A antiga taverna do Karl, em Carlin, com suas paredes cobertas de musgo e sujeira estava bastante movimentada naquela noite. Lá estava gente dos mais variados tipos, um anão acompanhado de um alto mago, elfos de Shadowthorn, ogros exilados de Ulderek’s Rock, todos em busca de um novo estilo de vida em Carlin, além deles tinha um bardo, quieto, com a cabeça abaixada e com uma besta pousada sobre a mesa, bebendo tudo que podia ali.
De repente o bardo se levantou, pousou a caneca vazia sobre a velha mesa de teixo. Era magro e baixo, com cabelos loiros e longos, muito parecido com um elfo. Ele pegou seu alaúde, e começou a tocar as primeiras notas. Um sol maior, passando para um fá, e em seguida um dó, uma harmonia estranha e desafinada, mas chamava a atenção de quase todos ali, então ele começou a falar.
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— Orcs! Escutem essa canção!
Anões! Escutem essa canção!
Elfos e ladrões!
Creio que disso nunca se esquecerão!”
A pequena rima faz com que todos voltassem sua atenção para o bardo, inclusive o bisneto de Karl, antigo dono e criador da taverna, que se esqueceu de servir os clientes. Então o bardo começou a cantoria.
“
Em um dia de festa
cerveja de sobra
pouca conversa
um pega a harpa e começa a trova.
A guarda distraída
todos sob efeito da bebida.
Um grito se escuta
e então o povo se assusta.”
A música cessa por alguns segundos, o público começou a cochichar entre si, de repente o bardo começa um dedilhado muito bem executado e cada vez mais rápido, o ritmo ficou um pouco assustador e sombrio, quando o bardo começa a cantar novamente, mas dessa vez com uma voz gutural e assombrosa.
“
Ciclopes! Atacando!
Não há escapatória!
A derrota é evidente,
sem chance para a vitória!
A guarda bêbada
não presta para nada,
e facilmente Kazordoon
será tomada!”
Então a canção foi interrompida pelo anão que estava acompanhado pelo mago.
— Pare já essa canção! Não conte essa mentira para as pessoas! — Disse o anão furioso.
— Desculpe senhor, mas o que há de errado na história? — Perguntou o bardo confuso.
— A guarda não estava bêbada e a cidade não estava em festa. Os ciclopes estavam sendo auxiliados pelo Basilisco! — Esclareceu o anão apressadamente.
O bardo e todas as pessoas do local começaram a rir do anão. — E como podemos acreditar em você nanico, todos aqui sabem que todos de lá morreram ou foram aprisionados. — Disse alguém da multidão.
O anão tirou um martelo brilhante da mochila e ergueu-o para que todos pudessem vê-lo. — Essa, meus amigos, é a verdade! Os ciclopes foram à Kazordoon por isso! Eu fui encarregado a proteger o martelo dos ciclopes! — Disse o anão, já sem paciência.
— Então os boatos do martelo eram verdadeiros? O Martelo do Trovão realmente existe? Então isso quer dizer que você é Nevrok, o sobrevivente da lenda? — Perguntou o bardo assustado.
— Quantas vezes eu terei que dizer que não há lenda nenhuma! — Disse o anão já perdendo a calma.
O mago se levantou de onde estava e foi em direção à multidão. — Acalme-se Nevrok. — Disse o mago colocando a mão sobre o ombro do anão.
— Sim, jovem bardo, a lenda é verdadeira, este é o Martelo do Trovão e este é Nevrok, o anão que escapou. — Esclareceu o mago.
A multidão fica espantada e trocaram olhares ao saber que a lenda era verdadeira. Nevrok e o mago, aproveitando a situação, saíram da taverna para evitarem mais confusão.
— Anão tolo! Que negocio é esse de levantar o martelo e bradar com todas as forças do seu pulmão que você é o anão da lenda e que os ciclopes estão atrás de você? — Xingou o mago, fazendo com que o anão se encolhesse.
— Você sabe como são os anãos, quando bebem perdem o controle e fazem essas besteiras. Mas e agora Mirzig, o que faremos, minha cidade foi tomada, e logo os ciclopes virão atrás de mim! — Suplicou Nevrok.
— Não só quando estão bêbados, não é, a sua gente é experiente e fazer isso. — Zombou o mago — Creio que deveremos dar algum jeito de reconquistar a cidade, e acho que esse bardo intrometido poderia ser útil! — Disse Mirzig indo em direção a um barril vazio e tirando o bardo de traz dele.
— Desculpe senhor mago, eu fiquei tão atraído pela história de vocês, imagine quantas canções isso daria! — Disse o bardo animado e amedrontado ao mesmo tempo.
— Me chame de Mirzig, não sou tão velho assim para ser chamado de “senhor mago”, atrás dessa longa barba branca e do chapéu pontudo há um espírito jovem meu amigo. Agora diga-me, qual o seu nome? — Perguntou o mago educadamente.
— Karmin, Jonas Karmin, senhor ma.. senhor Mirzig. — Disse o bardo prontamente.
— É um belo nome, você estaria interessado em acompanhar-nos para proteger o martelo e tentar resgatar a cidade? — Perguntou Mirzig.
O anão Nevrok remexeu-se e cochichou para Mirzig: — Eu não confio nele, ele parece um elfo, e eu odeio elfos, acha que é uma boa idéia levá-lo conosco?
O mago não deu resposta ao anão, já que era um mago, tinha completa razão que sabia o que fazia. O silêncio foi quebrado com a resposta do bardo.
— Sim, é claro que eu aceito, será uma excitante aventura, e espero escrever sobre ela quando completarmo-la. — Respondeu Jonas.
O trio se dirigiu a uma hospedaria a quinze passos ao norte dali, estavam cansados e precisariam de energia para planejar uma estratégia para reconquistar A Grande Velha.
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O Martelo do Trovão, objeto carregado pelo anão Nevrok, refere diretamente ao item "Thunder Hammer", principal tesouro de Kazordoon, e uma das clavas mais cobiçadas pelos jogadores.
A Grande Velha (The Big Old One) é na verdade o nome da montanha onde Kazordoon está situada.