Prezados,
Seguem os textos para a quarta disputa do 2º Torneio Roleplay!
O Tema dessa disputa foi Banuta!
Todos podem votar, basta lerem os dois textos e votarem no que acharem melhor (Texto 1 ou Texto 2)!
PS: Não vou revelar quem escreveu cada um, e peço que vocês também não revelem.
Texto 1
Spoiler: Texto 1
Contos de bar
Vou contar para vocês como foi a minha história na sociedade dos exploradores. Eu era jovem e tinha chegado ao continente há cerca de um ano, eu tinha acabado receber minha promoção como Paladino Real, mas para falar a verdade, queria apenas aprender os segredos de combate dos paladinos... Onde eu estava? Ah, sim, eu estava em Port Hope, tinha pegado minha promoção há duas semanas, e fui viajar com um amigo mais experiente. No começo não gostei da praia, mas a cidade era agradável. Improvisávamos acampamentos todas as noites, algumas vezes nos juntávamos com outros viajantes... Acho que vou pular esta parte da história... Traga uma caneca para mim! Então... Então, um dia decidi entrar para a Sociedade dos Exploradores, e fui fazer uma entrevista; eu não me lembro dos detalhes, mas entre uma coisa e outra tinha que viajar e explorar para mostrar que podia entrar na sociedade... Ah, vou pular esta parte também. Cadê minha cerveja!? Á, já está na mesa? Eu não estava dando a mínima para as missões, na verdade meu amigo Jack que fazia todo trabalha, eu só ia junto com ele e dividíamos o crédito das missões. Eles viram que eu era um novato preguiçoso, então um dia quando no posto em Port Hope eles me mandaram para um lugar diferente do Jack, ele já era praticamente um membro, mas eles ainda queriam ver se eu merecia... Alguém paga outra cerveja para mim? Obrigado. Então, eu estava em Banuta; já tinha ido à floresta com o Jack, e estava confiante, mesmo sem ele para segurar os macacos eu conseguiria me virar lá. Não lembro bem o que tinha que fazer, minha missão estava escrita numa carta e deixei-a na mochila até terminar de montar um acampamento na floresta. Eu estava lá, tranquilo terminando de montar a fogueira e vi, em baixo de uma árvore, um coelho, mesmo estando escuro peguei uma pedra, joguei, quebrei um galho da arvore, o galho caiu numa pedra grande, e a pedra caiu na cabeça do coelho... Como assim estou inventando? Ah, não tem coelhos lá? Então matei o ultimo da espécie. Esqueci onde estava, tragam-me outra cerveja!
Uma história como esta merece mais uma caneca, se não gostaram até agora prestem atenção. Eu estava limpando preparando um gambá que peguei no mato quando comecei a ouvir um barulho. Eu vi que no lugar onde tinha jogado as tripas do animal outro bicho saiu correndo da moita; foi nesta hora que percebi o perigo. Peguei minha lança e numa mão e segurei uma tocha na mesma mão do escudo, fui andando um pouco e decidi tentar assusta-los dei um grito tentando imitar um animal feroz, parecia que deu certo pois não fui atacado, quando voltei para o acampamento... Sim, mais uma cerveja. Quando voltei vi um macaco comendo meu coelho assado... É um gambá e um coelho, peguei os dois na mesma pedrada, deixe contar a história. Então ele estava comendo minha comida, eu gritei para espanto, e quando ele se virou, nós dois nos assustamos. Era um homem usando roupa dos macacos. Falei “ah, que susto, pensei que era um macaco”, mas ele não respondeu, ele se chegou perto mexeu nas minhas roupas me cheirou e se afastou. Quando vi ele estava mexendo nas minhas coisas. Depois de falar para ele soltar, mas quando cheguei perto ele pegou minha mochila e sai correndo. Corri atrás dele a noite toda, foram 5 horas sem parar nem descaçar até que ele chegou à sua toca. Outros macacos estavam lá, não percebi mas ele tinha me levado para o lugar onde os macacos moravam, logo fui cercado e eles me capturaram. Na verdade, fui luta épica tomei a lança de um deles os golpeava, mas seus reflexos eram bons comparados ao meu cansaço. Eles me pegaram, mas só porque eu estava desarmado, eu tenho instinto assassino e acabaria com eles se tivesse uma pedra, entenderam? Então eles me levaram como prisioneiro.
