Essa é a ultima parte do cap. 1(aleluia), onde eu mostro mais 3 personagens. Nao me cobrem mto sobre eles, vai aparecer no decorrer da historia, historia q alias começa d verdade no prox capitulo. Desculpe a demora, eu viajei, e mta gente tb viajou, por isso nao qria postar antes. Vlw pelas ajudas, espero q esteja melhor q os otros. E lmbrando aos desinformados que eu mudei algumas coisinhas nos dois primeiros capitulos, nada de mais, so algumas descrições. Bem, Let's Go
Capítulo 1 - Apresentações - Parte 3
Sentado embaixo de uma árvore alta e repleta de frutos amarelos estava um garoto que vislumbrava o céu onde Fafnar e Suon desapareciam no horizonte. Ele sentia no rosto a brisa gelada que acompanhava o fim de tarde. O vento fazia seus cabelos longos e castanhos balançarem e produzia um som que o ninava. Estava exausto. Seus olhos teimavam em fechar, ele estava desistindo de lutar contra o sono. Foi então que algo o despertou.
- Merda! – exclamou o garoto chutando irritado o fruto que tinha caído em sua cabeça.
- Calma, Keen. – Falou suavemente uma doce voz feminina – Por que você vai dormir agora? Daqui a pouco vamos voltar para Venore mesmo.
Keen Ardalook sempre foi uma criança agitada. Aprontava muito, e nunca quis seguir nenhuma vocação. Virou mago porque era o sonho do pai, que não foi para Rookgaard pois tinha que trabalhar para sustentar a família. Hoje ele ama a carreira que seguiu, já faz um bom tempo que voltou da Ilha dos iniciantes. Cresceu, tem 20 anos. Mas continua o mesmo garotão de sempre, aprontando com seu melhor amigo, Sckhar.
Ele olhou para cima, de onde a voz viera. Uma jovem estava sentada em um dos galhos da árvore com um arco repousando em seu colo. Daquele ângulo seus já robustos seios pareciam ainda maiores, os longos cabelos loiros da garota eram agitados pelo vento. Ela comia um dos suculentos frutos amarelos da árvore.
Aquela era Lara Dackhar, filha de Carina, a dona da joalheria de Venore. Lara tem 22 anos, é linda. Aprendeu a ser uma pessoa doce trabalhando na loja da mãe como vendedora. Essa característica, somada a beleza, faz de Lara a garota mais desejada de Venore. Mas não se engane com sua cara de anjo, ela não hesitaria em matar por alguém ou algo que ame.
Keen estava com fome, e olhar alguém comendo o deixava ainda mais faminto. Mas ele estava farto de comer apenas frutos, queria uma comida de verdade, um porco assado preparado por sua mãe seria uma boa idéia. Entretanto, seria difícil achar tal especiaria estando tão longe de sua cidade. Ah Venore! Que falta aquele cheiro de pântano fazia. Já era o terceiro dia deles fora da cidade, nas Planícies de Havoc, uma região conhecida pelos perigos que abriga.
- Você viu onde Sckhar foi? – perguntou Keen que lutava para esquecer a fome. Ele estava em pé sobre um terreno molhado e castigado pela chuva que caíra de manhã.
- Foi procurar outro daqueles.– respondeu a garota – Ele falou que era o último. Disse isso enquanto pegava outro fruto - Depois poderemos voltar para casa.
Keen procurou o amigo com os olhos, mas não via nada além de arbustos, ervas daninhas, algumas pedras, outras árvores... Até que algo chamou-lhe a atenção.
Não muito longe dali, em uma parte de terreno sem vegetação, um rapaz de cabelos negros olhava para uma caverna grande e escura. Não se podia ver nada em seu interior, exceto uma sombra que se projetava nas paredes da caverna, era imensa, sua imagem estava distorcida por causa da curvatura do local; não era possível saber muita coisa, apenas que não era uma sombra humana.
A cada passo da criatura a sombra ficava maior, era muito maior que um humano. Então a criatura começou a sair para a claridade. Era um monstro horrendo, fazia um barulho estranho, amedrontador, tinha um enorme corpo marrom, oito pernas coloridas em amarelo e com alguns traços de laranja, cada uma delas era do tamanho de um humano. Agora já podia ser reconhecido. Aquilo era uma aranha, uma aranha gigante. A criatura caminhava na direção do cavaleiro, que a esperava com uma espada e um escudo em mãos.
