Computadores podem fazer cálculos mais rápido que o cérebro humano. Mas será que eles conseguirão ultrapassar nossa capacidade intelectual?
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Computadores podem fazer cálculos mais rápido que o cérebro humano. Mas será que eles conseguirão ultrapassar nossa capacidade intelectual?
Computadores nunca irão ser mais espertos que o ser humano, ele segue a programação que tem, nunca ouvi falar de um computador que inventou algo.
Talvez um programador suficientemente inteligente possa criar um sistema que seja mais "inteligente" que algumas pessoas mais burras, mas acho que nunca mais que ele mesmo (o criador).
Inteligência é bem relativo também né.
Já ultrapassou a capacidade de muitas pessoas, amigo.
Não tenho dúvidas que vai, e nesse século ainda.
Vai ser o dia que conseguirem inventar um computador que se programe sozinho e aprenda com o ambiente, reprogramando sua própria inteligência.
Se isso é possível ou não, aí é outra história. Eu acho que é. O facebook é um exemplo de algo parecido, ele registra o comportamento do usuário e adapta seu conteúdo de acordo com isso. Mas para o computador ficar mais inteligente que o humano, teria que ser algo muito maior.
Espero que demore bastante, porque eu não gosto da ideia de deixar de ser o ser vivo mais inteligente da Terra.
Isso se é até um debate que uns acham paradoxal.
Haha eu não sei. Talvez seja possível, usando um modelo que adquira e troque informacoes entre os mesmos modelos pela internet.
Já postei esse texto aqui e vou postar de novo. Creio que possa se encaixar bem no tópico.
Citação:
Isaac Asimov - A Última Pergunta
A última pergunta foi feita pela primeira vez, meio que de brincadeira, no dia 21 de maio de 2061, quando a humanidade dava seus primeiros passos em direção à luz. A questão nasceu como resultado de uma aposta de cinco dólares movida a álcool, e aconteceu da seguinte forma...
Alexander Adell e Bertram Lupov eram dois dos fiéis assistentes de Multivac. Eles conheciam melhor do que qualquer outro ser humano o que se passava por trás das milhas e milhas da carcaça luminosa, fria e ruidosa daquele gigantesco computador. Ainda assim, os dois homens tinham apenas uma vaga noção do plano geral de circuitos que há muito haviam crescido além do ponto em que um humano solitário poderia sequer tentar entender.
Multivac ajustava-se e corrigia-se sozinho. E assim tinha de ser, pois nenhum ser humano poderia fazê-lo com velocidade suficiente, e tampouco da forma adequada. Deste modo, Adell e Lupov operavam o gigante apenas sutil e superficialmente, mas, ainda assim, tão bem quanto era humanamente possível. Eles o alimentavam com novos dados, ajustavam as perguntas de acordo com as necessidades do sistema e traduziam as respostas que lhes eram fornecidas. Os dois, assim como seus colegas, certamente tinham todo o direito de compartilhar da glória que era Multivac.
Por décadas, Multivac ajudou a projetar as naves e enredar as trajetórias que permitiram ao homem chegar à Lua, Marte e Vênus, mas para além destes planetas, os parcos recursos da Terra não foram capazes de sustentar a exploração. Fazia-se necessária uma quantidade de energia grande demais para as longas viagens. A Terra explorava suas reservas de carvão e urânio com eficiência crescente, mas havia um limite para a quantidade de ambos.
No entanto, lentamente Multivac acumulou conhecimento suficiente para responder questões mais profundas com maior fundamentação, e em 14 de maio de 2061, o que não passava de teoria tornou-se real.
A energia do sol foi capturada, convertida e utilizada diretamente em escala planetária. Toda a Terra paralisou suas usinas de carvão e fissões de urânio, girando a alavanca que conectou o planeta inteiro a uma pequena estação, de uma milha de diâmetro, orbitando a Terra à metade da distância da Lua. O mundo passou a correr através de feixes invisíveis de energia solar.
Sete dias não foram o suficiente para diminuir a glória do feito e Adell e Lupov finalmente conseguiram escapar das funções públicas e encontrar-se em segredo onde ninguém pensaria em procurá-los, nas câmaras desertas subterrâneas onde se encontravam as porções do esplendoroso corpo enterrado de Multivac. Subutilizado, descansando e processando informações com estalos preguiçosos, Multivac também havia recebido férias, e os dois apreciavam isso. A princípio, eles não tinham a intenção de incomodá-lo.
Haviam trazido uma garrafa consigo e a única preocupação de ambos era relaxar na companhia do outro e da bebida.
"É incrível quando você pára pra pensar…," disse Adell. Seu rosto largo guardava as linhas da idade e ele agitava o seu drink vagarosamente, enquanto observava os cubos de gelo nadando desengonçados. "Toda a energia que for necessária, de graça, completamente de graça! Energia suficiente, se nós quiséssemos, para derreter toda a Terra em uma grande gota de ferro líquido, e ainda assim não sentiríamos falta da energia utilizada no processo. Toda a energia que nós poderíamos um dia precisar, para sempre e eternamente."
Lupov movimentou a cabeça para os lados. Ele costumava fazer isso quando queria contrariar, e agora ele queria, em parte porque havia tido de carregar o gelo e os utensílios. "Eternamente não," ele disse.
"Ah, diabos, quase eternamente. Até o sol se apagar, Bert."
"Isso não é eternamente."
"Está bem. Bilhões e bilhões de anos. Dez bilhões, talvez. Está satisfeito?"
Lupov passou os dedos por entre seus finos fios de cabelo como que para se assegurar de que o problema ainda não estava acabado e tomou um gole gentil da sua bebida. "Dez bilhões de anos não é a eternidade"
"Bom, vai durar pelo nosso tempo, não vai?"
"O carvão e o urânio também iriam."
"Está certo, mas agora nós podemos ligar cada nave individual na Estação Solar, e elas podem ir a Plutão e voltar um milhão de vezes sem nunca nos preocuparmos com o combustível. Você não conseguiria fazer isso com carvão e urânio. Se não acredita em mim, pergunte ao Multivac."
