Vamos começar a primeira disputa das Quartas de final!
Lembrando que os textos são postados de forma anônima. Os escritores não podem dizer qual é seu texto!
Para votar, basta identificar qual a disputa e qual o texto escolhido. Todos usuários podem votar, mas apenas aqueles com uma justificativa plausível serão levados em conta. Votos de usuários fantasmas também serão desconsiderados. E lembrando que a votação popular será apenas um dos pesos da nota dos textos, e o vencedor final será decidido por membros da Equipe TibiaBR. Por último (e talvez o mais importante):
Agora, dito isso, vamos aos textos!
Sombra de Izan x Luinil
Tema: Azerus, o Yalahari
Spoiler: Texto 1A História do Fim do Começo
O Fim
O guarda avista um forasteiro alto e coberto com um manto escuro, ele levanta a mão e os outros guardas estendem seus arcos, com voz firme fala:
-Alto lá invasor! Es amigo ou inimigo!
O forasteiro para, por debaixo do capuz observa a movimentação dos guardas e nada fala.
A preocupação era evidente no rosto dos guardas, sabiam dos perigos que rondavam a cidade, o guarda mais antigo fez sinal para que o mais novo fosse até lá verificar quem era o estranho.
O jovem guarda se estremeceu ao chegar perto do forasteiro, era muito mais de perto e se aproximou com cautela desembainhando sua espada. O chefe da guarda gritou:
-Retire o capuz para vermos o rosto dele!
Com um movimento de mão ele retira o capuz com sua espada e a supressa foi instantânea, os guardas apressadamente abrem o portão para que ele entrasse, já não era de esperar sua volta.
O Começo
Estava pescando na costa e num piscar de olhos o dia se transformou em noite, um vento que soprava vinha de lugar nenhum e de todo lugar e foi ai que aconteceu aquele clarão, um raio veio dos céus, seu estrondo estremeceu tudo, até as águas ficaram agitadas, isto não era comum de acontecer, vi que algo estava brilhando na costa, estava com medo e assustado, nunca tinha visto algo parecido, mas por curiosidade resolvi ver o que tinha caído lá.
A História
Olá meu nome é Tirak e eu estava voando, sim voando, era como um sonho, onde não havia peso e nem preocupações, mas então comecei a cair e mais rápido, assim perdi o controle de meu rumo e despenquei na terra, um pescador me encontrou e me acudiu, estava fraco e machucado.
Demorei alguns dias para me recuperar, ajudei o pescador em suas tarefas quando tive condições, não sei de onde vim e nem para onde vou, mas um medalhão estava comigo, ele é especial, não que seja de algum material precioso, mas tem uma insígnia moldado nela, deve ter um significado, mas ainda não sei qual é.
Como o tempo passa rápido, já me recuperei por completo e estou pronto para buscar meu caminho, agradeci muito ao pescador por ter me ajudado, eu construí uma embarcação nova para ele, fiz algumas modificações para armazenar os peixes e facilitar a navegação, ele ficou muito feliz pelos meus serviços e me deu um mapa que comprou em uma cidade, acreditava que encontraria meu destino se fosse a uma ruína que tinha a mesma insígnia que tinha no medalhão, era um começo para descobrir meu destino.
O pescador me deu uma espada e uma mochila cheia de suprimentos e ferramentas, disse aonde iria às coisas eram selvagens e precisava ter cautela pelo caminho, agradeci novamente pelas dicas e pela carona, ele me deixou na costa perto da trilha que iria até as ruínas e falou se precisasse dele sabia onde encontra lo.
Caminhei com calma e paciência em direção reta, vi alguns insetos e um ou outro animal, não senti medo deles e nem eles de mim, parecia haver certa harmonia na convivência, cheguei até a trilha, nossa parecia que não era usada a um bom tempo, havia muito mato nela e quase nem tinha reparado, mas fui seguindo cortando o mato que estava mais alto para passar.
Quase nem reparei quando anoiteceu, um sentimento de medo correu em meu coração, era a primeira vez que passava a noite em um lugar escuro e ameaçador, a princípio acendi uma tocha para ver melhor a trilha, mas ouvi sons de criaturas estranhas e meu medo foi aumentando, deixei a tocha perto de uma árvore e subi nela para passar a noite, foi melhor ter deixado a tocha no chão, logo passou uma planta estranha, ela seguiu pela trilha, então vi um vulto negro passando a trilha, mal pude notar que era uma aranha peluda e escura, mas então algo me acertou e caí da arvore.
