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Tópico: As Crônicas do Mundo Antigo - Encontros

  1. #1
    Avatar de Dark Psycho
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    Padrão As Crônicas do Mundo Antigo - Encontros

    Bom, esta história provavelmente será reescrita para ocupar mais espaço em algum livro. Não que ela não esteja boa, mas como eu já disse em outro lugar: Ela ficou "apertada demais". Eu pretendo colocá-la em um destes dois livros: "O Livro dos Contos" ou "O Livro dos Imortais"; mas não sei se o segundo vai existir :triste:. Talvez eu até faça algumas continuações para ela, quem sabe?

    Espero que todos que votaram comentem para dar suas opniões mais diretas sobre a história. Eu lembro de ter lido algumas citações bastante animadoras pelo concurso, mas não vi os motivos que levaram os "citantes" a fazerem tais comentários.

    Bom... Sem mais delongas, aqui vai a história para quem não leu ^^

    Até mais,
    Euronymous.

    Ah... pra os futuros perdidos no tempo, esta história ficou com o segundo lugar do Concurso de Melhor Conto de 2008. x]

    Encontros

    - Era um dia triste para o velho dragão, meu filho. Não tão velho assim, para falar a verdade, mas esta é uma história que contradiz muitas coisas. Bem... Deixe-me lhe contar algo: Na verdade, a idade não está no seu corpo, mas na sua mente.

    O garoto olhava o velho sentado ao seu lado na cama com bastante atenção. Seus olhos continham uma fagulha de admiração e respeito, e, conforme a voz rouca vibrava no ar, ele demonstrava uma sincera emoção.

    - E naquele dia... O dragão tinha tomado a mais difícil das decisões.

    Por um momento o homem parou. Seus olhos cansados caíram em um canto do quarto e lá ficaram. Lembranças distantes corriam pela sua mente enquanto o garoto apenas o olhava; firme na expectativa dele continuar a falar.

    - Você sabe do que estou falando, Caiman? – O homem surpreendeu a criança com a pergunta. Seus olhos pousaram nela calmamente esperando uma resposta.

    - Não, vô. – Ele finalmente falou.

    - Então, deixe-me contar a você.


    Ele caminhava triste, o dragão, porém, decidido. Seus cabelos brancos realçavam ainda mais sua pele pálida. À sua volta, um suave cheiro de chuva atingia a todos, e o orvalho era renovado com sua passagem. Mais uma vez ele parou, seus olhos levantaram-se para o céu e refletiram o azul em sua íris cristalina. Não era hesitação; ele apenas tomava fôlego. Fôlego para continuar outra vez.

    Logo continuou novamente, e não demorou muito para sentir o cheiro de batatas cozinhando. Pensou em cortar caminho, mas lembrou de sua jornada e seu objetivo, e decidiu continuar. Alguns minutos depois ele deparou-se com um homem sentado a beira da estrada, à sombra de um grande carvalho cortando verduras e fritando carne. Ao que parecia, um pequeno manjar estava sendo preparado na solidão da mata.

    Ele parou e pensou consigo mesmo como eram estranhas aquelas criaturas. Não pareciam se importar com o mundo a sua volta, apenas viviam. Para aquele homem, um galho da árvore poderia cair, e ele apenas agradeceria por não ter sido na sua sopa.

    Não demorou muito e o homem o notou. Eles entreolharam-se sérios demais. O viajante observava como o homem era interessante, enquanto o outro, como ele era clássico.

    Largando tudo o rapaz levantou-se. Ele limpou a terra das mãos nas calças de couro e abriu um grande sorriso indo calmamente até o viajante na beira da estrada. Era o típico homem daquelas terras. Barba mal feita, cabelos castanhos, olhos claros. Mas o seu sorriso era convidativo demais, simpático demais.

    - Espero que não esteja muito cansado. – Ele falou. – Tenho comida aqui para nós. Na verdade... – Hesitou olhando para trás, enquanto o viajante apenas o analisava calmamente – Eu sempre faço comida demais mesmo.

