo por agredir você, mas primeiro ele devia ter falado comigo.
- O que é que você teria feito?
- Teria garantido que ele não bateria muito em você, é claro – disse Farz, o olhar deslocando-se com firmeza pela paisagem. Argos havia adquirido o mesmo hábito de vigilância, mas toda a terra pra além da cidade estava calma. Uma névoa surgiu do terreno baixo. – Então, o que é que você pretende fazer quanto a isso?
- Falar com você.
- Eu não compro suas malditas brigas, rapaz – rosnou Farz. – O que é que você está planejando fazer?
- Pedir que me empreste o Daniel e o Sam no sábado. E eu quero três bestas.
- Bestas, hein? – perguntou Farz, sem expressão. Ele viu que o resto da força de Totesham já entrara na cidade, e por isso levou dois dedos à boca e soltou um penetrante assobio para dar o sinal de que seus homens poderiam seguir. – Para os muros! – gritou ele enquanto os cavaleiros do diabo avançavam à cavalo. – Para os muros! – Aquele era o serviço da retaguarda: controlar as defesas da cidade vencida. – Metade dos bastardos ainda vão se rebelar – grunhiu ele –, por isso, você fica comigo, Argos.
A maioria dos homens de Farz cumpriu seu dever e subiu pelos degraus de pedra para as defesas da cidade, mas uns poucos escapuliram em busca de despojos e bebidas, de modo que Farz, Argos e seis arqueiros vasculharam a cidade para encontrar os vadios e levá-los de volta para os muros. Vinte soldados de Totesham estavam fazendo praticamente o mesmo – arrastando homens para fora de tabernas e mandado-os carregar várias carroças que tinham sido guardadas na cidade para evitar que caíssem nas mãos dos arqueiros. Totesham, em particular, queria alimentos para sua guarnição, e seus soldados mais confiáveis faziam o possível para manter os thaisenses longe de bebidas, mulheres ou qualquer outra coisa que reduzisse o ritmo do saque.
A guarnição da cidade, desperta e surpresa, tinha feito o máximo para revidar o ataque, mas seus componentes haviam reagido tarde demais e seus corpos agora jaziam nas ruas iluminadas pelo luar. Mas na parte ocidental do porto, perto do cais, a batalha continuava, e Farz foi atraído pelo som. A maioria dos homens a estava ignorando, interessados demais em derrubar portas de casas e saquear armazéns, mas Farz reconheceu que ninguém na cidade estaria a salvo enquanto todos os defensores não estivessem mortos.
Argos seguiu atrás dele. Encontraram um grupo de soldados de Totesham que acabavam de recuar de uma rua estreita.
- Tem um bastardo louco lá – disse um a Farz – e ele tem doze besteiros.
O louco bastardo e seus besteiros já haviam matado sua quota de homens de Thais, porque os corpos com a imagem do dragão lançando chamas jaziam no ponto em que a rua fazia uma curva bem acentuada em direção à Sula.
- Toquem fogo, para obrigá-los a sair – sugeriu um dos soldados.
- Não antes de revistarmos os prédios – disse Farz, e mandou dois de seus arqueiros apanharem uma das escadas que tinham sido usadas para escalar os muros. Uma vez apanhada a escada, ele a colocou contra a casa mais próximo e olhou para Argos, que sorriu, trepou pelos degraus e depois, usando pés e mãos, escalou o íngreme telhado de sapé. A costela quebrada doía, mas ele chegou ao topo e, lá, tirou o arco do ombro e encaixou uma flecha na corda. Caminhou ao longo do telhado, sua sombra projetada pela lua aparecendo longa na palha íngreme. O telhado terminava bem acima do local em que o inimigo aguardava e, por isso, antes de chegar ao topo, ele retesou o arco ao máximo e deu dois passos à frente.
