Disputas da Chave 4
Lembrando que os textos são postados de forma anônima. Para votar, basta identificar qual a disputa e qual o texto escolhido. Todos usuários podem votar, mas apenas aqueles com uma justificativa plausível serão levados em conta. Votos de usuários fantasmas também serão desconsiderados. E lembrando que a votação popular será apenas um dos pesos da nota dos textos, e o vencedor final será decidido por membros da Equipe TibiaBR. Por último (e talvez o mais importante):
Seguem, então, os textos da chave 4!
Disputa A
Berius Fabim x Anniinha x Peu Tx x Emotiicon
Tema: A Sociedade dos Exploradores
Spoiler: Texto 1A Sociedade dos Exploradores: Renascimento
PARTE I: Lolia
10:51 Kane Blackster [72]: Devia ter voltar para sua casa. Ainda há tempo.
Kane geralmente vinha com um sorriso falso no rosto, como todos os outros, mas dessa vez estava gélido. O que tinha de altura possuía de arrogância. Seus longos cabelos negros e sua barba ocultando a cicatriz nos lábios não a engava.
10:52 Lolia Fox [42]: Sim, poderia. –Sabia que não – Mas quem decide isso sou eu.
Lolia era uma camponesa de aspecto ‘normal’, não se podia chamar de feia em hipótese alguma, mas de longe era a mais bela das jovens das redondezas. O que chamava a atenção dos homens eram seus longos cabelos ruivos e doces sardas que lhe cobriam o rosto. Não tinha mais que dezenove anos, mesmo assim tinha algo de maduro em seus olhos castanhos. De baixa estatura e pele clara, seu arco parecia até gigante enquanto estava a limpá-lo.
10:54 Kane Blackster [72]: Lolia, já te disse mil vezes, seu lugar não é aqui, sua família é antiga, os Fox lhe arranjaram um bom casamento e poderá ter filhos. Que mulher em sã consciência deseja lutar?
10:54 Lolia Fox [42]: Pois, você já deve ter me dito umas mil e cem vezes. Mesmo assim, não tenho mais família. – Não desde que o pai e irmão haviam perdido suas vidas defendendo o reino. Não poderia fazer menos.
10:55 Kane Blackster [72]: Olha, sua mãe ainda a espera em casa e...
10:55: Lolia Fox [42]: Não, ela ainda espera pelo meu irmão, não por mim, mas ele está morto, tal como eu estou para ela.
Kane olhou em seus olhos, mas nada disse.
10:58 Lolia Fox [42]: Me dê uma oportunidade, estou farta de buscar borboletas para as experiências medicinais do Druida.
De fato, estava cansada de andar pelos campos do norte de Carlin à procura de borboletas. Apesar escapar algumas vezes para a cidade, passava a maior parte do tempo na base da Sociedade dos Exploradores em Porto Norte, Carlin.
10:59 Lolia Fox [42]: Teria você algum motivo para me querer longe?
11:01 Kane Blackster [72]: Se queres morrer cedo ou virar lanche para os Orcs que seja, cansei de discutir com aquele velho, ele não me dá ouvidos, quer você na próxima missão. Ou pelo menos em metade dela.
11:02 Lolia Fox [42]: Metade? – Seus olhos brilhavam. Não posso me emocionar agora. Metade era melhor que nada, melhor que caçar borboletas.
11:03 Kane Blackster [72]: Angus, o novato, filho do Comandante, parece estar em apuros, conseguiu o segredo do Pó dos Orcs, mas está sem suprimentos para voltar. Partirá ao norte pelas águas dos Elfos e pegará o garoto num porto em Ferngrims, próximo ao Covil dos Dragões ao norte de Venore.
11:04 Lolia Fox [42]: Sim senhor. – Tremeu ao ouvir a palavra dragões.
11:05 Kane Blackster [72]: Estais com medo? Espero que não, por mim não haveria tal missão, muito menos lhe enviaria. O velho que faça o que achar melhor enquanto pode. – Soltou seu meio sorriso falso. – Agora vá até o porto, o antigo druida lhe espera com seus suprimentos e um pequeno barco com três tripulantes servirão.
Chegando ao barco o druida de barba cinzenta e veste maltrapilha estava a sua espera. Na bolsa umas poucas runas, poções e alimentos para dois dias. Apesar das recompensas trazidas pelos membros, a Sociedade tinha muitas bocas para sustentar, não havia falta, mas também não dispunha de excessos.
14:02 Altemir [122]: Fazia tempo que a Sociedade não tinha uma imagem assim tão bela. – O comandante era um senhor alto, de pele clara e já manchada pelo tempo. Lolia não sabia ao certo sua idade, mas julgava algo acima dos 60 anos. Ele estava com sua túnica vermelha com detalhes de couro fervido em cinza.
14:03 Lolia Fox [42]: Se-senhor. – Ajoelhou-se de imediato. Não esperava o senhor comandante ir vê-la partir em sua primeira ‘missão de verdade’. – Honrarei nossa Sociedade...
14:04 Altemir[122]: Sim, tenho certeza, agora levante-se menina, tenho algo para ti.
Quando se ergueu fitou as mãos do velho segurando algum tipo de bastão, meio torto, de um verde profundo. Sentiu-se tola ao perceber que se tratava de um arco. Longo. O verde só não o tomava por completo por conta dos dois rubis cravados bem no meio. Olhos, compreendeu.
14:05 Altemir [122]: É feito de madeira antiga e seu fio é da mais forte seda tecida pela Velha Viúva. – A Rainha das Aranhas podia tê-lo dito, mas ficou quieta. – É seu.
Lolia ficou sem resposta por um momento. Como poderia ganhar algo assim.
14:07: Lolia Fox [42]: Não entendo, porque deposita tanta confiança em mim, podia ter me negado entrar na sociedade, ao invés disso me aceitou, me treinou, deu-me conselhos e agora isto. Não entendo...
14:08 Altemir [122]: Tenho pouco tempo, menos do que imagina. Um dia meu filho tomará meu lugar. Ele precisará de pessoas como você.
14:09: Lolia Fox [42]: Como eu?
14:09 Altemir [122]: Ele é jovem, um dia terá escolhas difíceis para fazer. Entre o sangue e a sabedoria todos os membros da Sociedade escolheriam o sangue. Menos você, Lolia. Tem muito mais do que imagina. Logo, quando ele precisar, ajude-o, não deixe que ele escolha o sangue...
14:11 Lemoure [92] O barco está pronto senhor Comandante. A garota deve partir.
Deu por si no pequeno barco, contornando a baía de Ab’dendriel, a cidade dos Elfos, pensando sobre as palavras do Comandante. Sem saber o que esperar.
De algo sabia, todas as grandes armas tinham um nome, tal como o Machado Angelical de Uzgod ou a espada flamejante, Estrela do Dia, de Avar Tar.
14:56: Lolia Fox [42]: Caçadora, - Olhou para o arco – Esta se chamará A Caçadora de Borboletas.
PARTE II: Angus
Talvez seja tarde. Não poderei avisar meu pai, fracassei.
Na escuridão Angus empunhava sua espada contra uma grande porta de mármore. Quase não via nada a sua volta, o pouco de luz que restava em sua tocha refletia em sua lâmina. Quase um metro e meio, coberta por gravuras antigas. A Caçadora de Dragões. De nada adiantava tê-la ali, estava preso numa construção abandonada ao norte do Covil dos Dragões. Ao sul do porto onde um barco o pegaria. Cheguei longe demais para nada. Do lado de fora se ouviam as batidas de aço contra mármore. Orcs. Não o deixariam fugir depois de descobrir demasiado.
16:22: Angus [45]: Desculpe, falhei pai. - O gosto do sangue corria-lhe pela boca.
Após algum tempo o pouco de esperança que tinha havia escapulido junto com as últimas brasas da tocha. A esta altura o sangue cobria sua armadura transformando o tom dourado em um rubro de sangue e escuridão. Seus cabelos estavam mais próximos de ruivo do que castanho. O sangue cobria-lhe também. As batidas nas portas diminuíram, mas não os seus oponentes. Dez, quinze, de que adianta saber, já não tenho forças para lutar.
17:13: Angus [45]: Ei saco de ervilhas! Sou eu quem vocês querem? – Gritou num tom ávido, cansado da espera.
Em resposta ouviu berros “Grak Brrretz!”, “KRAK ORRRRRK”.
É agora. Não morrerei nesta escuridão. Se não posso orgulhar meu pai, não o decepcionarei uma vez mais.
Puxou Caçadora com ambas as mãos abrindo assim a porta. Os gritos aumentaram. A luz do sol ofuscou seus olhos. Angus não contara com isso, mesmo assim avançou e logo atingiu o primeiro oponente a sua frente. Tinha quase sua altura, mas era de um verde musgo, fitou seus olhos tão vermelhos como o sangue que jorrara do golpe. São muitos, percebeu. Outras duas criaturas com armaduras velhas e amassadas aproximaram pela sua esquerda, um terceiro pulou sobre o corpo abatido. Defendeu o impacto do primeiro ataque com a lâmina, o segundo esbarrou em sua armadura e, mesmo cambaleando, cortou o braço do que o seguia, até cair.
Arghhh.
O grito de dor escapou ao estralar dos ossos contra o chão. Parecia uma eternidade comprimida em segundos. Quando abriu os olhos viu a face do seu carrasco a sua frente, pouco além de um palmo. Dentes afiados, o cheiro de podridão entorpecia-o, era o fim. Até que algo saiu de sua boca, derramando sangue sobre si. Uma seta.
Os Orcs estavam a gritar, mas agora eram gritos de dor. Retirou o corpo sobre seu peito e viu os outros dois caídos mais adiante, um terceiro encostara-se à parede. Outro a fugir, um último a cair de joelhos a sua frente. Deu por si olhando a arqueira ruiva, atirando outra e mais outra flecha contra os Orcs pondo-os a fugir.