O guerreiro era muito jovem, mas, já tinha derrotado vários monstros iguais aquele. Mesmo assim sentia uma sensação desconfortável, um frio na barriga. Sabia que qualquer erro custaria a sua vida.
A aranha andava rápido, suas patas deixavam pegadas profundas no chão por onde passava. Ela parecia deliciar aquele momento, afinal, havia encontrado sua refeição.
A luta começou.
O ser atacava de modo peculiar, levantava as quatro patas dianteiras, ficando com todo seu corpo apoiado nos outros dois pares de pernas, então jogava as patas suspensas contra o corpo do adversário perfurando-o até a morte.
A primeira pata foi jogada com uma força brutal em direção ao tronco do garoto, que, veloz, desviou do golpe. Em seguida ele teve que usar o escudo para evitar o ataque. A aranha rosnava tentando amedrontar o cavaleiro. Ainda com o escudo defendendo o último golpe o garoto se abaixou, safando-se de uma terceira pata. Depois teve que rolar para trás, fugindo de uma série de pernas que deixou vários buracos profundos no chão molhado das Planícies.
O guerreiro não sentia mais aquele frio na barriga, mas continuava cauteloso, tenso. Deveria esperar o momento certo para acabar com a luta.
A aranha olhava para a presa, que colocara o escudo a frente do corpo, em posição defensiva. O monstro avançou novamente. Seu ataque veio com a pata dianteira esquerda, cruzando o ar na altura do rosto do garoto, que desviou do golpe rolando para baixo do imenso oponente. Agora ele estava posicionado em baixo do monstro, em meio às quatro pernas que queriam golpeá-lo, e em frente às outras que sustentavam aquele ser.
O garoto usou o escudo para bloquear outro golpe, que iria em direção de seu peito. A criatura continuava a atacar, agora tendo como alvo o rosto do cavaleiro. Este evitou o ataque golpeando a pata que o atacava com a lâmina da espada. A aranha soltou um grito de dor, mas o golpe do rapaz quase não provocou dano, fez apenas um pequeno corte, pois quase todo o corpo daquele bicho era protegido por uma carcaça muito resistente.
A cada golpe que sofria, o monstro parecia mais confiante de que iria ganhar a batalha, continuava a avançar. Mas o jovem não parecia perturbado, mantinha a calma.
Aproveitando da sua posição, o cavaleiro girou o corpo com pé esquerdo em direção ao corpo do bicho, ficando cara a cara com uma das patas de sustentação dele. Atacou - a com toda a sua força, mas o ataque não foi concluído. Uma das garras do bicho acertou-o no abdome, antes que ele finalizasse o golpe, por pouco não teve o pulmão perfurado. A dor era imensa.
Então ouviu-se um gemido, um grito de dor.
Mas o gemido não era humano. O cavaleiro, mesmo ferido, aplicou novamente o golpe que não se concretizou na última tentativa, agora com sucesso. Uma das patas que sustentava a aranha foi ferida, o dano foi profundo, se não houvesse uma carapaça protegendo o corpo do bicho ela seria arrancada.
O que logo aconteceria.
O monstro parecia ter esquecido que o guerreiro ainda estava vivo quando foi golpeado. Esse erro custou-lhe uma perna de sustentação. Agora restavam apenas três. Mas era impossível sustentar todo aquele peso com apenas três pilares.
A aranha pendeu para o lado. Foi a deixa para o cavaleiro saltar, e no ar, cravar sua espada nos olhos da criatura. Ela parecia zonza, seu sangue escorria. Furioso, o monstro partiu para um ataque cego.
A aranha tinha dificuldades para se manter de pé. Seus ataques agora vinham com pouca precisão, aleatoriamente. Ela agonizava.
Não foi tarefa difícil para o cavaleiro desviar daqueles golpes desesperados e cortar uma outra pata do bicho. Quando a aranha pendeu novamente seu destino foi traçado. Com um novo dano nos olhos, a única parte sem resistência em seu corpo, ela morreu.
A luta terminou.