Ah ninguém mais vai pagar uma caneca? Deixa, então, mas sem cerveja a história não é a mesma saibam disto! Como falei, os macacos me capturaram; falei que eram macacos, não falei? Eles me deixaram amarrado embaixo de uma árvore, e no outro dia aquele homem veio me ver. Uns macacos vieram com ele, então percebi que eles estavam conversando. Não pensava que aqueles macacos sabiam falar, mas eles têm um tipo primitivo de comunicação, e aquele homem falava com eles. Depois de uns dias vi que o homem parecia mesmo um macaco. Continuei com os braços amarrados por alguns dias, até que consegui sair... Então sai uma caneca para eu contar como? Hehe, eu vou contar como saí de lá. Todo dia eles me davam comida, não gostava muito, a comida dos macacos era geralmente frutas, insetos e vegetais. A caça dava pouca carne, então eles não me davam carne... Meus braços estavam amarrados para frente, para que eu pudesse comer e me levantar, mas ainda tinha movimento com as mãos. Não era muito mas o suficiente para tirar e colocar coisas na boca. Um dia vi que um inseto estava comendo a corda; eu nunca os comia, mas desta vez, coloquei todos os insetos na boca. Eles ficaram se mexendo por um alguns minutos, até ver que podia coloca-los na corda. Depois de três dias escondendo insetos, eles conseguiram roer mais da metade da corda de cipó. Fiquei a tarde quase toda tentando arrebentar a corda, mas só consegui quebrar um pedaço. Estava exausto e não parecia que dava certo, mas vi que consegui mexer minha mão esquerda. Passei a noite toda tentando afrouxar a corda. Só parei quando vi um sol nascendo... Na outra noite, consegui terminar de me soltar, mas fui esperto e fiquei mais um pouco. Quando vieram me dar de comer, eu agarrei um dos macacos com minhas mãos e amarrei-o; peguei umas pedras no chão e nocauteei outros cinco com um único arremesso, peguei uns gravetos e fiz uma fogueira e acabei com o acampamento deles e... É eu não fiz nada disto, não verdade eu saí quando um grupo de exploradores veio me buscar, não fui aceito por falhar na missão, mas eu garanto, realmente existia um homem-macaco lá.
Texto 2
Spoiler: Texto 2
A Esquecida Cidade em Ruínas
— Estou lhe dizendo, Fidal; não se pode saber quais tipos de criaturas habitam essa selva — dizia Primm, entre um gole e outro de cerveja. — É muito fechada, profunda, cheia de obstáculos. Se quiser saber, digo que deve ter por lá coisa muito pior do que trolls e crocodilos.
— Dizem que há macacos — disse o jovem Bolne, querendo dar sua contribuição à história de Primm. — E uma espécie de cidade, onde habitam.
— Claro que há! — disse Primm, agitando a caneca de cerveja e derrubando um pouco do líquido sobre a mesa. — Eu sei sobre os macacos. Já os vi, se esqueceu? Sim, os vi. Cacei alguns deles quando eu e Derbald juntamos um grupo e saímos para explorar um pouco daquele matagal. Nem imagina o quanto são ferozes, aqueles bichos.
— E como foi essa caçada, Sr. Primm? Essa sim é uma aventura e tanto! — disse Fidal, curioso para ouvir mais histórias do velho aventureiro.