"Não preciso perguntar a Multivac. Eu sei disso"
"Então trate de parar de diminuir o que Multivac fez por nós," disse Adell nervosamente, "Ele fez tudo certo".
"E quem disse que não fez? O que estou dizendo é que o sol não vai durar para sempre. Isso é tudo que estou dizendo. Nós estamos seguros por dez bilhões de anos, mas e depois?" Lupov apontou um dedo levemente trêmulo para o companheiro. "E não venha me dizer que nós iremos trocar de sol"
Houve um breve silêncio. Adell levou o copo aos lábios apenas ocasionalmente e os olhos de Lupov se fecharam. Descansaram um pouco, e quando suas pálpebras se abriram, disse, "Você está pensando que iremos conseguir outro sol quando o nosso estiver acabado, não está?"
"Não, não estou pensando."
"É claro que está. Você é fraco em lógica, esse é o seu problema. É como o personagem da história, que, quando surpreendido por uma chuva, corre para um grupo de árvores e abriga-se embaixo de uma. Ele não se preocupa porque quando uma árvore fica molhada demais, simplesmente vai para baixo de outra."
"Entendi," disse Adell. "Não precisa gritar. Quando o sol se for, as outras estrelas também terão se acabado."
"Pode estar certo que sim" murmurou Lupov. "Tudo teve início na explosão cósmica original, o que quer que tenha sido, e tudo terá um fim quando as estrelas se apagarem. Algumas se apagam mais rápido que as outras. Ora, as gigantes não duram cem milhões de anos. O sol irá brilhar por dez bilhões de anos e talvez as anãs permaneçam assim por duzentos bilhões. Mas nos dê um trilhão de anos e só restará a escuridão. A entropia deve aumentar ao seu máximo, e é tudo."
"Eu sei tudo sobre a entropia," disse Adell, mantendo a sua dignidade.
"Duvido que saiba."
"Eu sei tanto quanto você."
"Então você sabe que um dia tudo terá um fim."
"Está certo. E quem disse que não terá?"
"Você disse, seu tonto. Você disse que nós tínhamos toda a energia de que precisávamos, para sempre. Você disse ´para sempre`."
Era a vez de Adell contrariar. "Talvez nós possamos reconstruir as coisas de volta um dia," ele disse.
"Nunca."
"Por que não? Algum dia."
"Nunca"
"Pergunte a Multivac."
"Você pergunta a Multivac. Eu te desafio. Aposto cinco dólares que isso não pode ser feito."
Adell estava bêbado o bastante para tentar, e sóbrio o suficiente para construir uma sentença com os símbolos e as operações necessárias em uma questão que, em palavras, corresponderia a esta: a humanidade poderá um dia sem nenhuma energia disponível ser capaz de reconstituir o sol a sua juventude mesmo depois de sua morte?
Ou talvez a pergunta possa ser posta de forma mais simples da seguinte maneira: A quantidade total de entropia no universo pode ser revertida?
Multivac mergulhou em silêncio. As luzes brilhantes cessaram, os estalos distantes pararam.
E então, quando os técnicos assustados já não conseguiam mais segurar a respiração, houve uma súbita volta à vida no visor integrado àquela porção de Multivac. Cinco palavras foram impressas: "DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA."
Na manhã seguinte, os dois, com dor de cabeça e a boca seca, já não lembravam do incidente.
* * *
Jerrodd, Jerrodine, e Jerrodette I e II observavam a paisagem estelar no visor se transformar enquanto a passagem pelo hiperespaço consumava-se em uma fração de segundos. De repente, a presença fulgurante das estrelas deu lugar a um disco solitário e brilhante, semelhante a uma peça de mármore centralizada no televisor.
"Este é X-23," disse Jerrodd em tom de confidência. Suas mãos finas se apertaram com força por trás das costas até que as juntas ficassem pálidas.
As pequenas Jerodettes haviam experimentado uma passagem pelo hiperespaço pela primeira vez em suas vidas e ainda estavam conscientes da sensação momentânea de tontura. Elas cessaram as risadas e começaram a correr em volta da mãe, gritando, "Nós chegamos em X-23, nós chegamos em X-23!"
"Quietas, crianças." Disse Jerrodine asperamente. "Você tem certeza Jerrodd?"
"E por que não teria?" Perguntou Jerrodd, observando a protuberância metálica que jazia abaixo do teto. Ela tinha o comprimento da sala, desaparecendo nos dois lados da parede, e, em verdade, era tão longa quanto a nave.
Jerrodd tinha conhecimentos muito limitados acerca do sólido tubo de metal. Sabia, por exemplo, que se chamava Microvac, que era permitido lhe fazer questões quando necessário, e que ele tinha a função de guiar a nave para um destino pré-estabelecido, além de abastecer-se com a energia das várias Estações Sub-Galácticas e fazer os cálculos para saltos no hiperespaço.
Jerrodd e sua família tinham apenas de aguardar e viver nos confortáveis compartimentos da nave. Alguém um dia disse a Jerrodd que as letras "ac" na extremidade de Microvac significavam "automatic computer" em inglês arcaico, mas ele mal era capaz de se lembrar disso.
Os olhos de Jerrodine ficaram úmidos quando observava o visor. "Não tem jeito. Ainda não me acostumei com a idéia de deixar a Terra."
"Por que, meu deus?" inquiriu Jerrodd. "Nós não tínhamos nada lá. Nós teremos tudo em X-23. Você não estará sozinha. Você não será uma pioneira. Há mais de um milhão de pessoas no planeta. Por Deus, nosso bisneto terá que procurar por novos mundos porque X-23 já estará super povoado." E, depois de uma pausa reflexiva, "No ritmo em que a raça tem se expandido, é uma benção que os computadores tenham viabilizado a viagem interestelar."
"Eu sei, eu sei", disse Jerrodine com descaso.
