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Tópico: Jason Walker e o Patrono do Apocalipse

Visão do Encadeamento

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    – CAPÍTULO II –
    BLOODTRIP


    Jason cravou a Espada de Crunor num trecho de parede de madeira nua, rolando pelo chão quando finalmente percebeu que não estava mais em Carlin. Ele levantou-se devagar, assustado, notando de pronto que uma fumaça negra subia a oeste, além do oceano.

    Dois homens de armadura de aço o socorreram, colocando-o em pé. John e Leonard também se levantaram devagar. Nos arredores, flocos de neve iam caindo e se acumulando devagar. Começara a fazer um frio intenso.

    — O que…
    — Por solicitação de Eremo, tudo bem? — disse um dos homens, em tom profissional. — Vocês estão no Campo de Caça de Femor Hills. Sou Logan, e este é Carl — ele apontou para o outro homem, que acenou com a cabeça. — Eremo pediu para que cuidássemos de vocês por algumas horas antes que vocês partissem novamente.

    Jason piscou duas vezes, incrédulo. Eremo era uma figura peculiar. Se tinha poder o suficiente para tirá-los de Carlin naquele contexto em que estavam, então iriam precisar dele de qualquer forma.

    — Neve?
    — Por alguma razão — o homem chamado Carl confirmou. — Ele deve ter um poder e tanto. Estamos no meio do verão.
    — Você não faz ideia — John resmungou, inquieto.

    O acampamento era cercado pelo oceano a norte, sul e oeste, e uma vegetação de porte médio erguia-se a leste, protegendo-o das vistas do lado de fora. Imediatamente, John adiantou-se e começou a proferir encantamentos com seu cajado, surpreendentemente utilizando o Livro das Ciências Ocultas.

    Finalmente, Jason notou que segurava a correspondência que Hermes o entregara, quase ao ponto de rasgá-la. Na linha que separava o oceano do céu, o sol ia se pondo devagar, alheio ao sofrimento que o continente enfrentava naquele momento.

    O acampamento, no fim das contas, tinha duas cabanas. Possivelmente, cada uma delas pertencia a cada um dos guerreiros, mas Carl, o dono da cabana a oeste, decidira cedê-la em favor dos três amigos e dividir a de Logan consigo. Dentro, não passava de um quarto apertado, com chão de lona, uma pia com água potável a um canto, três camas, e um pedaço de piso vazado, onde havia os restos de uma fogueira. Jason tentou acomodar os poucos pertences que trouxera mas, verdadeiramente, não havia muito o que acomodar.

    Sentando-se em sua cama de palha, ao norte da cabana, ele não se surpreendeu quando a Espada de Crunor retornou à sua bainha. Ele rompeu o lacre de cera da correspondência e a desenrolou, apertando os olhos para enxergar na escuridão.

    Caro Jason,

    A esta altura, já deve imaginar em que pé estamos. Por isso, creio que seja necessário dar-lhe certas informações, mesmo para que você possa delinear o caminho das pedras diante de vocês, de todos vocês. E, desde já, peço desculpas por não compartilhar nada disso contigo antes, mas momentos de situações extremas requerem a adoção de medidas extremas.

    Há 19 anos, Clarice e Lawton Walker apareceram em minha ilha. Nunca vou esquecer o tamanho da barriga daquela mulher. O jovem Jason Walker já maltratava suas costelas, mas, vá lá: que bebê não o faz? Servi com Lawton Walker em Rookgaard há muitos anos, num momento em que as atividades de Sheng, o Aprendiz, começavam a causar certo desconforto na ilha. Conseguimos trancafiá-lo outra vez, e Lawton salvou minha vida em mais oportunidades do que gostaria de admitir. Homem de fibra, é o que ele era.

    Clarice e Lawton confiaram a mim uma missão. Eles sabiam que morreriam em breve. E eu deveria apadrinhar o pequeno Jason Walker, conduzi-lo no caminho de sua formação. Sim, sou seu padrinho, e, uma vez mais, peço minhas sinceras desculpas por não ter acompanhado efetivamente o seu desenvolvimento, embora Heloise me mantivesse informado sobre cada passo que você dava. Como um velho tolo, cheio de sonhos e ambições, cri que crescer comigo o transformaria num feiticeiro acovardado e maleável, por ser exatamente o que sou.

