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Tópico: O Sangue de Crunor

  1. #101
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    Impressionante como boas obras passam despercebidas e são perdidas.

    E não, não estou falando de Sangue de Crunor, longe disso. Estou com outro projeto aqui no fórum, o qual eu dediquei muito tempo para escrever algo considerado "mágico".
    Pois bem, escrito. Postado o prólogo e o capítulo I (dividido em 4 partes).

    Resultado? Eu devo ter mais posts lá do que a soma dos posts do leitores.

    Então eu resolvi trancar Sangue de Crunor novamente, mas não mandarei nenhum moderador fechar. Estes são os últimos capítulos que eu escrevi e serão os últimos que postarei até que SAGA - O Outro Lado possa mostrar que merece mais que Sangue de Crunor. E eu vou mostrar isto, nem que precise postar até o capítulo X sem nenhum comentário. Eu acredito naquele projeto, pois com com a parceria de um dos melhores escritores deste fórum. Espero que me entendam, largo este projeto (novamente) por um tempo indeterminado. E digo à vocês que isso não é fácil para mim.

    Então, vejo vocês em SAGA.



    Capítulo 14 – O paladino e a fortaleza.




    Argos agachou-se perto do rio. Ele havia forçado a passagem para chegar à margem, onde ele tirou as botas e as calças estreitas. Era melhor andar de pernas a descoberto, reconheceu ele, para que as botas não ficassem presas na lama do rio. Estaria frio, um frio de congelar, mas ele não se lembrava de uma época em que tivesse se sentido mis feliz. Gostava daquela vida, e suas recordações de Filars Porl, Turcthan a morte de sua mãe e de seu tio quase tinham desaparecido.

    - Tirem as botas – disse ele aos vinte arqueiros que iriam acompanhá-lo – e pendurem os sacos de flechas no pescoço.

    - Por quê? – interpelou-o alguém no escuro.

    - Para que eles os enforquem – resmungou Argos.

    - É para que as flechas não se molhem – explicou outro homem, prestimoso.

    Argos amarrou o dele no pescoço. Paladinos, que eram arqueiros intitulados pelo Oráculo de Rookgaard, e arqueiros normais, que não tinham título, não levavam as aljavas que os caçadores usavam, porque as aljavas eram abertas na parte de cima e as flechas podiam cair quando o homem corresse, tropeçasse ou atravessasse com dificuldade uma cerca viva. As flechas de uma aljava ficavam molhadas quando chovia, e as penas molhadas desorientavam o vôo das flechas, de modo que os verdadeiros paladinos usavam sacos de linho impermeabilizados com cera e fechados com cordões. Os sacos eram forrados com armações de vime que mantinham o linho esticado para que as penas não fossem esmagadas.

    Vince Farz desceu pela margem onde uns 12 homens empilhavam barreiras. Ele tremia no vento frio que vinha da água. O Céu, a leste, ainda estava escuro pois antecediam o nascer de Suon e Fafnar, mas um pouco de luz vinha das fogueiras que queimavam no interior de La Roche-Ogre.

    - Eles estão bem e quietos lá dentro – disse Farz, fazendo um movimento com a cabeça em direção à cidade.

    - Reze para que estejam dormindo – disse Argos.

    - Na cama, também. Eu já me esqueci de como são as camas – disse Farz, e depois afastou-se para o lado, para deixar outro homem passar em direção à margem do rio. Argos ficou surpreso ao ver que era Sir Simon Skeat, que desdenhara tanto dele na tenda do mago.

    - Sir Simon – disse Vince Farz, mal se preocupando em esconder o desprezo – quer dar uma palavrinha com você, Argos.

    Sir Simon franziu o nariz ao sentir o fedor da lama do rio. Grande parte dela, pelo que ele supunha, era o esgoto da cidade e ele ficou satisfeito por não estar vadeando de pés e pernas desnudos pela lama.

    - Você está confiante de que vai passar pelas estacas? – perguntou ele a Argos.

    - Eu não iria, se pensasse de outra maneira – disse Argos, sem se preocupar em mostrar respeito.

    O tom de voz de Argos fez Sir Simon empertigar-se, mas ele controlou o gênio.