O inimigo o viu e doze bestas ergueram-se, mas o mesmo aconteceu com o rosto desprotegido pelo elmo de um homem louro que segurava uma longa espada. Argos o reconheceu. Era Sir Geoffrey de Pont Blanc, e Argos hesitou porque admirava o homem. Porém a primeira seta passou tão perto que ele sentiu o ar deslocado passar-lhe na boca aberta do rosto de Sir Geoffrey, voltado pra cima. Argos não viu a flecha acertar o alvo, porque dera um passo atrás quando as outras bestas vibraram e suas setas subiram em direção ao céu.
- Ele está morto! – gritou Argos.
Houve um barulho de passos quando os soldados atacaram antes que os besteiros pudessem recarregar as complicadas armas. Argos tornou a ir para o fim da boda e viu as espadas e os machados subindo e descendo. Viu o sangue espirrar as frentes de reboco das casas. Viu os homens golpeando o corpo de Sir Geoffrey só para se certificarem de que ele estava morto. Uma mulher gritou na casa que Sir Geoffrey estivera defendendo.
Argos deslizou pelo sapé e saltou para a rua onde Sir Geoffrey morrera, e lá apanhou três bestas e um saco de setas, que levou para Vince Farz.
O homem de Venore sorriu.
- Bestas, hein? Isso significa que você vai fingir se o inimigo, e não pode fazer isso em La Roche-Ogre, e assim está tocaiando Sir Simon em algum ponto fora da cidade. Estou certo?
- É mais ou menos isso.
- Eu poderia ler você como uma droga de livro, rapaz, se eu soubesse ler, que não sei porque tenho juízo demais.
Farz caminhou em direção ao rio, onde três navios estavam sendo saqueados e outros dois, os cascos já vazios, eram consumidos por um violento incêndio.
- Mas como é que você tira o bastardo da cidade? – perguntou Farz. – Ele não é de todo bobo.
- Ele é, quando se trata da condessa.
- Ah! – Farz sorriu. – E a condessa, de repente, está sendo boa para todos nós. Com que então é você e ela, não é?
- Não é isso, não.
- Mas em breve vai ser, não vai? – disse o velho paladino.
- Duvido.
- Por quê? Porque ela é uma condessa? Ainda assim é uma mulher, rapaz. Mas eu tomaria cuidado com ela.
- Cuidado?
- Aquela ali é uma safada dura. Parece bonita por fora, mas por dentro é só pedra. Ela vai te deixar de coração partido, Argos.
Farz havia parado nos largos cais de pedra onde homens esvaziavam armazéns de couro, grãos, peixe defumado, vinho e peças de tecido. Sir Simon estava entre eles, gritando com seus homens para que pedissem mais carroças. O porto estava rendendo uma imensa fortuna. Era muito maior do que La Roche-Ogre e, por ter conseguido romper o cerco que Havoc Bohun fizera no inverno, tinha sido reconhecido como um lugar seguro para carlinianos e batalhenses depositarem seus bens de valor. Agora estava sendo destripada. Um homem passou cambaleando por Argos levando uma grande quantidade de objetos banhados em prata, outro arrastava uma mulher seminua pelos trapos da camisola. Um grupo de arqueiros tinha arrombado um tonel e mergulhava o rosto para beber o vinho.
- Foi bem fácil entrar aqui – disse Farz –, mas vai ser um trabalho dos diabos tirar esses bastardos embriagados daqui.
Sir Simon bateu com a espada nas costas de dois bêbados que estavam atrapalhando seus homens que esvaziavam um armazém de suas peças de tecido. Ele avistou Argos e ficou surpreso, mas estava muito precavido com relação a Vince Farz para dizer alguma coisa. Simplesmente afastou-se.
- A esta altura, o bastardo deve ter liquidado suas dívidas – disse Farz, ainda olhando para as costas do cavaleiro. – A guerra é uma boa maneira de ficar rico, desde que não se seja feito prisioneiro e queiram um resgate por você. Não que eles fossem pedir resgate por você ou por mim, rapaz. O mais provável é que nos cortem a barriga e furem os olhos. Alguma vez você já disparou uma besta?
- Não.