O terreno onde havia ocorrido o embate estava castigado, cheio de sangue e marcas do embate que acabara de ocorrer. O garoto, que ainda sentia seu coração pulsar agitado, colocou a mão sobre o ferimento que o bicho causou, sangrava, a dor era insuportável, e ele sabia que além da dor aquele ferimento carregava veneno; se ele não fizesse nada a substância se espalharia pelo seu corpo, ele iria morrer.
O rapaz revirou uma mochila que trazia as costas e pegou uma pedra que era do tamanho de sua mão, era azul, com símbolos gravados em tinta preta. Uma runa.
Sua visão estava alterada, o mundo girava ao seu redor, era o veneno fazendo efeito.
Então colocou a pedra nas mãos e se concentrou no ferimento alojado em sua barriga, era difícil concentrar-se enquanto sua cabeça girava, mas ele o fez. Em alguns segundos a ferida cicatrizara e a pedra em sua mão sumira. A magia também retiraria o veneno. Era um encantamento poderoso, apenas druidas experientes o dominavam.
Já recuperado do ferimento, o rapaz foi na direção da aranha gigante, examinou o cadáver e utilizou a espada para cortar alguns pedaços dele. Aquelas partes iriam ser vendidas para certos profissionais que as utilizam na confecção de armaduras e armas. Dariam um bom dinheiro.
Depois de separar o que poderia ser vendido, o cavaleiro olhou ao redor procurando algo. Viu outros corpos iguais ao da criatura que ele acabara de derrotar espalhados por toda a planície, notou alguns coelhos que se escondiam dele, e viu criaturas humanóides semi nuas, de aproximadamente três metros e meio de altura, estiradas ao chão, os chamados ciclopes, estavam mortos. O terreno que observava era repleto de arbustos e árvores altas, uma região rica, pena não poder ser utilizada pelo homem por causa das criaturas selvagens que a habitavam.
Então, não muito longe, próximo a uma grande árvore ele achou o que procurava. Dois humanos; uma garota de lindos cabelos loiros que acenava para ele e um jovem que olhava furtivamente para o belo corpo da garota. Ele caminhou lentamente na direção dos dois.
- Sckhar, que Demora! – Disse a garota assim que ele chegou. Ela colocou as mãos na cintura, parecia impaciente.
- Ah! A culpa não foi minha! –Respondeu ele – A coisa não queria morrer!
- É... Já está quase escurecendo – Disse Keen apontando para o céu, que estava colorido em laranja, o que sempre acontecia quando Fafnar e Suon estavam quase sumindo – Acho que vamos ter que dormir aqui.
- É – Disse a garota, desapontada – Bem, quem vai ficar vigiando essa noite?
- Eu voto na Lara! – Falaram os dois rapazes ao mesmo tempo, parecia combinado.
- Sem chance! – Respondeu a garota – Eu já fiquei acordada na noite passada. E na retrasada também!
- E fez seu trabalho muito bem! – Disse Sckhar como se não se importasse.
- E como você sabe... – Disse Keen
- Em time que está ganhando não se meche. – Completou Sckhar, que se segurava para não rir – E como nada de ruim aconteceu em quanto você vigiava...
- O mais certo seria você continuar vigiando. – Disse Keen. Os dois garotos pareciam ter ensaiado aquele texto.
- Engraçadinhos. – Lara não parecia estar gostando da brincadeira. – Vocês estão brincando, né?
- Claro que não! – Falou Sckhar, com firmeza, ele retirara a armadura do corpo e a jogara no chão.
- Agora... Se você desse algo para a gente... Poderíamos repensar essa decisão. – Falou Keen, que alisava uma mão na outra, em um tom interesseiro.
- E o que seria isso? – Perguntou a garota, que conhecendo aqueles dois como ela conhecia, tinha certeza que boa coisa não deveria ser.
Keen representou um pequeno círculo usando os dedos polegar e médio.
- O quê? – Gritou Lara, ela estava furiosa. – Seus moleques! - Eles conseguiram tirar a garota do sério.
Ela pegou o arco que estava em suas costas, e utilizou a parte de madeira para dar várias pancadas em Keen.. O garoto tentava se defender da agressão com os cotovelos. Então Sckhar falou:
- Calma, Larinha! – Falou ele, serenamente. – Nós queríamos apenas um anel, daqueles de prata, trazidos de Edron, que sua mãe vende, sabe? – Disse aquilo como se falasse com uma pessoa com retardo mental. – Por que toda essa violência?