Me levantei assustado e já desembainhei a espada, me assustei ao me deparei com uma pantera, era muito negra e mal via ela, a tocha já estava no fim quando ela investiu contra mim, me protegi com o braço e dei um golpe nas costas dela, ela grunhiu de dor e ficou me cercando, meu coração acelerou e num movimento involuntário estendi a mão contra ela e disparei uma rajada de fogo.
Não sei quem se assustou mais, se foi ela ou se foi eu, mas então ela saiu correndo por causa do ferimento que causei e eu, bem eu subi de volta na árvore, cortei uns galho para diminuir o acesso onde eu estava e fiquei pensando sobre o que tinha acontecido, era algo novo para mim, eu tinha poderes, mas precisava me controlar, então o lugar se acalmou e pude dormir.
Como foi bom ver o dia clareando, me estiquei todo e comi algo, realmente estava com muita fome, arrumei as coisas e me lembrei do machucado de ontem, mas estranhamente não tinha nenhuma cicatriz, será que foi só um sonho? Pois bem tratei de colocar os pensamentos em ordem e segui a trilha, com um animo novo.
Se durante um tempo e a cada trecho que seguia a mata ficava mais e mais fechada, em certos pontos eu usava o facão para abrir caminho, então a terra começou a tremer, eu olhei para os lados, mas não tinha nada, foi ai que apareceu um elefante, dois elefantes, nossa uma manada, corri como pude para me escapar deles, mas eles se aproximavam e chegavam mais perto, então tive que me jogar por uma ribanceira, que por azar foi direto em um riacho.
Eu não sabia nadar e me debati como pude para chegar à margem, não estava mais perto da trilha e não conseguiria chegar lá novamente, tive que seguir pela margem, mas algo estava diferente, a vegetação deu lugar a uma paisagem árida e árvores mortas, este era um lugar sombrio, preferi andar já armado com a espada, não sabia o que poderia vir pela frente.
Havia cinzas e pedras escuras pelo terreno, eu preferi ficar mais longe do riacho, ele tinha agora um cheiro fedido e uma aparência repugnante, como uma paisagem podia se modificar tanto, mas o que vejo, do rio saem criaturas verdes e gosmentas, preparo minha espada para enfrentar elas. Golpeio a primeira que aparece e essa se desmancha, então aparece uma segunda, uma terceira, nossa já estou cercado, começo a recuar até que um buraco se abre abaixo de mim e despenco rumo à escuridão.
Por sorte não me machuco na queda, mas a minha visão é macabra, vejo crânios de pessoas espalhados por todo lugar, preferia enfrentar mil gosmas a vir a um lugar desses, caminho com cuidado, mas não tenho sucesso ao me movimentar sem fazer barulho, esses ossos espalhados pelo chão se quebram com facilidade fazendo um barulho alto, começo a ouvir uma movimentação de onde vim, acendo outra tocha e deixo no chão enquanto sigo o caminho, quando o vulto passa pela tocha posso ver uma criatura igual a uma bola cheia de tentáculos, nem precisava ver mais, começo a correr sem parar.
Corri como um louco por aqueles túneis, às vezes encontrava um ou outro esqueleto pelo caminho, a maioria conseguia me desviar, outros com um golpe já era suficiente para derrubar eles, então ouço um bater de asas, olho para trás e vejo um morcego gigante, ah era demais, o lugar era infestado de criaturas das trevas, precisava sair dali com urgência, apresso a corrida e vejo a luz do fim do túnel.
Me alegro ao me aproximar da luz, mas para minha decepção era fogo da lava que via, o lugar que entrei era enorme, devia estar nas profundezas, por que o céu era escuro e a luz vinha do chão, parecia que das trevas estava indo pro inferno, mas não tinha mais volta os morcegos ainda estavam atrás de mim, corro e vejo um bicho vermelho e grande, ele se vira para mim e tenho uma louca ideia, continuo a correr em direção dele e me jogo por debaixo dele, ele soqueia o chão e ao levantar os olhos vê os morcegos e investe contra eles, matei dois coelhos com uma cajadada só, foi muita sorte.