    Houve um momento de silêncio, onde o homem esperava e o viajante apenas observava, mas finalmente, o segundo falou.

    - Não se preocupe comigo, rapaz. Apenas pretendo continuar meu caminho pela estrada.

    - Mas está ficando tarde para se andar aqui sozinho! – O homem parecia surpreso. Era incomum ver um jovem andando por estas terras, ainda mais um como aquele, aparentando grande riqueza.

    O peregrino apenas observou. Seus olhos caíram sobre a comida sendo preparada e ele decidiu ceder para uma última conversa amigável com um mortal.

    Animado, quando o viajante aceitou o convite, o rapaz saltitou até a fogueira e começou a jogar mais verduras na panela. Depois ele se voltou para o jovem, já sentado, e deu-lhe a mão.

    - Meu nome é Domainy. – Disse entusiasmado.

    - Eu sou Godar. – Falou o dragão, cumprimentando o rapaz.

    - Me diga, Godar – Domainy falava com um olhar intrigado, analisando o outro como quem considera muitas possibilidades. – Você é jovem demais, então... Esses seus cabelos são um sinal?

    O dragão pareceu confuso e depois riu. “Ah... Humanos”, Ele pensou. “Apenas estas criaturas para se comportarem assim.”

    - Digamos que seja um sinal, Domainy. – Falou descontraindo-se.

    - Bom, é porque é estranho. – Ele parecia não se preocupar muito em ser discreto. Era o tipo que comentava as coisas apenas por observar, sem maldades. – Você é jovem... E seus cabelos não são brancos de verdade. Eu diria que são... – Ele parou para analisar mais um pouco, enquanto o outro se divertia com o comentário. – Um azul meio prateado?

    - É... – Godar realmente estava divertindo-se, mas em seu íntimo, pensamentos assombravam sua mente com os comentários do rapaz. Foi seu amor pela raça humana que o levou ali. Era o seu amor por eles o responsável pela preocupação e decepção sentida.

    - Mas me diga, rapaz: Para onde você vai?

    - Eu vou para muito longe daqui, homem. – Godar pareceu mais preocupado agora, deixando uma sombra cair sobre sua face. – Não é um lugar que você ou qualquer outro conheça.

    - O que eu conheço são os perigos. Você não pode andar por estas estradas a noite sozinho; mesmo acompanhado ainda não é aconselhável. Afinal, - Continuou após uma pausa. – Não somos todos que temos a leveza dos elfos de marfim.

    Godar pareceu surpreso pelo comentário. Não eram todos que conheciam tais elfos. Na verdade, eles eram apenas uma lenda de fantasmas que habitavam uma densa floresta no caminho para Baiün.

    - Mas me diga, homem: – Continuou Domainy. – De onde você vem?

    - Eu venho de Fris, passei por Ainum, e agora sigo por Hanor. – Falou despercebido, apenas pensando na longa viagem.

    - Nunca ouvi sobre a primeira, mas pelas outras cidades, posso dizer que você vem de longe, meu jovem. Espero que não seja um batedor que anda lucrando pelo mundo afora. Poucos atravessariam o mar para cruzar o continente como você fez.

    Godar apenas pensou no que o homem dizia. Realmente ele viera de longe, e isso era apenas para poder pensar mais durante a viagem. O homem tinha razão. Fris não era conhecida por ninguém senão pelos filhos de Balgon, o grande ancião de prata. Ele pensava no que aquele viajante diria caso soubesse que falava com alguém disfarçado - um dragão na forma humana que ele tanto adorava; despido de asas, escamas, e toda a graça que os humanos viam naqueles seres poderosos e desconhecidos. Poucos sabem disso, mas os dragões podem se disfarçar em tantos seres como eles conhecerem a forma. São muito cuidadosos e muito sofisticados, e não assumem qualquer aspecto, mas o que eles mais amam é o humano, mesmo com todos os defeitos da raça.

    - Tome. – Domainy tinha um prato de sopa em mãos estendido para Godar. – Espero que não tenha problemas com verduras. Alguns loucos não gostam delas. Vou pegar a carne para você em um instante.

