Livro 1
Capítulo III
Prilore, seu novo nome, estava parada na frente da loja de Nojentinho vestida como uma princesa. Vestia uma saia vermelha e vestido mostarda. Seu cabelo estava preso em rabo de cavalo do jeito que Altar tinha posto. Estava com os braços cruzados e com a cara fechada. Estava com dores no corpo depois do que Altar à havia obrigado.
Altar estava selando seu cavalo preto e forte. Ele vestia uma armadura cinza e antiga. Seu capacete estava no chão ao seu lado. Acabou de selar e disse:
- Monte.
- De novo? – disse Prilore com sarcasmo
- Não me faça te pegar e por aqui.
Prilore andou até o cavalo e montou. Altar pegou as duas mãos da garota e amarrou com uma corda fina. Pegou seu capacete e colocou na cabeça careca e reluzente. Montou no cavalo na frente de Prilore. Pegou os arreios e chicoteou o cavalo, que saiu trotando pela agitada rua de Tir’Rafer.
- Sabe por que estou te levando?- disse Altar
- Por que você quer uma puta?
- Não – disse Altar rindo – É época do príncipe se casar.
- E?
- E daí que o nosso rei ofereceu 10.000.000 moedas de ouro direto da tesouraria do castelo para quem trouxesse uma garota que o príncipe escolhesse para casar.
- E quem te garante que o príncipe vai me escolher?
- Porque você é simplesmente uma delicia. – disse rindo
Prilore revirou os olhos.
- Porque matou o Nojentinho? – perguntou
- Oras... porque eu teria que pagar um preço absurdo por você.
- Achei que eu valia muito...
- E vale querida... mas não quarenta moedas de ouro!
Seguiram até o cais do Porto Norte.
- Ei! – disse Altar para um velho que cuidava do Porto Norte – Quando sai a embarcação para Vânia?
- O barco foi alugado, Sir...?
- Chame-me de Sir Altar. Mas o barco foi alugado por quem?
- Que eu saiba foi pela Ordem.
- O único posto da Ordem fica em Vânia. Não tem em Tir’Rafer.
- Não interessa de onde veio. Ordens da Ordem, são ordens do Rei, longa vida.
- Quer dizer que não se pode embarcar nesta embarcação?
- Pode sim, mas só quando a Ordem permitir. Dizem que estão em uma busca.
- Droga... – murmurou Altar desmontando do cavalo – Vamos ter que esperar minha Prilore.
- Por mim... – disse Prilore
***
Araell estava orgulhoso de si mesmo. Por duas coisas. Primeira era por ter tido a honra de ser convocado pela Ordem para buscar o príncipe de Vânia, tarefa de alto risco.
Segundo era que enquanto passava na rua, as mulheres botavam metade do corpo para fora e elogiava ele.
- LINDO! – gritava uma
- GOSTOSO! – gritava outra
Ele sempre foi adorado pelas mulheres de sua cidade natal, Enoria. Enoria era uma cidade isolada no Sudoeste de Nionda por trás das Colinas Sagradas onde viviam os religiosos. Ele foi abandonado na porta da Catedral que regia o Alto Monge, e foi acolhido. Ele viveu e foi criado encima da religião predominante de Nionda: Luinismo.
Mas Araell não acreditava em nada daquilo. Ele não acreditava que Brandor Luin, um comerciante comum pudesse ter aprisionado Lúcifer sozinho na ilha do Inferno. E ele disse isso para o Alto Monge.
- Como não acredita? – exclamou o Monge com ódio no olhar
- É impossível pai. Só isso.
- Ele foi um enviado de Deus, Araell!
- Mas pai eu...
- NÃO ME CHAME DE PAI!
Dito isso o Alto Monge se virou e entrou na Catedral. Araell ficou sozinho nas escadas molhadas de chuva da Catedral olhando para o poço que tinha em frente à ela. Elaine estava colhendo água ali.
Araell se apaixonou pela garota a primeira vista. E Elaine também se apaixonou por Araell. Mas esse amor nunca pôde ter vida, por que o Monge agarrou Araell pelo braço e o botou em um cavalo guiado direto para Vânia, onde passaria o resto de sua adolescência aprendendo como ser um guarda. E o pior de tudo: ter que adorar a família que ele não acreditava na história.
Araell viu o garoto a sua frente. Ele estava de costas tentando pegar uma maçã de uma das barracas.
- Não vai não! – disse Araell e o agarrou pelo braço
- EI, ME SOLTE! – gritou o garoto
- Olá Artorios – disse Araell
Artorios empalideceu.