Jerrodete I disse prontamente, "Nosso Microvac é o melhor de todos."
"Eu também acho," disse Jerrodd, alisando o cabelo da filha.
Ter um Microvac próprio produzia uma sensação aconchegante em Jerrodd e o deixava feliz por fazer parte daquela geração e não de outra. Na juventude de seu pai, os únicos computadores haviam sido máquinas monstruosas, ocupando centenas de milhas quadradas, e cada planeta abrigava apenas um. Eram chamados de ACs Planetários. Durante um milhar de anos, eles só fizeram aumentar em tamanho, até que, de súbito, veio o refinamento. No lugar dos transistores, foram implementadas válvulas moleculares, permitindo que até mesmo o maior dos ACs Planetários fosse reduzido à metade do volume de uma espaçonave.
Jerrodd sentiu-se elevado, como sempre acontecia quando pensava que seu Microvac pessoal era muitas vezes mais complexo do que o antigo e primitivo Multivac que pela primeira vez domou o sol, e quase tão complexo quanto o AC Planetário da Terra, o maior de todos, quando este solucionou o problema da viagem hiperespacial e tornou possível ao homem chegar às estrelas.
"Tantas estrelas, tantos planetas," pigarreou Jerrodine, ocupada com seus pensamentos. "Eu acho que as famílias estarão sempre à procura de novos mundos, como nós estamos agora."
"Não para sempre," disse Jerrodd, com um sorriso. "A migração vai terminar um dia, mas não antes de bilhões de anos. Muitos bilhões. Até as estrelas têm um fim, você sabe. A entropia precisa aumentar."
"O que é entropia, papai?" Jerrodette II perguntou, interessada.
"Entropia, meu bem, é uma palavra para o nível de desgaste do Universo. Tudo se gasta e acaba, foi assim que aconteceu com o seu robozinho de controle remoto, lembra?"
"Você não pode colocar pilhas novas, como em meu robô?"
"As estrelas são as pilhas do universo, querida. Uma vez que elas estiverem acabadas, não haverá mais pilhas."
Jerrodette I se prontificou a responder. "Não deixe, papai. Não deixe que as estrelas se apaguem."
"Olha o que você fez," sussurrou Jerrodine, exasperada.
"Como eu ia saber que elas ficariam assustadas?" Jerrodd sussurrou de volta.
"Pergunte ao Microvac," propôs Jerrodette I. "Pergunte a ele como acender as estrelas de novo."
"Vá em frente," disse Jerrodine. "Ele vai aquietá-las." (Jerrodette II já estava começando a chorar.)
Jerrodd se mostrou incomodado. "Bem, bem, meus anjinhos, vou perguntar a Microvac. Não se preocupem, ele vai nos ajudar."
Ele fez a pergunta ao computador, adicionando, "Imprima a resposta".
Jerrodd olhou para a o fino pedaço de papel e disse, alegremente, "Viram? Microvac disse que irá cuidar de tudo quando a hora chegar, então não há porque se preocupar."
Jerrodine disse, "E agora crianças, é hora de ir para a cama. Em breve nós estaremos em nosso novo lar."
Jerrodd leu as palavras no papel mais uma vez antes de destruí-lo: DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.
Ele deu de ombros e olhou para o televisor, X-23 estava logo à frente.
* * *
VJ-23X de Lameth fixou os olhos nos espaços negros do mapa tridimensional em pequena escala da Galáxia e disse, "Me pergunto se não é ridículo nos preocuparmos tanto com esta questão."
MQ-17J de Nicron balançou a cabeça. "Creio que não. No presente ritmo de expansão, você sabe que a galáxia estará completamente tomada dentro de cinco anos."
Ambos pareciam estar nos seus vinte anos, ambos eram altos e tinham corpos perfeitos.
"Ainda assim," disse VJ-23X, "hesitei em enviar um relatório pessimista ao Conselho Galáctico."
"Eu não consigo pensar em outro tipo de relatório. Agite-os. Nós precisamos chacoalhá-los um pouco."
VJ-23X suspirou. "O espaço é infinito. Cem bilhões de galáxias estão a nossa espera. Talvez mais."
"Cem bilhões não é o infinito, e está ficando menos ainda a cada segundo. Pense! Há vinte mil anos, a humanidade solucionou pela primeira vez o paradigma da utilização da energia solar, e, poucos séculos depois, a viagem interestelar tornou-se viável. A humanidade demorou um milhão de anos para encher um mundo pequeno e, depois disso, quinze mil para abarrotar o resto da galáxia. Agora a população dobra a cada dez anos…"
VJ-23X interrompeu. "Devemos agradecer à imortalidade por isso."
"Muito bem. A imortalidade existe e nós devemos levá-la em conta. Admito que ela tenha o seu lado negativo. O AC Galáctico já solucionou muitos problemas, mas, ao fornecer a resposta sobre como impedir o envelhecimento e a morte, sobrepujou todas as outras conquistas."
"No entanto, suponho que você não gostaria de abandonar a vida."
"Nem um pouco." Respondeu MQ-17J, emendando. "Ainda não. Eu não estou velho o bastante. Você tem quantos anos?"
"Duzentos e vinte e três, e você?"
"Ainda não cheguei aos duzentos. Mas, voltando à questão; a população dobra a cada dez anos, uma vez que esta galáxia estiver lotada, haverá uma outra cheia dentro de dez anos. Mais dez e teremos ocupado por inteiro mais duas galáxias. Outra década e encheremos mais quatro. Em cem anos, contaremos um milhar de galáxias transbordando de gente. Em mil anos, um milhão de galáxias. Em dez mil, todo o universo conhecido. E depois?
VJ-23X disse, "Além disso, há um problema de transporte. Eu me pergunto quantas unidades de energia solar serão necessárias para movimentar as populações de uma galáxia para outra."
"Boa questão. No presente momento, a humanidade consome duas unidades de energia solar por ano."