Uma amazona!
Levantou-se apoiando numa perna e no cabo da Caçadora. Havia acabado, mas não para ele. Teve tempo de finalizar a agonia de um último Orc moribundo. Ao tentar andar perdeu o equilíbrio até que uma mão o agarrou.
17:19: Lolia Fox [43]: Seria prudente esperar no ponto combinado. – Tinha sardas salpicando o rosto.
17:20: Angus [45]: Se eu soubesse que as amazonas poderia me ajudar, teria adentrado no Campo das Amazonas.
17:21: Lolia Fox [43]: Pois não sou. Me chame pelo meu nome garoto, Lolia Fox.
Angus a observou por um momento. Lembrava-se da garota, das suas sardas.
17:22: Angus [45]: Você! É da Sociedade. Meu pai tomou-a como aprendiz, você era a garotinha das borboletas.
17:22: Lolia Fox [43]: Não sou garotinha nenhuma, sou membro da Sociedade. Vim te buscar, mas pelo jeito deveria tê-lo deixado para os Orcs.
Devo escolher melhor as palavras antes de me dirigir a uma garota.
17:24: Angus [45]: Olha, não começamos muito bem. – Fez uma cara de azedo ao perceber que enfurecera a garota. – Peso desculpas, ainda estou meio atordoado pelo embate.
Lolia nada disse.
17:25: Angus [45]: Preciso de um minuto para respirar.
17:26: Lolia Fox [43]: Não o temos. Mais dessas coisas devem vir, precisamos regressar para Porto Norte. O capitão Kane contou-me sobre sua missão e seu pai enviou-me para te ajudar a voltar.
17:27: Angus [45]: Meu pai! – Os olhos de Angus pareceram morrer por um instante– Ele está em perigo. Não. Todos em Porto Norte estão, temos que ir. Já!
17:27: Lolia Fox [44]: Calma, as descobertas sobre o Pó dos Orcs pode esperar, você mal consegue andar e...
17:28: Angus [45]: Não, você não entende. Não se trata do Pó dos Orcs. O que descobri é algo muito pior!
As poucas poções que o velho Druida dera a Lolia serviram para ajudar o jovem a andar até a praia. Se Angus estivesse certo algo terrível cairia sobre a Sociedade dos Exploradores. Se já não tivesse caído a esta altura. A caminho do navio dissera a Lolia sobre o plano dos Orcs, as construções na Fortaleza. Não apenas catapultas e máquinas de guerra.
17:46: Angus[45]: Navios. – Dissera-lhe – Com passagem só de ida para Porto Norte.
17:47: Lolia Fox [44]: Porto Norte? Não há motivos para isso e mesmo se houvesse dentre todos os capitães, Kane Blackster possui a maior frota de seguidores, eles podem defender a base de qualquer perigo.
17:48: Angus [45]: Não se o perigo for Kane Blackster.
A conversa foi interrompeu pelo pior.
17:50: Angus [45]: O barco, onde está?
17:51: Lolia Fox [44]: Deveria estar aqui. Deveria... – Por um momento lembrou-se de sua partida, momentos antes Kane havia dito algo ao capitão do barco. – Kane.
A ira era visível nos olhos de Angus. O cansaço ainda mais.
17:53: Lolia Fox [44]: Muitos pequenos barcos passam por aqui, é uma rota de pesca para a cidade dos Elfos ao norte. Esperemos.
De fato, era sua melhor opção, caminhando perderiam dias, não podiam demorar. E não demorou. Logo avistaram um pequeno barco de pesca ao longo da costa. Gritaram e acenaram com tochas até que foram vistos. Embarcaram com ajuda de um pequeno bote. A viagem lhes custou todo o ouro que traziam, metade dos alimentos e mais algumas dúzias de setas de Lolia.
18:45: Lolia Fox [44]: Se isto é mesmo verdade, o que é uma loucura, o que faremos para impedi-los. Ao pisar em Porto Norte será um homem morto por Kane. Sem contar as centenas de Orcs a invadir a costa.
18:46: Angus [45]: Eu sei. Quer dizer, não sei. Só preciso falar com meu pai. A maioria dos homens o admira, eles o defenderam.
18:47: Lolia Fox [44]: Que homens? Grande maioria está em missões espalhados por todo o continente. Kane pensou em tudo, mas como ele conseguiu que os Orcs seguissem seu comando?
18:48: Angus [45]: Os Orcs perdiam a guerra a cada dia. Acharam um meio de lutar juntando-se a mercenários e homens desonestos como Kane. Os Orcs matam Humanos e Kane fica com a Sociedade ou o que restar dela.
A noite caíra por completo quando se aproximaram de Porto Norte, mas o que avistaram não era bom...
19:56: Billi Peixesolto[75]: Perdão jovens. Não aportaremos. – O capitão era um pescador humilde, velho e endurecido pelo tempo. – As luzes, são chamas. O porto está sobre ataque.
19:57: Angus [45]: Não pode. Não deve acabar assim. Isto está errado. – Lagrimas caíram sobre seu rosto. Tudo o que fiz, em vão. Meu pai está lá, não posso deixa-lo. – Temos que desembarcar, preciso ir até meu pai, ele precisa de mim!
19:59: Lolia Fox [44]: Chegamos tarde, não estamos em número suficiente, Angus.
19:59: Angus [45]: Não importa, quantos Orcs você matou para me salvar? Dez?
20:00: Lolia Fox [44]: Uns poucos, desprevenidos, cansados. Sem contar que lutamos contra alguns capangas. Lá haverá monstros de verdade e cavaleiros se juntarão a eles. Não podemos.
20:01: Angus[45]: Está me pedindo para desistir do meu pai? Quer que o deixe para os Orcs? Quer correr com o rabo entre as pernas e deixar a Sociedade Exploradora sangrar?
As luzes incendiavam os céus, um pouco mais perto e Angus julgara poder ouvir os gritos e o tinir do aço contra aço.
20:03: Angus [45]: Você está certa. É o fim, eu falhei.
20:04: Lolia Fox [44]: Não. - Sangue ou sabedoria.- Hoje perdemos, sim, mas nem sempre vencemos. A morte é certa em Porto Norte. Não em Porto Esperança. Temos uma segunda base lá, abandonada, mas bons cavalheiros se juntaram a nós, guerreiros de todos os continentes vingarão seu pai e todos que lá perderam suas vidas defendendo o reino.
20:05: Angus [45]: A Sociedade dos Exploradores não morrerá aqui.
20:06: Lolia Fox [44]: Pelo contrário, aqui ela renascerá!
Angus tomou um ar de confiança, limpou o que seria sua última lagrima e disse:
20:07: Angus [45]: Capitão, mudança de rota.
20:07: Billi Peixesolto[75]: Desculpem, mas não posso fazer isso.
20:08: Angus [45]: Não disse que você tem escolha. É uma ordem.
20:09: Lolia Fox [44]: É melhor escutá-lo, seu nome é Angus, filho de Altemir Fundador e... Comandante da Sociedade dos Exploradores do Porto Esperança.
GLOSSÁRIO
Angus: NPC Líder da Explorer Society em Port Hope.
Lolia Fox: Minha Royal Paladina em Luminera.
Porto Norte: North Port, porto ao norte da cidade de Carlin onde há outra base da Explorer Society.
Porto Esperança: Port Hope.
Caçadora de Dragões: Dragon Slayer.
Caçadora de Boboletas: Silkweaver Bow
Velha Viuva: The Old Widow
Spoiler: Texto 2O caminho do Explorador
Há muito tempo, o mundo de Tibia foi criado. Fardos e Uman, os deuses ancestrais, criaram todo o mundo e através de seus filhos e filhas, criaram diversas criaturas boas. Porém havia um deus terrível chamado Zathroth, que através de seu filho, criou as criaturas maléficas de Tibia e essas criaturas se espalharam pelo mundo destruindo tudo, e então Fardos e Uman, numa tentativa de parar tal destruição, criaram várias raças, uma após a outra, mas todas foram dizimadas e destruídas, até que criaram os humanos. Os humanos venceram a guerra, trazendo novamente a paz e o equilíbrio para o mundo. Os humanos nasceram para a guerra. Ao vencer as trevas, começaram a lutar entre si para decidir quem governaria e quando os governos se estabeleceram, a batalha pelo conhecimento nasceu. Os homens começaram a explorar e expandir seu reino: A vastidão da terra e dos mares, cavernas e florestas, ruínas e desertos. Eventualmente, fizeram contato com Elfos e Anões e o tempo forjou novas alianças.Os humanos perceberam que o mundo de Tibia estava cercado de mistérios, lugares de beleza e riqueza inimagináveis. Em sua expansão encontraram novos continentes, formaram várias colônias e postos avançados e o desejo de conhecer o novo continuava crescendo, a tal ponto que a cada dia, mais e mais pessoas largavam tudo para explorar o mundo. Eram tantas pessoas buscando encontrar e resolver os mistérios de Tibia, que para evitar uma confusão, foi necessário fundar uma organização, capaz de gerir as aventuras, um lugar onde fosse possível trocar informações e descobertas, montar novos grupos, recrutar pessoas, e acima de tudo, onde houvesse uma liderança, capaz de organizar tudo aquilo. Nasceu a Sociedade dos Exploradores, a sociedade que muitos jovens fariam de tudo para entrar. Inclusive eu!
— Que maravilha Zarus! Como você descobriu tanto?
— Estive um tempo em Edron — respondi — e lá aprendi muito com o Arkulius, diretor da Torre de Marfim.
— Mas deve haver alguém por trás dessa inspiração.
— Então, Capitão, estou voltando para Northport, minha vila. Lá existe uma sede da Sociedade dos Exploradores e o chefe desta sede, o Mortimer, me contou muitas historias quando eu era criança. Mas disse que eu devia me tornar muito forte, antes de poder entrar para o grupo. Então, me tornei um feiticeiro, e após 5 anos, estou voltando para casa. Finalmente vou rever minha mãe e uma certa garota...