    Você cresceu, se desenvolveu e se tornou um grande homem. Enquanto obtinha a honraria máxima para um cavaleiro, tomando para si a Espada de Crunor, Zathroth quase explodia o submundo. Ao decidir matar seus demônios, demonstrou a fibra que sabemos que você possui. Por resgatar seus amigos no futuro, descobrimos que se tornou um homem de verdade. Quando foi ao inferno buscar John Walker, chegamos à conclusão de que você tinha o necessário para sacrificar sua vida em favor de um ente querido. E, ao se tornar aquele que arrancou a cabeça de Lúcifer, soubemos que estava completo. Mais completo do que se poderia imaginar.

    Suas perdas recentes demonstram mais do que você imagina, e também ajudam a forjar o homem que você é. E, como um meio incandescente, um homem comum designado na Terra para satisfazer as vontades de Crunor, tenho a necessidade e a obrigação, mas o prazer, de designar-lhe sua última missão. Aquela que você precisa cumprir, sobretudo para trazer paz, definitiva e derradeiramente, ao nosso continente.

    Você precisa encontrar as Grandes Relíquias que faltam. As antigas escrituras de Crunor rezam que quem detém as 12 relíquias, torna-se o senhor da vida e da morte. Pode controlá-las em igual medida, ao sabor da sua vontade. É a única forma de derrotar Ferumbras. E aquele que guarda a última relíquia é o Patrono do Apocalipse, o ser que pode decidir, com um único ato, o futuro de toda a humanidade. Vida ou morte? Regozijo ou danação? Campos Elísios ou o Tártaro? Somente ele tem esse poder.

    Este é o grande dos fatores envolvendo a epístola dos homens. Nascemos, crescemos, desenvolvemo-nos e, após, morremos. Não há certeza sobre se cresceremos e nos desenvolveremos. Droga. Sequer se nasceremos. A morte física é a única certeza.

    Mas não para você, Jason Walker. O filho pródigo de Lawton e Clarice Walker é um descendente de Crunor e de John Walker, e, embora não tenhamos absoluta certeza a respeito disso, minha crença é de que você será capaz de encontrar e trazer a nós o Patrono do Apocalipse, citado em nossas antigas escrituras.

    Sim, o Patrono do Apocalipse. Porque ele detém um poder que o Inominado desconhece. Ele será capaz de guiar-nos, de apresentar a nós a sua face e conduzir-nos a todos a um único caminho: o da vitória. Ainda que Zeus faça sobre este mundo chover uma tempestade de raios até o fim dos tempos; ainda que Poseidon o inunde com toda a água que há nos oceanos; ainda que Hades faça-o partir ao meio e ascenda ao mundo a tumba do submundo, nada poderá nos parar, se o tivermos ao nosso lado.

    Purificai-vos a todos, sem exceção, porque o fim se aproxima. Em milênios de vida, a raça humana nunca esteve tão próxima da extinção. Cain guardava o Inominado. E ele será vingado sete vezes.

    E não haverá Crunor para separá-los entre afortunados e ímpios.

    Não tema, porque todos nós somos contigo, e estaremos aqui para te fortalecer.

    Confio a missão às suas mãos competentes, na certeza de que a sua habilidade negocial prevalecerá sobre a sua aptidão por manejar uma Espada.

    Sempre que precisar, saberá onde me encontrar.

    Com amor,
    Eremo Walker.

    Eremo Walker. A cabeça de Jason girou loucamente, contendo muito mais perguntas do que respostas. Enfim, o mistério a respeito de Eremo finalmente se desenrolava. Ele era, de fato, o mais próximo de um parente que Jason possuía. Por isso os acolhera. Por isso cuidara dele. Por isso os tirara de Carlin quando Ferumbras estava prestes a levar tudo abaixo.