— Pudemos trazer um bom punhado de lembrancinhas, se é o que quer saber. As peles deles valem algum dinheiro, porque há quem use os pêlos para fabricar coisas. Que tipo de coisas fabricam com aqueles pêlos, não me pergunte; não sei, e tampouco desejo saber quem é o homem que vê utilidade naquilo. Mas nossa caçada não foi muito além disso. Atacam que não é brincadeira, aquelas pestes, com pedras e tudo mais quanto puderem jogar nas pessoas. Fazem uma verdadeira algazarra. E alguns são realmente grandes, o suficiente para meter medo num leão. Mas que seja. Não fomos até lá para caçar macacos, no fim das contas. Fomos apenas para explorar, e esse agradável encontro foi apenas um acaso.
— E quanto à cidade, Sr. Primm? — perguntou Bolne, quando o velho aventureiro fez uma pausa na sua história para poder saborear alguns generosos goles de cerveja. — O senhor não falou dela. Realmente existe, ou são apenas histórias que contam para impressionar?
— Bom, eu não vi cidade alguma — respondeu Primm, quando finalmente repousou a caneca na mesa. — Não fui fundo o suficiente na selva para encontrá-la, se é que ela existe. Quem seria desabotinado o suficiente para se aprofundar num mato daqueles?
— Os homens da Sociedade de Exploração talvez sejam — disse Garendor, outro aventureiro experiente, que estava sentado à uma mesa próxima, ouvindo a conversa. — Eles vão fundo na selva, e certamente têm um bocado de histórias para contar. Mas também devem ter muito o que fazer, de modo que não podem narrá-las para ouvintes curiosos numa taverna.
— O que é isto, Garendor? — perguntou Primm, sacudindo sua caneca na direção do homem. — Assim me ofende. Fala como se eu fosse um fofoqueirão que nada tem a fazer, a não ser contar anedotas para curiosos. Você também é membro da Sociedade, entretanto, está aqui numa taverna, assim como eu.
— De maneira alguma quis lhe ofender, Sr. Primm — disse Garendor, rindo. — Estou apenas a brincar com o senhor. Sei bem das suas aventuras, e tenho pelo senhor o respeito que merece.
— Menos mal, menos mal — disse Primm, gargalhando, enquanto levava a caneca à boca mais uma vez. — Mas, se me perguntar, digo que ninguém em sã consciência entraria numa selva fechada daquelas, infestada de macacos assustadores e outras criaturas estranhas. A Sociedade só pode estar mal da cachola quando pensa em mandar homens para lá.
Fidal adorava ouvir as histórias do velho Primm. O homem fora membro da Sociedade de Exploração por muitos e muitos anos, mas sempre relutara em se aprofundar na selva de Tiquanda. Dizia que isso era coisa para desmiolados, pois qualquer um que estimasse a vida desejaria distância das feras que lá habitam. Mesmo assim, já fizera várias expedições, e agora, tendo se retirado da Sociedade por causa da idade, tinha muitas histórias para contar. Era fácil encontrá-lo na taverna, onde ficava conversando com o dono do lugar — que de tanto ouvir seus causos, acabara por se tornar seu amigo —, ou contando histórias aos que sentavam-se perto dele. No final, toda a taverna estava ouvindo as histórias e aventuras de Primm.
Fidal se encantava com as histórias do aventureiro, não apenas porque eram realmente boas e divertidas — o velho tinha um humor admirável —, mas também porque lhe lembravam de seu pai, e das histórias que ele contava.
O pai de Fidal também fora membro da Sociedade de Exploração. Vivia em Thais, mas fora enviado à Port Hope a pedido da Sociedade, que precisava de corajosos homens para desbravar a selva de Tiquanda. Naquela época, Fidal era ainda uma criança, e seu pai sempre lhe dizia para nunca aventurar-se pela selva, pois abrigava perigos maiores do que a imaginação poderia conceber. Contava-lhe muitas histórias sobre suas viagens, sempre fazendo questão de repetir o aviso. Por sorte ou proteção divina, o homem nunca fora enviado às profundezas da selva. Morrera alguns anos atrás, numa expedição por uma terra gelada, ao norte.