    - Desculpe-me, Domainy, mas você parece não ter muitas coisas com o que contar. – Godar olhava para os buracos no chão de onde provavelmente saíram as batatas. – Mas ainda assim é muito feliz e animado.

    - E por que não seria? – Bateu de ombros.

    - Não sei. – Godar ficou pensativo nessa hora, olhando para os ramos farfalhantes das árvores. – Talvez pela humanidade. Pela vida em si. Ou pela sombra da morte.

    - Não seja tolo, rapaz. – Bateu de ombros outra vez. – A humanidade não mudará nunca, apenas ficará mais suja. A vida deve ser vivida como ela nos é dada. E quanto à morte, ela virá para todos. Eu apenas não tenho medo dela e não espero receber sua visita tão sedo que seja.

    - Você é um séptico, então. – Falou desanimado.

    - Claro que não. Apenas não espero as coisas ruins da vida virem me buscar. Eu as deixo atrás de mim que é melhor para elas, rapaz! Por mim, eu viveria a eternidade.

    Neste momento Godar parou de comer e olhou para Domainy. Ele riu, levantou as sobrancelhas e voltou a levar o prato de sopa à boca.

    - Você não sabe o que é a eternidade. – Godar falou desanimado, também voltando a comer.

    - Nem você.

    Houve um silêncio por um momento, quebrado logo depois por Godar.

    - Mas você não conhece nada que está por aí a fora. Você não viu reis começando guerras por tolices como meros cavalos mais bonitos que um outro reino possivelmente teria.

    - Eu vi bandidos matarem por botas e calças, rapaz! – Falou Domainy chateado. – Você é apenas um jovenzinho de estrada. Eu viveria mais... Muito mais do que me é permitido e jamais cansaria da vida que me foi dada. Tolos são os que procuram a morte! Para mim, – continuou irritado. – você é quem é fraco demais para encarar a vida como ela é de verdade.

    - Homem tolo... Pensa conhecer todas as respostas.

    - Não, meu jovem... – Ele falou calmo. – Apenas não deixarei o fracasso de um me levar junto. Se a vida é triste, que seja. Eu quero viver a eternidade em uma vida só. – completou pensativo.

    Godar parou. Ele conhecia os humanos. Conhecia as mentiras, e aquele homem falava a verdade. Logo agora que havia tomado a decisão que tomara, encontrar alguém apaixonado pela vida o fez lamentar.

    - Eu vou morrer. – Falou quase que em um sussurro. Esquecendo-se que não conhecia o homem com quem falava. Falou simplesmente por falar. Talvez, para ele mesmo acreditar na idéia.

    - Não seja tolo. – Domainy bateu de ombros.

    Godar deitou-se calmamente nas folhas que cobriam a terra.

    - Eu irei para o vale da morte, atrás das montanhas geladas. – Falou sonhador, em um tom cheio de melancolia. - Chegarei lá pelo vale dos guardas, através da floresta das almas onde as árvores ainda falam.

    Domainy olhou-o intrigado. Sua face levemente confusa com um ar de incredulidade. Não pode se conter e falou em tom de piada:

    - É, amigo, se você fizer isso realmente você vai definhar.

    Godar virou-se para ele e o olhou com calma. Um ar de riso triste pousou em sua face nesta hora e ele falou para o rapaz:

    - Você não entende, não é? – Ele disse com paciência. – Eu não sou humano, rapaz. Eu sou um dragão; e vou descansar em casa.

    Domainy ficou abismado e depois riu. Riu-se bastante até não poder mais. Depois ele olhou sério para Godar e disse:

    - Você realmente acredita nisso, rapaz?

    Godar pareceu irritado. Levantou-se serio e orgulhoso demais. Olhou para Domainy encolhido ali sentado, temendo o aspecto de poder que ele agora emanava antes mesmo de uma densa névoa cobrir o lugar onde eles estavam, ou até mesmo do suave cheiro de chuva ficar forte, e os ventos soprarem bruscos na mata.

