Meus queridíssimos amigos, muito boa noite a todos.
Para aqueles que tiveram o (des)prazer de acompanhar Jason Walker e a Arca do Destino, findei o conto prometendo uma continuação. Tive alguns fiéis leitores, outros que perdi no meio do caminho, mas espero reconquistar a todos nesta continuação e, especialmente, fidelizar aqueles que se mantiveram comigo até o final.
Jason Walker terá uma segunda aventura.
Sem mais delongas, espero que este conto seja melhor do que o anterior.
EDITADO: Atenção! Todos os tomos de Jason Walker encontram-se registrados e, por consequência, protegidos por direitos autorais, na forma da Lei n. 9.610/1998, anexos e alterações. A reprodução, contudo, não é proibida; basta que sejam indicados os créditos caso a história seja replicada em outro lugar.
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Última atualização: 10/04/2017
Atualização: Postado o Epílogo; volume encerrado.
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Postado originalmente por Índice
Prólogo - Neste post
Capítulo 1 - Vida Nova, Problemas Antigos (neste post)
Capítulo 2 - O Retorno dos Gatunos da Meia-Noite
Capítulo 3 - O Plano de Lancaster Wilshere
Capítulo 4 - Carlin em Chamas
Capítulo 5 - A Moderna Vila de Svargrond
Capítulo 6 - Traição Velada
Capítulo 7 - Highway to Hell
Capítulo 8 - Black in Black
Capítulo 9 - 666, The Number of the Beast
Capítulo 10 - Fear of the Dark
Capítulo 11 - Stairway to Heaven
Capítulo 12 - Show Must Go On
Capítulo 13 - Inside The Fire
Capítulo 14 - One, Two, the Fallen Angel is Coming for You
Capítulo 15 - Children Shouldn't Play With Dead Things
Capítulo 16 - What Is And What Should Never Be
Capítulo 17 - All Hell Breaks Loose
EpílogoSpoiler: Prólogo
PRÓLOGO
Dos demônios de Zathroth
Nenhum representa maior ameaça
Dentre suas atitudes de ataque atroz
Destaca-se a extinção de toda raça
Porque Infernatil é a Senhora Incendiária
Destruidora conhecida e que luta solitária
No fundo dos Poços do Inferno, ela mantém seu altar
E sonha, um dia, o antigo continente exterminar
Mas existem as lendas e existem as histórias
De que uma linhagem de guerreiros, descendentes de glórias
Podem Infernatil enfrentar
E seu fim, sacramentar
Trazendo todas as vitórias
Artista Desconhecido
Spoiler: Capítulo 1 - Vida Nova, Problemas Antigos
CAPÍTULO 1 – VIDA NOVA, PROBLEMAS ANTIGOS
O alvorecer de Carlin era agora, sem favor algum, o acontecimento diário mais importante para Jason. Ainda mais bonito do que o pôr-do-sol, que costumava assistir todos os dias com os pés balançando sobre a borda do cais, em um passado não muito distante.
A expedição a Senja mudara a vida de Jason e Leonard, isso é fato. Não residiam mais no cortiço a sudeste, mas, sim, em uma mansão de três andares no extremo sul, a leste da loja mágica de Rachel. Ali, os dois quartos ficavam no subsolo, junto dos dois banheiros privativos, algo luxuoso mesmo para a época; o andar térreo continha cara mobília; e o jardim suspenso, um espaço de estar e lazer que os amigos aprenderam a valorizar. Era mais fácil ser feliz agora, inegavelmente.
Quando o sol nasceu, Jason já estava no jardim suspenso. Fazia um calor agradável em Carlin naquela época do ano, mas, a julgar pela experiência recente dos amigos nas antigas ilhas geladas, qualquer mínima temperatura de dez graus ou mais tornaria o vento em uma simples brisa agradável.
Ali, o cavaleiro já armara o cachimbo árabe que adquirira de um viajante que passara por Carlin, algo que se tornara uma certa rotina desde o retorno da última expedição. Funcionava de uma maneira bastante simples: água na base, em um vaso feito de vidro; tabaco moído com frutas diversas em uma peça de cerâmica no topo; uma grade de ferro com poucos furos fabricada especialmente para aquele fim; carvão em brasa sobre tudo. A combustão do carvão queimava a essência que, filtrada na água, era tragada pelos usuários do cachimbo.
Leonard se levantou alguns minutos mais tarde e, após sua higiene matinal, se juntou ao amigo no jardim. Os dois dividiram o cachimbo por um tempo sem dizer palavra. Fato é que, após o retorno, os dois começaram a gozar de privilégios até então desconhecidos para qualquer um deles. A notícia de que Jason Walker recuperara a lendária Espada de Crunor, com o auxílio de Leonard, correu rapidamente por toda a cidade, e todos pareciam ter em Jason o herói presente que Oblivion deixara de ser há muitos anos.