    - O mago – disse ele friamente – deu-me a honra de chefiar o ataque aos muros.

    Ele parou de repente e Argos aguardou, esperando mais, mas Sir Simon simplesmente olhou para ele com a irritação estampada no rosto.

    - Então Argos toma os muros – disse Farz, por fim – para fazer com que haja segurança para as suas escadas?

    - O que eu não quero – Sir Simon ignorou Farz e dirigiu-se a Argos – é que você leve seus homens à frente dos meus para dentro da cidade propriamente dita. Se nós virmos homens armados, é provável que os matemos, entendeu?

    Argos quase cuspiu de escárnio. Seus homens estariam armados de arcos e nenhum inimigo levava um arco longo como os arqueiros de Thais, e assim praticamente não havia perigo de serem confundidos com os defensores da cidade, mas ele ficou calado. Limitou-se a um gesto afirmativo com a cabeça.

    - Você e seus arqueiros podem juntar-se ao nosso ataque – prosseguiu Sir Simon –, mas você estará sob o meu comando.

    Argos tornou a fazer um gesto afirmativo com a cabeça e Sir Simon, irritado com a insolência implícita, girou sobre os calcanhares e afastou-se.

    - Bastardo de bosta – disse Argos.

    - Ele só quer meter o nariz na vala antes do resto do nosso grupo – disse Farz.

    - Você está deixando o bastardo usar as nossas escadas? – perguntou Argos.

    - Se ele quer ser o primeiro a chegar lá em cima, que seja. As escadas são feitas de madeira verde, Argos, e se elas quebrarem, eu prefiro que seja ele caindo do que eu. Além disso, acho que nós estaremos em melhor situação seguindo você pelo rio, mas não vou dizer isso a Sir Simon.

    Farz sorriu, e depois soltou um palavrão ao ouvir um estrondo vindo da escuridão ao sul do rio.

    - Esses ratos brancos dos diabos – disse ele, e desapareceu nas sombras.

    Os ratos brancos eram de Batalha, dentre eles uns sessenta besteiros tinham sido acrescentados aos soldados de Farz, com a finalidade de ribombar os muros com suas setas enquanto as escadas eram apoiadas nas defesas. Foram aqueles homens que assustaram a noite com seu barulho, e agora o barulho aumentava ainda mais. Algum idiota tropeçara no escuro e se chocara com um besteiro com um pavês, o grande escudo atrás do qual as bestas eram diligentemente recarregadas, e o besteiro reagira, e de repente os ratos brancos estavam envolvidos numa briga barulhenta, no escuro. Os defensores, é claro, ouviram o barulho e começaram a lançar fardos de palha em chamas por sobre as defesas e um sino de igreja começou a tocar, depois outro, e tudo isso muito antes que Argos começasse a atravessar a lama.

    Sir Simon Skeat, assustado com os sinos e a palha em chamas, gritou que o ataque tinha de ser desfechado naquele momento.

    - Avancem com as escadas! – berrou ele.

    Defensores corriam para os muros de La Roche-Ogre e as primeiras setas disparadas pelas bestas eram cuspidas das defesas iluminadas pelos fardos incendiados.

    - Segurem essas malditas escadas! – gritou Vince Farz para seus homens, e olhou para Argos. – O que é que você acha?

    - Eu acho que os bastardos estão distraídos – disse Argos.

    - Quer dizer que você vai?

    - Eu não tenho nada melhor a fazer, Vince.

    - Malditos ratos brancos!

    Argos liderou seus homens na entrada da lama. As sebes foram de alguma valia, mas não tanto quanto ele esperara, de modo que eles ainda escorregavam e tiveram dificuldades em avançar para as grandes estacas, e Argos concluiu que o barulho que faziam era suficiente para acordar até um goblin surdo. Mas os defensores estavam fazendo um barulho ainda maior. Todos os sinos de igreja tocavam, uma trombeta berrava, homens gritavam, cachorros latiam, galos cantavam, e as bestas estalavam e batiam enquanto suas cordas eram puxadas e soltas.