Aquele local não tinha ossos pelo chão, então me cubro com um manto que encontrei no chão e encontro uma pequena trilha no alto de uma parede, por ela estaria protegido contra a lava e contra esses seres grandes que havia nessas profundezas, caminho com cuidado para não chamar atenção e posso ver as criaturas que tem nesse local, são muitas aberrações, espectros, pesadelos e deduzo que são todos demônios, não posso enfrentar eles, a jeito é seguir em frente.
Finalmente encontro um pequeno córrego de água, vou e bebo um pouco, estava com muita sede devido ao calor, verifico melhor o córrego e encontro um pequeno túnel, poderia ser uma saída, recarrego meu cantil e sigo por aquele pequeno trecho.
Esse pequeno túnel era claro, não precisava de tocha nele, então tropeço, olho para o que tinha tropeçado e encontro uma peça brilhante, será que é ouro, mas não era um metal comum, tinha energia nela, guardo em minha bolsa, poderia ser útil, começo a ouvir um som metálico dos meus passos, talvez entrasse em outro local, parecia a junção de muitos mundos essa trilha maluca.
Vejo pequenos ratos no caminho, era um sinal de vida, a esperança renascia, eles nem ligavam para minha presença, parecia que neste lugar eu nem significava um risco, também não liguei e segui em frente.
Um facho de luz sai lá do alto, acho que lá é a saída, mas como chegar lá? Neste local tinha muitos entulhos e procuro de um lugar a outro alguma coisa que sirva para lugar o andar acima, mas nada encontro, resolvo me sentar um pouco e comer algo, já fazia um tempo desde a última refeição.
Me encosto melhor no assento e algo despenca em minha cabeça, eu saco a espada e não vejo uma criatura, mas sim uma mão grande e de metal, guardo a espada e verifico de quem era a mão, retiro uns entulhos e encontro um robô, era um robô completo e em perfeito estado, tento ligar ele, mas não funciona, verifico suas ligação e havia uma peça que estava faltando, o engate era igual a que tinha encontrado e tento por ela nele.
O barulho de engrenagens significa que funcionou, ele se levantou e mostrou sendo alto, mas não era o suficiente para me por na saída, era uma pena, conversei com ele, mas este não parecia dialogar muito, mas falou que me mostraria o caminho para a saída, ele quebrou uma parede falsa e me encaminhou até uma escada pequena, aproveitei e perguntei sobre a insígnia, ele me disse que o templo ficava a leste de onde estávamos, agradeci e subi a escada.
Sai em um local tranquilo e com uma grama verde, tinha poucas árvores e alguns coelhos estavam espalhados por ela, vi que tinha uma escadaria a leste, talvez fosse o caminho para a entrada do templo, me animei e segui pela escada.
Demorei certo tempo para subir no templo, nossa era algo enorme, uma grande estrutura com detalhes impressionantes, mas uma coisa que me chamou atenção foi um macaco que estava me fitando, ele estava em cima de uma das estruturas, fui até ele como se ele estivesse me esperando, engraçado que havia outros macacos e eles abriam espaço para mim.
O macaco estava sentado em frente a uma pequena fogueira e fez sinal para que me sentasse, assim eu fiz, ele apontou para meu medalhão e pronunciou algo que não entendi, então jogou algo na fogueira e ela cresceu soltando labaredas vermelhas, ele pegou uma jarra com um liquido verde e colocou em uma tigela e sacudiu ela, jogou uma folha e me entregou fazendo sinal que bebesse.
Hesitei por um momento, tinha um cheiro horrível, mas tudo não podia ser coincidência, criei coragem e tomei em um só gole todo aquele líquido viscoso.
Minha cabeça parecia que ia explodir, muita coisa começou a passar por ela e foi ai que tudo fez sentido, já não estava na presença do macaco e nem no templo, não havia terra e nem ar, estava em todo lugar e em lugar nenhum, podia ver o pescador, podia ver o céu, podia ver o fogo, podia ver as trevas e ao final dela uma criatura sem formas.
Ele era enorme, que criatura era esta? Esta me fazendo uma proposta, irá dar o conhecimento infinito se me juntar a ele, conhecimento infinito, nossa o conhecimento é tão maravilhoso, tão especial, tão tentador. . .