— Garotas, sempre garotas... Zarus, Carlin está logo à frente. Vá arrumar suas coisas. Foi um prazer conversar com você. Boa Sorte!
— Obrigado! — respondi — E capitão, que Bastesh, a soberana do mar, te proteja e que Uman te guie!
Era um dia muito bonito. O sol estava bem alto, era um dia de poucas nuvens e bem quente, bom que pelo menos uma leve brisa soprava, carregada com o aroma do mar. Desci as escadas para os alojamentos do navio, entrei no meu quarto, sentei na cama e comecei a arrumar a minha mochila. Organizei minhas poções e runas de maneira que estivessem fáceis de alcançar. Senti o navio atracar, então fiz uma rápida prece à Uman, pedindo sabedoria e proteção, e subi para o deck do navio. Ver Carlin me deixou emocionado e só então percebi a saudade que sentia da minha terra, cresci em NorthPort, mas Carlin sempre fez parte da minha vida. Fiz um último cumprimento ao capitão e desci do navio.
Caminhei por Carlin admirando a cidade que há muito não via. Sai pelo portão norte da cidade e andei por algumas horas pelos Campos da Glória,seguindo a trilha que levava a Northport. Quando finalmente avistei o vilarejo ao longe, a noite já começava a cair e em pouco tempo, a vila estava toda iluminada. A pequena vila estava linda, meu coração não se continha de alegria, por estar voltando à minha casa, à minha vila! A primeira coisa que fiz, foi visitar minha mãe. Cheguei à frente da casa e bati na porta. Quando minha mãe abriu e percebeu quem era, que eu tinha voltado, me deu um longo e apertado abraço. Eu estava em casa!
Quando entramos, me surpreendi ao ver Luiza, a garota por quem sempre fui apaixonado, sentada e esperando minha mãe voltar e percebi que ao me ver, o seu rosto corou. Nós três conversamos bastante e descobri que Luiza e minha mãe eram agora muito próximas. Jantamos e após mais alguma conversa, Luiza foi para casa e eu fui dormir. Fiquei mais duas semanas descansando e aproveitando as pessoas e o vilarejo. Pesquei e cacei, aperfeiçoei minha mágica, passei tempo com minha mãe e, sobretudo, passei tempo com Luiza. Conversamos muito, passeamos, e certo dia, quando caminhávamos pelas redondezas, começamos a falar sobre amor, então acabamos revelando nossos sentimentos um pelo outro e acabamos nos beijamos pela primeira vez. Voltamos para a vila quase ao cair da noite e sabíamos que aquilo entre nós era amor. Mas o dia de partir chegou, então fui conversar com o Mortimer.
— Bom dia Mortimer!
— Bom dia! — respondeu, levantando a cabeça — Zarus?! Então é verdade, você voltou.
— Alguns dias atrás, mas resolvi descansar um pouco. Mortimer, chegou a hora, vou entrar para a sociedade.
— Vejo que se tornou poderoso, mas antes de entrar, precisará fazer um teste.
— Teste? Que tipo de teste?
— O teste é simples, me traga uma Picareta dos Anões. Você pode conseguir com o ferreiro Uzgod da cidade dos anões, Kazordoon.
— Só preciso fazer isso?
—Sim, e então poderá se dizer membro, porém, um novato, sem muitas regalias.
— Certo! Até breve Mortimer!
— Adeus, Zarus. Boa sorte!
O grande problema de ser um explorador, é que algumas vezes você tem que deixar pessoas importantes para trás, mesmo que por pouco tempo, e acreditando que você voltará vivo, que elas ainda estarão esperando por você. A despedida foi difícil, dizer adeus para a garota da minha vida era quase como arrancar o meu coração fora. Minha mãe concordou facilmente, mas a Luiza relutou muito. Foi difícil dizer que eu iria partir, mas eu não conseguiria dizer não para a Sociedade, para meu sonho. Luiza acabou concordando, desde que eu prometesse voltar para ela. Preparei as provisões, comprei um cavalo no estábulo, pedi proteção, força e sabedoria à Uman e parti para minha jornada.
A viagem levou quatro dias à cavalo e cheguei às montanhas de Kazordoon sem maiores problemas. Na entrada da cidade havia a escultura de pedra de um Anão gigante, por mais engraçado que isso possa parecer. Na verdade, seu nome era colosso. Segundo a lenda, era uma arma, que em caso de invasão, ganharia vida, para defender a cidade. Passei pelo colosso, e passei pelas portas da cidade. Era minha primeira vez na terra dos Anões, e que construção magnífica. Eles conseguiram canalizar a lava do interior da terra, e lava corria por todos os cantos da cidade, em dutos específicos, provendo luz e calor. Também era incrível como o ar, mesmo nas profundezas da cidade, era tão puro. Os aquedutos, pontes, paredes, as construções em geral eram simplesmente... Grandiosas! Fiquei muito impressionado com Kazordoon, e eu estava apenas na entrada. Acostumei-me com a cidade, e de uma coisa eu tinha certeza, um dia eu traria a Luiza aqui. Desci do cavalo e deixei-o em um estábulo. Fui procurar o Uzgod na área de comercio da cidade, na ala de armas. Encontrei-o forjando uma espada. Era um anão de cabelos ruivos, bem alaranjados, que vestia um traje amarelo, apesar do tamanho, aparentava uma grande força muscular.
— Olá Uzgod!
— Hiho Humano! Que posso fazer por você?
— Uzgod, meu nome é Zarus, venho em uma missão pela Sociedade dos Exploradores. Preciso encontrar uma Picareta dos anões. Me disseram que poderia conseguir uma com você.
— Humano,nossa picareta não é fácil de fazer. Se você quer uma, precisa me compensar de alguma forma.
—Quanto custa?
— Tolo humano. Dinheiro não compra tudo.
— O que posso fazer?
— Existe uma prisão chamada Dwacatra, prisão para os piores criminosos de Kazordoon que fica nas profundezas da cidade, cercada por muita lava.Certo minotauro foi preso por tentar me roubar, mas eu não percebi que ele conseguiu levar um broche da minha família, que é muito importante, possui um grande valor.Traga o broche.
— Como chego em Dwacatra?
— Primeiro você vai precisar da chave da prisão. Quando na prisão, deverá achar o esconderijo do minotauro.
— Como consigo a chave? Esconderijo?
— Você quer se tornar um explorador ou não? Duvido que eles precisem de tantas respostas. — respondeu sarcástico — Mas como sou um anão bondoso, vou cobrar um favor a um guarda e te emprestarei a chave, quanto ao esconderijo, ouvi boatos de que é um buraco, perto de um poço seco, obviamente. Espere aqui, já volto.
Agora não tinha mais volta, e se Dwacatra fosse tudo o que eu estava pensando, precisaria de algumas runas da Avalanche, uma runa que invoca o poder da gelo em uma grande área, causando intenso frio, redução de velocidade e sérios danos aos inimigos, em um lugar cheio de lava e cheio de inimigos, ela seria muito útil. Enquanto Uzgod providenciava as chaves, fui comprar as runas. Quando cheguei, ele também estava retornando.
— Aqui humano, as chaves. Me siga, vou te levar até a descida.
— Vamos!
Voltamos quase para a entrada da cidade, e ele me guiou por um corredor escuro e abafado. Chegamos perto de uma escada de madeira que descia, era possível sentir a opressão dali.
— Humano, aqui você vai sozinho. Segundo dizem, basta descer todas as escadas, e você vai esbarrar com alguma porta, use a chave e prossiga. Não esqueça de trancar as portas à medida que você for passando. Não queremos prisioneiros escapando. Por último, tenha cuidado. Você pode matar os prisioneiros e eles também podem te matar. Não espere guardas nem grades, pois não existem. Dwacatra é totalmente diferente de qualquer outra prisão. Dwacatra é o inferno. Fique vivo!
— Uzgod, até breve. Uman me dará sabedoria e poder.
— Não conte com isso, os deuses nos abandonaram, humano! Conte com suas habilidades e nada mais.
— Eu confio neles. Breve voltarei.