Naquela noite, quando voltava para sua casa, as histórias de Primm não saíam de sua cabeça. Gostaria muito de ter histórias assim para contar, um dia. Queria ser como seu pai, um grande aventureiro, e não ficar apenas nos arredores da cidade. Não; queria uma aventura maior. Pensava nisso havia muito tempo. Queria ver de perto a temida e tão falada selva de Tiquanda. Mas levaria em conta os conselhos de seus pais; não se se aproximaria da parte mais profunda da selva, onde os perigos eram desconhecidos.
Na manhã seguinte, após um rápido desjejum, Fidal preparou todas as suas coisas e saiu de sua casa. O Sol tinha acabado de nascer quando ele deixou a cidade. O rapaz tinha boas noções de viagens e aventuras, graças ao seu pai. Estava seguro que iria e voltaria são e salvo, com uma ótima história para se lembrar.
Depois de andar algum tempo em direção ao norte, a selva começou a dar sinais que as histórias contadas sobre ela eram muito verdadeiras. Quando se aproximou de um pequeno lago, avistou alguns crocodilos, e — sentiu um frio na barriga — gosmas do pântano. Como odiava aquelas criaturas! Sempre atacando os viajantes, multiplicando-se sem parar.
Trazia uma espada à cintura, mas pensou que seria mais sensato evitar aquelas criaturas. Sabia que parar para atacar criaturas na selva não era uma boa ideia. Elas eram inteligentes, e, sorrateiramente, cercavam o aventureiro, ceifando-lhe a vida sem piedade.
Deu a volta, passando longe deles, mas o atalho não lhe rendeu bons frutos. Era uma região pantanosa, e encontrou justamente um grupo de trolls do pântano. Avistando-o, logo partiram-lhe ao encontro, e Fidal começou a se arrepender da ideia de se aventurar pela selva.
Cercado, não lhe restava outra alternativa, a não ser correr para a única direção livre. Foi o que fez; ligeiro, deu a volta pela direita, tentando se valer da velocidade para fugir das criaturas. Porém, a pressa sempre traz consequências; seus passos assustados foram ouvidos por outras criaturas.
O rapaz correu o mais rápido que pôde, enquanto trolls, gosmas e sapos enormes apareciam por entre as grandes plantas da selva, de tantos lugares quanto se podia imaginar. Insetos e vespas o seguiam de perto, e ele precisava cuidar onde iam seus pés para evitar as várias cobras que habitavam ali. Por que tivera a ideia de entrar naquela selva? Era mesmo um tolo para tomar uma decisão tão irresponsável como aquela. O velho Primm estava certo; só um desabotinado entraria naquele matagal cheio de bichos.
Desnorteado, correu e correu, pensando apenas em salvar sua vida, evitando até mesmo olhar para trás. Só parou quando deu de cara com um grande corpo d'água; era o oceano.
Atingira uma península. Precisava se virar e ver se ainda o perseguiam. Reuniu a coragem que lhe restava e olhou; não havia sinal de bicho algum, exceto algumas cobras, que ele logo matou. Estava livre, mas perdido.
Como voltaria? Não sabia nem onde estava. Nunca fora tão longe assim da cidade. Mesmo que soubesse o caminho, que faria? Precisaria encarar todos aquelas criaturas de novo, que agora estavam alertas, sabendo que um humano andava pela selva.
O rapaz sentou-se à beira d'água e ficou a pensar no que faria. Precisava ter uma ideia, ou estaria condenado a viver na selva para sempre, fugindo de seres assustadores, precisando buscar alimento com suas próprias mãos. Pensou durante algumas horas, até à tarde, mas nenhuma ideia nova lhe ocorreu, senão a única que tinha desde que chegou àquela península; reunir toda a coragem que pudesse, sacar a espada e desbravar o caminho de volta.
Enquanto pensava, resolveu tomar um banho naquela água tão azul; afinal, já enfrentara perigos o suficiente naquela selva para tornar-se merecedor de um banho em suas águas. Deixou seus pertences à margem e pulou n'água.