A garota parou de bater em Keen.
- Que garota violenta! – Keen estava com vários hematomas no antebraço – Do que você achou que nós estávamos falando? – Perguntou ele, em tom irônico.
Lara não respondeu.
- Céus! Que mente poluída! – Gritou Sckhar, ele passava a mão na testa fingindo desapontamento.
- Que decepção deve ter o pai dessa garota! – Keen também fingia estar desapontado. Eles eram bons atores.
- Chega! – Ela já estava acostumada com as brincadeiras daqueles dois, mas não estava com paciência hoje. Ficar em um lugar cercada por monstros e por duas crianças era estressante, e ela ainda estava com sono! – Vocês querem mesmo que eu fique de guarda hoje de novo? – Perguntou ela, séria.
- Sem chance! – Respondeu Sckhar, com firmeza, surpreendendo a garota.
- Uma pessoa pervertida como você é capaz de aproveitar fisicamente de dois jovens inocentes, como nós, enquanto dormem. – Disse Keen, que olhava para Lara como se a avaliasse.
Ela estava perplexa, não acreditava na cara de pau daqueles dois.
- Pode deixar que nós resolveremos isso entre nós – Disse Sckhar, em um tom intelectual que não combinava com seu rosto de garoto irresponsável.
- Agora, garota. – Falou Keen para Lara o mais formal possível, enquanto alisava ao redor do queixo repetidamente com os dedos polegar e indicador – Terei que reportar para a sua mãe os fatos que ocorreram nessa tarde de modo que ela possa corrigir as falhas em seu comportamento.
Lara deixou os dois falando sozinhos e sentou-se embaixo da árvore, no mesmo lugar em que Keen estava quando um fruto caíra em sua cabeça. Na verdade, ela jogara o fruto no garoto. Olhou para o céu, já era noite, ele estava completamente estrelado, lindo. Então agradeceu a Crunor pela vida que tinha. Por sua família, por seus amigos, inclusive por aqueles dois, por estar viva. Permaneceu ali, orando, por um longo tempo, até adormecer. Perto dali os dois garotos conversavam:
- Pronto. Ela já dormiu. – Disse Sckhar – Agora você já pode fazer aquilo.
- Ta bom. – Keen concordou com ele – Mas a gente vai ter que acordar cedo, para que ela não perceba.
- Eu sei
Keen começou a murmurar algumas palavras, fazendo uma energia se formar ao seu lado.
Sckhar conhecia aquele encantamento. Era uma magia de conjuração. Magos usam essa magia para criarem, a partir de seu poder, criaturas que poderiam ser de vários tipos distintos, escravos, que são capazes de dar a vida pelo mago que o conjurou.
A energia tomou forma, transformando-se em um humano, ou, pelo menos algo parecido com um. Nenhuma parte de seu corpo estava a mostra, um capuz marrom o cobria.
- Monge, Eu sou seu mestre. – Disse Keen para a criatura, que balançou a cabeça, aceitando o que acabara de ouvir. – Quero que protejas a mim e a esses dois humanos enquanto descansamos. Se algo que represente perigo aparecer, nos acorde.
O monge balançou a cabeça novamente. Tinha entendido a ordem.
- Se Lara descobrir que nós deixamos ela acordada duas noites sem necessidade vai dar problema. – Disse Sckhar, alertando o amigo.
- Eu já disse. Só precisamos acordar cedo e desfazer a mágica. – Respondeu Keen, ele não parecia nem um pouco preocupado – Monge. Mais uma coisa. Assim que os sóis voltarem a iluminar o céu, acorde a mim e a esse humano.
O monge fez o mesmo sinal de entendimento.
- Gostei disso. – Disse Sckhar, enquanto deitava-se em um saco de dormir – Belo serviço de despertador. – Disse ele, rindo – Boa Noite, Keen.
- Boa Noite. – Respondeu Keen antes de deitar-se em outro saco e dormir e fechar os olhos.
Quando Keen dormiu Sckhar voltou a se levantar.
Embaixo de uma árvore Lara dormia desajeitada, sobre um terreno irregular, molhado, ela tremia de frio. Sckhar foi até lá e carregou a garota em seus braços, voltou para onde Keen dormia e colocou-a em um terceiro saco de dormir.
Agora sim pôde dormir.