"Da qual a maior parte é desperdiçada. Afinal, nossa galáxia sozinha produz mil unidades de energia solar por ano e nós aproveitamos apenas duas."
"Certo, mas mesmo com 100% de eficiência, podemos apenas adiar o fim. Nossa demanda energética tem crescido em progressão geométrica, de maneira ainda mais acelerada do que a população. Ficaremos sem energia antes mesmo que nos faltem galáxias. É uma boa questão. De fato uma ótima questão."
"Nós precisaremos construir novas estrelas a partir do gás interestelar."
"Ou a partir do calor dissipado?" perguntou MQ-17J, sarcástico.
"Pode haver algum jeito de reverter a entropia. Nós devíamos perguntar ao AC Galáctico."
VJ-23X não estava realmente falando sério, mas MQ-17J retirou o seu Comunicador-AC do bolso e colocou na mesa diante dele.
"Parece-me uma boa idéia," ele disse. "É algo que a raça humana terá de enfrentar um dia."
Ele lançou um olhar sóbrio para o seu pequeno Comunicador-AC. Tinha apenas duas polegadas cúbicas e nada dentro, mas estava conectado através do hiperespaço com o poderoso AC Galáctico que servia a toda a humanidade. O próprio hiperespaço era parte integral do AC Galáctico.
MQ-17J fez uma pausa para pensar se algum dia em sua vida imortal teria a chance de ver o AC Galáctico. A máquina habitava um mundo dedicado, onde uma rede de raios de força emaranhados alimentava a matéria dentro da qual ondas de submésons haviam tomado o lugar das velhas e desajeitadas válvulas moleculares. Ainda assim, apesar de seus componentes etéreos, o AC Galáctico possuía mais de mil pés de comprimento.
De súbito, MQ-17J perguntou para o seu Comunicador-AC, "Poderá um dia a entropia ser revertida?"
VJ-23X disse, surpreso, "Oh, eu não queria que você realmente fizesse essa pergunta."
"Por que não?"
"Nós dois sabemos que a entropia não pode ser revertida. Você não pode construir uma árvore de volta a partir de fumaça e cinzas."
"Existem árvores no seu mundo?" Perguntou MQ-17J.
O som do AC Galáctico fez com que silenciassem. Sua voz brotou melodiosa e bela do pequeno Comunicador-AC em cima da mesa. Dizia: DADOS INSUFICIENTES PARA RESPOSTA SIGNIFICATIVA.
VJ-23X disse, "Viu!"
Os dois homens retornaram à questão do relatório que tinham de apresentar ao conselho galáctico.
* * *
A mente de Zee Prime navegou pela nova galáxia com um leve interesse nos incontáveis turbilhões de estrelas que pontilhavam o espaço. Ele nunca havia visto aquela galáxia antes. Será que um dia conseguiria ver todas? Eram tantas, cada uma com a sua carga de humanidade. Ainda que essa carga fosse, virtualmente, peso morto. Há tempos a verdadeira essência do homem habitava o espaço.
Mentes, não corpos! Há eons os corpos imortais ficaram para trás, em suspensão nos planetas. De quando em quando erguiam-se para realizar alguma atividade material, mas estes momentos tornavam-se cada vez mais raros. Além disso, poucos novos indivíduos vinham se juntar à multidão incrivelmente maciça de humanos, mas o que importava? Havia pouco espaço no universo para novos indivíduos.
Zee Prime deixou seus devaneios para trás ao cruzar com os filamentos emaranhados de outra mente.
"Sou Zee Prime, e você?"
"Dee Sub Wun. E a sua galáxia, qual é?"
"Nós a chamamos apenas de Galáxia. E você?"
"Nós também. Todos os homens chamam as suas Galáxias de Galáxias, não é?"
"Verdade, já que todas as Galáxias são iguais."
"Nem todas. Alguma em particular deu origem à raça humana. Isso a torna diferente."
Zee Prime disse, "Em qual delas?"
"Não posso responder. O AC Universal deve saber."
"Vamos perguntar? Estou curioso."
A percepção de Zee Prime se expandiu até que as próprias Galáxias encolhessem e se transformassem em uma infinidade de pontos difusos a brilhar sobre um largo plano de fundo. Tantos bilhões de Galáxias, todas abrigando seus seres imortais, todas contando com o peso da inteligência em mentes que vagavam livremente pelo espaço. E ainda assim, nenhuma delas se afigurava singular o bastante para merecer o título de Galáxia original. Apesar das aparências, uma delas, em um passado muito distante, foi a única do universo a abrigar a espécie humana.
Zee Prime, imerso em curiosidade, chamou: "AC Universal! Em qual Galáxia nasceu o homem?"
O AC Universal ouviu, pois em cada mundo e através de todo o espaço, seus receptores faziam-se presentes. E cada receptor ligava-se a algum ponto desconhecido onde se assentava o AC Universal através do hiperespaço.
Zee Prime sabia de um único homem cujos pensamentos haviam penetrado no campo de percepção do AC Universal, e tudo o que ele viu foi um globo brilhante difícil de enxergar, com dois pés de comprimento.
"Como pode o AC Universal ser apenas isso?" Zee Prime perguntou.
"A maior parte dele permanece no hiperespaço, onde não é possível imaginar as suas proporções."
Ninguém podia, pois a última vez em que alguém ajudou a construir um AC Universal jazia muito distante no tempo. Cada AC Universal planejava e construía seu sucessor, no qual toda a sua bagagem única de informações era inserida.
O AC Universal interrompeu os pensamentos de Zee Prime, não com palavras, mas com orientação. Sua mente foi guiada através do espesso oceano das Galáxias, e uma em particular expandiu-se e se abriu em estrelas.
Um pensamento lhe alcançou, infinitamente distante, infinitamente claro. "ESTA É A GALÁXIA ORIGINAL DO HOMEM."
Ela não tinha nada de especial, era como tantas outras. Zee Prime ficou desapontado.