Com um ultimo aceno desci a escada. E comecei a pensar: “Só agora ele fala que isso é o inferno? Maldito Uzgod! Mas eu viria de qualquer form...Que Uman me ajude!” Eram tantas descidas que pareciam nunca acabar, em alguns lugares a escuridão só não era completa por causa de algumas tochas que ainda queimavam, e quanto mais eu descia, mais o calor aumentava, os rugidos de dor se tornavam mais audíveis, a atmosfera de opressão ficava mais palpável. O medo começava a cortar mais fundo que uma espada. O fedor de enxofre misturado com outros indistinguíveis, aquele lugar era fétido. Finalmente, encontrei as portas. Fui entrando calmamente, e dizendo pra mim mesmo, que eu conseguiria. Passei por várias portas, até encontrar uma ponte que atravessava a lava, conectando os dois lados. Passei a ponte, caminhei um pouco e vi ao longe os inimigos. Minotauros da guarda e orcs berserkers, algumas das categorias mais temidas, corriam em minha direção. Lancei magias de fogo contra eles, mas quase não faziam efeito. Eles se aproximavam muito rápido, era um grupo de cinco monstros, que se lançavam ao ataque ferozmente, usei uma runa da morte súbita, em um dos orcs e ele caiu morto, mas ainda restavam quatro adversários. Lembrei de um forte feitiço elétrico e o conjurei “Exevo gran vis lux” atingi somente um orc e ele tombou. Restavam três minotauros, mas agora eles já estavam em cima de mim, corri deles, tentando ganhar terreno para usar as runas da Avalanche, quando me afastei o suficiente, usei uma runa, atingindo os três inimigos, que por causa do frio causado pela runa, ficaram mais lentos, me dando tempo suficiente para utilizar mais uma runa, que desta vez foi o suficiente para eliminá-los. O restante do caminho até avistar o poço não foi difícil. No máximo eram dois inimigos juntos, que eram facilmente abatidos. Quando finalmente cheguei ao poço, me sentia exausto, minha energia mágica estava no fim. Usei duas poções da magia e fiquei completamente renovado. O provável esconderijo estava ali, na minha frente. Desci o buraco, era uma sala iluminada, e à frente havia um baú. Mas eu não havia percebido que atrás de mim estavam cinco minotauros da guarda, que se lançaram sobre mim e com pouco espaço para correr, só consegui pronunciar “utamo vita”, a energia mágica formava uma película protetora que bloqueava os ataques e em troca minha energia ia se esvaindo. Encurralado e recebendo muitos golpes de machado, minha energia chegava ao fim, fiquei tonto e cai no chão. Quando já esperava a morte, ouvi uma voz: “Zarus, levante e lute, você é meu guerreiro. Eu ensinei aos homens o uso da magia, eu sou Uman! Receba meu poder e lute!” Senti o toque de Uman e a magia voltou a correr em meu corpo, em um momento estava de pé bradando o nome de Uman e os inimigos se afastavam amedrontados, sentindo o poder do deus, e na minha cabeça ouvia as palavras “Exevo gran mas vis” e quando as pronunciei, uma explosão de eletricidade, como uma grande tempestade surgiu, fulminando todos os inimigos e me levando ao chão quase inconsciente, estava sem energia, mas estava vivo, e voltaria para meu amor. Em um movimento que parecia um sonho, bebi uma poção da magia e me senti melhor. Levantei, fui até o baú e lá dentro encontrei o broche. Peguei- o e sai apressado daquela prisão infernal. Alguns diziam que ali era um inferno, mas foi ali que Uman me salvou. Voltei correndo para Uzgod, entreguei o broche e a chave, contei-lhe tudo o que havia acontecido, mas ele permaneceu cético. Ele me deu a Picareta, fui ao estábulo buscar minha montaria e segui viagem para Northport. Estava louco para entregar a Picareta ao Mortimer, mas muito mais ansioso por encontrar Luiza.
A viagem de volta levou três dias, eu fazia o cavalo correr sem parar, quando anoitecia, usava magias de luz e a viagem transcorreu sem problemas e sem confrontos desagradáveis. Quando cheguei a Northport, o animal estava exausto, desmontei e deixei-o descansar no estábulo. Ainda era dia e fui direto à casa da Luiza. Ela ficou muito feliz e aliviada por me rever, se lançou em mim, me abraçando e beijando. Fui ver minha mãe, avisar que tinha chegado bem e corri para a sede dos Exploradores. Entrei com um sorriso triunfal e o Mortimer sorriu de volta. Coloquei a Picareta dos Anões sobre sua mesa, ele me olhou e disse:
— Parabéns Zarus e bem vindo! Agora você faz parte da Sociedade dos Exploradores!
— Obrigado Mortimer! Foi difícil, mas consegui!
— Pronto para sua próxima missão?
— Mortimer, eu serei o maior de todos os exploradores conhecidos, mas agora é a hora de descansar um pouco.
— Certo, você tem toda razão! Quando for a hora, venha me ver.
Sai da sede dos exploradores, e minha mãe e a Luiza me esperavam lá fora, felizes por eu ter conseguido. Eu as abracei, e segui com elas para casa, onde teríamos um jantar festivo. Agora era tempo de descanso, mas um dia eu serei o maior Explorador de todos os tempos.
Spoiler: Texto 3Frutas Podres
Prólogo
Kevin Sart correu pela caverna escura com uma única certeza: estava morrendo. A visão embaçada e as feridas abertas queimando como brasa eram provas irrefutáveis. Mesmo assim não podia reclamar de seu destino, pois deixaria este mundo fazendo o que mais amava. Tinha apenas uma preocupação: fazer com que sua maior descoberta chegasse ao conhecimento dos demais membros da sociedade a qual pertencia. Não era justo levar para o túmulo um segredo daqueles. Ouviu atrás de si os passos de seu assassino, cada vez mais perto. Tinha que pensar em uma solução. E rápido.
Capítulo I
— Sou perfeitamente capaz de cumprir essa missão sozinho! – repetiu o já irado Timothy Grin. — Não preciso de uma babá!
Angus, o homem sentado do outro lado da mesa, encarou-o com olhos cansados. Aquela discussão parecia não ter fim.
— Não duvidamos de sua capacidade, Sr. Timothy. Sem dúvida ela já foi atestada por meio de rigorosas provações. Do contrário, não o teríamos aceito em nossa organização. Todavia, esta é sua primeira tarefa como explorador graduado; não lhe fará mal cumpri-la ao lado de alguém com mais experiência.
Timothy bufou. Embora Angus usasse palavras corteses, estava claro para ele que não o julgava apto o bastante.
— E quem seria essa pessoa? Tenho ao menos o direito de saber isso? Porque eu tenho certeza que...
Não chegou a concluir a frase. A porta atrás dele abriu com um rangido. Ele se virou na cadeira para olhar e Angus fez o mesmo. Havia um estranho parado ali. Trajava vestes negras e usava um chapéu que lhe cobria parcialmente a face severa. O recém-chegado olhou de um para o outro e disse numa voz grave:
— Posso garantir-lhe que não será nenhuma babá... embora esteja inclinado a acreditar que você realmente precise de uma.
— E quem é você pra achar ou não alguma coisa? — empertigou-se Timothy. — Para mim não passa de um estranho que ouve a conversa dos outros escondido atrás da porta!
O homem o avaliou de cima a baixo com não mais do que uma sugestão de sorriso no rosto. Viu um rapaz jovem, de cabelos castanhos curtos, e chegou à correta conclusão de que se tratava de um novo e soberbo explorador.
— Não precisei ficar escondido atrás da porta para escutar. Seus gritos podem ser ouvidos por qualquer pessoa com um mínimo de capacidade auditiva num raio de quilômetros — puxou uma cadeira e sentou-se. — Por um instante pensei tratar-se de uma criança pirraçando por brinquedos ou tetas transbordando leite. Não errei por muito...
Timothy enrubesceu, mas, antes que pudesse proferir todas as palavras chulas que lhe vieram à mente, Angus interveio:
— Calma, rapazes! Estamos todos do mesmo lado aqui. Timothy, esse é Bruce Soran. Já deve ter ouvido falar dele. É ele quem irá acompanha-lo nesta missão.
Timothy arregalou os olhos. É claro que já tinha ouvido. O homem era simplesmente uma lenda entre os membros da Explorer Society. Alguns de seus feitos constavam até mesmo em livros de história. Timothy olhou para ele e perguntou-se há quanto tempo cultivava longos cabelos e barba grisalhos. Angus prosseguiu:
— A situação é a seguinte: estamos sem notícias de um de nossos exploradores. Seu nome é Kevin Sart e, pelos últimos relatórios recebidos, ele pesquisava o que talvez fosse uma nova espécie de fungo, em uma caverna nos arredores de Thais.
— Quando foi o último contato dele? — Bruce perguntou.
— Há três dias. Bem, talvez não seja nada. Mas o melhor é investigar. Kevin não é do tipo de explorador que fica muito tempo sem dar notícias.
— Você tem razão, Angus. Kevin é um amigo de longa data. E foi por isso que fiz questão de ir procurá-lo pessoalmente — olhou para Timothy como se esperasse uma reação malcriada. Este, por sua vez, havia caído em um silêncio absoluto, aparentemente intimidado pela lendária figura sentada a seu lado. Quando notou que as atenções estavam voltadas para si, perguntou:
— Podemos ter acesso aos relatórios? Sem dúvida seriam de grande valia.
— Mas é claro — angus abriu uma gaveta e colocou uma pasta sobre a mesa. — Partam tão logo estejam prontos.
A nova dupla de investigadores deixou o posto da Explorer Society em Port Hope e dirigiu-se ao caís.
— Sobre a nossa discussão, eu queria... — começou Timothy, de forma tímida.
— Não precisa se desculpar, rapaz — Bruce o olhou sem parar de andar. — Já tive a sua idade e sei bem como agem os hormônios da juventude. Vamos começar do zero, certo?
Timothy sorriu.
— Pode me chamar de Tim.
Capítulo II
Não foi difícil chegar à entrada da caverna na qual Kevin Sart desenvolvia suas pesquisas. Apesar de o mapa encontrado em seus relatórios ter sido desenhado sem muito capricho, Bruce Soran era um profissional como poucos. A entrada do local ficava parcialmente coberta por uma densa vegetação, o que a tornava praticamente invisível a olhos não treinados.
Assim que entraram, os dois exploradores ficaram cegos por alguns instantes. Era muito escuro lá dentro. Além de frio e úmido. Bruce acendeu uma tocha e Tim fez o mesmo. Perceberam que a caverna ficava mais larga dali pra frente e que era formada por uma série de túneis interligados. Era muito fácil se perder ali. Bruce foi na frente, seguido de perto por Tim, que apertava os olhos para conseguir ler o mapa naquele breu. Caminharam por algum tempo até não terem mais certeza de onde estavam ou de para onde deveriam ir. Chegaram a uma bifurcação. Os dois se entreolharam e foi Bruce quem tomou uma decisão:
— Espere aqui — mergulhou na escuridão sem esperar por uma resposta.
Timothy ficou parado, com a incômoda sensação de estar sendo observado. Sentiu um feiro forte e podre vindo do outro caminho: o cheiro de morte. Seus pelos se eriçaram. Um som metálico começou a vibrar ao fundo, em uma hipnótica melodia. Quando deu por si, Tim estava adentrando por aquele estranho caminho.