Foi algo místico e mutável, eu não era quem pensava ser e nem faria o que achava que faria, precisava preparar o mundo para a volta do mestre, sim o mestre, agora meu conhecimento e sabedoria era inigualáveis no mundo, agora poderei abrir a brecha para um novo tempo.
O fogo me consumiu por inteiro e por debaixo de meu manto rasgado e sujo cresceu uma criatura dotada dos melhores poderes dos Yalaharis, sim eu possuía o poder e sabedoria eternos e usarei para chegar ao topo do mundo, sim agora irei para entrada da cidade.Spoiler: Texto 2A Herança de Tibiasula
Era quase meia-noite, quando Nienor, a mãe de Angelina e de Galdor, chegava a sua casa, ofegante.
— Angelina! Angelina! — gritava Nienor, aos prantos, batendo na porta. — Onde você está?
A jovem Angelina, que há dois dias completara seus quinze anos idade, saiu apressada da cama; chegou à porta de sua casa e destrancou-a apressadamente.
— Oi... Mãe! O que houve? — perguntou Angelina, assustada. Nienor estava com um ferimento grave na perna, e seu rosto estava coberto de fuligem.
— Não temos tempo fi... filha! — gaguejou Nienor, chorando. — Eu quero que você se esconda na despensa, junto com o seu irmão.
— Mas... — tentou argumentar Angelina. Galdor, que acordara com as vozes alteradas de sua irmã e de sua mãe, apareceu na cozinha, bocejando.
— Mamãe! — exclamou Galdor, caindo no choro.
— Não temos tempo para explicações — disse Nienor, tentando manter a calma. — Angelina, faça aquilo que eu lhe pedi e...
Nienor mal acabara de falar, quando uma forte explosão na casa vizinha fez a casa estremecer. Algo estava se aproximando, e a morte podia ser sentida no ar.
— Agora! — gritou Nienor.
Angelina e seu pequeno irmão, Galdor, esconderam-se na despensa. Nienor cobriu a porta com uma cortina e esperou que o pior acontecesse. No instante em que seus filhos se acomodavam no minúsculo esconderijo, a porta de sua casa foi aberta com violência. Silêncio. Angelina trancou a respiração de seu irmão. Por uma fresta, Angelina conseguia vislumbrar um homem alto, com um grande manto branco. Sua visão limitava-se a cintura do indivíduo.
— O que temos aqui... — disse o homem, com uma voz suave, analisando Nienor. — Ninguém mais irá ficar entrar nós? - perguntou o homem, maliciosamente.
— Não — respondeu Nienor, sem segurança. — Voc... você matou meu marido, não me resta mais nada! — disse Nienor. O ódio podia ser notado em sua voz.
— Matem-na! — disse o homem, impiedosamente.
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— Angelina, acorde! — exclamou Lynda, dando uma forte pancada na mesa onde Angelina estava encostada, dormindo.
— Não! — exclamou Angelina. — Ela não! Leve-me! — sua voz era um misto de terror e angústia. Lynda se assustou com a cena e tentou tranquilizar Angelina.
— Você sonhou novamente, querida? — perguntou Lynda, suavemente.
— Sim. O mesmo sonho. O mesmo pesadelo. O que restou de meus pais — disse Angelina, com os olhos marejados, recobrando a consciência.
— Foi há tanto tempo, Angelina... — disse Lynda, tentando ajudar ajudá-la. — A morte de seus pais, o ataque a Thais; tudo isso não deveria mais atormentá-la — disse Lynda, com firmeza. — Dez anos se passaram, os moradores de Thais apagaram esse momento trágico e seu irmão já é um homem, acabou de completar dezessete anos. Você, minha querida, terá um futuro brilhante como sacerdote da nova cidade construída no norte de Tibia.
— Você tem razão, minha amiga — disse Angelina, enxugando as lágrimas do rosto. — Onde foi que paramos?
— É assim que se fala! — respondeu Lynda. — O grande aprendizado dos sacerdotes é a prática do desapego. Espero que você, amparada pelo perdão, liberte-se daquilo que lhe desanima — disse Lynda, carinhosamente. — Bem, íamos começar o terceiro capítulo do livro cinco, que fala a respeito dos povos que desistiram da guerra na época do deus...
Lynda foi interrompida. Um elfo, de cabelos dourados e olhar profundo, adentrou o templo de Thais.