- Não é assim tão fácil quanto parece. Não é tão difícil quanto disparar uma flecha de verdade, é claro, mas ainda assim é preciso treino. Essas malditas coisas podem atirar um pouco alto, se você não estiver acostumado com elas, mas caso acerte o alvo é tão ou mais efetivo que os nossos arcos, rapaz. O Daniel e o Sam querem ajudar você?
- Eles dizem que querem.
- Claro que querem, são uns safados.- Vince ainda olhava fixo para Sir Simon, que usava a nova e brilhante armadura dourada. – Eu imagino que o bastardo leve o dinheiro dele com ele.
- Eu acho que leva, sim.
- Metade para mim, Argos, e no sábado eu não farei perguntas.
- Obrigado, Vince.
- Mas faça a coisa bem-feita, moleque – disse, com ar selvagem –, faça a coisa bem-feita. Eu não quero ver você enforcado. Não me importo de ver a maioria dos idiotas fazendo a dança da corda, com a urina escorrendo pelas pernas, mas seria uma pena ver você se retorcendo a caminho de Urgith.
Eles voltaram para os muros. Nenhum dos dois pegou espólios algum, mas já haviam apanhado mais do que o suficiente em seus ataques às fazendas próximas à La Roche-Ogre, e agora era vez dos homens de Totesham fartarem-se com uma cidade capturada.
Uma a uma, as casas foram revistadas e os tonéis da tabernas esvaziados. Richard Totesham queria que sua força deixasse o porto ao amanhecer, mas havia um número demasiado de carroças capturadas esperando para passar pela estreita porta leste, e não havia cavalos em número suficiente para puxar as carroças, e por isso os homens estavam puxando pessoalmente, em vez de abandonarem o produto do furto. Outros homens estavam bêbados e desmaiados, e os soldados de Totesham rebuscaram a cidade para encontrá-los, mas foi o fogo que fez com que a maioria dos bêbados saísse de seus refúgios. Os habitantes da cidade fugiram para o sul enquanto os thaisenses punham fogo nos telhados de sapé.
A fumaça engrossou, tornando-se um imenso pilar sujo que foi levado para o sul pelo fraco vento que vinha do mar. Em seu lado inferior, o pilar tinha um lúgubre brilho vermelho, e deve ter sido aquela visão que alertou a força que se aproximava, vinda de Batalha, de que chegara tarde demais para salvar a cidade. Marcharam a noite toda, esperando encontrar algum lugar em que pudessem armar umas emboscada para os homens de Totesham, mas o dano já estava feito. O porto estava em chamas e sua riqueza empilhada em carroças que ainda passavam pela porta, puxadas por homens. Mas se os soldados de Thais não podiam ser emboscados a caminho da cidade, poderiam ser surpreendidos ao saírem, e assim os comandantes inimigos desviaram suas forças para leste, em direção à estrada que levava de volta a La Roche-Ogre.
O vesgo Daniel foi o primeiro a ver o inimigo. Estava olhando para o sul através da neblina perolada que pairava sobre a terra plana e viu as sombras no vapor. A princípio, pensou que se tratava de gado bovino, depois concluiu que devia ser refugiados saídos da cidade. Mas então viu um estandarte, uma lança e o cinza opaco de uma cota de malha, e gritou para Farz que havia cavaleiro à vista.
Este olhou por cima das defesas.
- Está vendo alguma coisa, Argos?
Era logo depois do amanhecer e o campo estava completamente cinzento e coberto de neblina. Argos olhou. Viu um bosque fechado a quase dois quilômetros de distância, para o sul, e uma cadeira de morros aparecendo escura acima da neblina, mais ao leste, Depois, viu os estandartes e a malha cinza à luz cinzenta, e uma verdadeira moita de lanças.
- Soldados – disse ele. – Aos montes.
Farz soltou palavrões. Os homens de Totesham estavam ou na cidade ou ainda seguindo em fila pela estrada para La Roche-Ogre, e numa fila tão extensa que não poderia haver esperança de fazê-los voltar para trás dos muros do porto – embora, mesmo que fosse possível não teria sido prático, porque toda a parte ocidental da cidade ardia em um incêndio furioso e as chamas se espalhavam com rapidez. Recuar para trás dos muros era arriscar ser torrado vivo, mas os homens de Totesham praticamente não estavam em condições de lutar: muitos estavam embriagados e todos carregavam espólios.