À medida em que seguia em frente, o odor ficava mais forte. Chegou a uma câmara circular e o som cessou, assim como seus passos. Tim ergueu a tocha acima da cabeça para iluminar o local e viu quatro bolas verdes de luz alguns metros à frente. Aproximou-se, devagar, tentando entender o que eram. A descoberta lhe atingiu como um raio: famintos olhos verdes. Deu um pulo para trás e, com o solavanco, deixou sua tocha cair com um baque seco no chão da caverna. Olhou para ela a tempo de vê-la dar um último suspiro e, então, se apagar. Mergulhou em uma escuridão total. Os dois pares de olhos começaram a se mover lentamente em sua direção, como se o estivessem avaliando. Seja lá a quem ou a que pertencessem, de alguma forma ele sabia que aquela coisa havia produzido os sons que o levaram até ali. Timothy ficou paralisado de terror. Sentiu, de repente, um solavanco na região do quadril e caiu de lado no chão. Bruce o havia empurrado e caminhava para frente, iluminando o ser com sua tocha. Timothy pôde ver duas enormes presas se movendo logo abaixo dos quatro olhos, oito patas e um corpo arredondado. Wailing Widow.
Bruce sacou sua espada com uma das mãos e brandiu a tocha com a outra em direção à criatura. Por um momento ela pareceu vacilar diante das chamas. Em seguida soltou um grunhido agudo e correu em sua direção. Bruce girou, desviando do ataque, e acertou a lateral do animal, que grunhiu novamente e pulou sobre ele. O impacto em seu peito fez com que largasse a tocha e o lugar ficou novamente no escuro. Timothy ouviu mais grunhidos e o som de carne rasgando. E, então, silêncio.
— Bruce! Você está bem? — Timothy gritou para a escuridão, mas não obteve resposta. — Bruce!
Então a luz de uma tocha se acendeu. Bruce a segurava. Iluminou a criatura, morta no chão, para que Timothy pudesse ver.
— Está morta? — perguntou Tim, surpreso, levantando-se — Você é um explorador ou um guerreiro, afinal?
Bruce pôs a espada de volta na bainha.
— Em todo explorador deve pulsar o coração de um guerreiro, pois, em algumas situações, saber manejar uma espada é o define quem vai viver e quem vai morrer— atirou uma tocha para Tim. — E, da próxima vez que eu disser para esperar, é melhor ouvir.
Tim assentiu com a cabeça e foi se juntar a Bruce, que examinava a criatura morta. Depois de vê-la melhor, falou:
— Não sabia que essa espécie de aracnídeo podia ser encontrada nessa região...
— Nem eu. Isso não é natural. Estou me perguntando exatamente como ela veio parar aqui — respondeu Bruce, retirando um pequeno punhal que estava escondido em suas vestes.
— Mas não é pra isso que viemos. Devemos continuar procurando Kevin Sart.
— Infelizmente, acho que já o encontramos...
Bruce rasgou o ventre da criatura com o punhal e enfiou uma das mãos. Mexeu durante algum tempo e parou de repente. Trouxe de volta a mão segurando um objeto dourado. Timothy arregalou os olhos quando percebeu o que era: o broche de explorador de Kevin Sart.
— Vamos sair daqui — Bruce levantou-se — preciso de uma bebida.
Quando finalmente encontraram o caminho de volta à superfície, a noite já tinha caído. Tim sentiu-se grato por finalmente deixarem aquele lugar agourento. Dirigiram-se a um bar em Thais e pediram uma cerveja. Então Timothy disse:
— Lamento pelo seu amigo — deu um longo gole. — Mas acredito que esses perigos sejam inerentes à nossa profissão.
— Alguns perigos, sim, mas não aquele — Bruce deu uma golada ainda maior.
— O que quer dizer? — Tim não estava entendendo onde seu parceiro queria chegar.
— Que aquele animal não devia estar lá. E, se estava, era por alguma razão.
Timothy ficou em silêncio, refletindo sobre aquilo. Por fim, falou:
— Uma razão como matar Kevin Sart e fazer parecer que foi um acidente... Mas quem poderia querer matá-lo? E por quê?
— Essas, meu jovem, são as perguntas a serem respondidas agora — Deu mais um gole, esvaziando a caneca. — Mas, diga-me uma coisa, se você estivesse prestes a morrer como Kevin e precisasse deixar uma mensagem para alguém, o que faria?
Tim pensou por um tempo. Sabia que estava sendo testado. Sua resposta não podia ser a de um explorador inexperiente:
— Usaria meu broche. É esse o objeto que os outros exploradores sempre procuram para confirmar a morte de um colega.
Bruce sorriu. Pensou consigo mesmo que o rapaz a sua frente tinha, afinal, algum potencial. Colocou o broche de Kevin sobre a mesa e Tim viu que havia duas iniciais gravadas ali: M. L. Pareciam ter sido escritas, apressadamente, com algum objeto pontiagudo.
— Chega de beber — disse Bruce, levantando-se. — Vamos a Carlin.
— Carlin? Mas... fazer o que lá?
— Seguir a pista deixada por Kevin.
Capítulo III
No caminho Bruce explicou que Kevin tinha uma filha que vivia em Carlin e se chamada Mika Luth. As iniciais gravadas no broche deviam ser uma referência a ela. Chegaram lá de madrugada — a hora perfeita para trazer más notícias. Bruce sabia onde ficava a casa da moça, pois já tinha ido lá muitos anos antes. Estava totalmente apagada. Bateram na porta uma vez e não tiveram resposta. Duas. E nada. Na terceira batida, uma pequena luz se acendeu no interior da residência — uma vela ou lamparina — e a pessoa que a carregava veio em direção à porta.
— Quem é? — perguntou uma voz feminina do outro lado.
— Bruce Soran e Timothy Grin — Disse Bruce. — Somos amigos de seu pai.
— Está tarde — respondeu a moça do outro lado. — Voltem outra hora. Ouviram passos a indicar que ela estava se afastando.
— Seu pai está morto! — gritou Tim.
Bruce deu-lhe uma cotovelada de censura. Aquela não era a melhor forma de dar a notícia. A porta se abriu em uma fresta e eles puderam ver uma moça de longos cabelos castanhos avaliando-os com o olhar:
— Entrem rápido, por favor.
Atravessaram o portal para uma pequena sala, com dois sofás pequenos e uma mesa de centro. A moça precipitou-se em trancar logo a porta. Bruce narrou os acontecimentos da caverna em Thais e falou sobre suas suspeitas, mostrando-lhe o broche. Lágrimas silenciosas escorreram pelas bochechas de Mika.
— Eu imaginei que ele estivesse correndo perigo. Estava muito estranho ultimamente. Na última vez que o vi, deixou comigo uma pasta de couro e me pediu que a guardasse bem.
— Posso dizer que tenho muito orgulho em ter sido amigo de seu pai — disse Bruce, colocando a mão sobre o ombro da jovem. Se houver alguma coisa que eu possa fazer para ajudá-la, basta pedir.
— Na verdade, tem uma coisa. Um homem tem rondado minha casa. Acho que tem a ver com o que meu pai estava trabalhando. Esperem aqui —entrou por um corredor e sumiu de vista. Voltou trazendo nos braços uma pasta de couro marrom.
— Meu pai confiava em você, Bruce. Acho que também posso confiar. Foi isso que ele me pediu que guardasse — estendeu-lhe a pasta. Não faço ideia do que seja. Nunca tive interesse por explorações. Quero que fique com ela.
Bruce aceitou e respondeu:
— Você tem outro lugar para ficar? Aqui não é seguro. Não até sabermos quem a está seguindo.
— Sim, tenho.
Os rapazes esperaram que a moça arrumasse seus pertences — uma pequena bolsa com algumas roupas. Despacharam-na em um barco pouco depois.
— Vejamos agora o que tem na pasta — disse Bruce, abrindo-a e examinando os papéis que estavam dentro. Timothy pôde ver quando um sorriso surgiu nos lábios do outro.
— O que é? — perguntou.
— Kevin era mesmo genial — Bruce olhou Tim nos olhos. — Quer saber como resolver os mistérios da Serpentine Tower?
Capítulo IV
Dirigiram-se imediatamente à sede da Explorer Society em Port Hope. Ambos extremamente cansados depois de quase 24 horas sem dormir. Falaram a Angus sobre a descoberta de Kevin.
— Ora, ora, ora o que temos aqui? — disse Angus, enquanto avaliava o conteúdo da pasta. — De acordo com nossos protocolos, este material deverá ser avaliado por uma equipe multidisciplinar, a fim de atestar a veracidade dessas teorias e informações.
— Tem outra coisa — disse Timothy. — Temos boas razões para crer que a morte de Kevin não foi acidental. Havia alguém atrás dele.
— Sem dúvida adotarei medidas em relação a isso também. Fiquem tranquilos. Em nome de toda Explorer Society, agradeço-lhes pelo serviço prestado. Podem ir.
— Mas... — começou Tim.
— Basta! — gritou Angus. — Não vou entrar em outra discussão tola agora. Tenho muitas tarefas a cumprir. Tomarei o depoimento completo de vocês em outra oportunidade. Agora vão!
Os dois saíram. Do lado de fora, Tim disse:
— Angus parece estranhamente mal humorado hoje!
— É, garoto, todo mundo tem dias difíceis — respondeu Bruce. — Que tal uma bebida?
Epílogo
Do lado de dentro Angus observou os dois exploradores se afastando com uma raiva crescente. Tomou o primeiro barco para Edron, cuidando para que terceiros não o vissem entrar na residência de Will Thatcher — conhecido mercenário da região.
— Uma Wailing Widow?! O que você tinha na cabeça?! — Esbravejou para o velho caolho que fazia sua refeição.
— Matar Kevin Sart, como você encomendou — disse Will, ainda mastigando. — Não devia ter envolvido Bruce Soran nisso....
— Era a única forma de a mulher entregar a pasta! Diante das suspeitas daqueles dois, não há outra solução: eles têm morrer!