Nadou e mergulhou, enquanto esperava, em vão, que as águas límpidas do oceano lhe ajudassem a ter alguma ideia. Olhava para o céu e para as nuvens, tentando se tranquilizar, quando ouviu um som atrás de si; o ruído de passos na grama, e um leve retinir metálico que muito lembrava o som da sua espada movendo-se ao cinto.
Virou-se rapidamente, e viu um macaco mexendo em suas coisas. Com a mão esquerda, tocava em sua espada, e na direita já segurava sua camisa. Nunca antes vira uma criatura daquelas! O que faria, sem sua espada?
Por sorte, quando o macaco percebeu que fora notado, largou a espada ao solo e começou a fugir. Fidal saiu da água o mais ligeiro que pode, recuperou a espada e verificou seus pertences; sua mochila estava ali, mas seu colar — lembrança de seu pai — desaparecera; o macaco o tinha levado junto com sua veste!
Praguejando mil maldições contra a criatura, lançou a mochila às costas de qualquer maneira e começou a perseguir o animal, enquanto afivelava à cintura o cinto com a espada. Por que um macaco iria querer uma camisa, afinal? Na certa, apenas o roubara porque pensara ser um tecido bonito.
O macaco corria muito mais rápido e se embrenhava pela selva, mas Fidal o perseguia mato adentro; não abriria mão da lembrança do seu pai. Não deixaria aquele colar nas mãos de uma criatura qualquer, que provavelmente o trataria como se fosse um pedaço de cordão. A selva ficava cada vez mais fechada, com grandes e assustadoras plantas surgindo a todo lado, típicas daquela região.
Selva adentro, Fidal o perseguia. Subitamente, todos os conselhos de seus pais vieram à sua mente, assim como avisos do velho Primm. Devia realmente ser um maluco; já havia se afastado o suficiente da cidade, e agora se embrenhava pela parte mais profunda da selva, perseguindo uma criatura que nem conhecia.
Começou a ficar sem fôlego, e já não conseguia mais correr tão ligeiro. O macaco, porém, continuava embrenhando-se pelo mato com notável habilidade. Fidal já começava a perdê-lo de vista, quando, por entre as plantas, surgiu outro macaco; este era muito maior que o outro, forte e encorpado, de aparência bem mais assustadora. Rugiu ferozmente e avançou em direção do rapaz. Antes de continuar sua fuga, porém, o macaco virou-se para jogar duas ou três pedras na direção de Fidal, que, apesar de não atingirem o alvo, serviram como boa provocação.
Sem fôlego para fugir, Fidal já acreditava ter chegado ao fim dos seus dias; porém, um projétil atingiu a criatura em cheio, matando-a imediatamente.
— Que estás a fazer, rapaz? — perguntou aquele que atirara. — Tentavas tornar-te jantar de kongra? Se for esse o caso, devo dizer que estavas prestes a ter êxito na façanha.
Fidal olhou para seu salvador; era um homem garboso vestindo uma bela armadura, trazendo nas mãos uma balestra. Era um caçador!
— Perdi-me na selva — disse Fidal prontamente, como que pedindo auxílio. — Saí para explorar, mas falhei em encontrar caminho de volta.
— Perdido na selva? — repetiu o homem, olhando Fidal de alto a baixo. — Vejo que tens uma espada, e trazes uma mochila às costas, mas não me pareces um explorador. Não sabia que exploradores andavam pela selva parcialmente despidos. De qualquer forma, vem comigo; levar-te-ei aos meus camaradas, e então, veremos como te ajudar.
Tendo dito isso, virou-se e começou a caminhar. Fidal acompanhou-o de perto, ainda ofegante devido à longa corrida.
— Senhor, se me permites perguntar, de onde és? — indagou-lhe o rapaz. — Vejo que tua maneira de falar não é como a dos habitantes dessa região. Parece-me que vens do continente principal.
— De fato, não sou daqui — disse o caçador, enquanto caminhava pela selva como se conhecesse muito bem o lugar. — Sou de Thais.