- Cerca viva – disse Farz, conciso, apontando para uma linha irregular de abrunheiros e sabugueiros que corria paralela à estrada por onde as carroças seguiam, fazendo um barulho surdo com as rodas. – Arqueiros para a cerca, Argos. Nós cuidaremos de seus cavalos. Banor sabe como nós iremos deter os bastardos – ele beijou a parte de cima de sua própria mão e apontou para o céu, onde Fafnar e Suon surgiam –, mas não temos muita escolha.
Argos forçou passagem na porta lotada e dirigiu quarenta arqueiros através de um pasto encharcado até a cerca viva, que parecia uma tênue barreira contra o inimigo que se reunia em massa na neblina prateada. Havia ali no mínimi trezentos cavaleiros. Eles ainda não estavam avançando, mas agrupando-se para uma carga, e Argos contava com apenas quarenta homens para detê-los.
- Espalhem-se! – gritou ele. – Espalhem-se!
Num gesto rápido, ajoelhou-se sobre um dos joelhos e fez o sinal de respeito aos deuses. Crunor, rezou ele, esteja conosco neste momento. Elane, guie minhas flechas. Tocou a pata dessecada do lobo e depois tornou a tocar o peito e apontar para o céu.
Mais doze arqueiros juntaram-se à sua força, mas ainda era muito pequena. Vinte pajens, montados em pôneis e armados com espadas de brinquedo, poderiam ter massacrado os homens que estavam na estrada, porque a cerca viva de Argos não proporcionava um isolamento completo, e era praticamente nada a cerca de oitocentos metros da cidade. Os cavaleiros tinham apenas que rodear aquela ponta aberta e ali não haveria coisa alguma para detê-los. Argos poderia levar seus arqueiros para o terreno aberto, mas cinqüenta homens não podiam deter trezentos. Os arqueiros atingiam o máximo de eficiência quando ficavam num grupo compacto, de modo que suas flechas formavam uma forte chuva de ponta de aço. Cinqüenta homens poderiam fazer uma pancada de chuva, mas ainda seriam sobrepujados e massacrados pelos cavaleiros.
- Besteiros – grunhiu Daniel, e Argos viu os homens de blusão verde e vermelho surgindo do bosque atrás dos soldados. Não eram da Academia de Formação de Folda, construída na mesma época do início da formação de Batalha, mas mesmo assim eram besteiros. A luz do novo amanhecer refletia-se friamente em cotas de malha, espadas e elmos. – Os bastardos estão aguardando o momento oportuno – disse Daniel, nervoso. Colocara doze flechas na base da cerca, que era espessa o bastante para deter os cavaleiros, mas não densa o suficiente para reduzir a velocidade da seta de uma besta.
Vince Farz reunira sessenta de seus soldados ao lado da estrada prontos para contra-atacar o inimigo, cujo número aumentava de minuto em minuto. Os homens do duque Charles e seus aliados carlinianos agora seguiam a cavalo para o leste, visando avançar em torno da parte aberta da cerca, onde havia uma convidativa faixa de terra verde e aberta indo até a estrada. Argos se perguntava por que diabos eles estavam esperando. Ele se perguntava se iria morrer ali. Querido Crunor, pensou ele, não havia, nem de longe, homens em número suficiente para deter aquele inimigo. Os incêndios continuavam no porto, despejando fumaça para o céu pálido.
Ele correu para a esquerda da linha, onde encontrou o padre Hobbe segurando um arco.
- O senhor não devia estar aqui, padre – disse ele.
- Uman vai me perdoar – disse o padre.