    Por um momento, Jason permitiu que seu coração se inflasse, preenchendo-se de felicidade. Não se lembrava da última vez em que se sentira assim na vida. A sensação era, ao mesmo tempo, muito desconhecida e muito prazerosa.

    O cavaleiro foi arrancado dos seus devaneios quando Logan, Carl e os outros entraram na barraca. Enquanto Logan, que era muito experiente, trabalhava numa fogueira no centro do chão vazado, os outros se dispunham circularmente em volta dela.

    Logo, Carl tomou a palavra.

    — Presumo que esteja procurando pelas relíquias.
    — Disseram que eu precisava fazer isso.

    Jason baixou os olhos, sentando-se entre John e Leonard.

    — Vocês têm a Espada de Crunor, o Arco dos Elfos e o Livro das Ciências Ocultas. Zathroth tem o Anel Finalíssimo e, Randal, o Colar de Contas. A Lança do Destino, que pertencia ao arcanjo Rafael, está conosco — Carl respirou fundo, sacando a lança e entregando-a para Jason. — Guarde-a bem. Vai precisar dela.

    O cavaleiro olhou para a antiga arma de Rafael, sentindo que Carl era um daqueles homens em quem se podia confiar. As relíquias criavam aquela estranha sensação de poder e, cedo demais, Jason percebeu que o desejo de reunir todas elas os amalgamava, mantinha-os juntos. Sabia que não queriam se tornar deuses. Todos só tinham a vontade de parar Ferumbras.

    — O que sabe sobre as relíquias?
    — Faltam seis. O Cajado de Moisés, o artefato utilizado por Moisés para abrir o mar, há tantos milênios. A Varinha Mestra, costumava pertencer a Wielki, um famoso druida. Muito poder de fogo as duas relíquias contêm — o outro, Logan, assobiou, ainda trabalhando no fogo, concordando. — O Capacete dos Anciãos… soube que Hermes o forjou, mas não sei quem foi o último a detê-lo. A Túnica Rubra, criação de Crunor, foi um presente dado a Arieswar por serviços prestados à comunidade. Há, ainda, o Bracelete de Anúbis, criado pelos egípcios… nunca conheci alguém que o tenha visto. E, finalmente, o Patrono do Apocalipse, é a última relíquia.

    Jason levantou a cabeça de uma só vez, torcendo o pescoço.

    — O Patrono é uma relíquia?

    Carl deu de ombros.

    — É um homem, como qualquer outro, mas transforma-se na relíquia, segundo as escrituras, no momento em que é necessário. Diz a lenda que o Patrono só aparece quando as outras 11 relíquias encontram-se reunidas.
    — Quem ele é?

    Logan riu anasalado.

    Quem ele é? — ele começou a esfregar um graveto no outro, e uma fumaça fina surgiu. — Céus, Walker. Disseram que era inteligente. Ninguém sabe quem ele é. Se quer saber, acho que sequer existe.

    Logan fixou uma armação de metal sobre as chamas da fogueira recém acesa, apoiando algumas panelas de latão sobre ela. Logo, um incrível cheiro de alimentos cozidos preencheu a cabana. Cenouras, cebolas e alhos em uma das panelas; arroz branco arbóreo na outra; músculo de vaca moído na terceira.

    Jason percebeu que Leonard pareceu instantaneamente mais acordado, os olhos fixos no guisado.

    — Tenho uma pista a respeito da Varinha Mestra — disse Carl, mexendo o arroz com cuidado. — Após o jantar, vou partir para procurá-la. Heloise vai trabalhar naquele meio de comunicação seguro, então poderemos compartilhar informações. Sugiro que vão buscar as outras relíquias enquanto isso.

    “O rastro da Varinha Mestra termina no vulcão adormecido de Goroma. Dizem que Wielki era um grande caçador, e que abater os demônios do local era seu hobby preferido. Produziu muita riqueza por lá antes de morrer. Como o homem supersticioso que era, creio que enterrou sua fiel companheira por lá.”

    — Esse negócio de abrir o mar — Jason pensou por um segundo, reflexivo. — É literal?

