Capítulo V - A Origem do Mal (Parte I)


Todo mal tem sua origem. Aliás, tanto o mal quanto o bem. Mas todos sabem disso, e não é de hoje. O que não param para pensar é que algumas pessoas estão propensas a serem psicopatas.

O dia estava ensolarado, e ele não poderia deixar de ir brincar com seus amigos. Era de manhã, já havia acordado e lavado o rosto. Estava ansioso para falar com seus amigos, pescar, se divertir. Tornou a correr, e estava ao alcance da porta quando sua mãe meteu-se no meio.

- Volte já para o quarto. Está de castigo.
- Por que mamãe? O que eu fiz?
- Não se faça de bobo! Eu vi muito bem a crueldade que você teve com o coelhinho! Onde você anda aprendendo essas coisas?
- Do que você está falando?

Sua ficha caiu. Mais uma vez, meu irmão aprontou e botou a culpa em mim. Só pode. Ele estava acostumado a ser culpado pelo que não havia feito, e aguentava isso, pois gostava muito do irmão. O mesmo, pelo jeito, não demonstrava carinho com o caçula, botando a culpa nele em todas as artes que fazia. Sua mãe arrastou-o para o quarto, trancando a porta.

Ele podia ouvir seus amigos brincando lá fora, e ficava imaginando o que estavam fazendo. Ficou refletindo sobre a vida, imaginando a natureza. Parou para pensar sobre o fato anterior. Se eu não fizer nada a respeito, será assim a vida inteira.

Eram uma família humilde, tinham lá suas riquezas, mas agiam como seres normais. O pai da família, Eladriel, era um elfo conhecido por sua inteligência. A mãe era de origem mística, podia transformar-se em diversos seres, incluindo elfo e humano, mas adotava a forma de humana. Era muito mais forte e rápida que o pai, e também era dotada de inteligência. Tiveram dois filhos: Maddar e Areth. Ambos os filhos eram humanos. O primeiro era mais velho, arteiro e ultimamente cruel. O segundo era tímido mas meio covarde, e nunca levava desaforo para casa.

Areth queria dar o troco no o irmão, pois já estava cansado disso. Ele decidiu agir escondido. Estava tudo planejado, e nunca viu-se odiando tanto alguém. Aliás, estava crescendo, tendo suas próprias visões, e não queria ser oprimido a vida inteira. Areth saiu de casa para dar uma volta, meses depois do castigo. Encontrou um belo gato. Pegou o bichinho e pendurou-o na entrada de sua casa. Era visível o sofrimento pelo qual o gatinho estava passando, chegando a dar dó. Maddar, que estava brincando com alguns amigos mais velhos, voltou para casa e quase pegou Areth de surpresa, mas este escondeu-se a tempo. Seus pais estavam dormindo, pois haviam acabado de almoçar. Era um costume familiar dormir depois do almoço. Ao chegar, Maddar acordou os pais e contou o que havia encontrado. Seus pais esperaram o caçula chegar para ter uma reunião familiar. Areth rapidamente lembrou-os de que não estava em casa e deduziram que o único que podia ter feito aquilo era Maddar. Ele vai apanhar por dedução. Vai querer me matar! Mas foi pior. Maddar apanhou e também ficou de castigo por muitos dias. Ele só podia sair de casa se seus pais fossem juntos, e se flagrassem ele desobedecendo com certeza apanharia ainda mais. O primogênito não aguentava mais, porque? Ele já não era um simples adolescente. Estava descobrindo seu perfil real, ele infelizmente puxara para a sua mãe. Gostava de ser cruel. Maltratar os animais havia se tornado um vício.

Estava no seu quarto. O escuro dominava. Ele começou a refletir sobre o que ia fazer. Uma raiva incontrolável, combinada com sua crueldade e sua escuridão interior foi determinante para o que estaria para fazer.

Maddar simplesmente agiu como um monstro. Na primeira oportunidade, esfaqueou os pais, fugindo de casa. Havia cometido o ato mais cruel de que se sabia na região onde moravam. Estava em seu quarto, quando subitamente abriu a porta e correu até a cozinha. Quando a mãe virou-se, mandando-o voltar para o quarto, ele sacou o punhal e enfiou-o na barriga da mãe. O pai estava saindo do banheiro, em direção à cozinha. Maddar deu a volta e pegou-o por trás, como um covarde. Sua adrenalina estava à mil, e ele tornou a procurar o irmão.

Areth estava no seu quarto, olhando alguns arcos de sua coleção. O irmão invadiu o cômodo, uivando. Estava à toda, como se estivesse sendo controlado. Areth conseguiu esquivar-se do ataque, e começou a correr. Maddar foi atrás, mas não conseguiu alcançá-lo.

Psicopata, eu sou um psicopata. Mas isso não era verdade. Seu desejo cruel estava no seu sangue, e, querendo ou não, ele teria de se acostumar com isso. Agora sei o que minha mãe realmente era. Até os psicopatas podem parar para raciocinar, mas ele não aceitava ser uma criatura dessas. Fugirei, não vou parar de correr. Mas ele correu para o lado errado, na hora errada.

Longe dali, do outro lado das montanhas, seres monstruosos maquinavam um ataque. A falta de guerreiros fazia com que o chefe recrutasse qualquer sujeito que aparecesse. Como dito, Maddar correra para o lado errado.