Capítulo fundamentalíssimo para o desonrolar da trama. Narrado por Arieswar.
Capítulo 13 - As descobertas.
Quando avistei o portão Norte da cidade de Thais naquele dia frio e nublado, senti que estava voltando para minha casa. Há algum tempo eu havia permanecido constantemente fora do lugar onde passei boa parte da minha vida, contudo minha ausência havia sido recompensada; trazia frutos valiosos.
Andando pelas ruas, várias pessoas me olhavam. Os boatos de que eu havia saído atrás de um grande mistério, por mais que tentassem ser abafados, espalharam-se por todos os cantos, e as pessoas deveriam estranhar ao me verem voltar de mãos vazias. O que elas não sabiam é que o tesouro que eu portava naquele momento não era material; ele estava dentro de minha mente. Ao chegar ao castelo alguns guardas me cumprimentaram. Chamei um conhecido e perguntei por Hesperides.
- Ele encontra-se na sala de reuniões C, senhor. Está participando de um debate com o Rei e outras autoridades.
- E os outros Guerreiros da Corte?
- O Sr.Acanthurus está na reunião também, e o Sr.Dragonslayer está ausente do castelo no momento.
- Obrigado. – eu disse, e me dirigi à sala de espera mais próxima ao Salão C.
Fiquei lá por um bom tempo, até ouvir o som da grande porta se abrir e vários passos apressados saírem. Esperei em um canto até ver Hesperides e Acanthurus, ainda conversando com alguns colegas, debatendo vigorosamente algum assunto que parecia importante.
- Algum problema? – perguntei a eles.
- Arieswar! – excalmou Acanthurus.
Eles pediram licença ao pessoal com quem conversavam e foram me cumprimentar. Não para menos pareciam surpresos com minha chegada, mas senti que eles estavam realmente ocupados e preocupados com o que estavam a debater.
- Tenho muito o que contar a vocês. – eu disse – E, pelo jeito, vocês também.
O clima não era o mais agradável no momento em que nos reunimos na sala reservada aos Guerreiros da Corte. Enquanto tirava o casaco, Acanthurus ia abrindo na mesa alguns papéis que carregava, e Hesperides procurava alguma coisa na gaveta do móvel onde guardávamos nossos documentos.
- Onde está Dragonslayer? – perguntei.
- Está cuidando de seu pai. – falou Acanthurus, espalhando e
organizando várias coisas na mesa.
- O que ele tem? – perguntei assustado enquanto tirava minhas luvas.
- Parece que a Peste Negra o pegou. – falou Hesperides, sem olhar para mim.
- Ora, mas você é um druida, o que está fazendo aqui!? – eu exclamei – Você pode ajudá-lo! Pode achar algo que o cure!
- Ele pediu para que eu não fosse. Um sacerdote já foi convocado para realizar a Extrema-Unção. – disse com um tremor na voz – De qualquer jeito – chacoalhou a cabeça de modo a esquecer os problemas -, dê uma olhada nisto aqui.
Eu peguei um rolo de pergaminho caprichosamente enrolado que Hesperides me passara, e apenas em ver os primeiros carimbos à medida que ia abrindo, já senti meu coração palpitar.
- Só falta você assinar nessa cópia e no cartório e estará dentro. – falou ele.
Aquele era nada menos que o documento oficial da fundação da Valheru. Nele estavam todo o protocolo da guilda, os nomes dos integrantes e suas respectivas assinaturas.
- Dê uma olhada nesses anexos aqui também.
Ele me entregou os papéis dos tratados diplomáticos com as outras guildas. Haviam rubricas de peso naquelas listas, como a assinatura de Joe Flattery, dos Mecenários, fechando um tratado de não-agressão conosco e de Alexander Silvarion, concordando com o tratado de amizade entre Valheru e a Red Rose.
- Ótimo! – eu exclamava – Isso é um passo largo para nossa guilda! Temos o apoio de importantes líderes! Só não entendo o porquê de vocês estarem tão aflitos sendo que temos notícias tão boas como essas.
Acanthurus me deu um olhar gelado, e eu me senti como um garoto que fala alguma besteira tremenda no meio de um bando de adultos.
- Sente-se, Arieswar – ele pediu.
Hesperides pegou uma garrafa de conhaque e três copos, servindo-os na mesa. Eu tomei um bom gole antes de começar a ouvir o que deveria ser uma tremenda notícia.
- Olhe bem para esse mapa, que é atualmente o mais detalhado do nosso continente. Estamos aqui, em Thais, certo? – eu concordei – Se seguirmos para Leste estaremos atravessando as planícies de Havoc, em direção a Kazordoon, concorda? – respondi positivamente – Contudo, se passarmos da entrada do Império dos anões, que por sinal pouco sabe a população sobre a sua existência, chegaremos à imensa área pantanosa, não é verdade? – novamente eu concordei – Nesse ponto, o Rei pretende dar início a construção de uma imensa metrópole. Uma cidade da magnitude de Thais, tirando lógico seu valor histórico. Esse é o projeto Venore.
Eu parei por um momento para analisar a situação. Demorei algum tempo para conseguir falar.
- Está de brincadeira, não é? Isso demandaria um gasto financeiro inimaginável, além de uma mão-de-obra absurda. Isso tirando as más condições do local, que tem um solo altamente inapropriado para a construção de uma cidade. E olha que vocês me conhecem e sabem como eu sou a favor da dilatação dos nossos territórios, mas acho que o momento não é o ideal para isso.