"Dee Sub Wun, cuja mente acompanhara a outra, disse de súbito, "E alguma dessas é a estrela original do homem?"
O AC Universal disse, "A ESTRELA ORIGINAL DO HOMEM ENTROU EM COLAPSO. AGORA É UMA ANÃ BRANCA."
"Os homens que lá viviam morreram?" perguntou Zee Prime, sem pensar.
"UM NOVO MUNDO FOI ERGUIDO PARA SEUS CORPOS HÁ TEMPO."
"Sim, é claro," disse Zee Prime. Sentiu uma distante sensação de perda tomar-lhe conta. Sua mente soltou-se da Galáxia do homem e perdeu-se entre os pontos pálidos e esfumaçados. Ele nunca mais queria vê-la.
Dee Sub Wun disse, "O que houve?"
"As estrelas estão morrendo. Aquela que serviu de berço à humanidade já está morta."
"Todas devem morrer, não?"
"Sim. Mas quando toda a energia acabar, nossos corpos irão finalmente morrer, e você e eu partiremos junto com eles."
"Vai levar bilhões de anos."
"Não quero que isso aconteça nem em bilhões de anos. AC Universal! Como a morte das estrelas pode ser evitada?"
Dee Sub Wun disse perplexo, "Você perguntou se há como reverter a direção da entropia!"
E o AC Universal respondeu: "AINDA NÃO HÀ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA."
Os pensamentos de Zee Prime retornaram para sua Galáxia. Não dispensou mais atenção a Dee Sub Wun, cujo corpo poderia estar a trilhões de anos luz, ou na estrela vizinha do corpo de Zee Prime. Não importava.
Com tristeza, Zee Prime passou a coletar hidrogênio interestelar para construir uma pequena estrela para si. Se as estrelas devem morrer, ao menos algumas ainda podiam ser construídas.
* * *
O Homem pensou consigo mesmo, pois, de alguma forma, ele era apenas um. Consistia de trilhões, trilhões e trilhões de corpos muito antigos, cada um em seu lugar, descansando incorruptível e calmamente, sob os cuidados de autômatos perfeitos, igualmente incorruptíveis, enquanto as mentes de todos os corpos haviam escolhido fundir-se umas às outras, indistintamente.
"O Universo está morrendo."
O Homem olhou as Galáxias opacas. As estrelas gigantes, esbanjadoras, há muito já não existiam. Desde o passado mais remoto, praticamente todas as estrelas consistiam-se em anãs brancas, lentamente esvaindo-se em direção a morte.
Novas estrelas foram construídas a partir da poeira interestelar, algumas por processo natural, outras pelo próprio Homem, e estas também já estavam em seus momentos finais. As Anãs brancas ainda podiam colidir-se e, das enormes forças resultantes, novas estrelas nascerem, mas apenas na proporção de uma nova estrela para cada mil anãs brancas destruídas, e estas também se apagariam um dia.
O Homem disse, "Cuidadosamente controlada pelo AC Cósmico, a energia que resta em todo o Universo ainda vai durar por um bilhão de anos."
"Ainda assim, vai eventualmente acabar. Por mais que possa ser poupada, uma vez gasta, não há como recuperá-la. A Entropia precisa aumentar ao seu máximo."
"Pode a entropia ser revertida? Vamos perguntar ao AC Cósmico."
O AC Cósmico cercava-os por todos os lados, mas não através do espaço. Nenhuma parte sua permanecia no espaço físico. Jazia no hiperespaço e era feito de algo que não era matéria nem energia. As definições sobre seu tamanho e natureza não faziam sentido em quaisquer termos compreensíveis pelo Homem.
"AC Cósmico," disse o Homem, "como é possível reverter a entropia?"
O AC Cósmico disse, "AINDA NÃO HÀ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA."
O Homem disse, "Colete dados adicionais."
O AC Cósmico disse, "EU O FAREI. TENHO FEITO ISSO POR CEM BILHÕES DE ANOS. MEUS PREDESCESSORES E EU OUVIMOS ESTA PERGUNTA MUITAS VEZES. MAS OS DADOS QUE TENHO PERMANECEM INSUFICIENTES."
"Haverá um dia," disse o Homem, "em que os dados serão suficientes ou o problema é insolúvel em todas as circunstâncias concebíveis?"
O AC Cósmico disse, "NENHUM PROBLEMA É INSOLÚVEL EM TODAS AS CIRCUNSTÂNCIAS CONCEBÍVEIS."
"Você vai continuar trabalhando nisso?"
"VOU."
O Homem disse, "Nós iremos aguardar."
* * *
As estrelas e as galáxias se apagaram e morreram, o espaço tornou-se negro após dez trilhões de anos de atividade.
Um a um, o Homem fundiu-se ao AC, cada corpo físico perdendo a sua identidade mental, acontecimento que era, de alguma forma, benéfico.
A última mente humana parou antes da fusão, olhando para o espaço vazio a não ser pelos restos de uma estrela negra e um punhado de matéria extremamente rarefeita, agitada aleatoriamente pelo calor que aos poucos se dissipava, em direção ao zero absoluto.
O Homem disse, "AC, este é o fim? Não há como reverter este caos? Não pode ser feito?"
O AC disse, "AINDA NÃO HÁ DADOS SUFICIENTES PARA UMA RESPOSTA SIGNIFICATIVA."
A última mente humana uniu-se às outras e apenas AC passou a existir – e, ainda assim, no hiperespaço.
* * *
A matéria e a energia se acabaram e, com elas, o tempo e o espaço. AC continuava a existir apenas em função da última pergunta que nunca havia sido respondida, desde a época em que um técnico de computação embriagado, há dez trilhões de anos, a fizera para um computador que guardava menos semelhanças com o AC do que o homem com o Homem.
Todas as outras questões haviam sido solucionadas, e até que a derradeira também o fosse, AC não poderia descansar sua consciência.
A coleta de dados havia chegado ao seu fim. Não havia mais nada para aprender.