Will limpou a boca com as costas da mão:
— Dessa vez não vou cometer falhas.
FIM
Disputa B
kilua paladino x CarlosLendario x MRMATOS
Tema: Os bárbaros de Svargrond
Spoiler: Texto 1Traição
Não havia alegria. Não havia compaixão. O chão tremia, graças a vários bárbaros andando e fazendo filas.
Bittermor ai de cair!
Ragnir e Krimhorn revoltaram-se. O pequeno acampamento dentro de uma geleira, pertencendo aos bárbaros mais fortes das planícies de Hrodmir cedeu abrigo ao culto. O culto formou um novo atalho, do qual levava facilmente às minas de Formorgar. Os aliados bárbaros descobriram e alertaram que Bittermor iria ao chão. E lá estavam, organizados, centenas de bárbaros.
Os bárbaros estavam divididos. De um lado, apenas os Ragnir e seus “Caçadores de Crânios”. Do outro, os Krimhorn, com seus “Rachadores de Cabeças”. Ao longe, podia-se ver a entrada expandida de Bittermor, com vários bárbaros “Andarilhos de Sangue”. Uma torre de comando fora erguida próxima da entrada da geleira, onde lá estava o novo líder de Bittermor, Darakan, o Executor. O homem deixou de ser um desafio da arena dos Lordes de Guerra para se tornar o líder daquela vila e trazer inúmeros bárbaros iguais a ele para lá. Ragnir e Krimhorn seguiram o mesmo exemplo. Em suas vilas, haveria mais dos portadores de seus símbolos(Caçadores para Ragnir, Rachadores para Krimhorn) do que o que havia antes. Na geleira, além de muitos Andarilhos, havia outros semelhantes aos seus inimigos, junto das bárbaras domadoras. Essas mulheres eram capazes de domar lobos e usá-los em combate.
Os traidores morrerão com suas cabeças cravadas em vossas lanças!
Nour estava a frente das fileiras. Perto dele, estava Colerian, que também abandonou as arenas, junto de Svoren, o Mal. Nour era um bárbaro comum, com um grande machado de dois gumes nas costas, cabelo ruivo e longo com metade dele preso e a região esquerda do seu rosto pintada de vermelho. Ele fitava Darakan, que também mantinha o olhar no resistente bárbaro. Darakan ouve passos e, em seguida, alguém subindo as escadas ao andar onde ele se encontrava. Era uma domadora, mas uma mais forte e um pouco mais velha, de cabelos ruivo-claros.
— Espero que esteja pronta para lutar, Barbaria. Ao menos isso. — Balbuciou o bárbaro, sem desviar seu olhar para o perigo.
— Claro que sim, executor. Mais que nunca, este local deve ser defendido.
Darakan sorriu, e em seguida, disse algo:
— Onde está?
Barbaria ficou em dúvida por alguns segundos, mas logo lembrou-se, e estendeu uma ametista brilhante que estava na sua mão para o líder. Ele a pegou com rispidez e quebrou-a no seu machado, presente em sua mão direita. Uma essência arroxeada sai dos restos da jóia encantada, toma a lâmina e de repente, alguns choques surgem da essência em forma de nevoa. Em alguns segundos, a lâmina do machado começa a ficar energizada e o machado ganha uma forma mágica. Se ele já era forte, estava mais ainda.
— Vamos lá.
Os dois desceram as escadas e adentraram uma porta esculpida na geleira, seguindo para dentro de Bittermor. Em seguida, os bárbaros de Ragnir e Krimhorn começam a correr até a grande geleira.
Pelos verdadeiros humanos!
Os vários bárbaros chocam-se com os de Bittermor. Em algum tempo, a neve translúcida próxima daquele local começa a ser pintada de sangue. Muitos homens perdiam suas vidas contra aqueles que ajudavam o culto. Espadas e machados tocavam a neve em alguns momentos, junto dos corpos de seus portadores, as cabeças de seus portadores. Os apoiadores do culto estavam também na mesma situação, vendo seus irmãos terem seus grandes machados executores quebrados e seus membros cortados.
Meio a essa situação, Nour e alguns companheiros teriam que achar uma brecha na poderosa defesa de Bittermor. Ao retirar-se do campo de batalha, ele fita a grande torre de observação e percebe uma porta congelada na sua entrada, por uma fresta. Svoren e Colerian vão até ele, junto de alguns Rachadores.
— O que pensa em fazer, Nour? Temos que passar por aqueles Andarilhos de Sangue! — Indagou Svoren, com certa dificuldade devido a seu capacete.
— Não conseguiremos passar. Precisamos atrair alguns deles. A única maneira é... Está ali. — Por alguns segundos, Nour aponta para a fresta na parede de madeira da torre. Mas parecia que Svoren não via, então ele desistiu.
— Não dá pra ver.
Nour suspirou com decepção por seu pensamento ter dado certo, e decidiu atacar o local. Com o machado em mãos, ele avança para a parede e tenta um golpe. Ele erra a região da fresta e retira o machado preso na madeira. Tenta novamente, acerta a fresta, e faz isso repetidas vezes. Os bárbaros entendem o que ele tenta fazer e se aproximam. Um Fatiador amigo se aproxima e oferece ajuda. Nour aceita, e o grande soldado tenta abrir um grande rombo pela fresta – que por sinal, ficou maior devido aos ataques de Nour – e obtém sucesso.
O bárbaro termina de abrir um espaço maior, e acaba fazendo algumas partes de cima da parede caírem. Vendo o novo espaço aberto, entram na Torre, mas percebem uma grande espada de um caçador perto dali, e coberta de sangue. Havia um pequeno colar enrolado no cabo, simbolizando Ragnir. Quando Nour viu aquilo, alertou:
— Temos que ser rápidos.
Bittermor não nos derrotará!
Nour desfere um chute na porta congelada, sem sucesso. Um machado passa a frente de seu rosto quase ceifando-lhe a vida. Um Rachador inimigo aparece ao lado deles, e mais outros vem junto a ele. Svoren começa a atacar os inimigos, junto de Nour, Colerian e os soldados junto a eles. Quatro dos inimigos cercam Nour. O primeiro avança e o líder chuta a sua barriga e corta o braço direito dele, o segundo recebe o mesmo golpe desferido no anterior, o terceiro tem a cabeça decepada e o quarto tem o braço esquerdo cortado.
O primeiro levanta-se e tenta acertar Nour com o machado no braço livre, Nour desvia e realiza um golpe mortal em suas costas. O segundo prensa ele na parede da geleira, mas Colerian acerta um machado na sua nuca e Svoren aprofunda uma de suas espadas dentro do inimigo. Para livrar-se dele, Nour impulsiona seu corpo sobre ele e o faz cair. Os soldados fazem outros bárbaros caírem no chão já bastante sujo de sangue e Nour mata o último. No entanto, mais bárbaros aparecem, e os força a abrir a porta logo.
O Andarilho amigo desfere golpes na porta enquanto Svoren o defende. Alguns dos Krimhorn caem no chão, seja mortos, seja atingidos por golpes fortes. Os Andarilhos da entrada de Bittermor começam a vir, e a situação apenas se complica. O Andarilho consegue finalmente abrir um rombo na porta para que ela seja destruída, e Svoren faz as honras. Eles entram e correm para fora da tenda onde entraram, matando repetidos bárbaros que não paravam de surgir.
— Iremos tentar enfraquecer os Andarilhos da entrada, mas você vai ter que procurar o Darakan! — Disse Colerian, derrubando outro bárbaro inimigo. — Ele pode estar mais ao norte. Leve alguns dos soldados que estão nos acompanhando com você e tente não morrer!
— Isso eu não posso prometer.
Colerian não parecia demonstrar nada, e foi com Svoren para a entrada junto de pelo menos dezoito soldados. Os dez restantes foram com Nour mais adentro da geleira, passando por incontáveis Caçadores, Rachadores e Domadoras. Realmente Bittermor estava preparada para a invasão, apesar de zombarem daquilo como se fosse algum tipo de brincadeira.
Eles estão a cair!
Mais ao norte da vila dentro da geleira, havia Andarilhos prontos para defender o que estiver mais longe. Os homens seguindo Nour avançam contra os inimigos, levando ao chão vários deles. No entanto, os homens acompanhando Nour já começavam a perder suas vidas para os resistentes homens de Bittermor. Mas algo para alegrar o líder surge: Os Andarilhos da entrada cederam para os Ragnir e Krimhorn e os soldados agora entravam em Bittermor sem rodeios, correndo até onde o líder se encontrava, que no momento tinha apenas três homens o acompanhando. Nour levanta seu machado para a multidão e inicia o massacre sobre os Andarilhos. Mas ele provavelmente teria que deixar isso para outra hora, pois alguém golpeia a perna direita dele sem que ele perceba. Um choque forte atravessa o corpo do bárbaro, fazendo-o cair. Ele é pegado pelo pescoço, e agora estava a frente do grande Darakan.
— Vamos conversar, só eu e você... Líder. — Balbuciou com sua voz grossa para Nour, de forma zombeteira. O homem é lançado para uma tenda, sem receber a ajuda de seus soldados. Ele levanta e tenta golpear Darakan, ele desvia, e o mesmo chuta o peito do bárbaro, fazendo ele cair por trás de um buraco na tenda e ir a um canto da região central de Bittermor. Darakan sai por trás da tenda, com um enorme machado Fatiador de Cabeças energizado. Sem pronunciar uma palavra, tenta um golpe rápido sobre Nour, que rola para o lado. O líder levanta e rapidamente chuta a região da sua coluna, e tenta golpear com seu enorme machado o mesmo local, Darakan desvia. O inimigo faz um movimento com sua arma em meia-lua para decepar a cabeça de Nour, ele rapidamente abaixa-se e Darakan faz o movimento de novo, voltando do ponto, ele é quase pego. Rapidamente o bruto chuta o rosto desprotegido de Nour, que encontra o chão gelado novamente. Agora ele percebe melhor como era Darakan: Possuía uma máscara com alguns rasgos, era marrom, possuía um cabelo em linha de frente para trás, de cor alaranjada. O resto de sua roupa também tinha a mesma cor marrom.