    Os muros erguiam-se à direita de Argos. Ficou imaginando se Blackarch estaria lá em cima. Ele já a vira duas vezes e fora cativado pela ferocidade de sua expressão e pelos cabelos pretos agitados. Muitos outros arqueiros a tinham visto também, e todos eles homens, que podiam atravessar com uma flecha um bracelete a cem metros de distância, e no entanto a mulher ainda vivia. Impressionante, refletiu Argos, o que um rosto bonito podia fazer.

    Ele deixou a última sebe e, então, chegou às estacas de madeira, cada uma um tronco de árvore inteiro enfiado na lama. Seus homens juntaram-se a ele e pressionaram a madeira até que, apodrecida, rachou como palha. As estacas faziam um barulho tremendo ao cair, mas era abafado pelo alarido na cidade. Daniel, o assassino vesgo saído da prisão de Thais, colocou-se ao lado de Argos. À direita deles, agora, havia um molhe de madeira com uma escada tosca em uma das extremidades. A alvorada estava chegando, e uma luz fraca, tênue e cinzenta infiltrava-se pelo leste e Argos temia que a guarnição daquela torre pudesse vê-los, mas ninguém gritou um alerta e nenhuma seta de besta atravessou o rio.

    Argos e Daniel foram os primeiros a subir na escada do molhe, depois veio Sam, o mais moço dos arqueiros de Farz. A parte relativa à atracação servia a um depósito de madeira e um cão começou a latir agitadamente por entre os troncos empilhados, mas Sam esgueirou-se pela escuridão com sua adaga e o latido parou de repente.

    - Cachorrinho bom – disse Sam ao voltar.

    - Coloquem as cordas nos arcos – disse Argos. Ele havia encaixado a corda em seu arco preto e agora desatou os cadarços do seu saco de flechas.

    - Eu odeio cachorros – disse Sam. – Um deles mordeu minha mãe quando ela estava grávida de mim.

    - É por isso que você é maluco – disse Daniel.

    - Calem a boca – ordenou Argos.

    Mais arqueiros estavam subindo para o molhe, que balançava assustadoramente, mas dava para ele ver que os muros que deviam capturar já estavam cheios de defensores. Flechas thaisenses, as brancas penas brilhando à luz das chamas da fogueiras dos defensores, adejaram por cima do muro e penetravam, com golpe surdo, nos telhados de sapé da cidade.

    - Talvez a gente devesse abrir a porta sul – sugeriu Argos.

    - Atravessar a cidade? – perguntou Daniel, alarmado.

    - É uma cidade pequena – disse Argos.

    - Você está loco – disse Daniel, mas estava sorrindo e dizia aquilo a título de elogio.

    - Seja como for, eu vou – disse Argos.

    Estaria escuro nas ruas e os longos arcos ficariam escondidos. Ele calculou que seria bem seguro.

    Uma dezena de homens seguiu Argos, enquanto os demais começaram a saquear os prédios mais próximos. Agora, um número cada vez maior de homens estava chegando através das estacas quebradas, já que Vince Farz os mandara seguir pela margem do mar, em vez de esperar que o muro fosse capturado. Os defensores tinham visto os homens na lama e estavam atirando da ponta do muro da cidade, mas os primeiros atacantes já estavam soltos nas ruas.

    Argos andou pela cidade, deslocando-se de modo desajeitado. Estava escuro como breu nos becos e era difícil dizer para onde estava indo, embora ao subir o morro sobre o qual a cidade fora construída ele calculara que teria de acabar ultrapassando o topo e depois desceria para a porta sul. Homens passavam correndo por ele, mas ninguém via que ele e seus companheiros eram thaisenses. Os sinos das igrejas eram ensurdecedores. Crianças choravam, cães latiam, gaivotas gritavam, e o barulho estava deixando Argos aterrorizado. Aquilo era uma idéia maluca, pensou ele. Talvez Sir Simon já tivesse escalado os muros. Talvez ele, Argos, estivesse perdendo seu tempo. No entanto, flechas de penas brancas ainda penetravam nos telhados da cidade, sugerindo que os muros não tinham sido tomados, e por isso ele se esforçou para seguir em frente. Por duas vezes, viu-se num beco sem saída, e da segunda vez, voltando para uma rua mais larga, quase esbarrou num padre que saíra da igreja para colocar uma tocha acesa num suporte de parede.

