"<satisfação> Ah! Vejo que encontrei os papeis que ela tinha me dado, na tentativa de se livrar do amigo. Contou-me sobre suas primeiras impressões de um modo peculiar, e da sua ingenuidade de um modo mais específico ainda, de seu comprometimento com a religião, seu primeiro contato... Interessantes relatos que já havia esquecido me pouparam tempo para explicar detalhes a vocês... E creio que é muito melhor ela própria contar sobre seus primeiros atos. Enfim, ainda há mais algumas páginas aqui, devemos ler."
As propostas de Cipfried, o monge do templo, tornaram-se claras na minha mente, e como já tinha falado, influenciaram no meu modo de vida. Naquela época, entretanto, não havia compreendido o verdadeiro significado das mensagens e fiquei reflexiva, e para pensar eu deveria procurar outro local, pois aquele cada vez mais enchia a minha mente de curiosidades relacionadas aos mistérios das pinturas do templo, e assim pedi licença aquele religioso e me retirei do prédio.
Mas, que local eu poderia tirar algumas conclusões? Eu, simplesmente fui tomada pela ignorância ao me retirar dali. Eu não tinha para onde ir, e nem tinha o puro amarelo que aquela sociedade cobiçava, e ainda, estava faminta. Eu havia caído nas profundezas dos mistérios da vida e tinha esquecido de vivê-la em sua simplicidade. E agora, apenas com um vestido que Egon havia me entregado, e uma clava inicial, não tinha muitas coisas a fazer e resolvi voltar para a academia, mesmo com as possibilidades de encontrar aquele indivíduo.
Na academia, eu me dirigi ao andar que as pessoas faziam comércio, o mesmo de onde eu havia tido aquela noite com Egon, bebendo aquele líquido vermelho escuro. Caminhei em direção aos retiros, onde os guerreiros dormiam, e onde eu havia dormido. Havia uma mulher naquele local, que cuidava do espaço, seu nome era Amber, e logo descobri que era uma linda jovem guerreira.
Amber tinha características particulares, e um peculiar orgulho próprio. Logo, ela pediu para que eu me apresentasse, e assim o fiz. Ela me recolheu e ofereceu alguma comida e água, mobilizada pelas condições que eu me encontrava. Nada a um preço pequeno, pois ela queria que eu fizesse o favor de escutá-la sobre suas incríveis aventuras por além do oceano, coisa que ela contava a todos, pelo que sei atualmente. Contudo, claro que iria ouvir curiosa, uma vez amparada por aquela mulher. E isso levou algumas horas, principalmente depois que ela resolveu contar mais histórias, dessa vez sobre suas façanhas em RookGaard, e porque ela tinha escolhido aquele lugar para viver, tudo isso em um tom soberbo e heróico, na tentativa de impressionar.
Após horas falando de si mesma, disse algumas particularidades sobre suas aventuras. Contou-me sobre uma pequena espada que carregava consigo, e que pretendia doar a alguém que provasse sua coragem, e de certa quantia em ouro na troca de alguns favores. Fiquei curiosa, pois precisava de certa quantia. Ao ver minha reação, ela logo perguntou se eu poderia ajudar, e me prontifiquei.
O único problema com aquela situação é que ela havia dito que poderia ser um pouco perigoso e exigiria de mim alguns equipamentos. Assim, ela resolveu me dar algumas roupas a mais e um elmo para fugir do sol. Além disso, uma velha bota veio bem a calhar quando foi oferecida. E parecia que estava pronta para seguir viagem em direção a algum lugar que ela ainda não havia me dito. Assim que percebi isso, ela me deu algumas anotações dizendo que não deveria ser tão fácil à busca pelo seu diário, já revelando o que era o objeto. Desse modo, o relatório dava algumas pistas sobre o que fazer. Finalmente, agradeci a hospitalidade e me retirei da academia.
Estava curiosa para saber qual seria meu destino. Fui então procurar algum lugar mais tranqüilo para observar aquele conteúdo. Andei pela estrada de barro em busca de um campo para me sentar, porém, ao tentar sair do centro social, avistei um indivíduo que já conhecemos, e que parecia estar procurando alguém. Era Egon, falando com as pessoas, procurando-me. Ignorei-o e segui em frente, mas ele me avistou e seguiu em direção a mim. Esperei, e ele seguiu, na minha frente se posicionou desajeitado e pronunciou algumas palavras:
- Ro... Ro... Rose! La... la... – falou na visível tentativa de se desculpar.
- Três palavras – cortei sua fala – Não me procure.
- Mas... – com um tom curioso em seu rosto.
Eu simplesmente continuei meu caminho, e tentei o evitar, ele recuou pois sabia do meu desprezo por aquele ser estúpido. Mas, estava triste, ao menos aparentava. Sabia que ele não iria me deixar em paz, mas continuei meu caminho em busca de um pacífico campo onde poderia investigar o conteúdo que Amber havia me dado. Ao chegar próximo da loja de poções, eu sabia que não poderia prosseguir mais, e então resolvi para ali mesmo.
Encostei em uma árvore, e abri minha pequena sacola, onde eu guardava algumas coisas importante em minha cintura. Lá eu havia deixado as cartas e com muita apreciação, peguei-as curiosa, e tentei observar o que ali havia. Inúmeras pequenas letras. Eu mal sabia a razão de conhecer meu próprio idioma, pois havia nascido de um sopro, imagino, ou de acordo com Cipfried, dos deuses. Ah Cipfried...! Lembrei que ele havia interpretado o conteúdo daquele livro, então certamente ele poderia me ajudar. Sim, ele poderia.
Decididamente me levantei do local que eu estava, e parti em direção ao templo novamente, e ao chegar naquele local, Cipfried parecia aguardar alguém. Mas, ele me recepcionou bem, com cautela é claro, estava escondendo alguma coisa, alguma visita recente provavelmente. Pedi para que ele me acompanhasse até o altar e lá mostrei o conteúdo de minha sacola. Rapidamente, ele pegou o conteúdo e começou a observar. Nos sentamos, e ele ao ler a primeira página já sabia a origem desse conteúdo.
- Estas são as cartas de Amber – respondeu Cipfried – Eu não posso ajudá-la senhorita Gauntier, Amber é uma amiga minha e conheço seu ponto de vista a respeito de aventuras, e essa certamente é uma. Além disso, você não está preparada para saber esse conteúdo, mas uma coisa é certa, você deve aprender a decifrá-lo.
- E como você acha que posso fazer isso, onde poderei... – fui interrompida por um pequeno barulho no hall principal, que parecia vir de algumas cadeiras, continuei – poderei obter ajuda? Não tenho nenhuma moeda de ouro, e muito menos habilidades!
- Pequena Rose, existe em nosso reino muito mais conteúdo do que o dinheiro pode comprar. E a academia é uma deles, com certeza algumas pessoas que lá se encontram poderiam lhe ensinar algumas coisas, é função delas, e principalmente a decifrar o enigma de Amber.
- Ah sim – retruquei – a única pessoa que encontrei naquele prédio disposta a me ajudar foi Amber. E ela já fez isso me dando algumas missões!
- Procure por Seymour, acredito que você já deve conhecê-lo, ele poderá lhe dar mais pistas a respeito disso, agora, preciso me retirar.
O monge me deixou curiosa pela sua pressa, pois ao finalizar essas palavras, retirou-se rapidamente. Entretanto, ele havia me dado algumas dicas, e eu com certeza já sabia aonde ir.