    Logan sorriu, mexendo o guisado e auxiliando Carl.

    — Eu acredito que é figurado.
    — O rio que passa sob a Ponte dos Anões, ao sul de Kazordoon, não divide o continente em dois? Norte e sul?

    John levantou a cabeça, franzindo o cenho.

    — Existe um certo fundamento na suspeita. E se Moisés o tiver enterrado no fundo lodoso do rio? As aranhas gigantes que vêm das Planícies do Caos constroem ninhos nas redondezas há séculos. A maioria dos viajantes simplesmente passa correndo por ali, porque, se forem cercados, morrerão.

    — Grande homem, esse tal de Muséo — Leonard comentou, com sabedoria. — Lembra quando você disse que tinha um tal de Misael solto no nosso continente, John?

    O incandescente levou meio segundo para entender a obtusidade do amigo.

    Messias — corrigiu. — Jason, o Messias de Crunor. E o nome dele é Moisés.
    — Você é muito preso aos detalhes — repreendeu Leonard, alteando o nariz, convencido.

    John estava prestes a responder quando Jason o interrompeu com um olhar de repreensão, ele próprio dividido entre a exasperação e uma intensa vontade de gargalhar. Leonard tinha dessas coisas; não pretendia ser engraçado e não queria ser, mas simplesmente era. Mesmo nos momentos de crise absoluta, sua forma de lidar com as coisas era um verdadeiro remédio para o âmago de todos nos entornos dele.

    O cavaleiro anotou mentalmente o fato para parabenizá-lo num momento oportuno. Mesmo Carl, que tinha toda a panca de ser um homem muito sério, segurava o riso com bastante esforço.

    Logo, todos estavam distraídos demais com a comida magnífica feita por ambos os amigos. Jason também anotou mentalmente o fato para agradecer Eremo quando tivesse a oportunidade de abraçá-lo, agora sabedor de que o velho era seu padrinho, de que era a conexão, a viagem consanguínea mais próxima com a qual tinha contato desde que Margareth decidira apadrinhá-lo por decisão dela. Ao fim, John levantou-se de cajado em punho.

    — Vou reforçar o feitiço de proteção. Jason, seja educado e cuide da louça. E Leonard… precisamos de uma boa mochila. Partimos antes de Ferumbras chegar.

    Ele saiu e imediatamente Jason começou a acumular os pratos, talheres e panelas, enquanto Leonard saía com Logan para obter uma mochila que pudesse ser enfeitiçada para ampliar sua capacidade.

    Por um longo momento, enquanto Jason lavava a louça e Carl trocava todas as roupas de cama e dava uma geral no piso de lona, manteve-se um silêncio absoluto no interior da cabana, em que o cavaleiro não deixou de pensar em Eremo, por um único segundo que fosse.

    Ele acumulou os pratos no escorredor de louças e trocou as capas dos travesseiros de palha, achando que, ali, talvez estivessem mais bem acomodados do que na casa suntuosa que tinham — ou costumavam ter — em Carlin.

    — Os dois, dentro da cabana, por favor, venham até aqui.

    Jason ergueu a cabeça de uma só vez, em alerta. A voz não era de Leonard, John ou Logan. Ele e Carl se entreolharam e, sacando Jason a Espada e Carl, um imenso machado de batalha, deixaram a cabana devagar, os olhos fixos no final da floresta adiante.

    Cerca de 12 homens, armados e identificados em seus uniformes com o “F” de Ferumbras, retinham Leonard, John e Logan, as armas de todos atiradas no caminho entre o grande grupo e a cabana ocupada por Jason. O cavaleiro levantou a Espada, nervoso.

    — Soltem-nos e podemos fazer um acordo.
    — Não há acordo — disse o homem que segurava John, selvagem e sarcástico. — Apenas um: entreguem-se, ou colocaremos fogo em tudo que virmos.

    Jason respirou fundo, contando novamente todos os oponentes e tomando uma decisão.

    — Certo — ele abaixou a Espada devagar. — Não faça movimentos bruscos.




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