Fala, galera! Mesmo sem comentários (ainda) vou postar o capítulo dois abaixo. Eu lamento que não tenham tido comentários, pois assim parece chato, mas sei que muitos olham e não comentam.
Então, você aí, sr. visitante, trate de logar e comentar aqui. Seu comentário é importante para a construção do meu texto. Obrigada!
Capítulo II — Um lugar desconhecido (Segunda parte)
Já é noite quando a menina acorda de seu cochilo. Alguma coisa a incomoda, um pensamento, uma sensação estranha, então se recorda: foi o sonho que teve. Imediatamente é acometida por uma espécie de medo mesclado com ansiedade. Precisa saber o que é aquela luz na curva do labirinto... Sente uma forte dor de cabeça. Levanta-se, o chão de madeira tratada, antes quente e aconchegante, agora está frio; prefere, então, encostar-se na parede para organizar seus pensamentos.
Mariah está aflita. Não sabe exatamente porque aquele labirinto significa algo para ela, mas aquilo a intriga. Precisa voltar para Elvenbane. E rápido. Mas logo os sóis se apresentam no horizonte e então lembra que deve algo a Santiago. Levanta-se e ve o pescador dormindo perto da árvore onde no dia anterior havia visto sua silhueta. Dirige-se até as escadas passo a passo, tentando não fazer barulho e acordá-lo, mas, inevitavelmente, o pescador tem um bom ouvido e a ve subindo as escadas. Chama por ela:
— Mariah... Você... Está... Aí? — Sua voz está sonolenta e embargada.
A garota o ignora e sobe as escadas correndo. Logo, reconhece o pequeno quarto que o pescador havia lhe falado e, analisando-o, percebe o velho baú ao lado da cama. Aproxima-se dele.
Mariah tem dificuldades para abrir aquele baú. Além de empoeirado, o cadeado que o sela parece enferrujado, como se não fosse aberto há muito tempo. Ela respira fundo.
“Se eu estivesse com minha lança aqui, seria tão mais simples.” Com os pulmões cheios de ar, dá um passo para trás e com a perna direita chuta o velho cadeado com força uma vez, tentando quebrá-lo.
Em vão. Um pouco ofegante, respira fundo novamente e, aproximando-se com um impulso do baú, chuta o cadeado de novo. Dessa vez, Mariah escuta o barulho de algo se rachando, logo conclui que seu plano dera certo. Sorri. O cadeado não está completamente destruído, mas, com um pouco de boa vontade, a menina de cabelos laranjas consegue, enfim, desmontá-lo.
Mariah se ajoelha próximo ao baú recém-aberto, tossindo um pouco devido a poeira. Apoiando-se na beirada do mesmo, inclina o corpo para dentro dele, buscando algo que julgue precioso. Após livrar-se das teias de aranhas, percebe um pequeno saco escondido no canto esquerdo. Não hesita e o abre: dentro, há um casaco azul. Suspira, pensando que seria algo mais valioso, mas decidi pegá-lo. “
Vou pegá-lo. Deve ser útil em algum momento.”
Com o casaco em mãos, desce as escadas, agora despreocupada com a reação de Santiago. Aproxima-se do pescador um pouco chateada, no entanto, observa que ele está ocupado, então espera um pequeno grupo de jovens exploradores se afastarem para falar-lhe:
— Santiago, encontrei esse casaco azul e...
— Ei! Mariah! Aí está você! Vamos, não há tempo! Vista logo esse casaco e pegue isto. — Entrega uma clava para a garota. — Há baratas lá embaixo! Você precisa matá-las! Vá, não há tempo!
A garota, apanhada de surpresa pelo peso da clava, responde a ele, sem jeito:
— Mas não sei utilizar isso! Nunca usei uma clava.
— Deixe de besteira, garota! Vá logo, traga-me as pernas dos seres repugnantes, assim poderei utilizá-las como iscas para meus peixes.
