
Postado originalmente por
Sete
Os caras colocaram uma bomba em um caminhão. Incendiaram 8 veículos. "Acreditar que um bando de velho vai cometer atentado é delirante", disse o Osasco.
A história é um sistema caótico por si só. Se você lançar mãos de todos os seus conhecimentos e artifícios, se você tivesse como calcular todas as variáveis para tentar prever com certeza um resultado final de um ato, você falharia. Ações humanas são eventos que o simples fato de vc prever um acontecimento já altera o resultado. Suponhamos que vc prevê um atentado. Você vai fazer o que? Vai reforçar a segurança, vigiar os suspeitos, cortar o mal pela raiz. Você impede o atentado, logo ele não ocorre. Sucesso? Talvez não para muitos, porque nessa situação sempre vai vir um espírito se porco e falar "delírio, isso nunca ia acontecer". E como tem espírito de porco nesse mundo.
É o famoso "Paradoxo da Prevenção", conceito que existe na área de saúde e na parte de gestão de risco de qualquer outra área. Quanto maior o esforço para previnir e lidar com um risco, maior é a percepção relativa de que o risco é improvável.
Na curta História do Brasil pós-independência tivemos, ao menos, 9 golpes de Estado. A própria República tem origem em um golpe. A democracia não é uma constante, muito menos uma unanimidade nesse país. Por incrível que pareça, nós não somos EUA, apesar de quererem importar todas as merdas ideológicas que rodam lá. Existe um
animus de autoritarismo na História brasileira que só aguarda uma conjunção de fatores, muitos deles caóticos, para se manifestar em quebra.
É uma pressão constante, que vem de vários atores e de vários "lados", e não vai acabar agora. Pelo contrário, acho que tende a mudar e se tornar mais caótica e complexa. Não é questão apenas do Bolsonaro. Ele só foi uma elemento de pressão mais incisivo e a quebra proposta por ele poderia (e ainda pode) estourar, inclusive, contra ele mesmo.
Aliás, bombas a atentados são uma forma clássica de iniciar ou fortalecer um golpe. O próprio Bolsonaro, que é mais burro que uma porta, já sabia disso quando era o péssimo militar que foi e queria meter bomba em quartel para aumentar salário da categoria dele. Na América Latina, temos histórias de ditaduras que começaram com atentados à bomba, a exemplo do Chile.
O que aconteceria com o Brasil se a bomba de Brasília explodisse e matasse civis? Pra mim, "nada" é uma resposta inocente. O fato do atentado ter sido "evitado" (na verdade, só não aconteceu por incompetência do terrorista da Shopee) nos coloca dentro do Paradoxo da Prevenção.
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Para manter o tópico no contexto "Governo Lula":
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Maldito FHC. Reeleição é mais uma merda copiada dos EUA sem nenhum contexto com a realidade do Brasil. Em um país de histórico fortemente patrimonialista como o nosso, nem cargo legislativo deveria ter reeleição, muito menos cargo executivo. Nenhum político que prometer acabar com a reeleição vai fazê-lo, o poder seduz e corrompe e a capacidade de aparelhamento do Estado torna o chefe do executivo uma figura central para a manutenção de interesses.
No caso do Lula, duvido que ele terá saúde para tentar a reeleição. Mais provável o Alckimin assumir no meio do mandato.