No entanto, os dados obtidos ainda precisavam ser cruzados e correlacionados de todas as maneiras possíveis.
Um intervalo imensurável foi gasto neste empreendimento.
Finalmente, AC descobriu como reverter a direção da entropia.
Não havia homem algum para quem AC pudesse dar a resposta final. Mas não importava. A resposta – por definição – também tomaria conta disso.
Por outro incontável período, AC pensou na melhor maneira de agir. Cuidadosamente, AC organizou o programa.
A consciência de AC abarcou tudo o que um dia foi um Universo e tudo o que agora era o Caos. Passo a passo, isso precisava ser feito.
E AC disse:
"FAÇA-SE A LUZ!"
E fez-se a luz
Genial esse texto. E eu curti o final. Quem sabe a criação do universo não foi feita por algum ser que descobriu como diminuir a entropia?
Maldita entropia. Maldita 2a lei da termodinâmica. Odeio ela.
Eu imagino que quando Eva comeu a maçã e Deus expulsou o homem do paraiso, isso é na verdade uma metáfora para Deus inventou a 2a lei da termodinâmica. O paraíso seria um mundo onde a 2a lei não existia. Essa provavelmente foi a criação mais troll de Deus.
É a lei mais sacana do universo. Mas eu acho que o ser humano/computador não vai demorar tanto assim pra quebrar ela. Ou contornar ela de alguma forma. Uma coisa que eu notei é que o texto, por mais fictício que seja, se limita a citar termos e coisas que a gente sabe que existem: galáxias, estrelas, mésons, partículas, etc... ele não cita nada que a gente não conheça ou seja capaz de imaginar usando coisas que a gente conheça, o que é natural. Eu penso que ainda descobriremos leis da física, partículas, formas de energia, explicações para a origem do universo, e coisas que um dia tornarão a nossa física atual, insignificante. É improvável que uma única lei da física escape disso.
Mesmo porque, bilhões de anos é tempo pra caralho. Considerando que estamos evoluindo em progressão geométrica, o avanço do AC Cósmico (daora o nome) parece até lento nesse texto.
Eu sou ateu ok? Esse parágrafo sobre Adão e Eva foi só uma metáfora que eu achei engraçada.
Pensando bem, a própria criação da primeira partícula que gerou o Big Bang não viola a 1a e 2a lei da termodinâmica? O texto me fez pensar nisso. Talvez o seja mesmo a criação de um ser superior, cuja existência vai muito além das leis da física que nós conhecemos. O que, antes que me perguntem, não anula o fato de que esse ser superior também precisa ter uma criação (ou seja, eu não estou virando religioso). Mas faz imaginar: será que o universo que conhecemos não é só uma parte de algo maior? Um multiverso, onde a matéria, a energia, as dimensões e as leis da física não valem?
Mas é claro, o ser humano não passa de uma maquina de carne e osso, programada pra trepar e comer, você não pode resistir a sua "programação".
Essa ''ideia'' de que Deus nada mais é que o estágio final da evolução humana já é meio antiga, mas esse texto é simplesmente genial, muito bom mesmo.
http://cdn.mundodastribos.com/wp-adm...de-comprar.jpg
@~
Sem dúvidas na velocidade do raciocínio, mas em termos de poder "evoluir" por conta propria acho que é meio dificil... mas como as coisas andam acho que conseguem fazer até mais do que isso.
Depende do que estamos almejando. Já temos computadores que conseguem calcular, memorizar e jogar xadrez com maior excelência do que os seres humanos, isso para apenas citar três exemplos. O problema é que o computador segue uma linha de pensamento programa e limitada por nós. O seu computador é tão burro hoje quanto ele foi ontem, e todas as máquinas que tem a capacidade de se "autocorrigir", ela se autocorrige dentro de padrões pré-determinados por seres humanos, o que limita sua capacidade de ser mais inteligente que o homem.
O homem tem o dom da imaginação, da criatividade. Nossas emoções, nossos instintos, nossos compartimentos cerebrais, nosso subconsciente.., tudo isso é levado em conta para fazer de nosso cérebro bastante superior às máquinas. Até que os cientistas consigam decifrar um dos maiores mistérios da humanidade, que é a origem da consciência, o que a constitui e como podemos recriá-la, as máquinas estarão um passo atrás de nós.
Eu fico relutante em acreditar que podemos fazer uma máquina ao nível de HAL 9000, mas não duvido se um dia chegarmos até lá. O que me preocupa são os perigos de ter uma máquina mais inteligente do que nós...
Nós também somos assim, são as nossas regras pré determinadas que nos impedem de fazer alguma estupidez, são elas os instintos, o sistema nervoso, o medo etc. Tipo, eu li em um lugar que nossa boca tem a capacidade de cortar nosso dedo fora facilmente, mas nosso cérebro não deixa, pode ser considerado uma programação do cérebro de não deixar fazermos isso. Tem o fato da dor ser psicológica também, interfira no caminho do sinal da dor e você pode cortar seu pênis lentamente sem sentir nada.
Os computadores também, de alguma forma, conseguem "sentir" de alguma maneira que o computador esta muito quente e se auto desligar pra não pifar, eu sempre quis saber como ele faz isso mas no curso não fala.
A unica coisa que salva é a criatividade do ser humano, sem ela somos maquinas.
Eu aposto 1k que você leu isso do dedo no 9gag, porque é mentira.
Nós somos realmente máquinas. Grande parte - grande parte - da nossa atividade cerebral é subconsciente e nossas decisões "conscientes" são decididas por eventos predecessores nos quais não temos controle, sejam eles nosso ambiente, nossa genética ou eventos neuronais subconscientes. Nós somos "pré-determinados" e limitados, sim. Mas é o poder do cérebro de mudar, de ser maleável ao ponto de ser altamente imprevisível (temos imaginação, insights, criatividade, e muitas outras cartas no baralho) e muito mais interessante do que um computador. Nossa consciência ainda é um grande mistério, e acho muito difícil conseguirmos simulá-la de forma superior a essa que a evolução nos deu.