Mariah, um pouco contrariada, faz o que o senhor lhe pede e guarda a clava na sua sacola junto com o casaco azul. Não julga sábio usá-lo. Antes de descer as escadas que dão para o sótão, porém, dá uma olhada para baixo, avistando uma grande escuridão. “
Ah! Mais escuridão... Já não bastava isso nas cavernas.” E desce as escadas lentamente.
Mesmo com o breu total no andar de baixo, a garota consegue se situar devido aos anos que passou embaixo da terra. Sente cheiro de peixe e seu estômago ronca. “
Droga, estou com muita fome.” Anda passo a passo, até que percebe um pequeno raio de luz atravessando a sala e iluminando uma parede. Dirige-se para lá com cuidado e antes mesmo de começar a tateá-la, tropeça em alguns caixotes encostados nela.
— Droga! — A menina grita sem conseguir conter sua irritação.
Em seguida, porém, torna a acalmar-se e tateia os caixotes cuidadosamente. Encontra um baú aberto. Dentro, há uma tocha. “
Oh! Era tudo que eu precisava!” E pega a tocha um pouco desajeitada, pois não enxerga direito no escuro. Acende-a com alguma dificuldade, uma grande bola de luz avermelhada ilumina agora seus passos. Consegue reconhecer uma espécie de depósito de peixes pescados por Santiago — há muitos por todo o lado.
Avista uma tampa de bueiro ao sul e algo se remexe em seu estômago — não, não era a fome — e Mariah sabia disso. Aproxima-se querendo acabar logo com aquilo e, ao abrir a tampa com uma mão, um cheiro insuportavelmente inalável vem em sua direção. Imediatamente, deixa-a cair, produzindo um som estridente, e põe a mão no nariz, como se quisesse que o cheiro não penetrasse em seu organismo.
Afasta-se um pouco e respira fundo. “
Eu preciso fazer isso.” E, segurando a respiração, novamente abre a tampa do bueiro com a mão direita. Mariah tenta descer com a tocha em sua mão esquerda, mas não consegue, logo a deixa cair e desce rapidamente, antes que a chama se apague. Alívio: está no porão podre e contaminado de Santiago. O odor que aquele lugar emana em conjunto com o som das baratas em movimento produz medo em Mariah, que por um instante hesita.
No entanto, o local está iluminado pela tocha que a menina volta a carregar e ela nada vê ao seu redor. No saco que carrega em suas costas está a clava que Santiago lhe deu. Raciocina um pouco como deve proceder e conclui que apoiar a tocha na parede enquanto pega a clava é sábio e assim o faz. Com a clava em uma mão e a tocha em outra, Mariah tenta equilibrar-se e seguir o caminho que lhe é iluminado. De repente, em um canto, avista três baratas. Elas são enormes e por um momento a garota acha que não conseguirá matá-las.
Tomada de coragem, porém, acerca-se de uma e desfere-lhe um golpe com a clava. Esse não chega a matar a barata, mas ela emite um grunhido e sai correndo. Mariah, então, vai atrás dela, mas não consegue correr com a tocha e a clava em mãos. Abandona a tocha no meio do caminho, que ainda ilumina parte do sótão imundo, e sai a procura da barata com cautela. Encontra-a em outro canto e, com as duas mãos, segura a clava firmemente para investi-la contra o ser repugnante. A barata cai, agonizando, e Mariah dá um leve sorriso, orgulhosa de si mesma. Arranca a perna do inseto com um pouco de nojo e o enrola no casaco azul, que não havia vestido e estava guardado no saco.
Toma fôlego e vai atrás das outras baratas. Depois de matar aquela primeira, a garota ruiva já possui mais habilidade com a clava, manejando-a um pouco melhor. Facilmente mata os insetos restantes e arranca suas pernas antes mesmo de sentir algum tipo de desconforto. Pega sua tocha no meio do caminho, que quase se apaga devido ao contato com a terra, e sobe as escadas, aspirando por ar puro e respirável.