    Domainy apavorou-se. Ele conhecia aquela estrada, e sabia como o clima ali se comportava. Ventos não mudavam rápido demais, névoas não cobriam aquela parte de terra na época em que eles estavam. Foi nessa hora que ele temeu ser tudo verdade, e decidiu acreditar em Godar.

    - Mas você tem a eternidade! – Ele gritou em meio ao vento e sombra da névoa, e tudo parou tão repentino como começara.

    - Eu não tenho nada. – Falou Godar antes de cair novamente deitado sob as árvores.

    - Não seja tolo, rapaz. – Continuou Domainy. – Você é um dragão! Você poderia viver a eternidade.

    - Nunca a eternidade. – Bateu de ombros.

    - Mas muito perto de lá.

    Godar olhou o rapaz. Ansioso, ele o observava de certa forma até animado.

    - Pense comigo...

    - Não! – interrompeu Godar. – Pense comigo você. Meu pai é o ser mais antigo em todas estas terras que a humanidade conhece e sobre ela, nas nuvens, onde você ou outro homem jamais esteve. Ele tem a graça da vida longa, do prazer em viver. – Ele pausou, melancólico. – Mas não eu.

    Um breve momento de silêncio atingiu o lugar. Godar olhando para o movimento do vento nas folhas, e Domainy encarando-o sem sequer notar.

    - Escute, amigo. – Ele falou abaixando-se até o dragão, que agora se virava para olhá-lo. – Eu viveria a eternidade com você, mas não posso lhe acompanhar. – Ele pensou por um momento e continuou a falar. – Mas fique firme como está, e eu prometo lhe acompanhar até o fim dos meus dias. Eu lhe darei uma razão para continuar a viver durante cada momento de nossas vidas. – Ele se levantou animado, enquanto Godar o olhava levemente interessado. – Eu irei lhe ensinar a viver na saúde e na desgraça! – Falou animado, pondo as mãos para cima. – Eu lhe mostrarei como passar as noites nas festas mais animadas que os reis dão para enganar o povo sem pão em casa. Serei seu amigo e guia nesta jornada.

    - Não seja tolo. – Falou o dragão rindo levemente. – Eu já fui conselheiro dos grandes reis desta terra.

    - Mas não soube aproveitar a vida! – Escarrneceu Domainy.

    Godar olhou o homem animado ao seu lado, sorrindo. Pensou em como era difícil continuar com a decisão que tomara. Por um momento ele iludiu-se mais uma vez. Pensou na vida e em tudo o que ela poderia lhe dar. Ele era tão novo, e já pensava em partir para descansar. A vontade do humano o contagiou, e ele levantou-se de seu lugar.

    - Espere aqui, homem. Não importa o quanto eu demore, irei voltar.

    Neste momento Domainy presenciou a coisa mais impressionante da sua vida. Pela primeira vez, de tantas, ele viu o dragão caminhar para o fim da estrada e mostrar suas asas. Sua forma mudou, sua pele virou prata, seu cabelo levantou-se em uma crista de pelos prateados e seu tamanho aumentou em forma e em graça extraordinárias.

    Antes do vôo, a criatura olhou para trás e falou com sua voz calma e pausada:

    - Obrigado, rapaz. – E o dragão voou.


    Domainy não soube o que fazer. Esperar, ou continuar? Mas ele esperou. A expectativa para ver o que o dragão traria o ancorou no lugar onde estava, e foi no amanhecer do outro dia, mais cedo do que imaginava, que o cheiro suave de chuva retornou, junto com um perfume selvagem, desconhecido.

    O dragão retornara em sua forma humana, e com ele caminhava um homem com vestes poderosas. Alto e magro, ele parecia um rei vestido em preto cheio de jóias raras. Seus cabelos desciam até seus ombros, negros, lisos. As peles de sua roupa ondulavam com seu andar altivo. Sua face era decidida e seu olhar aterradoramente calmo impunha um respeito mortal. Atrás do homem uma sombra negra caminhava como duas grandes asas feitas de uma leve fumaça, acompanhando seu movimento conforme ele andava.