    - Vão para as defesas! – disse o padre com firmeza, e então viu os longos arcos na mão dos homens e abriu a boca para dar o alarma.

    Não teve tempo de gritar, porque o arco de Argos chocou-se de ponta em sua barriga. Ele se curvou, arfando, e Daniel rapidamente corou-lhe a garganta. O padre gorgolejou enquanto caía nas pedras do pavimento e Daniel franziu o cenho quando o barulho cessou.

    - Eu irei para o inferno por causa disso – disse ele.

    - Você irá para o inferno de qualquer maneira – disse Sam. – Nós todos iremos.

    - Nós todos iremos para o céu – disse Argos –, mas não se perdermos tempo.

    De repente, ele se sentiu muito menos amedrontado, como se a morte do padre tivesse levado o seu medo. Uma flecha atingiu a torre da igreja e caiu no beco enquanto Argos liderava seus homens e passava pela igreja. Viu-se na rua principal de Northport, que descia até onde uma fogueira de vigília ardia ao lado da porta sul. Argos recuou para o beco ao lado da igreja, porque a rua estava lotada de homens, mas todos corriam para o lado ameaçado da cidade, e quando Argos voltou a olhar o morro estava vazio. Ele só viu duas sentinelas nas defesas acima do arco da porta. Falou com seus homens sobre as sentinelas.

    - Eles vão morrer de medo – disse ele. – Nós matamos os bastardos e abrimos a porta.

    - Pode haver outros – disse Sam. – Haverá uma casa da guarda.

    - Neste caso, mate-os também – disse Argos. – Agora, mas lá!

    Eles entraram na rua, correram alguns metros e armaram os arcos. As flechas voaram e os dois guardas que estavam sobre o arco caíram. Um homem saiu da casa da guarda, construída na torre da porta e olhou boquiaberto para os arqueiros, mas antes que alguns pudessem armar seus arcos, recuou para dentro e trancou a porta.

    - Ela é nossa! – gritou Argos, e liderou os homens numa corrida louca até o arco.

    A casa da guarda continuou fechada, e assim não havia ninguém para impedir que os arqueiros erguessem a tranca e empurrassem as duas grandes portas, abrindo-as. Os homens de Havoc Bohun, o bravo mago de Edron, viram as portas abertas, viram os arqueiros de Thais delineados contra a fogueira de vigília e soltaram um grande urro na escuridão que disse a Argos que uma torrente de soldados vingativos estava indo em direção a ele.

    O que significava que a hora de Northport chorar poderia começar. Porque os homens de Thais tinham tomado a cidade.


    Sem mais;
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  2. #102
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    Capítulo 15 – A mulher, Jeanette.



    Jeanette acordou com um sino de igreja tocando como se fosse o dia do juízo final, quando os mortos se erguiam dos túmulos e as portas do inferno se escancaravam para receber os pecadores. Seu primeiro instinto foi dirigir-se para a cama do filho, mas o pequeno Charles estava bem. Ela só conseguia ver os olhos dele no escuro, que praticamente não era reduzido pelas brasas brilhantes da lareira.

    - Mamãe? – gritou ele, estendendo os braços para ela.

    - Fique calado – disse ela, acalmando o menino, e depois correu para abrir os postigos. Uma leve luz cinzenta aparecia acima dos telhados do leste, e depois passos soaram na rua e ela inclinou-se na janela para ver homens saindo correndo de suas casas com espadas, bestas e lanças. Uma trombeta soava na direção do centro da cidade, e então mais sinos de igreja começaram a soar o alarma numa noite agonizante. O sino da igreja Virgem estava rachado e emitia um barulho desagradável, semelhante ao de uma bigorna, que era ainda mais aterrorizante. Jeanette viu bolas de fogo que explodiram de uma só vez e depois um tiro negro acertou um dos melhores besteiros da cidade na muralha, que tombou. Os thaisenses ovacionaram e ela viu Havoc Bohun.

    - Madame! – gritou uma criada enquanto entrava correndo no quarto.

    - Os thaisenses devem estar atacando. – Jeanette esforçou-se para falar com calma. Ela não vestia nada além de uma camisola de linho e de repente sentiu frio. Apanhou rápido uma capa, prendeu-a no pescoço e depois pegou o filho no colo. – Não vai lhe acontecer nada, Charles – tentou consolá-lo. – É só Thais atacando de novo.