— Desculpem-me pela intromissão, mas o capitão Bluebear disse que eu poderia encontrar Angelina aqui — disse o elfo, com altivez. — Aliás, eu me chamo Karith, e sou o capitão dos navios de Yalahar.
— Olá, Karith — disse Angelina, levantando-se para cumprimentar o elfo. — Eu sou Angelina. O que trás você aqui?
— O grande Azerus, governante de Yalahar, precisa de seus serviços — respondeu Karith. — Imagino que você esperava minha visita na próxima semana, como os mensageiros haviam combinado, mas Azerus precisa de um sacerdote para o seu templo o quanto antes, e devo levá-la hoje.
— Entendo... — analisou Angelina, olhando para as suas mãos. — É agora ou nunca! Bom... você pode me esperar? Irei recolher minhas roupas e chamarei meu irmão. Iremos juntos! — disse Angelina, alegre.
Uma hora depois, Angelina já estava no porto de Thais, ao lado de seu irmão, Galdor. Ela e seu irmão levavam poucas coisas, pois, segundo Angelina, a recém-construída cidade de Yalahar lhes daria a oportunidade de começar uma nova vida.
— É aqui que eu me despeço de você, que... querida — disse Lynda, chorando. — Espero que você encontre seu caminho, e você também, Galdor — disse Lynda, virando-se para Galdor. — Venham, quero abraçar os dois. Prometam que vão me escrever!
— Claro! — exclamou Angelina, abraçando a amiga. — Em breve, voltaremos para visitá-la. Que os deuses a abençoem, Lynda! — disse Angelina, sorrindo. Depois de todos se despedirem, Karith entrou em seu barco e içou as velas.
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— Karith já foi buscá-las, senhor Azerus — disse Palimuth, com seriedade. — Em breve, Angelina e Galdor estarão sob o seu poder.
— Era o que eu esperava... — disse Azerus, apreciando um dos seus golems. — Esperei dez anos por esse encontro. A excitação é inevitável. Agora, sabendo que os dois estão vivos, e que o jovem Galdor está à caminho de Yalahar, poderei por um fim em mais um obstáculo — disse Azerus, sorrindo.
— Como devo recebê-los? — indagou Palimuth.
— Da mesma maneira de sempre, Palimuth — respondeu Azerus, sorrindo maliciosamente. — Trate-os com cordialidade, assim como você trata os outros aventureiros que enganamos. Não será a primeira, nem a última vez, que você desempenhará este papel, não?
— Certamente que não, senhor — respondeu Palimuth, sorrindo.
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O vento estava a favor. A viagem de Thais a Yalahar foi tranquila, sem muitos problemas. Após oito longos dias, em um final de tarde de verão, Angelina foi acordada por Galdor.
— Acorde irmã! — disse Galdor, animado. — Karith disse que estamos chegando.
Angelina foi ao convés e viu algo que a espantou. O barco estava adentrando em um grande porto. Atrás do porto, erguia-se uma grande construção. Luzes amarelas emanavam vale. Tudo era grandioso. Karith amarrou seu barco no cais e Angelina, assim como seu irmão, o seguiram.
— É impressionante, não? — indagou Karith. — O grande Azerus planejou cada detalhe de nossa cidade. Você está vendo o pequeno templo ao lado daquele barco? — Karith perguntou a Angelina.
— Sim — ela respondeu.
— É ali que você irá trabalhar — disse o elfo, sorridente.
— É adorável! Eu amo o mar. E será de grande auxílio quando eu ensinar os jovens aventureiros a respeito da história de Tibia. Onde estamos indo, Karith? — perguntou Angelina.
— Levarei vocês a Azerus. Ele precisa deixá-los a par das mudanças e das diretrizes da cidade — respondeu Karith.
Os três desceram os degraus do porto e adentraram na cidade. Cada lamparina, cada casa, cada pequeno detalhe da cidade, impressionava Angelina e seu irmão. Eles nunca haviam visto nada de tamanha proporção e beleza. Alguns moradores da cidade acenavam para os dois. O ar da cidade era puro e o mar podia ser ouvido à distância. Um turbilhão de ideias perpassava as mentes de Angelina e Galdor. Eles estavam diante de um futuro esplendoroso. Doce ilusão...
— Estamos chegando ao castelo de Azerus — disse Karith. — Antes, temos que falar com Palimuth. Ele trabalha para Azerus e nos dará permissão para entrarmos no castelo.