Ele havia prendido a bata no cinto e tinha um pequeno suporte para flechas enfiado na margem da cerca. Argos olhou para a terra aberta, imaginando quanto tempo seus homens durariam naquela imensidão de grama. Era exatamente o que o inimigo queria, pensou ele, uma faixa de terra plana e desnuda na qual seus cavalos pudessem correr muito e em linha reta. Só que a terra não era de todo plana, porque estava pontilhada por elevações cobertas de grama, através das quais duas garças cinzentas caminhavam de pernas duras enquanto caçavam rãs ou patos novos. Rãs, pensou Argos, e filhotes de pato. Fardos, aquilo era um pântano! A primavera fora extraordinariamente seca, e no entanto as botas dele estavam encharcadas devido ao campo úmido que ele atravessara para chegar à cerca viva. A percepção invadiu Argos. A terra aberta era um pântano! Não era de admirar que o inimigo estivesse esperando. Eles viam os homens de Totesham alinhados para o abate, mas não conseguiam encontrar uma forma de passar pelo terreno pantanoso.
- Por aqui! – gritou Argos para os arqueiros. – Por aqui! Depressa! Depressa! Andem, seus filhos da puta!
Ele os conduziu em torno do fim da cerca viva e para o charco, onde saltaram e espadanaram através de um labirinto de pântano, moitas de capim e córregos. Seguiram para o sul, em direção ao inimigo, e uma vez dentro do raio de alcance, Argos espalhou os homens e disse-lhes que se dedicassem à prática do tiro ao alvo. Seu temor desaparecera, substituído pela regozijo. O inimigo estava impedido pelo pântano. Seus cavalos não podiam avançar, mas os leves arqueiros de Argos podiam saltar pelas elevações como demônios. Como cavaleiros do diabo.
- Matem os bastardos! – gritou ele.
A flecha de penas brancas assobiaram ao atravessar a terra encharcada para atingir cavalos e homens. Alguns dos inimigos tentaram avançar contra os arqueiros, mas os cavalos patinharam no terreno macio e tornaram-se alvos para saraivadas de flechas. Os besteiros desmontaram e avançaram, mas o arqueiros transferiram o alvo para eles, e agora mais arqueiros chegavam, despachados por Farz e Totesham, de modo que de repente o pântano ficou fervilhando de arqueiros de Thais despejando um inferno de pontas de aço sobre o inimigo confuso. Aquilo tornou-se um jogo. Homens apostavam se conseguiriam, ou não, atingir um alvo determinado. Suon e Fafnar ergueram-se mais, projetando as sombras dos cavalos mortos. O inimigo recuava para as árvores. Um grupo valente tentou uma última carga, na esperança de contornar o pântano, mas seus cavalos tropeçaram no terreno macio e as flechas os espetavam e cortavam, e assim homens e animais gritavam enquanto caíam. Um cavaleiro avançou com dificuldade, batendo no cavalo com a parte lateral da espada. Argos colocou uma flecha no pescoço do cavalo e Daniel espetou a anca do animal, que emitiu um grito comovente enquanto se agitava de dor e desabava no pântano. O homem deu um jeito de soltar os pés dos estribos e cambaleou, soltando palavrões, em direção aos arqueiros, com a espada baixa e o escudo elevado, mas Sam enterrou uma flecha em seu baixo-ventre, e depois mais uma dezena de arqueiros acrescentaram suas flechas antes de se lançarem em peso sobre o inimigo caído. Facas foram sacadas, gargantas cortadas, e a tarefa de saque podia começar. Os cadáveres foram despidos de suas cotas de malha e armas, e os cavalos de seus arreios e selas, e depois o padre Hobbe rezou pelos mortos enquanto os arqueiros contavam seus espólios.
Quando a manhã ia ao meio, o inimigo já havia partido. Deixaram quarenta homens mortos, e o dobro desse número tinha sido ferido, mas nem um único arqueiro thaisense morrera.
Os homens do duque Charles, com apenas as imagens de vultos negros que lembravam sombras vivas, almas do diabo que atiravam com seus longos arcos, retiraram-se, envergonhados, de volta para Batalha. O porto tinha sido destruído, eles foram humilhados e os homens de Vince Farz celebravam em La Roche-Ogre. Eles eram os Cavaleiros do Diabo, eram os melhores e não podiam ser derrotados.
Os arqueiros de Vince Farz.
Sem mais;
Asha Thrazi!![]()
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