Moradores agora de uma suntuosa propriedade, condecorados pelo Exército de Carlin, os dois haviam recebido a visita do Rei Arthur por mais vezes do que gostariam. Em diversas ocasiões, o Rei tentara convencê-los a se juntar às forças tarefas do Exército de Thais, em vão. A Rainha Heloise, por sua vez, não ficava muito atrás: seu valoroso Capitão, Svan, também havia comparecido diversas vezes à casa dos amigos, querendo recrutá-los.
Leonard já havia perdido a paciência, mas Jason sempre sabia realizar o movimento certo no momento oportuno. Ele admitia que livrar-se de Svan era consideravelmente mais fácil do que se livrar de Arthur, mas, até ali, os amigos vinham se virando bastante bem. Uma vantagem adquirida pela experiência em campo hostil, no Castelo das Ilusões.
Haviam outras circunstâncias interessantes também, operantes desde a última aventura. John havia requisitado a Crunor seu desligamento como incandescente, algo que, segundo ele, vinha sendo debatido com fervor no Paraíso. O incandescente tinha a intenção de se juntar a Jason em futuras expedições, algo que não daria certo se, a todo momento, fosse destacado para designar missões. Melany, por sua vez, decidira se juntar às Amazonas do Meio-Leste, uma entidade de caçadoras que se desenvolvia em uma comunidade próxima de Venore – a garota achava que podia intensificar suas técnicas de combate se estivesse apta a aprender com quem entendia do assunto.
Jason, agora, fazia parte do Conselho Máximo da Coroa, onde, em outras palavras, auxiliava a Rainha Heloise na tomada de decisões. Leonard se juntara ao Sindicato dos Elfos Livres de Ab’Dendriel, onde desempenhava um importante papel no direcionamento dos arqueiros e lanceiros do antigo continente. Catarina fora realizar um estágio na Academia Mágica de Edron, e Cotton, Gibbs, Joshua e Reynold se destacaram para o Exército de Heloise, aceitando de bom grado deixar a vida marítima para trás.
Esses eram os aspectos que mais incomodavam Leonard recentemente. Afinal de contas, o retorno da missão de Jason e dos outros rendera frutos inimagináveis para várias das cidades do antigo continente. Eles não perderam um integrante do navio sequer, em que pese a dureza de vários pontos da aventura, e, após a volta, cada qual dos componentes da tripulação se envolveu em algum tipo de atividade útil ou filantrópica.
A verdade era que cada uma das cidades queria ter nas fileiras do seu exército o dono da Espada de Crunor. Aquilo impunha respeito, mandava um aviso para as demais comarcas. “Temos o dono da Espada; dominaríamos seu rabo se quiséssemos; nos respeitem”. A mensagem era bastante clara.
No início, o arqueiro conseguia enxergar certo charme naquela circunstância. Agora, admitia que vinha se tornando bastante incomodante. Outro interessante aspecto a respeito do tema era o fato de que Jason não se contentara tão somente com a missão para resgatar a Espada. Já vinham trabalhando em outra possibilidade, outra aventura, cujo resultado conheciam tanto quanto haviam conhecido a respeito da Espada de Crunor quando se engajaram na expedição do incandescente John.
Trocando em outras palavras, emplacar um eventual ingresso em qualquer entidade que exigisse suas atividades em tempo inteiro limitaria a capacidade dos amigos de se distanciar da cidade sempre que possível. Aquela possibilidade desagradava a ambos, que haviam decidido, de comum acordo, que auxiliariam Carlin, sem, contudo, se comprometer firmemente com ela. O trabalho de horas vagas poderia ser perfeitamente suficiente. E era no que Jason vinha se engajando recentemente.
Apesar das sucessivas visitas de Svan, Jason, que não queria criar qualquer expectativa na Coroa, vinha realizando seus patrulhamentos sem compromisso como sempre fazia. A contrassenso do que se pode imaginar, contudo, o índice de cometimento de crimes em Carlin nunca fora maior.
Na semana anterior, uma garota fora encontrada seminua e estrangulada em um beco próximo do castelo. Somente naquela semana, três feirantes eventuais relataram agressões sofridas por grupos mascarados, que, aparentemente, queriam informações, mas não ouro. Nenhum deles, contudo, entendia a língua usada pelos prováveis forasteiros, e acabavam por pagar o preço por isso com a própria integridade física.
Na noite anterior, Svan sucumbira uma vez mais à sua necessidade, após outra garota ser encontrada nas docas parcialmente esquartejada. Se havia uma conexão entre os crimes, o castelo ainda não havia detectado. No entanto, Heloise e seu capitão achavam que conheciam alguém que podia colocar medo nos vagabundos somente com sua presença.
Jason.
Às sete horas da noite, no dia anterior, três batidas secas soaram à porta. Jason esgueirou-se pelo jardim suspenso e identificou Svan lá embaixo. O garoto revirou os olhos e tentou ignorar a presença do capitão, o que só fez com que ele batesse à porta com mais força e mais insistentemente do que antes. Dando-se por vencido, Jason desceu as escadas e abriu a porta, mantendo-a presa à corrente de segurança.
— Boa noite, capitão.