Ao entrarem, Palimuth os recebeu com alegria. E abriu as portas do castelo.
— Espero que dê tudo certo, Angelina — disse Palimuth, confiante.
Por dentro, o castelo era ainda mais impressionante. Um grande jardim ficava no meio da construção e o ambiente era elegante. Angelina e seu irmão estavam maravilhados, até que, antes que pudessem perceber, um grande robô se avolumou em frente aos dois. O susto foi inevitável. Angelina e Galdor se esconderam atrás de Karith.
— Fiquem calmos — disse Karith, sorrindo — Este é só um dos servidores de Azerus. Não irão lhes fazer mal.
— É assustador! O que eles são? — perguntou Angelina, sorrindo forçadamente, recuperando-se do susto.
— Azerus é um Yalahari inteligentíssimo — explicou Karith. — E seus servidores são parte de sua genialidade. Os golems foram criados para serem seus guarda-costas e, sobretudo, para defender Yalahar — disse Karith, enquanto os três caminhavam e o golem os seguia. — Algumas pessoas dizem que, no passado, eles serviram aos propósitos de guerra de Azerus, mas isso são somente boatos. Bem, é aqui que eu fico, voltarei para o porto. Siga e você chegará à sala onde está Azerus. Boa sorte! — disse Karith, sorrindo.
— Obrigada por tudo! — disse Angelina.
Juntos, Angelina e Galdor entraram na sala. Ao entrarem, encontraram Azerus, o senhor de Yalahar. Ele estava guarnecido por dois golems, ambos parados.
— Entrem — disse Azerus, com sua voz suave.
A voz de Azerus lembrava Angelina de algo, algo que, nos recônditos de seu subconsciente, abalava-a.
— Olá, senhor — disse Angelina, cordialmente — Eu me chamo Angelina e este é meu irmão, Galdor.
— Olá, senhor — disse Galdor, fazendo uma reverência.
— Olá, Galdor — disse Azerus, com os olhos brilhando. — Pode me chamar “Azerus”, Galdor. Vejo que você é um rapaz perspicaz e inteligente, é de pessoas assim que Yalahar precisa. Antes que eu converse com a sua irmã, indico que você siga um dos meus golems. Ele irá levá-lo para conhecer a cidade.
— Cla... Claro, senhor! Quero dizer, Azerus — disse Galdor, constrangido.
— Isso, rapaz. Sinta-se em casa — disse Azerus, com calma.
Enquanto Galdor saia do castelo, Angelina observava Azerus, com curiosidade. Foi pega de surpresa tanto quanto Galdor.
— E você — disse Azerus, sorrindo. — Espero que tenha gostado de nossa cidade, agora será seu lar, se assim você desejar.
— Claro que eu aceito, senhor — disse Angelina, empolgada. — Já posso ir para o templo? — indagou Angelina.
— Era exatamente isso que eu iria sugerir a você. Temos muito que fazer! — respondeu Azerus.
Já havia anoitecido quando Angelina saiu do castelo e dirigiu-se ao templo, próximo ao porto. Seus pensamentos voavam... tudo estava perfeito. De repente, algo sobreveio sua mente, algo que sempre a atormentara, algo que, em sua voz suave e incorpórea, seguia seus pesadelos. Choque e medo. Seus pais. Azerus. A armadilha fora armada habilmente. Angelina e seu irmão estavam presos, assim como Nienor fora, há dez anos, presa em sua casa pelo desconhecido, ou melhor, por Azerus, o Yalahari. Angelina não pensou duas vezes, saiu correndo pelas ruas de Yalahar. Um silencio aterrador assolava a cidade. Angelina começou a chorar, desesperada. Estava sozinha, rodeada de inimigos e longe de seus amigos. Chegando ao castelo, deparou-se com Palimuth. Ele estava na porta do castelo.
— Palimuth — disse Angelina. — Preciso que você me ajude a encontrar meu irmão. Você sabe me dizer onde ele está? — perguntou Angelina, tentando se controlar. Palimuth riu. Sua risada ecoava nos pátios da cidade.
— Você não aprende, não é Angelina? — indagou Palimuth, com desprezo. — Seu irmão terá o fim que merece, assim como você. Meu senhor esperou dez anos pela vinda de vocês, não será agora que você botará tudo a perder — disse Palimuth.