— Meu pai também era — disse Fidal. — Mas foi enviado a essa região pela Sociedade. Também fazes parte dela, senhor?
— A Sociedade de Exploração, dizes? Não, nada tenho a ver com essa sociedade. Sou apenas um caçador. Mas dize-me lá, o que pretendias vindo tão longe na selva?
— Entrei a fim de explorá-la, mas fui perseguido por muita criaturas — disse Fidal, e contou-lhe tudo que acontecera até então.
— És muito irrefletido, rapaz — disse o caçador. — Como pudeste deixar tuas coisas à margem d'água, enquanto nadavas tranquilamente? Em vez de um macaco, poderia ter sido roubado por um ladrão. Tens sorte de ele não ter te levado algo mais.
— Tens razão — disse Fidal. Sabia que cometera muitas irresponsabilidades desde que saíra da cidade. Como o velho Primm estava certo!
— E ainda cometeste o grande erro de persegui-lo. Não sabes que muitos aventureiros encontram seu fim dessa forma? Esses macacos são espertos; correm dos inimigos e atraem-nos até a cidade onde vivem. Uma vez lá, o sujeito é cercado por dezenas deles, e encontra sorte terrível.
— Então realmente há uma cidade construída pelos macacos? — indagou Fidal, sem poder se conter.
— Certamente, há uma cidade — respondeu o caçador. — Banuta, é o seu nome. Mas não sei se foi construída por eles. Creio que não seriam capazes de tal feito; são demasiado selvagens. A cidade está em ruínas, porque eles parecem tê-la largado à própria sorte, apesar de viverem lá. Ouvi dizer que aquela cidade foi construída pelos lagartos, que habitam lá nas bandas do sudeste.
Por fim, chegaram à um local onde a selva era menos fechada, e ali estavam três homens; dois usavam lustrosas e pesadas armaduras, trazendo nas mãos belas espadas e escudos. O outro parecia ser um feiticeiro, pois carregava um cajado.
— Eis meus companheiros — disse o caçador, apresentando-os. — Estes bravos cavaleiros são Colinír e Thelben. E este é Gaelath, talentoso mago de Edron. E eu sou Elwendrid, meu rapaz.
— E quem é este que trazes contigo, Elwendrid? — perguntou o cavaleiro chamado Thelben. — Prontamente nos apresentaste a ele, mas sequer sabemos de quem se trata.
— Meu nome é Fidal — disse o rapaz. — É uma honra conhecê-los, senhores.
— Encontrei este rapaz quando ele tentava se entender com um kongra — explicou Elwendrid, e resumiu-lhes os acontecimentos.
— Que pretendes fazer agora? — perguntou Gaelath. — Queres recuperar teu colar?
— Por certo, senhor — respondeu o rapaz. — Não me conformo em tê-lo perdido. É de grande valor para mim.
— Por que não o ajudamos a encontrar o tal colar, Gaelath? — perguntou Elwendrid, sorrindo. — Já estamos caçando, mesmo.
— Não sei, Elwendrid. O rapaz não parece acostumado com caçadas. Se acabar se ferindo, ou coisa pior, carregaremos na consciência a culpa pelo seu destino — disse Gaelath.
— Ora, nada lhe acontecerá enquanto estiver ao meu lado — disse o caçador. Voltando-se para Fidal, disse: — Façamos assim, rapaz; iremos caçando, dando voltas pela cidade. Fica com o olho bem atento, e quando veres o macaco que roubou-te o colar, avisa-nos. Daremos um jeito no bicho, e poderás recuperar o que é teu.
O rapaz agradeceu muito, enquanto Elwendrid preparava sua balestra para caçar alguns macacos. — Banuta está logo ali — disse ele, começando a andar e fazendo sinal para que o seguissem.
Os caçadores andavam em volta de Fidal, protegendo-o. Deram algumas voltas pela cidade e em torno das antigas construções, derrubando vários tipos de macacos diferentes, enquanto Fidal olhava atentamente para cada um que tombava, certificando-se que não estava com seu colar.