Nour tenta chutá-lo, mas o mesmo defende com a lâmina elétrica da sua arma, fazendo Nour sofrer com um choque terrível correndo seu corpo. Alguns dos Ragnir vêem o que estava acontecendo e tentam parar outro golpe de Darakan. No entanto, aquele bárbaro possuía instintos anormais, pois mesmo com aquele rosto com partes cobertas, e apenas um olho o concedendo a visão, ele pôde prever o ataque dos Caçadores atrás dele. Rapidamente ele gira com o auxilio do chão congelado e em alta velocidade, com o machado levantado para executar, faz a arma transpassar a carne dos soldados facilmente, cortando uma mão, um braço, meio braço, duas cabeças e chega a partir um azarado Caçador no meio. Quando ele para, avança sobre os sobreviventes de seu forte ataque e os mata cortando seus membros sem piedade. Nour levanta rápido para desferir um golpe enquanto Darakan estava distraído com os Ragnir, e acontece o que ele não esperava. Novamente Darakan gira o corpo com o machado levantado, e Nour por pouco não é acertado por se abaixar com agilidade. O bruto abaixa seu machado para tentar cortar algo de Nour, sem sucesso, apenas batendo no chão congelado, enquanto o líder cai sem defesa e o machado vai para um lado. Por mais vezes Darakan tenta golpes para eliminá-lo, Nour apenas consegue se safar por conseguir impulso com as mãos para ir mais para trás. Em seguida, o líder levanta e investe sobre Darakan, o levando ao chão.
Bittermor vai cair!
Nour pega seu machado rapidamente para atacar Darakan, mas o inimigo consegue defender o golpe. Ele rapidamente levanta e Nour dá alguns passos para trás, e em seguida os dois chocam seus machados na tentativa de um golpear o outro. Um poderoso choque combinado com o ferro do machado de Nour faz um barulho muito forte ecoar pela geleira, e o líder acaba eletrocutado e lançado para uma parede próxima, sem forças.
Darakan se aproxima, fita o líder quase desacordado com desprezo e levanta seu machado energizado, a fim de ceifar a vida de Nour como fez com inúmeras pessoas, antes de entrar na arena e também na arena. Quando o machado ia encontrar um local para ser banhado de sangue, dois machados de arremesso param na cabeça de Darakan, uma espada cruza sua barriga e outra corta sua cabeça. Nour se arrasta para o lado, e o ex-líder de Bittermor ajoelha, sem vida, sem cabeça, sem vitória. Com grande quantidade de sangue jorrando para os lados, Darakan cai pra frente, ainda jorrando sangue, e sua cabeça ao lado, com dois machados dentro de seu crânio. Isso graças a Svoren e Colerian.
— Não precisa agradecer, não temos culpa de você não ser mais forte... — Disse Colerian, com muitos bárbaros se aproximando. Um deles grita algo.
— BITTERMOR CAIU!
Ao som deste soldado, um grande grito de vitória ecoa pela geleira. Pilhas de Andarilhos, Domadoras e Caçadores rebeldes jaziam pelos cantos da geleira agora tomada pelas verdadeiras forças bárbaras. Svoren estendeu sua mão livre para que Nour levantasse, e ao ficar de pé, ele anda até o meio de vários bárbaros, seja Krimhorns, seja Ragnirs, seja Domadoras e Andarilhos aliados, eram todos bárbaros que ajudaram a eliminar quem ajudara antes o culto para obter melhor condição de vida. De qualquer maneira, Bittermor traiu o código bárbaro de jamais ajudar o culto, e disso esses bárbaros sabiam muito bem. Nour levanta seu machado titã para gritar junto aos bárbaros. Bittermor caiu.
De um caminho secreto, Barbaria e algumas domadoras junto de membros do culto caminhavam para as minas Formorgar, um longo caminho por dentro das geleiras. Haveria vingança pelo que fizeram.
Adeus, traidor!
Spoiler: Texto 2Tornando-me um Bárbaro
Eu não posso acreditar o quanto meu mundo modificou-se nesses últimos três dias. Quando paro para pensar na vida que levava ainda no começo da semana, rio. Rio de desgosto e da minha ignorância, que provara ser uma doce benção. A vida que outrora conheci não existe mais, e agora o único pensamento que me tange é o de vingança. Deixe-me contar como tudo começou.
Encontrava-me no castelo de Thais, em um vestíbulo próximo ao Salão Real, onde o Rei Tibianus III realiza suas conferências. Eu vivia em meio a realeza, como filho adotivo do monarca, ou pelo menos assim pensava. No auge de meus dezesseis anos, já sabia da história de como eu havia ficado órfão com apenas um mês de vida, com meus pais mortos pelo ataque cruel de uma horda de ogros. O Soberano, então, comovido pelo fato do filho de um tenente ter ficado sem os genitores, adotara-me como forma de compensação. E assim cresci, sabendo que, sendo um mero filho adotivo, jamais poderia pleitear o trono. Assim, desde meus dez anos havia dedicado-me a galgar posições na vanguarda das Forças Armadas de Thais. Usando um conjunto de peças da realeza, composto pelo Elmo, Armadura, Calças e Escudo da Coroa, bem como por uma Espada Brilhante, dedicava metade de meu dia a treinamentos incessantes, aprendendo técnicas de luta com outros homens de armas. A outra metade dedicava-me a estudar estratégias de guerra, para possíveis confrontos com inimigos, que ameaçavam o Reino.
Naquele dia, em especial, eu havia tirado uma folga. Era o dia do aniversário de morte de meus pais, e o sentimento de perda me batia forte, como em todo ano. Tirei o dia para procurar registros sobre aqueles que me colocaram no mundo, como forma de honrar suas memórias. Uma vez que jjá fazia esse ritual havia quase dez anos, poucos eram os arquivos que eu ainda não havia vasculhado, e tornava-se cada vez mais difícil obter acesso aos poucos que restavam. Alguns desses eram de acesso exclusivo do Rei. Sabendo que não deveria ter permissão de pegá-los, eu já estava preparado para “tomá-los emprestado”. Se fosse pego, o máximo que aconteceria era uma repreensão, acreditava eu. Devido as minhas perícias em combate, que já destacavam-se mesmo com minha pouca idade, eu era importante. Roubei três pergaminhos e, tão logo na leitura do primeiro, entrei no estado de choque que, pela primeira vez, fez meu mundo revirar-se de cabeça pra baixo. Na carta havia a mensagem de uma plebeia de Carlin, que implorava ao Rei que cuidasse de seu rebento, afirmando ser responsabilidade dele, uma vez que era o pai da criança! A informação por si só já era chocante, mas o pior era o que eu vinha a seguir. Pelas descrições feitas pela mulher, aquele filho não poderia ser ninguém mais que eu mesmo! Sim, pois eu possuía a mesma marca de nascença descrita por minha mãe: um conjunto de pintas em meu braço esquerdo que lembravam a cabeça de um cão.
Enfiando a carta em minha mochila, saí carregando-a, com os olhos marejados de lágrimas. Saber que não era adotado, mas sim filho bastardo que Tibianus não tivera a coragem de assumir, me fez perder qualquer vontade de lutar pelo exército. Correndo para fora do castelo, dobrei algumas esquinas aleatoriamente e, quando percebi, estava em frente ao cais. Resolvi viajar para longe, sumir do mapa. Adentrei o barco, paguei a passagem e fui para o local mais distante que pensei no momento: Svargrond. As Ilhas Nórdicas eram praticamente desconhecidas para mim, e explorá-las me parecia um bom passatempo para aliviar a dor e a angústia que cresciam aqui dentro.
Desembarquei logo ao chegar, perdido em um local totalmente novo. Saí andando sem rumo, tentando conversar com os habitantes de lá, mas tudo que consegui eram falas secas e grossas. As sandálias que usava no calor de Thais não serviam para aquecer-me naquele inferno congelante e logo eu estava tremendo. Nesse instante, cedi ao capricho de tomar uma bebida, sabendo que serviria para esquentar e até para me relaxar, pois o stress mental e físico deixaram-me tenso. Quando encontrei a taverna, descobri por sorte o líder local, Sven. Um pouco mais civilizado que os outros membros da cidade, explicou-me que eu só ganharia respeito a partir do momento que provasse ser um Bárbaro, como eles. Disse, ainda, que o primeiro teste consistia na resistência à bebida e, uma vez que já queria mesmo tomar um gole de álcool, aceitei. Tirei um favo de mel das poucas provisões que carregava comigo, e, com relutância, entreguei-o ao chefe, que cobrara-me pela bebida. O primeiro trago foi o pior de todos. Aquela bebida, hidromel, era extremamente forte e muito mais poderosa que o suave vinho que costumava tomar. Em um instante fiquei embriagado e não consigo recordar-me de mais nada após isso.