    Ao perceber que Godar observava, o homem fez um leve movimento com a cabeça e a sombra sumiu, deixando apenas a figura altiva em frente ao rapaz, que mesmo alto como era, estava bem abaixo do seu olhar.

    - Domainy – Disse Godar animado, porém, sério. – Você disse que viveria a eternidade, então, trago-lhe um desafio. – O homem estava abismado, ainda procurando um modo de resistir ao olhar do ser que o observava. – Jonus lhe dará a eternidade, e você apenas morrerá quando desejar. Quanto a mim, comprometo-me de morrer apenas depois de você, e de levá-lo para meu lugar de descanso comigo, para lá repousarmos, onde jamais um humano repousará.

    Domainy estava perplexo. Olhava para o homem e pensava se ele era o Jonus de quem Godar falava. Olhava para o dragão e pensava se aquilo poderia ser verdade. Enfim, após algum tempo de silêncio, Godar falou:

    - Aceitas o desafio?

    Ao que Domainy apenas pode balbuciar e acenar com a cabeça. Depois, ao ver que ainda esperavam uma resposta, ele disse ainda abobalhado: - Eu não trocaria minha vida por nada... Sim. – E Godar riu.

    - Então Jonus, nosso trato está feito. – Godar virou-se para a figura altiva ao seu lado. – E o nosso também, Domainy, o amigo do dragão. – Disse divertindo-se.

    - Ainda não, criança. – Falou o homem com sua voz penetrante, olhando de Domainy para o dragão.

    Godar rapidamente tirou uma pequena peça do bolso, um pouco impaciente com o homem que aguardava. Ele olhou fixamente a pequena jóia que parecia com um diamante, porém entalhado em forma esférica. “Brilhante como uma estrela que caíra do céu.” Pensou Domainy.

    - É quase isso, mortal. – Falou o homem, olhando rapidamente para ele. – Ou melhor: imortal. – Um leve ar de riso surgiu em seu rosto antes dele virar as costas pondo a jóia cintilante no centro da ombreira de jóias negras que caia sobre seus ombros. – Godar... – Ela parou, e virou-se para falar com o dragão. – Que diria teu pai? Não terá sido o preço alto demais?

    - Doce Beron, a quem chamam de Loham nas lendas antigas, ele apenas diria para seguir meu coração, e dar mais uma chance à vida.

    O homem parou por mais um momento, intrigado, apenas tentando entender. Olhou para Domainy e disse:

    - Aproveite, homem. – E virou as costas mais uma vez.

    Neste momento, Domainy teve sua segunda visão preferida em toda vida. A sombra voltara às costas do homem e tomara forma aos poucos. Logo, duas grandes asas negras saiam de seu corpo e estendiam-se através das árvores, como se ali não houvesse nada, e abriam-se enormes e poderosas. Elas movimentaram-se para voar e o homem sumiu assim que elas bateram, iluminando aquele pedaço perdido de terra mais do que o Sol.

    - É, meu amigo... – Falou Godar. – Agora quero ver-te com o peso da imortalidade nas costas.


    Domainy, ainda bobo, começou a acordar e recuperar seu ar gracioso. Ele olhou para Godar e riu, e o mesmo riu também. O homem olhava suas mãos procurando algo diferente em si mesmo, mas nada encontrou.

    - Não fique assim. Com o tempo você vai perceber que tudo continua do mesmo jeito. Você só não vai envelhecer. – Falou o dragão divertindo-se com ele.

    - Godar... – Disse Domainy finalmente intrigado. – Você é um safado. – E o dragão se sobressaltou. – Fale a verdade comigo. Você nunca pensou em morrer! – Mas o dragão apenas riu e pensou que toda grande jornada tem um benefício.


    O velho parou por um último momento sem sequer perceber que o garoto ainda não dormia. Ele simplesmente levantou-se pensativo e começou a se afastar quando a fina voz da criança falou:

    - Vô...
    - Oi, meu filho. – Respondeu o velho um pouco cansado.

    - Isso realmente aconteceu?