    Só que ela não tinha certeza. Os sinos estavam tocando com muita agitação. Não era o dobrado compassado que em geral sinalizava um ataque, mas um clangor de pânico, como se os homens que puxavam as cordas estivessem tentando repelir um ataque por seu próprio esforço. Ela olhou pela janela outra vez e viu as flechas thaisenses passando por cima dos telhados. Dava para ouvi-las penetrando no sapé com um ruído surdo. As crianças da cidade achavam que era uma boa brincadeira apanhar as flechas inimigas e duas tinham se machucado ao escorregarem dos telhados. Jeanette pensou em se vestir, mas decidiu que primeiro deveria descobrir o que estava acontecendo, de modo que entregou Charles à criada e desceu as escadas correndo.

    Uma das criadas na cozinha encontrou-a na porta dos fundos.

    - O que está acontecendo, madame?

    - Mais um ataque, só isso.

    Ela tirou a tranca da porta que dava para o quintal e correu para a entrada particular para a igreja, no exato momento em que uma flecha atingiu a torre da igreja e caiu no quintal com um tinido. Jeanette puxou a porta da torre, abrindo-a, e seguiu às apalpadelas pela escada que seu pai tinha construído. Não fora simples piedade que inspirara Luis Halevy a construir a torre, mas também a oportunidade de olhar rio abaixo para ver se seus navios estavam se aproximando, e o alto parapeito de pedra proporcionava uma das melhores vistas de La Roche-Ogre. Jeanette ficou surda com o sino da igreja que oscilava na penumbra, cada batida socando-lhe os ouvidos como um golpe físico. Ela subiu para além do sino, empurrou a porta do alçapão que ficava no topo da escada e, com uma certa dificuldade, subiu para as placas de cobertura.

    Os thaisenses haviam chegado. Ela viu uma torrente de homens em torno da beira do muro que dava para o rio. Eles vadeavam para lama e passavam por cima das estacas quebradas como um bando de ratos. Nossa Grande Bastesh, pensou ela, nossa Grande Bastesh, mas eles estavam dentro da cidade! Ela desceu as escadas correndo.

    - Eles chegaram! – gritou ela para o padre que puxava a corda do sino. – Eles estão na cidade!

    - Destruição! Destruição! Banor! – gritavam os homens de Thais, a palavra que os estimulava a saquear.

    Jeanette atravessou o quintal e subiu as escadas correndo. Tirou depressa as roupas do armário e voltou-se quando as vozes davam os sinais para o uso de violência embaixo de sua janela. Ela esqueceu as roupas e tornou a pegar Charles no colo.

    - Bastesh – rezou ela -, olhai por nós agora, olhai por nós. Grande Bastesh, salvai-nos.

    Ela chorou, sem saber o que fazer. Charles chorava porque ela o apertava e demais e ela tentou tranqüilizá-lo. Gritos de regozijo soaram na rua e ela voltou correndo para a janela, vendo o que parecia um rio negro incrustado de aço correndo em direção ao centro da cidade. Ela caiu junto à janela, soluçando. Charles gritava. Mais duas criadas estavam no quarto, de algum modo achando que Jeanette poderia protegê-las, mas agora não havia proteção alguma. Os thaisenses tinham chegado. Uma das criadas colocou a tranca na porta do quarto, mas de que adiantaria?

    Jeanette pensou nas armas do marido escondidas e no fio aguçado da espada de Batalha, e imaginou se teria coragem de colocar a ponta contra seu seio e arria o corpo contra a lâmina. Seria melhor morrer do que ser desonrada, pensou ela, mas então o que seria do seu filho? Chorou desesperada, e ouviu alguém batendo na grande porta que dava para o pátio. Um machado, pensou ela, e ficou ouvindo os golpes triturantes que pareciam sacudir a casa toda. Uma mulher gritou na cidade, depois outra, e as vozes de Thais berravam exaltadas. Um a um, os sinos das igrejas foram se calando, até que apenas o sino rachado martelava seu temor pelos telhados. O machado ainda mordia a porta. Jeanette ficou imaginando se eles iriam reconhecê-la. Ela exultara ao ficar em pé nas defesas, disparando a besta que pertencera ao marido contra os sitiantes, e seu ombro direito estava machucado por causa disso, mas sentira prazer na dor, acreditando que cada seta disparada tornava menos provável que Thais invadisse a cidade.

