Estudo novo da cloroquinha, com n = 96032 (número de pacientes envolvidos no teste), com grupo de controle e diversas associações de hidroxicloroquina, excluindo pacientes que já estavam em ventilação mecânica e tentando excluir indivíduos que já estavam em estado clínico complicado. O tratamento foi dado a pacientes 48h após o diagnóstico da doença. As doses são as que estão sendo recomendadas por protocolos, inclusive o que foi gerado aqui no Brasil.
As conclusões abaixo. Achei interessante o uso da seção "Interpretation" ao invés de "Conclusion". Se alguém aqui for da saúde, pode me dizer se é comum?
We were unable to confirm a benefit of hydroxychloroquine or chloroquine, when used alone or with a macrolide, on in-hospital outcomes for COVID-19. Each of these drug regimens was associated with decreased in-hospital survival and an increased frequency of ventricular arrhythmias when used for treatment of COVID-19.
Traduzindo, além de não existir qualquer tipo de evidência dos benefícios da droga no aumento das taxas de cura, a evidência encontrada foi de diminuição do tempo de sobrevivência e de complicações cardíacas.
O interessante é que o final do artigo apresenta uma discussão onde analisa aquela questão da obesidade como fator de risco que cheguei a postar aqui, inclusive influenciando nos colaterais cardíacos da cloroquina:
In our analysis, which was dominated by patients from North America, we noted that higher BMI emerged as a risk marker for worse in-hospital survival. Obesity is a known risk factor for cardiac arrhythmias and sudden cardiac death.The most commonly reported arrhythmias are atrial fibrillation and ventricular tachycardia. Although age, race, and BMI were predictive of an increased risk for death with COVID-19 in our analysis, they were not found to be associated with an increased risk of ventricular arrhythmias on our multivariable regression analysis. The only variables found to be independently predictive of ventricular arrhythmias were the four treatment regimens, along with underlying cardiovascular disease and COPD. Thus, the presence of cardiovascular comorbidity in the study population could partially explain the observed risk of increased cardiovascular toxicity with the use of chloroquine or hydroxychloroquine, especially when used in combination with macrolides. In this investigation, consistent with our previous findings in a smaller cohort of 8910 patients, we found that women and patients being treated with ACE inhibitors (but not angiotensin receptor blockers) or statins had lower mortality with COVID-19. These findings imply that drugs that stabilise cardiovascular function and improve endothelial cell dysfunction might improve prognosis, independent of the use of cardiotoxic drug combinations.
Ou seja, fica bem complicado dizer agora que existem boas evidências sobre os benefícios à saúde com o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da COVID. Na verdade, a melhor evidência no momento aponta exatamente o contrário. Se houver responsabilidade nesse governo, nem que seja apenas jurídica, o Ministério da Saúde precisa suspender o protocolo, sob pena de ser responsabilizado judicialmente pelas famílias dos pacientes que vierem a morrer em decorrência de complicações causadas pelo medicamento.