    A emoção na voz do garoto era evidente. Seus olhos espreitavam a imagem esguia no escuro do velho de costas para ele, mas o homem apenas respondeu antes de continuar a andar:

    - Talvez, meu jovem. Talvez...


    _________________

    See you later... x]

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  2. #2
    Avatar de Pernalonga
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    Cara, a sua história, para mim, foi a campeã. Não desmerecendo a história do Thomazml, a dele ficou excelente, mas a tua me tocou tanto (não levem na maldade esse tocou, foi a unica palavra que eu achei) que me deixou impressionado. É sério, achei foda demais.

    Ah! Sabe o que ela me lembrou muito? Não pelo conteudo nem nada, mas pela repercussão em mim? O Arauto do Expurgo, do Emanoel. Daqui do fórum, as duas melhores coisas que li até agora.
    Parabéns.


    E sim, puxei muito teu saco agora, mermão.

  3. #3

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    Bah, Dark~, sinceramente eu queria ter muita coisa pra falar sobre teu conto. Queria mesmo. É uma história muito bonita a que tu fez.

    Nas finais foi a minha escolhida. Pena que não ganhou.

    Mas vou te dizer... Eu tive uma boa razão pra não ter votado nela nas eliminatórias: O texto me pareceu muito confuso. Os nomes não fixaram nos personagens, e por causa disso em alguns pontos eu não consegui entender quem estava fazendo o que, nem quem era o dragão e quem era o humano. Pode ser bobagem ou só falta de atenção minha, mas foi o que aconteceu. Esse conto, do jeito que está, pode ser mal compreendido se a pessoa estiver com um pouco de sono, cansaço ou algo do tipo. Não está claro o suficiente para passar a mensagem não importe sob que circunstâncias. Só durante as finais, quando reli o texto, é que consegui entender bem o que estava acontecendo, e percebi que o conto tinha sua beleza.

    A razão para isso, ao meu ver: Falta de presença de características dos personagens nas falas e ações, para melhor identificação. (E falando de nomes, respeito o uso que tu fez do nome do Domainy e tal, mas isso meio que me chamava a atenção durante a história e desviava o foco da minha cabeça do texto, levando pro Wakka ou sei lá. Não gostei.)

    Outra coisa que me encomodou um pouco foi a inocência dos personagens. Nâo que isso seja ruim, são as características que tu escolheu pros teus personagens e pronto. Só que em um momento eles nem se conhecem, no outro a seguir começam a dividir comida e abrigo de noite, em uma estrada perigosa, e por fim o dragão sacrifica algo muito valioso e garante ao homem vida eterna, terminando os dois semelhantes a grandes amigos...

    Me pareceu meio "fraca" (simples) a corrente de acontecimentos, sem mais complexidade. Uma conversa desinteressada foi suficiente para entrelaçar a existência dos dois para sempre... Mas também, isso não foi nada demais. Só achei que acontecimentos mais elaborados teriam deixado o conto melhor, e talvez até mais belo.

    Foi um conto muito bonito, de qualquer maneira. Principalmente o final (que teve até ares de mistério). Gostei do modo como tu procurou colocar emoções nos personagens, e nisso tu foi bem-sucedido. Parabéns pelo segundo lugar.



    A.E. Melgraon I
    Última edição por Melgraon I; 24-01-2009 às 23:24.

  4. #4
    Avatar de Wu Cheng
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    Teve uma hora na semi-final que pensei em votar em Encontros, porque estava indeciso entre várias histórias e resolvi criar critérios para distinguir os contos.

    Um deles seria votar na história que melhor resumia a produção dos textos desta seção, uma vez que o concurso é de melhores contos da board de histórias.

    Encontros atende a esse critério com folga, realmente é uma bela e envolvente história.

    Como falaram antes, tem muitos nomes de personagens e localidades, que acabam por obrigar o retorno diversas vezes a pontos anteriores para recuperar o fio da meada.

    Numa longa história em capítulos, isso seria resolvido naturalmente com a apresentação gradual dos personagens.

    Parabéns pelo 2º lugar.

  5. #5
    Avatar de Dark Psycho
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    Bom...