Antes que Angelina pudesse responder, algo a levantou pelo pescoço e a jogou na parede do castelo. Um grande golem estava parado em sua frente. Ao tentar levantar, Angelina levou outro golpe, na cabeça. Foi o suficiente para deixá-la desacordada.
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— Soltem-me! — gritou Galdor, assustado. — Angelina, ajude-me! — Angelina estava sentada em uma cadeira, em frente à Galdor, com os olhos inexpressivos.
— Nada do que você disser vai fazê-la voltar a si — disse Azerus, confiante. — Fiz questão de, pessoalmente, apagar todas as lembranças da mente dela. Em breve, a mandarei para o continente tibiano. Avisei a Lorbas, o monge, que ficasse atento quando a hora certa chegasse. Os monges também estão do nosso lado, rapaz idiota — disse Azerus, vendo a expressão espantada de Galdor. — Mas para você, eu tenho um destino diferente, algo que deixará você sob o meu controle, para sempre!
Os golems amarraram Galdor sobre uma grande mesa de pedra, vendaram os seus olhos e taparam sua boca. Um senhor, com uma barba volumosa, dirigia-se a mesa, trazendo um frasco com uma poção esverdeada e fumegante.
— Tamerin — disse Azerus. — Trate de terminar logo com isso. Finalmente vejo que seu conhecimento a respeito do cruzamento de animais nos foi útil. A poção possui algum antidoto? — indagou Azerus, curioso.
— Não, senhor Azerus — disse Tamerin. — A poção transformará o rapaz em um orc, e nada poderá ser feito para revertê-la.
— Ótimo! — respondeu Azerus, satisfeito.
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Duas semanas depois...
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— Senhor Azerus, trago notícias de Lorbas — disse Palimuth.
— Fale, Palimuth. O que o monge tem a me dizer — disse Azerus.
— Lorbas mandou uma carta dizendo que conseguiu prender Angelina. Como combinado, Angelina seguiu as suas instruções e foi para a Catedral Escura. Lá, disse estar seguindo uma ordem da humildade, e entrou no território dos monges. Foi fácil pegá-la e aprisioná-la, ela não reagiu — contou Palimuth.
— Era como eu esperava... — disse Azerus, absorvendo a notícia. — O controle que estabeleci sobre a mente de Angelina foi eficaz. Ela não se lembra de seu passado e realizou exatamente aquilo que ordenei...
— E o “garoto”? — perguntou Palimuth. — Continua dando problemas?
— Faz parte de nosso disfarce, caro Palimuth — disse Azerus. — Como orc, e aos cuidados de Dorbin, podemos ficar de olho em Galdor, ao mesmo tempo em que apagamos sua identidade de Tibia.
— Por que o rapaz, senhor? — indagou Palimuth. — Você é poderoso, poderia matá-lo facilmente.
— Sim, eu poderia — disse Azerus, friamente. — Mas o rapaz contém algo que eu quero. No passado, Palimuth, quando os deuses haviam despertado, Tibiasula foi destruída por Zathroth, o Grande. A morte de Tibiasula deu origem aos quatro elementos fundamentais do mundo tibiano. Em seu último suspiro, algo a mais saiu do âmago de sua alma, uma pequena parte de sua vida. Ninguém estava ciente disso. Nós, os Yalahari, guiados por Variphor, descobrimos que Tibiasula lançou parte de sua vida no vácuo, e lá, esperando por um humano digno e de coração puro, essa pequena partícula de energia da deusa voltaria à vida, no corpo de um ser humano. Achávamos que Maeglin, o pai de Galdor e Angelina, fosse o homem que a lenda contava, pois ele vem de uma linhagem nobre. Por isso, o matamos. Estávamos enganados! Nienor, com prudência, e para a nossa sorte, escondeu seus filhos na hora certa. Variphor havia me dito que parte do espírito de Tibiasula continuava vivo e, além disso, descobrimos que, com o espírito do rapaz em mãos, teríamos um trunfo para trazer a vida um poderoso um aliado...
— Que aliado? — perguntou Palimuth, interrompendo Azerus.
— No leste de Tibia encontramos, no fundo do mar, um grande templo submerso... — disse Azerus, com o olhar distante. — O demônio... As mil faces...
Palimuth empalideceu. Azerus sorria.
Boa sorte a todos, e que o melhor texto vença!
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