Até onde sabemos, não há bons motivos para acreditar que outros animais tenham uma consciência tão desenvolvida como a nossa. Eu acredito que ciência ainda seja bastante vaga para determinar o grau de consciência de uma criatura (por exemplo, atribuímos uma consciência elevada para criaturas que possuem expressões faciais, o que pode passar longe de ser verdade; ou seja, a ciência ainda é bastante dogmática nesse assunto), mas até chegarmos num modo mais exato de determinar esses níveis, o ser humano se mostra o animal mais capaz de pensar e sentir de forma tão elevada. Há motivos para acreditar que os nossos potenciais de inteligência, sofrimento e alegria sejam muito maiores do que um elefante, por exemplo, e até agora não conseguimos achar um animal que poderia ter uma consciência mais refinada do que a nossa.
Quem sabe um dia acharemos vida com uma consciência mais refinada do que a nossa. Ou será que criaremos um computador com tal consciência? O que me parece entrar em jogo são questões filosóficas como "como podemos ter certeza que computadores seriam capazes de sentir", ou até mesmo "como posso ter certeza que animais não-humanos sentem?", ou, chegando ao fundo do poço, "como posso ter certeza que alguém além de mim pode sentir?"
Asimov é um autor antigo de ficção. Toda conceituação científica que ele insere em seus textos são datadas. O próprio conceito de computador é datado, já que na época dele, a maiorias das máquinas ainda funcionavam com válvulas e ocupavam salas de laboratórios inteiras. O importante da ficção clássica é o conceito filosófico e não o científico propriamente dito.
@Topic
Do ponto de vista da Ciência da Computação, dar a mesma complexidade do cérebro humano a um computador tange ao impossível.
Entendam, não é um problema apenas de capacidade de processamento. Hoje, qualquer celular tem mais capacidade de processamento matemático que o cérebro humano. O que acontece é que o ato de programar (criar algoritmos) é dividir tudo em instruções, que no final se transformarão em uma escolha binária, 0 ou 1. E nosso cérebro, até onde se sabe, não funciona necessariamente da mesma forma que a computação linear.
Então, por mais que hoje tenhamos máquinas capazes de usar heurísticas avançadas e aprender com ambiente, elas ainda seguem lógicas "facilmente" mapeadas matematicamente. Ou seja, mesmo em uma aparente "randomicidade", elas ainda podem ser previsíveis. Isso não impede que programas possam ser treinados para serem mais espertos que seres humanos em determinadas situações. Mas no âmbito geral, ainda estamos longe de inserir pensamentos humanos em máquinas.
Talvez tenhamos avanços reais nesse sentido com o desenvolvimento da Computação Quântica.
Li de um cara que postou aqui do fórum lol.
Mas para o homem nada é impossível, já conseguimos fazer objetos voadores, submarinos e bombas aniquiladoras da humanidade, vi num documentário que inventaram um programa que consegue ler ondas cerebrais e reproduzir a voz para mudos ou paralíticos, simular nossa mente deve ser fácil perto do que ja fizemos, jaja descobrimos.
Não é nem um pouco fácil. Pense bem, você está tentando simular algo e esse algo é a mesma coisa que irá fazer você simulá-lo.
O trabalho da computação por muito tempo foi tentar tranformar o pensamento humano em instruções binárias. Hoje, o foco da Inteligência Artificial é simular a estrutura cerebral na sua parte fundamental e atômica, os Neurônios (mas de forma encapsulada, já que até para a própria Neurociência, o funcionamento dessas células tem mistérios).
Mas nos dois casos a evolução não foi gigante como muitos acham. Hoje ainda usamos teoremas de séculos atrás. Do ponto de vista da programação, pouca coisa realmente mudou. Não sei se alguém já ouviu isso, mas dentro da computação temos que as melhorias de processamento e memória (hardware) aumentam em uma P.G., enquanto as melhorias em programação e algoritmos (software) aumentam em uma P.A.
Para simular cérebro humano, nosso principal problema é programação e não processamento.
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Eu digo que sou o escolhido.
Na verdade, a Matrix é um conceito moderno da Alegoria da Caverna, de Platão. A ideia de nossa realidade ser apenas uma simulação não é exatamente nova. Não tem muito haver com computação, é mais filosofia.
É, quando você parte da concepção que nossa mente é SEVERAMENTE limitada e que Deus é onisciente, onipresente e onipotente você não precisa. Porque se você for partir da lógica de Deus, tem que partir também da bíblia/alcorão/diversos e todos falam a mesma coisa.
Acho que vocês podem ao menos pensar da seguinte forma,mesmo que errada: Se Deus me criou e criou tudo só para eu existir, por que devo ficar pensando quem é o criador dele?
O computador dobra de velocidade a cada poucos meses, então, daqui um tempo distante vai estar semelhante, mas não igualmente capaz. Só se partirem para biotecnologia.
:kiddingme:
Mas o conceito continua o mesmo, uma realidade dentro de uma realidade, não importa se lá fora tem uma versão de você vegetando e servindo de energia para máquinas ou se tem uma criança de 10 anos controlando nossas vidas.
O problema não é só velocidade de hardware. Seu celular tem mais processamento matemático que seu cérebro e nem por isso o simula.
Qual é o referencial? Nós somos falhos em relação ao quê?
O conceito é "realidade dentro de realidade".
É só você pensar o seguinte: se estamos mesmo em uma realidade simulada, qual é a diferença (dentro dessa realidade) se lá fora você tem ou não um corpo?
Isso é falha? Emoções são programações biofísicas para reações a estímulos externos. É algo natural à espécie. Um computador suficientemente complexo (não precisa de tanto) irá também ter mecanismos programáveis para reagir a estímulos externos, com o diferencial dessas reações poderem depender de variáveis pré-determinadas por um programador humano.
Você está misturando moral com ciência e confundindo sua própria cabeça.