    Eu relalmente tentei colocar bastante emoção na coisa toda, mas infelizmente reconheço oq o Melrgaon falou: Eu tenho um "belo" defeito na "individualidade" dos personagens. Eu sempre estou procurando melhorar isso, mas realmente não sei se esse será o meu carma. Todavia estou sempre tentando criar personas únicos, atribuí-los características mais próprias e, até mesmo, mais humanas; porém sempre percebo que quando trabalho demais um, algum outro fica muito superficial. Espero que torçam por mim para que eu possa mudar isto.

    Fico feliz, Pernalonga, por ter conseguido "tocar" você x]
    MAs, na moral, é bom saber que uma história que não deveria ser "ofegante", atingiu seu real objetivo de passar um pouco de emoção. Eu sabia que ela não era o tipo "aventura" aqui acolhido, mas como disse antes, era oq eu queria fazer para o concurso, mesmo que não fosse para ganhar. E vejamos... Ficou com o segundão x] Então estou muito feliz mesmo com meu trabalho.

    Fico feliz também pela sua observação, Wu. Se eu faço uma história que "melhor rezume as histórias postadas nesta board", quer dizer que eu estou conseguindo produzir textos ideais para o público que tenho tentado atingir. Isto mostra uma certa zompetência de minha parte, afinal x]

    Bem...

    basta apenas dizer que realmente a história está "corrida" demais. Não há tempo para identificar os personagens e também não há tempo para analisar claramente a situação. Ficou infantil? Talvez... Agora que o Melga falou... Realmente é suspeita a aceitação dos personagens. Não pelo dragão, afinal, ele sempre teria a vantagem de pensar: "Ele não sabe com quem está mechendo", embora talvez a sabedora o impedisse disso. MAs pelo humano... Porém o defeito dele é apenas que ele confia demais na humanidade. Mas quem sabe se qundo eu reescrever ela em um espaço maior estes erros não sejam corrigidos? Uma coisa boa que tenho observado em mim ultimamente é ue estou muito mais paciente e sem preça alguma para com os escritos. Com certeza isso vai ajudar muito na história toda ^^

    Obrigado pelos comentários, pessoal.
    Estarei esperando por mais, caso venham x]

    Sem mais,
    Euronymous.

    É bom demais ler oq vcs escrevem aqui, galera ^^




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  6. #6
    Avatar de zack746
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    Eu queria perguntar uma coisa a você Dark:

    Eu sempre acompanhei a serie de livros "As Crônicas do Mundo Antigo", no entanto me parece que nem todos os livros estão no mesmo mundo (você entendeu?). O encontros não se encaixa perfeitamente no mundo de Tibia, porém a outro livro (que eu li a muito tempo e me esqueci do nome) tem haver e tem até o nome das cidades coisa e tal.
    A pergunta e se, como um livro é considerado da série Crônicas do MUndo antigo?

    Até, e sobre o texto eu votei no "Sem titulo", porque achei mais bem feito, porém eu tenho uma quedinha por livros de aventura e fantasia (Tolkien) e achei também muito bom o seu, espero um dia ver alguns livros lançados por alguem deste forúm (se já não tiver de algum usuário das antigas).

    Até o proximo concurso ou outra topico com uma historia bem bolada.

    <...>

  7. #7
    Avatar de Dark Psycho
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    Vale lembar, zack, que as crônicas do mundo antigo foram inicialmente feitas em tibia, enquanto eu criava um mundo para elas. Elas não irão ocorrer em tibia, e a ambientação irá mudar bastante. O mundo de tibia foi apenas uma base e ele já não faz mais parte das crônicas.