Depois de caçarem umas boas dúzias, ao passarem próximo a um dos edifícios em ruínas, Fidal finalmente encontrou aquele que tinha levado seus pertences; estava no topo da construção, e usava a camisa do rapaz amarrada toscamente ao peito, à guisa de ornamento. Trazia o colar na mão esquerda.
— Ali está! — disse Fidal, indicando com o dedo. — No topo daquela edificação!
Elwendrid deu o comando para seus companheiros, e eles prontamente cercaram a construção. Vários macacos surgiram, partindo sobre eles; Gaelath pôs-se à frente no mesmo momento e começou a atacá-los com magias de fogo.
— Acho que ficarei ocupado por um tempo, Elwendrid — gritou o mago, em meio à luta. — Continuem, enquanto dou um jeito nesses atrevidos.
Entendendo que não havia tempo para maiores estratégias, o caçador assentiu e fez sinal para que subissem. Ao subirem, deram de cara com um bando ainda maior; os cavaleiros prontamente começaram a repeli-los, enquanto Elwendrid disparava setas certeiras.
— Sobe o último andar e pega o que te pertence, rapaz — disse, derrubando mais um macaco. — Acabaremos com estes aqui. Apressa-te!
Um tanto desorientado, Fidal correu escada acima, e finalmente encarou seu inimigo. Nunca antes tinha lutado contra um macaco daqueles, mas daria seu melhor; tinha atravessado a selva e andado por aquela cidade em ruínas só para encontrá-lo!
Sacou a espada, e, o mais rápido que pode, desferiu um golpe; o macaco, rápido como ele só, rolou para o lado e preparou-se para pular. Pretendia fugir novamente.
Percebendo isso, Fidal rapidamente deu-lhe um pontapé, atingindo-o nas costelas e fazendo-o cair para o lado. Sem perder tempo, o rapaz acertou-o com a espada na altura do peito. A vitória estava próxima.
Ferido, o macaco ainda tentou fugir, mas tudo o que conseguiu fazer foi escorregar para o andar inferior. Percebendo que não escaparia, reuniu as forças que lhe restavam, fez menção de jogar o colar para longe.
Ao ver isso, Fidal irou-se. Depois de tudo isso, aquele macaco ainda ameaçava lançar longe sua lembrança mais preciosa, como quem atira uma pedra? Segurou forte a espada com as duas mãos e pulou para o andar inferior, caindo com a ponta da lâmina no peito da criatura que lhe causara tantos transtornos; estava acabado. Finalmente, acabara-se sua perseguição por aquele ladrão!
— Vejo que te saíste bem em tua primeira caçada — disse Elwendrid, enquanto Fidal arrancava o colar da mão do macaco. Os outros companheiros do caçador também haviam terminado de liquidar seus oponentes. — E quanto à camisa? Não a levarás?
— Não a desejo mais — respondeu Fidal, olhando com aversão para a roupa, que agora estava torcida, suja e cheia de pelos, junto ao corpo do macaco. — Ele que a leve consigo, já que a queria tanto.
— Voltemos, então? — perguntou Thelben. — Precisamos levar o rapaz para a cidade.
— Para a cidade? — perguntou Fidal. — E eu terei vindo tão longe, passado por tantos problemas, apenas para isso? Cacemos alguns macacos.
—Vejam só, meus caros — disse Elwendrid, gargalhando. — Parece que o rapaz pegou gosto pela caça. Muito bem! Posso ensinar-te tudo que sei, meu jovem.
Fidal seguiu-os enquanto se retiravam da edificação, pronto para tornar-se um verdadeiro caçador. Entendera porque o destino o levara tão longe, selva adentro. Agora sim, teria muitas histórias para contar. Assim como seu pai.
A votação ficará aberta até as 23:59 do dia 14.04.2012 (sabado), podendo ser prorrogada por mais 2 dias em caso de empate!![]()
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