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Venosa
Eu não disse que o problema do Neymar ganhar muito é que a economia é um sistema fechado ou de soma 0. Disse que o padrão de consumo de alguém que recebe muita grana pode ser claramente injusto por mais que seja difícil estabelecer um cálculo objetivo para chegar em um teto limite pontual. E concordo, por mais que a sociedade nunca tenha implementado esse tipo de política, ela já foi debatida em países europeus e na minha opinião deveria estar no cerne do debate econômico da esquerda. Afinal de contas isso não muda em nada o pressuposto errôneo de que os recursos naturais são ilimitados ou o consumismo é oneroso para o ecossistema. O meu ponto aqui é mostrar os limites do individualismo e não que as experiências coletivistas tenham sido melhores ou piores que as democracias liberais.
Então não entendi o seu critério de justiça. Se não tira dinheiro de alguém tornando pessoas mais pobres, se não existem experiências que mostram qualquer tipo de eficácia pragmática de tal limitação e se você entende que não existe cálculo que determine um limite de acordo com uma possível hipótese sobre o tamanho da limitação dos recursos da Terra, como esse não seria um critério moral arbitrário e pessoal?

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Venosa
Existem diversos exemplos de sociedades liberais que praticaram esses crimes em OUTROS PAÍSES, através de políticas imperialistas ou embargos econômicos. Não vamos defender essas atitudes apenas pq as pessoas sob os governos que foram internacionalmente autoritários se beneficiaram essas políticas, certo?
Concordo. Para não ser repetitivo, o que me incomoda é muito mais a fala de o coletivismo é uma bosta por causa de cuba, coreia do norte, china, URSS, venezuela, e o liberalismo é bom pq olha só EUA e UE. O coletivo não precisa criar uma ditadura sobre o indivíduo, assim como o indivíduo precisa ter limites sólidos em relação ao coletivo.
O argumento é interessante, a discussão sobre imperialismo e liberalismo é bem frequente, justamente por ser uma das bases do argumento marxista. Não sei se consigo desenvolver e resumir aqui, então acho justo deixar aqui alguém que fez a síntese da argumentação:
Liberalismo Segundo a Tradição Clássica (terceiro capítulo, para ser mais preciso).
No mais, esse argumento é importante também para entender que EUA e UE não são necessariamente os melhores exemplos de economias e Estados liberais (apesar dos EUA de fato ser liberal em maioria, não quero ser falacioso). A UE é um bloco comercial com a união compulsória de países que, em muitos casos, não tem NADA em comum. Os EUA são um país expansionista e autoritário em termos de segurança, que utiliza de força estatal para patrocinar interesses de empresas privadas. Talvez bons exemplos sejam alguns países da UE, alguns estados americanos e aqueles países
case de sucesso que todo liberal sabe de cor (Nova Zelândia, Singapura, Austrália, Irlanda, Estônia e mais alguns que estão no topo da lista de liberdade econômica E social)
Mas perceba, para mim, o liberalismo é uma bússula filosófica, não necessariamente um modelo de sociedade utópica. Então acho totalmente normal existirem falhas, conflitos e idiossincrasia em sociedades majoritariamente liberais.

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Venosa
Maximizar a vida de alguns, pois os pobres e miseráveis são essenciais pro sistema se manter, ou estou errado nisso tbm? Não dizendo que não houve uma diminuição drástica da pobreza, mas afirmando que a extinção da miséria não interessa ao sistema capitalista quanto o consumismo ou o lucro.
Eu não concordo com isso mas por uma questão de mudança da relação causa-efeito. O capitalismo liberal diminui a pobreza gerando riqueza. E ele não faz isso através de um controle central "bonzinho". Ele faz isso porque a manutenção do consumo exige que a massa consumidora tenha recursos para tal. Não existem países pobres consumistas, o consumismo é característica da classe média. Quanto maior a classe média, maior o consumo.

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Venosa
O coletivismo não pressupõe que as pessoas sejam iguais, mas sim que o coletivo tenha interesses soberanos ao indivíduo. E quando isso acontece na natureza? Em todo lugar e toda hora: insetos que possuem hierarquias, democracia representativa, manadas, colônias de bactérias etc
Não. Esse discurso mina qualquer alternativa ao individualismo que existiu, existe ou possa existir. E acho muita teimosia a gente querer sustentar uma sociedade de bilhões de habitantes na supremacia individual de cada um. De novo, meu ponto é: o liberalismo não vai salvar a gente, não que em termos de bem estar as alternativas coletivistas estejam a altura das democracias liberais, mas mesmo as democracias liberais partem muitas vezes de imposições coletivas sobre o individuo. Se o liberalismo é tão tolerante, pq ele não pode ser tolerante quanto a existencia de pessoas coletivistas no sistema?
Sem querer ser repetitivo, novamente, tenho que corrigir de novo esse misunderstand: coletivismo e sociedade não são conceitos equivalentes. Vida em sociedade parte da premissa que indivíduos tem que interagir, cooperar, trocar e servir outros indivíduos. A diferença entre coletivismo e individualismo é que a primeira acredita que a maior parte dessas interações entre pessoas tem que ser compulsória. O individualismo acredita que a maior parte dessas interações pode ser voluntária.
Tendo isso entendido, você pode responder facilmente a pergunta feita no próximo parágrafo: o liberalismo, como exemplo de filosofia individualista,
É tolerante com o coletivismo. Só que esse coletivismo tem que existir no âmbito de pequenas sociedades, de forma mais voluntária possível. Do mesmo jeito que você não acredita que é possível viver com bilhões de pessoas de forma individualista, também não acredito que seja possível estabelecer ideais coletivos que sejam universais o suficiente para não coagirem muita gente em um universo de bilhões de indivíduos diferentes.