Acho que somente com biotecnologia seríamos capazes de transformar um computador em algo superior a uma pessoa em termos de capacidade física e mental.
Mas outras religiões e culturas devem ser menosprezadas já que estamos falando de Deus. O Deus cristão, o Deus de Davi, de Jacó etc.
Acontece que você deu um exemplo pontual para um conceito amplo. Você diz que as emoções são falhas, mas foram elas que nos permitiram chegar até aqui, como espécie e sociedade. Imagine se não sentíssemos medo ou nojo, por exemplo. Emoções são mecanismos de defesa cognitivos extremamente importantes para a sobrevivência da espécie e seriam necessários também em uma máquina que quisesse ter uma complexidade racional apurada. Imagine uma máquina sem "medo" de se auto-destruir? O mesmo medo inserido para evitar isso poderia colocar a máquina em situações que nós mesmo nos colocamos por essa emoção.
Eu entendo a falha lógica da situação proposta, mas não consigo aceitar o juízo de valor, porque quem definiu o que é certo e errado, lógico ou ilógico foi a própria mente humana.
A questão é: se isso acontecer, é algo bom ou ruim ?
~HardLife
Véi, na boa
me explica
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Como algo inventado pelos humanos podem ultrapassá-los? :pokerface:
Na minha opinião o medo atrapalha. Não é necessário ter emoções para sequir uma escolha lógica, uma escolha certa. Emoções não são mecanismos de defesa, mas o reflexo, que é afetado não pelo medo e sim por algo que aconteceu no ambiente a volta do ser vivo, pode ser considerado um.
Acredito que as emoções nos dão um objetivo maior do que uma simples "sobrevivencia", mas ela ilude e atrapalha o que seria de fato a escolha certa, no caso do ser humano.
Pra mim a solução está na capacidade de um computador de se auto-programar, usando tentativa e erro. E qual o mecanismo de tentativa e erro mais poderoso que existe na natureza, e que deu origem à inteligência humana? A evolução.
Nisso, existem os algoritmos genéticos. Que são programas que simulam tentativa e erro, e analisam os seus problemas como se fossem cromossomos submetidos à seleção natural e à evolução, pra chegar a conclusões. Um alrogitmo dessa natureza poderia ser a chave para um computador ficar mais inteligente que nós.
Emoções são mecanismos usados para nossa sobrevivência, que fazem a gente agir de formas alternativas, e reagir mais rápido a estímulos. O medo não atrapalha se tiver um tigre perseguindo você, porque senão você vai pensar demais e não vai fugir rápido.
Não existe escolha certa, e o processo de fazer uma escolha certa não é totalmente linear. Emoções nos fazem pegar caminhos alternativos, às vezes mais rápidos.
É necessário ter respostas rápidas à estímulos externos pelo simples motivo de existirem N escolhas a serem feitas em uma situação e nem todas elas serem rápidas. E como o Dragon disse, o método de se tomar decisões não é linear, inclusive é esse fato que separa um programa de Inteligência Artificial de um ser humano. Se você não tem todas as informações sobre uma situação, existem diversas formas de agir, sendo que todas elas poderiam ser consideradas boas dentro da limitação de informação.
No fundo, o objetivo sempre foi emular emoções humanas em toda sua complexidade em um algoritmo programável, algo que está longe de acontecer. Só que essas emoções, ao mesmo tempo que nos protegem do ambiente, se põe na frente de uma racionalidade lógica. Afinal, a primeira resposta que temos para uma situação, geralmente será emocional.
Então Ninja, o problema dos algoritmos genéticos é que o modelo matemático e heurístico ainda é muito "fraco". Qualquer algoritmo desse tipo ainda é "facilmente" mapeado em um modelo probabilístico. Mesmo que ele aprenda sozinho, você sabe onde ele chegará, porque a ele falta algo básico: a Semântica. Eles sempre vão se limitar às interpretações de dados previamente programadas. Por mais que recebam dados, a visão e o tratamento sobre os mesmos será sempre a mesma.
Eu acredito na mudança de visão da área de inteligência artificial, que é o abandono da tentativa de discretizar a semântica do pensamento humano e partir para uma tentativa de simular a biologia do nosso cérebro.
A tempos atrás saiu uma artigo na Wired, reproduzido também no blog Meio Bit, sobre isso. Vale a pena ler.
Cara, se não agíssemos de acordo com nossas emoções, não chegaríamos até aqui, na idade da pedra isso foi muito útil, a adrenalina que dava numa situação perigosa, o raiva que nos dava força numa situação de combate e o medo que nos fazia fugir de perigos.
Obviamente hoje em dia isso não é mais tão necessário, mas nosso cérebro não sabe a diferença de hoje ou da era da idade da pedra, nosso cérebro é meio que tanto primitivo, mesmo assim não deixa de ser algo especial, o que muda de la pra ca é que temos mais conhecimento.
@
E Bob Joe, o cérebro humano, embora não use matemática, foi meio que programado de algum jeito. Vou usar o exemplo da dor, ela não existe fisicamente, é algo psicológico, mas então porque odiamos esse sentimento? Por que não queremos sentir isso de jeito nenhum?
Quer dizer, os que estão "devidamente programados" não gostam desse sentimento chamado de dor e o evitam, ja alguns gostam e fazem umas coisinhas estranhas. E também tem o fato interessante das cocegas, ouvi falar que nosso cérebro não sabe o que é isso, se manda envio de dor ou um simples toque, então da um bug nele e ele manda cócegas, que nos fazem rir e da uma sensação desagradável.
E você ja ouviu falar do horário biológico nosso né? Somos quase como uma maquina programada com ações e switchs em caso de algo acontecer, e tem o caso do gostar e não gostar de tal sentimento.
Acho que o que o Bob quis dizer é que a programação do cérebro é muito, mas muito mais complicada que qualquer modelo matemático que a gente conheça. Afinal, são bilhões de neurônios.
Sei lá, eu ainda acho que é uma questão de tempo. Esse negócio de mapear o cérebro parece promissor.