Só sei que devo ter passado no teste, uma vez que quando acordei os cidadãos estavam mais simpáticos comigo. Passei o resto da noite e parte do dia seguinte estrebuchado na taverna, recuperando-me do porre anterior. Apesar da ressaca, queria beber mais, e logo tomei um gole direto do chifre que havia ganho na última noite, próprio para a bebedeira. Não cheguei a ficar tonto como na noite anterior, mas senti novamente meus membros se aquecerem. O taverneiro sugeriu que eu procurasse o barqueiro Buddel, para dar uma volta pela ilha e conhecê-la melhor. Eu queria mesmo explorar um pouco o local e, de preferência, estripar alguns monstros. Eu estava frustrado e magoado ainda com o descaso que meu pai tivera comigo e com minha mãe, deixando-a à mercê do destino, e brigar era uma ótima alternativa de aliviar esse ressentimento. Após alguns minutos, encontrei o balseiro e paguei-o para levar-me ao outro lado da ilha, onde poderia explorar os locais distantes da cidade. Deixando-me em uma península ao sul da ilha, saí e comecei a andar pelo local. Nem mesmo os efeitos do hidromel conseguiam impedir o frio de, aos poucos, minar minha resistência. Usar sandálias e armaduras metálicas eram uma péssima ideia no clima gélido do Norte. Subindo as escadas, andei um pouco e logo fui atacado por alguns mamutes. Naquele instante meu sangue ferveu, ante à batalha que me esperava. Os animais eram enormes, alcançando mais de cinco metros de altura e três de largura. Com uma espessa pelagem bege, possuíam presas de marfim grossas e robustas, de ponta afiada. Apesar do frio que sentia, a minha fúria e vontade de descontar as frustrações em um embate fizeram-me atacá-los, ignorando o desconforto que sentia. Usei de minha agilidade para esquivar-me de suas trombas, aproveitando as brechas para perfurar-lhe os corpos com minha espada. Em uma sequência de golpes, ataquei o primeiro no flanco esquerdo por três vezes, seguindo por uma estocada abaixo do pescoço que o derrubou. O segundo já havia conseguido passar por minha guarda e atingiu-me com suas presas em minhas costas. O impacto fora reduzido pela proteção de minha armadura, e não sofri grandes danos. Girei rapidamente, rolando para o lado, no instante em que o animal passava por onde eu estivera. Soltei meu escudo e usei ambas as mãos para dar força no impacto com a arma, enfiando-a forte em seu flanco esquerdo, fazendo-o tombar já sem vida. Faminto, pois não comia nada desde antes de abandonar Thais, arranquei pedaços de sua carcaça, devorando sua carne, ainda crua. Aos poucos, transformava-me em um bárbaro completo. Não demorou para que eu saciasse minha fome e voltasse a explorar o local. Deixei o escudo para trás, não sei porque, mas simplesmente o ignorei.
Encontrei, depois de andar muito para o noroeste, uma outra escada, dessa vez para descer, e logo voltei para baixo, deixando aquele platô para trás. E foi então que pude contemplar uma sociedade humana totalmente diferente do que havia visto até então. Bárbaros mais radicais, que mantinham-se isolados da sociedade, viviam em acampamentos ao longo da ilha, separados da cidade por aquele platô. Tão logo me viram, os três homens avançaram. Todos os três eram bem fortes, pois dava para ver seus músculos definidos no peitoral nu. Carregavam consigo duas espadas, além de alguns shorts que serviam apenas para tampar seus genitais. Usavam uma caveira para esconder seus rostos, além de botas pesadas que pareciam ser extremamente quentes. No momento eu não sabia porque queriam atacar-me, mas aquilo não me importou. O hidromel turvara meus sentimentos, permitindo-me matar outro homem sem remorso. Degladiei com os três simultaneamente, e somente os anos de treinamento árduo me permitiram ganhar a luta. Mesmo sendo capazes de me ferir, ao atacarem com duas espadas abriam sua guarda, e não demorei para atingi-los no peito, matando-os. Quase todos os golpes que eu sofria eram absorvidos por minhas proteções, e tudo que acumulei daquela batalha foram alguns hematomas. Mesmo assim, era possível ver que minha armadura acumulava alguns amassados novos.
Aproximando-me dos corpos, retirei de um deles um par das botas que havia visto e calcei, substituindo minhas Sandálias. As Botas Peludas eram bem mais quentes, ainda que, pelo seu peso, perdia um pouco de velocidade. De outro corpo, tomei um anel, de coloração verde. Era um dos famosos Anéis da Vida, que repunham a energia daquele que o usasse por boa parte de um dia. Logo aproximei-me do acampamento que tinha em vista.
Mais próximo da entrada para o vilarejo, encontrei outros tipos de bárbaros, que hoje sei dizer tratar-se de classes diferentes. Existiam outros homens, semelhantes aos que havia matado, mas que, ao invés de carregarem espadas, portavam machados. Os primeiros eram chamados de Caçadores de Caveiras, e os segundos, de Decapitadores. Ambos formavam a classe mais baixa de guerreiros, podendo participar pessoas de ambos os sexos. Havia, também, alguns homens ainda mais poderosos, que carregavam um machado de duas mãos e vestiam-se inteiramente de vermelho. Sem exeção, todos esses deixavam seus cabelos e barbas crescerem, formando um amontoado de pelos e gordura de restos de antigas refeições, dando-lhes um ar extremamente selvagem e poderoso. Eram chamados de Sanguinários, e as próprias cores combinavam com sua aparência e nome. Essa classe é composta exclusivamente de membros do sexo masculino. As mulheres que destacavam-se no ramo da magia tornavam-se As Domadoras, classe exclusiva que consistia em invocar Lobos de Guerra e atacar com magias de gelo, conforme descobri ao enfrentá-los.
Bastou que eu penetrasse sua cidade para que começassem a surgir guerreiros de todos os locais, buscando matar-me. Arrancando o chifre que continha hidromel de dentro de minha mochila, tomei um longo gole, deixando o líquido sorver em minha boca, ao passo que ia eliminando um a um de meus adversários. Estava em um frênesi como nunca antes sentira; o prazer da batalha mantinha-me animado quando outros teriam sucumbido perante ao enorme número contrário de inimigos. Eu deveria ter morrido, mas os deuses pareciam abençoar-me com a sorte de esquivar de constantes ataques, além de estar munido de poderosas habilidades de combate, desenvolvidas com meu mentor, Tristan, da cidade de Liberty Bay. Quando eu sofria algum dano mais sério, logo reparava-o com a Limpeza de Feridas, importante magia de cura que eu aprendera, ou, quando não dava tempo, tomava uma das milagrosas Poções da Vida que carregava comigo em minha mochila. O número de corpos aumentava a meu redor, e eu divertia-me vendo o calor da batalha que também atingia meus adversários. O hidromel, afinal, revelera uma parte minha oculta até para mim mesmo! Gargalhando, fui ganhando aos poucos posição, usando as construções rústicas de suas moradas como proteção para minhas costas, limitando o número de combatentes próximos a mim, conforme aprendera nos livros de guerra. Quando obtive folga, saqueei corpos próximos a mim e obtive outras poções, que alguns bárbaros carregavam consigo, tanto de vida quanto de energia. Fora outra benção divina, uma vez que eu possuía comigo apenas uma poção restante.
Com ânimo renovado, notei que haviam dado espaço a uma bárbara em especial. Ela era, obviamente, a líder daquele acampamento. Carregando um cajado de caveiras, invocou dois Lobos de Guerra, que rapidamente avançaram. Enquanto eu lutava com as feras, ela aproximava-se e tentava me atingir por trás. Usando de minha posição, fiz uma prece mental aos autores de livros que lera durante minha adolescência. As dicas que aprendi haviam me salvado durante essa invasão e, mais uma vez, provavam-se bastante eficientes. Sempre que ela tentava rodear-me, eu andava juntamente para o mesmo lado, deixando seus lobos entre nós dois. As feras me mordiam e arranhavam, mas nenhum dos ferimentos era sério, e logo os curava com as poções que me sobravam. Depois de algumas tentativas, finalmente consegui abater o primeiro animal, fincando-lhe a espada na garganta. Por infelicidade, Espada Brilhante ficou presa no pescoço do bicho que tombou e impediu-me de retirá-la. Desarmado, rolei para trás e busquei uma espada caída no solo rubro de sangue dos meus oponentes. Tomando a Espada de Cristal em mãos, girei com um golpe destro, decapitando o outro. Percebi que a líder, então, preparava-se para invocar outros animais. Entendendo seu modo de lutar, sabia que precisava pressioná-la constantemente, para que não conseguisse tempo de realizar o chamado. Avancei correndo o mais rápido que pude e, nesse meio tempo, livrei-me de meu elmo, que, a essa altura, já estava irreconhecível. Meu rosto suado e sujo de sangue mais me fazia parecer um demônio. Atacando com ambas as mãos, obriguei-a a erguer o cajado para se salvar e, então, começamos um duelo, em que ambos tentavam atingir o outro em pontos vitais. Nossas forças e habilidades pareciam equiparar-se. A diferença é que eu estava lutando havia mais tempo e, portanto, estava exausto. Pressentindo que o tempo era aliado dela, rapidamente bolei uma estratégia ousada, mas que provou-se correta. Fingi escorregar e curvar meu corpo, abrindo uma guarda enorme em minha nuca. Se fosse atingido, certamente morreria. No instante em que a bárbara tentou acertar-me, fui ligeiramente mais rápido e finquei minha arma em seu pescoço, exposto ao levantar os braços para ganhar mais potência no golpe. Ela desabou e vi o fim da luta, finalmente.
Ao contrário do que pensava, os outros bárbaros desistiram de lutar e elegeram-me seu novo líder. Joguei minhas antigas peças de proteção fora e tomei a Capa de Pelo de Mamute, bem como os shorts de mesmo material, da antiga “rainha”. Descansei o resto do dia, aclamado pelos guerreiros que outrora me combateram. Descobri que, nessa sociedade, a guerra fazia parte de suas vidas e não guardavam ressentimentos pelas mortes em batalha. Elas eram a honraria máxima que um guerreiro podia receber.
Nesse instante, escrevo esse relato em um livro, para que fique bem claro:tomaremos Svargrond e a usaremos como base para atacar Thais. Vamos depor meu pai, e me vingarei por fazer minha mãe sofrer e por ter me renegado. Aos cidadãos de Thais, cuidado!
Disputa C
leandro bastos x Tinhah x Thiago Heron
Tema: O Dia do Rei (Kingsday)
Essa foi a primeira disputa vazia! Ninguém mandou seus textos então ninguém avança para a próxima fase!
Boa sorte a todos, e que os melhores textos vençam!
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