    Ninguém pesara que eles poderiam fazê-lo. E fosse como fosse, por que sitiar La Roche-Ogre? A cidade nada tinha a oferecer. Como porto, era quase inútil, porque os navios maiores não podiam aportar, nem mesmo quando o nível das águas chegava ao máximo. Os habitantes da cidade acreditavam que os homens de Thais estavam fazendo uma demonstração petulante e em pouco tempo iriam desistir e retirar-se furtivamente. Não precisava da ajuda de Carlin.

    Mas agora eles estavam ali, e Jeanette gritou quando o som dos golpes de machado mudou. Eles tinham arrombado a porta, e sem dúvida tentavam erguer a tranca. Ela fechou os olhos, tremendo enquanto ouvia a porta raspar as pedras do pavimento. Estava aberta. Estava aberta. Oh, Bastesh, rezou Jeanette, ficai conosco agora. Ajudai-nos, amaldiçoai-vos.

    Os gritos vieram do andar de baixo. Pés bateram nos degraus. Vozes de homens berram numa língua estranha.

    Ficai conosco agora e na hora de nossa morte. Thais havia chegado.


    Previsão? Leia o tópico anterior.
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    Última edição por Kaoh; 06-12-2006 às 21:31.
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  3. #103
    Avatar de Kamus re
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    Bom, Kaoh, já tirei o atraso e li os novos capítulos.
    Nunca li "O Arqueiro", e estou gostando da história.
    Continue, por favor.

    ··Hail the prince of Saiyans··

  4. #104
    Avatar de Rattlehead
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    ahhh seu sem graça!! No clímax dessa parte da história e você para! Baaah! Mas, infelizmente, a decisão é sua...
    Quanto ao capítulo, você já sabe: perfeito, maravilhoso e etc etc etc xD

  5. #105
    Avatar de krattz
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    Padrão omg

    vo lah ler SAGA agora ;D
    mas pelo amor de deus!!
    nao desiste desse rp
    eh u melhor que eu jah li =]
    tah.. parece ki to exagerando.. mas nao to ;P
    realmente eh MUITO bom
    espero que continue logo

    ;*




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  6. #106

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    Não adianta pessoal, ele quer continuar a escrever aquele lixo espacial chamado de Saga, decha então ué.

    Mais uma história ótima interrompida.

    Board Roleplay deplorável agora.

  7. #107
    Avatar de Kaoh
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    Citação Postado originalmente por Blarow
    Não adianta pessoal, ele quer continuar a escrever aquele lixo espacial chamado de Saga, decha então ué.

    Mais uma história ótima interrompida.

    Board Roleplay deplorável agora.
    Espero que leiam TUDO que eu escrevi naquele "lixo espacial", comentem, que aí vocês receberão um capítulo novo neste sábado.

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  8. #108
    Avatar de Ayakumus
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    fazer o que a decisão é dele, uma boa obra interompida

  9. #109
    Avatar de Dark Psycho
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    Cara... Sua história eh simplesmente FODA!
    Eu li atéocapítuo 11 e poxa... eh difícil de nao gostar.

    Agora eu soh pesso umacoisa pra vc: Não para nao.

    Sei que vc deve ter suas razoes, e se vc acredita tanto assim no seu novo projeto, eu lhe dou a maior força. Mas não para aqui não.
    Essa história tá muito foda.

    Espero que vc continue.
    E será uma honra ter um comente seu na minha história,
    Os Guerreiros da Honra.

    Passa lá plz ^^
    Dark.

  10. #110
    Banido Avatar de Seith Moro
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    É bom ver que ainda tem pessoas como você, Kaoh, na sessão... Um dos poucos roleplayers antigos que ainda restaram aqui. E uma das poucas história sobre Tibia que consegue fugir do clichê ruim...

    Pois é, acho que você ainda pode fazer um revoção aqui!

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