Felizmente, a frente do templo estava a academia, e lá fui para tentar conseguir alguma coisa. Lembrei-me das palavras de Cipfried e segui em frente.
Ao entrar na academia, na minha visão surgiu o vulto de Seymour, escrevendo algo na escrivaninha. A sala em que esse senhor se encontrava estava cheia de livros, dispostos em enormes estantes e estas distantes umas das outras por um pequeno corredor, mas algumas justapostas em fileiras, e canto superior da sala, estavam a escrivaninha encima de um tapete roxo com decoração esverdeada. Aproximei-me daquele senhor, na esperança de obter alguma sorte com o conteúdo das cartas de Amber.
- Claro, se você se apresentasse primeiro – falou em um tom irônico e com um leve sorriso.
- Ah sim! Chamo-me senhorita Gauntier, Rose Gauntier, prazer em conhecê-lo! Atesto que fui enviada por Cipfried, o monge do templo de RookGaard.
Cumprimentamos-nos e logo retornamos ao que me interessava.
- Eu preciso que o senhor me diga algo a respeito sobre essas anotações aqui – rapidamente as retirei e as coloquei sobre a escrivaninha.
- Por quê? Você mesma não pode lê-las? É um simples texto pelo que estou observando, não possui uma linguagem incompreensível.
- Ler? Como assim – respondi indignada.
- Já vi que tenho um trabalho a fazer por aqui, devemos ensinar as pessoas que a nós nos recorrem. Ainda, não há muito o quê fazer nessa biblioteca, além de verificar o acervo e tentar escrever alguma coisa de minha imaginação, porém, somente consigo poucos trechos cuja semelhança com muitos autores não os permitem continuar sendo escrito. Ajudá-la-ei prontamente moça. – Falou roucamente e em um tom de alívio.
- Certo, e o quê então eu devo fazer? – a dúvida preenchia o meu rosto.
- Tossindo, e rapidamente pondo a mão sobre a boca - Apenas se sente nessa cadeira, e comesse a tentar aprender algumas coisas. No entanto, minha amiga, isso poderá levar algum tempo, não é de um dia a outro que eu posso lhe alfabetizar. Para tanto, também vejo que com essas vestes não tens algum lugar que poderá retornar. Hmm... Não sei muito o quê fazer a seu respeito, mas posso lhe oferecer algum trabalho para que você possa se alimentar e uma cama, no entanto, preciso falar com Amber primeiro.
Eu entrei em conflito comigo mesma, afinal, até aquele momento eu sempre achei que as coisas variavam de acordo com a violência imposta as criaturas ou a si mesmo. Mas, acabava obter uma chance para experimentar algo novo, mesmo assim hesitei.
- Trabalho, alimento? De quanto tempo estamos a falar aqui senhor? Preciso completar a missão pela qual fui encarregada e assim preciso saber o que possui nessas inscrições e, a propósito, esse trabalho foi à própria Amber que me encarregou.
- Excelente, creio que ela irá concordar, até porque provavelmente você está em busca do diário de bordo perdido, da aventura que ela teve pelo oceano! Hahaha – ri ironicamente – Será muito mais fácil que ela concorde em abrigar você e o trabalho, já sei o que podemos fazer a seu respeito.
- Seymour! Eu não disponho de todo esse tempo que você está...
Nesse momento, eu, então, pensei um pouco antes de continuar a frase, se bem me recordo. Achei que não seria nada mal experimentar outra essência, outra forma de vida, ao menos por um momento, e me parecia que iria aprender alguma coisa com aquelas propostas. Mas, os meus conceitos que tinha formado até aquela época não permitiriam que eu mudasse de postura tão flexivamente. Continuei minha frase.
- ... Ah, quer dizer, eu concordo com um, porém, eu também preciso treinar para conseguir enfrentar o desafio que virá pela frente, treinar, eu digo, fisicamente compreende?
- Fisicamente? Achei que somente explorar os campos da sua mente já iria bastar para você, aliás, o treinamento mental já será rigoroso, ainda mais... – houve uma pausa momentânea na fala dele – Somente se, será? – falou em voz baixa, e com um tom misterioso – Creio que devo atender a seu pedido.
- O quê? Oh! Sim, então estamos combinados Seymour, meu mestre de agora em diante – respondi prontamente mesmo intrigada pela repentina mudança de comportamento na fala deste.
- Começaremos amanhã, após eu ter falado com Amber, mas não lhe deixarei desamparada. Tenho uma missão para senhorita, para que prove sua força acabando com algumas pragas no nosso esgoto que estão destruindo o acervo da biblioteca.
- E quais seriam exatamente essas pragas mestre Seymour?
- Roedores. Criaturas que se alimentam de qualquer coisa, e que saem dos locais mais impossíveis para atacar certos objetos. Você já deve ter se deparado com alguma criatura dessas. Mesmo sendo pequenos, são astutos e podem ser perigosos, quando existem muitos reunidos, e você deve tomar cuidado ao enfrentá-los. Todavia, acredito que você já deve ter enfrentado algumas, não é mesmo senhorita? Reconheceria esse vestido em qualquer lugar, principalmente se estamos falando de uma casa abandonada a oeste daqui.
Fiquei surpresa pela rápida conclusão e observação do meu mestre, no entanto, acho que muitos já conheciam a história do vestido, pois até mesmo aquele indivíduo que me enganou anteriormente, Egon, sabia o que havia naquele baú, e mesmo ele afirmando que não Haia entrado lá sozinho. E pelo que percebi, era um vestido bem comum, apesar de cair bem em mim. Percebendo a minha surpresa, o meu mestre rapidamente virou de costas e tornou a falar, colocando suas mãos na cabeça.
- Não fique tão surpresa cara senhorita, eu conheço as mais misteriosas das histórias graças ao poder da leitura, esse que me revelou novos mundos, criado por aqueles que pertencem a este mundo, ou história sobre o mesmo mundo vivido pelo mais valente dos guerreiros. Mas, preciso que você cumpra essa missão que eu lhe dei, e vejo que já está equipada para isso.
- Sim mestre, eu irei ajudá-lo, irei me retirar agora, com sua licença. – falei respondendo à proposta do mestre Seymour.
- Ah! E Rose, lembre-se apenas que, no labirinto entre o caminho da força e da vitória a sabedoria é a guia. Assim, procure pela sua própria sabedoria, ela lhe mostrará o caminho quando você precisar.
<Fim da décima página> Em branco! A décima primeira página está em branco! E as demais páginas do mesmo jeito, que intrigante! Alguém pegou a continuação das histórias de Rose e por isso não posso mais lhes oferecer o manuscrito. Lembro-me bem da história conter no mínimo 40 páginas!
Ah! Calma, amigos, calma! Eu me lembro da continuação dessa história e pretendo contá-la a vocês. No entanto, preciso de um copo de hidromel. Ah sim, espero que não tenham ficado desnorteados por não ter continuado as minhas observações e ter adicionado o manuscrito à história, lamento, mas precisava oferecer o que observei para construir minhas idéias, mesmo que minha escrita ficasse mais misteriosa e sem sentido