    NO geral, elas irão compor os seguintes livros:

    O homem de madeira.
    O diário de Mudsher*
    A ascenção dos cegos
    O campeão das almas

    O livro dos contos**
    "O livro dos imortais" ou "Eternos"**
    Origens**

    E um adicional que contará a história de um grande mago que quase destruiu todo o mundo mas depois descobriu que não poderia mudá-lo pela força, então passou a aturar nas escondidas influenciando os governantes das nações. x] Mas ele ainda não tem nome... Tava pensando em "O mago e seu cajado", mas achei que seria melhor outro :S Daí eu pensei em "magia e poder", mas acho que ainda vou mudar :S

    O que vale a pena dizer é que todas as histórias estão interligadas, e nenhum protagonista, mesmo dos contos, irá aparecer em apenas uma delas. Se alguém protagonizou uma, é porque vai ser quadjuvante em outra. =]


    Sem mais,
    Euronymous.

    * Esta será uma história pequena, e talvez seja acoplata ao primeiro ou sejjundo livro. Acho que não será publicada em um volúme próprio.
    ** São histórias mais voltadas para explicar acontecimentos e lendas.

  8. #8
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    Eu não sei porque não votei na sua história. Eu na verdade, tinha uma noite para decidir no que votar nas eliminatórias. E a sua como a do Melgraon me chamou a atenção, então, eu realmente estava em putas dúvidas.
    No final, eu acabei ficando com a do Melgraon, porque as duas me deram coisas pra pensar, só que o meu argumento pra não votar na sua foi o fato dela ter muito nomes de região e eu realmente achei absurdo isso em um conto.
    Você simplesmente foi jogando nomes e mais nomes e isso foi uma coisa que para a situação, eu não gostei.
    Eu acho que você deve ter hoje um mapa sobre esse seu mundo, então, provavelmente nos seus livros, essa história se torne normal.

    Godar apenas pensou no que o homem dizia. Realmente ele viera de longe, e isso era apenas para poder pensar mais durante a viagem. O homem tinha razão. Fris não era conhecida por ninguém senão pelos filhos de Balgon, o grande ancião de prata. Ele pensava no que aquele viajante diria caso soubesse que falava com alguém disfarçado - um dragão na forma humana que ele tanto adorava; despido de asas, escamas, e toda a graça que os humanos viam naqueles seres poderosos e desconhecidos. Poucos sabem disso, mas os dragões podem se disfarçar em tantos seres como eles conhecerem a forma. São muito cuidadosos e muito sofisticados, e não assumem qualquer aspecto, mas o que eles mais amam é o humano, mesmo com todos os defeitos da raça.
    Essa parte é a mais incoerente de todo o texto, pois fica muito mal explicada dado o fato de não se saber quem realmente é Balgon nem seus filhos.
    E muito mais pelo fato do porquê dos dragões gostarem da forma dos humanos.

    E um erro rápido:
    Eu apenas não tenho medo dela e não espero receber sua visita tão sedo que seja.
    Eu não sei. Ou melhor, só sei que tua história perdeu um pouco do brilho pra mim ao ver tantos nomes estranhos e ainda mais um personagem totalmente desconhecido para mim.

    Mas mesmo assim, ela ainda transmite uma mensagem muito forte, pelo menos da minha parte, eu tirei que Domainy representa o homem/ humanidade, e que este apresenta sua inocência e me lembrou que em determinado ele a perde, e isso pelos olhos religiosos seriam na hora do nascimento - dado o pecado capital e blá,blá. Uma melação do caralho -, mas além disso, mostra que o homem preserva um vigor pela vida e muitas vezes não quer perdê-la, mas isso eu interpreto de uma outra forma da tua história e isso se chama medo da morte.

    De qualquer forma cara, eu sinto que teu universo chamado "Mundo Antigo" em muitos aspectos lembram "O Senhor dos Anéis". Aliás, qual história hoje não lembra. Toda merda que vende como Eragon, Harry Potter e afins só são possíveis pelo fato de Tolkien ter dado um início nisso tudo.

    Mas mesmo assim, não posso dizer que ela realmente tem aspectos de lá e se eu fosse você, tentaria apagá-los, ou pelo menos, desvinculá-los do pensamento de Tolkien.

    E uma última dica para você, muito da cultura e do universo de Tolkien é proveniente das lendas celtas. Por mais que elas possam não te trazer interesse algum, eu acharia muito oportuno lê-las, pois elas podem lhe render alguns frutos.

    Sem mais,
    Hovelst



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