- Exatamente! – disse Hesperides – Esse é o problema! Acontece que a população gostou do projeto e está apoiando idéia. Vários homens já se recrutaram para trabalharem nas obras assim que o Governo quiser.
- Como o Rei fará isso? – eu perguntei – Como construirá a cidade? Com que recursos?
- O Rei já fez um parcial aumento nos impostos. – disse Acanthurus – O projeto arquitetônico conta com a construção de suportes de modo que a cidade seja suspensa no pântano. As pedras estão sendo negociadas a preços estupidamente baixos com o Reino de Kazordoon, a madeira utilizada será extraída das planícies e o resto, como ferro e aço, que serão usados em menor demanda, poderão ser levados daqui de Thais. Nessa parte não há dúvidas de que tudo foi extremamente bem planejado, e não há erros visíveis, o que só favorece a aceitação de Venore pelo povo.
- É um projeto astuto. – falou Hesperides – Não podemos negar que será um ponto estratégico para o comércio e a implantação de novas fontes de renda.
- Sim, mas e a carga humana? – eu insisti – Com tantos dos nossos homens saindo a defesa de Thais será abalada, e as pessoas não estarão protegidas nem aqui nem naquele lugar.
- Esse é o problema. – enfatizou Acanthurus – Os perigos que nos rondam atualmente são difíceis de serem combatidos e tanto Thais quanto qualquer outro vilarejo, incluindo os alicerces de Venore, estarão desprotegidos. O que dificulta essa compreensão por parte do povo é que nem toda a população tem o mesmo nível de instrução que nós temos. Nós sabemos de tudo o que acontece em cada canto do continente, e temos uma visão muito mais ampla das conseqüências que serão acarretadas.
“E o pior é que não nos cabe sair divulgando idéias contrárias a do Rei. Temos que resolver isso em reuniões fechadas, como está no protocolo dos Guerreiros da Corte.”
- Não – disse Hesperides –, o pior não é, nem de longe, isso. O que realmente me preocupa é o número de vítimas que Ferumbras pode fazer se aproveitando dessa baixa na nossa guarda. – ele me encarou firmemente – Quais são suas novidades, Arieswar?
Eu tomei mais um gole do conhaque. Havia ficado fora por um ano, esperando o momento que contaria aos meus colegas sobre o que constantemente descobria.
- É bom que saibam – eu comecei – que nem todas as fontes que eu arranjei são seguras, pois viajei por várias regiões, coletando informações de pessoas que variaram desde chefes de grandes guildas ao mais oriundo dos fazendeiros de longínquas vilas. O que importa é que eu estava certo. Aliás, eu não, Pepelu.
“Há algum tempo, uma inundação assolou várias vilas longes dos domínios thaienses, como vocês devem saber. Em uma dessas vilas morava um casal que mantinha uma relação amigável com seus vizinhos, não compravam briga com ninguém e nunca haviam tido nenhum problema com o Governo, pagando seus impostos em dia e não se recusando a dar parte da sua colheita à corte.”
“Tudo mudou, porém, com a gravidez da mulher. Os hábitos dos dois começaram a deixar os outros moradores confusos, pois a partir daquele momento eles se fecharam em seus próprios negócios, não conversavam com ninguém mais, e se recusavam a pagar os tributos do Governo, tendo sido ameaçados algumas vezes. Os vizinhos achavam que era pelo fato de que, misteriosamente, sua plantação havia parado de dar fartas colheitas.”
“Poucos meses depois veio a grande inundação. Com suas casas destruídas, os moradores tiveram que migrar para outros lugares, e muitos foram para a Costa Verde e algumas diversas mais próximas de Thais. O casal, contudo, ficou morando perto de onde era sua antiga vila, e montaram uma casa no topo de um carvalho, segundo um senhor que, quando garoto, passava por lá com o pai para fazer entregas. Até que um dia ele não achou mais nada no local, pois um raio havia destruído a árvore na qual moravam. No entanto, uma carta havia sido deixada no local, avisando a quem conhecesse o casal que o bebê havia sido salvo pelo homem que ali passava, que se identificou apenas como Dust”
“Ele então foi levado para morar num acampamento ao Sul das planícies de Havoc, onde se refugiavam os foras-da-lei que eram procurados pelo Rei. Ainda garoto, perdeu aquele que lhe criava, que provavelmente seria esse tal Dust, um possível ladrão. Dizem que ele era dotado de poderes incríveis, e ainda jovem deixou o acampamento, no qual foi posteriormente condenado pelos seus moradores de alguns assassinatos. Desde então ele vaga por essas terras seguindo seus ideais. Não tenho mais notícias concretas dele desde então, apesar de falarem que ele está em algum lugar ao norte do continente."
Houve uma pequena pausa na qual eles refletiram sobre as informações que eu havia acabdo de lhes dar.
- Impressionante. – falou Hesperides.
- Impressionante e assustador. – completou Acanthurus.
Não falamos mais nada por alguns minutos, até que eu me levantei um pouco e fui até a janela. Fiquei contemplando a cidade por alguns instantes, até que percebi uma coisa:
- Há uma movimentação estranha na casa de Dragonslayer. Seu pai deve ter falecido.
Isso só serviu para ficarmos ainda mais aflitos e tristes. Queria um motivo para não ter de encará-los naquela hora, e ele apareceu, batidas apressadas na porta fizeram-me esquecer Ferumbras enquanto atravessava a sala para ver de quem se tratava. Quando abri a porta, um soldado ofegante anunciou desesperado:
- O MONSTRO! O MONSTRO ESTÁ NA COSTA VERDE!
··Hail the prince of Saiyans··
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