Svan assentiu uma vez, os olhos fixos na corrente.
— Compareço em má hora?
— Não, não – Jason puxou a corrente e permitiu a entrada.
Svan não era uma exceção quando se tratava de se sentir em um ambiente apartado da realidade ao entrar na casa dos jovens Jason e Leonard. Aparentemente, o patrocínio ao possuidor da Espada era voluptuoso por aquelas bandas, e os dois agora gozavam de uma vida de prazeres materiais inimagináveis antes da auspiciosa missão às antigas ilhas geladas.
O capitão sacudiu a cabeça por um instante e Jason o guiou jardim suspenso acima, crendo que, talvez, fosse mais fácil sustentar uma conversa racional com Svan onde ele não estivesse surpreso com a mobília. De cachimbo aceso, os dois se sentaram nos bancos de madeira que davam de frente, respectivamente, para o cais a leste e para o oceano ao sul. Por um longo tempo, nenhum dos dois disse nada; Svan dispensou o cachimbo e ateve-se ao seu maço de cigarros.
O capitão ergueu os olhos verdes estampados no rosto cansado de barba castanha por fazer para o cavaleiro, que sustentou o seu olhar, tentando transmitir a sensação de curiosidade.
— Tivemos uma a mais ontem – disse o capitão, inquieto.
— Estou ciente, Svan. Sinto muito.
Svan deu uma longa tragada em seu cigarro, os olhos perdidos no vai-e-vem do oceano por um instante.
— Creio que, nas circunstâncias atuais, Walker, compreenderá se for necessário que o Exército encaminhe a você uma carta de intimação.
Jason remexeu-se, incomodado.
— Carta de intimação?
— Lamento dizer que, invariavelmente, no estado em que nos encontramos, pode ser que seu alistamento venha a ser compulsório.
O capitão parecia claramente incomodado por abordar o tema naqueles termos, mas não estava, nem de longe, tão preocupado quanto Jason estava furioso. Aparentemente, Heloise achava que podia convencê-lo através da obrigação ao alistamento, algo que já havia sido discutido na última reunião entre o cavaleiro, a rainha e os Chefes das Armas do Exército.
— Vou lhe dizer uma coisa, Svan – Jason levantou-se, encarando o capitão, que parecia surpreso. – No primeiro momento em que meu alistamento no Exército de Heloise se tornar obrigatório, garanto-lhe que dou as costas à cidade e desapareço sem deixar rastros. O inferno congelará antes que eu seja compelido a algo.
Svan levantou os braços em sinal de rendição, e fez menção de dizer algo, mas Jason o interrompeu.
— Leonard e eu mantemo-nos em Carlin porque amamos a cidade, mas poderíamos ser residentes de Yalahar ou Edron há muito tempo, porque temos condições econômicas para isso. Heloise e o Exército precisam de nós; nós não precisamos de Heloise e do Exército. Então, quero deixar absolutamente claro, para que não restem dúvidas: não seremos obrigados a nos filiar ao Exército ou a qualquer órgão representativo do governo nesta cidade. Se formos colocados contra a parede, Svan, derrubamos a parede, mas não nos juntamos a vocês. Entendam. É uma opção que deve ser respeitada. Pelo bem ou pelo mal.
O capitão parecia decididamente chocado. Por um instante, esqueceu-se do próprio cigarro, mantendo-o aceso entre os dedos da mão direita e encarando Jason como se nunca tivesse visto nada igual em toda a sua carreira. A boca entreaberta deixava bastante claro que não esperava aquele tipo de reação. Não fora preparado para isso.
— Jason, não vamos forçá-lo a se alistar…
— Com certeza não vão, porque não podem me forçar a absolutamente nada nesta cidade – Jason falava sem pesar as palavras, cada vez mais irado. – Somos recolhedores de tributos como quaisquer outros cidadãos, e, decididamente, Heloise não requereria nosso alistamento obrigatório caso não detivéssemos a Espada de Crunor. O Criador mencionou que a Espada poderia ser um fardo, e decido, desde já, afastar o ponto mais pesado dele.
Svan abriu e fechou a boca diversas vezes antes de finalmente organizar os próprios pensamentos.
— Garoto, tudo bem, compreendo seu ponto de vista e devo dizer que concordo com ele em partes – Svan, sim, pesava as palavras. – Contudo, requeiro sua especial atenção conosco e peço para que amplie a quantidade de rondas que faz, se isso for possível. Estamos diante de um caos criminalístico nesta cidade. Se não puder se juntar a nós oficialmente, ótimo, mas, como capitão, preciso solicitar que nos auxilie. Ainda que dentro das suas condições.
Jason assentiu uma vez, ainda irritado.
— Manterei meu apoio a Carlin na minha condição de cidadão, Svan. Esteja certo de que nenhum crime passará impune diante dos meus olhos.
— Para mim é o suficiente, Jason – Svan parecia sincero.
O cavaleiro levantou-se e apontou na direção da escada.
— Boa noite, capitão.
[]'s
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