Depois de muita enrolação, venci a preguiça, e escrevi mais um capítulo... aproveitem
Capítulo IV - A espada dos monges
Numa cela escura e fria, estava Amber. A jovem aventureira fora emboscada por um grupo de orcs, e fora levada para a fortaleza deles, na rocha de Ulderek.
"Porque eles poupam minha vida?" - Pensava. O certo é que logo ela seria morta, se não conseguisse fugir. O tempo em que ela se encontrava lá já era longo. Havia conseguido até mesmo aprender algumas palavras da linguagem dos monstros.
O dia parecia normal... depois de uma noite mal dormida, o guarda riu da cara dela, enquanto lhe jogava uma ratazana para comer, bem como um mingau estranho e sem gosto. Amber relutantemente comia, quando, de repente, um sino começa a tocar.
"Estranho, nunca ouvi esse sino antes." - Apesar da novidade, logo ela pôde perceber que se tratava de um alarme.
_ Estamos ... atacados! - Foi o que ela entendeu das estranhas palavras que um orc gritou para o guarda da prisão, que logo pegou seus equipamentos e saiu correndo, amedrontado.
"É agora ou nunca!" - Pensou Amber enquanto inutilmente tentava usar a colher que veio com a comida para de alguma maneira abrir o portão da cela.
Sua mãos tremiam, e o suor escorria de sua testa. Amber tentava de todas as maneiras aproveitar as chances, enquanto o barulho do sino continuava, agora acompanhado por um barulho de batalha. De repente um homem cai, ensangüentado pela escada que dava na prisão. Amber nunca imaginava que um humano poderia vir tão longe, mas logo notou, pela aparência do homem, que ele era um pirata. Certamente eles tentavam invadir a fortaleza em busca de tesouros, igual vez ou outra faziam nas cidades litorâneas.
Logo ela ouviu passos na escada. Era uma dupla de piratas:
_ Olha só o que temos aqui, uma jovem mulher! - Disse um dos maltrapilhos.
_ "Vamo leva ela com nós". - Disse o outro, abrindo a cela com a chave que se encontrava na mesa do guarda.
Aparentemente sem escolha, Amber agradeceu e foi junto com eles. Já a alguns meses não via as outras partes da fortaleza, pois em sua chegada fora levada diretamente à prisão. Corpos, tanto de orcs como de homens, estavam espalhados pelo chão. Sangue por todo lado, e o nefasto cheiro da morte deixavam-na com asco.
_ Homens! Recuar! - Gritou um pirata, que pelas vestimentas certamente era o capitão.
Por todo lado piratas corriam carregando sacolas, que ela imaginava que devia ser dos artigos pilhados na invasão. Alguns ainda acabaram ficando para trás, atingidos por lanças e projéteis mágicos dos orcs. Mas logo eles já haviam deixado a fortaleza, e corriam as pequenas jangadas que os levariam de volta ao barco.
Amber foi forçada pelos dois piratas a acompanhá-los ao barco. Poderia tentar fugir, mas logo viu que não daria. Mesmo que escapasse dos piratas, acabaria novamente no meio do hostil território dos Orcs. Seja lá o que os piratas planejassem, ela imaginava que não poderia ser pior do que ficar presa com Orcs.
Quando o pequeno barco que carregava Amber e seus novos captores chegou ao navio pirata, logo o capitão reparou:
_ Ora, mas que pilhagem é essa? Trouxeram uma mulher?
_ Sim capitão, ela poderá ser útil fazendo serviços menores no barco, e até mesmo como mercadoria de troca!
_ Isso mesmo... Estávamos precisando de uma cozinheira realmente.
"Cozinheira?" - Pensou Amber. Ela não tinha talento para isso, e resolveu tentar se tornar uma pirata:
_ Cozinheira não... Posso fazer mais do que isso, tenho talento com as armas e já enfrentei e derrotei perigos inimagináveis!
_ Ahh, o que temos aqui então? Então tome essa espada e mostre suas habilidades contra esse pirata ao seu lado! - Disse o capitão, jogando uma espada para a jovem.
O que se seguiu foi uma demonstração das habilidades dela. Rapidamente subjulgou o adversário e logo foi aceita como parte da tripulação do capitão Iglue.
***
Amber era uma aventureira que já havia feito muitas coisas na vida, andado por montanhas, pântanos e cavernas profundas, enfrentado dragões, cyclopes e perigos inimagináveis. A pirataria certamente seria apenas mais um capítulo em sua vida.
As semanas seguintes foram tediosas. Enquanto navegaam em direção a uma ilha que o capitão pretendia invadir, os piratas passavam o tempo pescando, passatempo preferido do capitão. Os mares do norte são ricos em salmão, e todos os dias o peixe era servido na embarcação. Nunca tendo experimentado antes, Amber adorou o alimento.
Finalmente a ilha se aproximava. Iglue havia ouvido boatos de uma poderosa espada guardada por monges lutadores no monastério da ilha dos reis, perto de Carlin. Mesmo se os boatos fossem falsos, o prazer de saquear o monastério ja valeria a viagem.
***
Com o navio atracado, a tripulação partiu nas pequenas embarcações rumo a ilha. Muito furtivos, conseguiram deixar os monges alhieos a iminiente invasão, até que fosse tarde demais para se montar qualquer defesa.
A invasão foi parecida com o que aconteceu na fortaleza. Um ataque rapido, que acabaria tão logo recompensas suficientes fossem saqueadas. Os piratas foram ordenados a explorar todo o monastério em busca de ouro, jóias, e da espada. Amber, percebendo a oportunidade de escapar dos piratas, se escondeu numa parte mais afastada da ilha, nas plantações de uva, até que as coisas se acalmassem.
Então ela roubou uma jangada que os piratas haviam abandonado para trás, e partiu, sozinha no mar, em busca de outras aventuras.
***
Enquanto os homens lutavam no monastério, distraindo os monges, o capitão Iglue organizou e liderou um pequeno grupo, que tinha a missão de achar a espada. Não demorou muito até que encontrassem-na nos andares superiores, numa sala, repousando sobre um pedestal. O brilho da espada impressionava, sua lâmina afiada parecia poderosa. Essa certamente deveria ser a tal espada dos monges!
Iglue a colocou em seu saco, e partiu de volta ao navio pirata. Seus homens prontamente retornaram, tão logo ouviram a ordem de recúo.
***
_ Ah! Mas que linda espada! Com ela vou me tornar o mais temido dos piratas, meu nome será legendário! - Dizia o capitão, imaginando-se em batalhas, derrotando os adversários com sua nova arma. A espada ficava guardada em seu baú, nos aposentos do capitão.
O navio ia em direção ao sul, para os arquipélagos escondidos dos piratas, onde Iglue queria descanar um pouco das viagens, preparando-se para novas invasões e pilhagens. No entanto ele não teria os prazeres que imaginava.
Era uma noite, quando, de repente, uma forte tempestade se armou sobre o mar, atingindo em cheio o navio. O mar ficou extremamente revolto, os ventos fortíssimos, e a água caia torrencialmente.
O navio não iria resistir. Iglue percebendo isso, abandonou a embarcação, em um pequeno barco, levando apenas seu baú. Havia deixado para trás seus homens, que acabaram morrendo no naufrágio. A tempestade acabou levando o barco menor para longe dali, mas ele também não resistiu e virou. Iglue podia no entanto ver que havia terra por perto, e sua única alternativa seria ir nadando até essa ilha.
Algum tempo depois, conseguiu chegar a praia, carregando seu baú. Estava numa ilha selvagem, com lobos, aranhas e animais de pequeno porte. Ele estava explorando as cavernas do local, e pôde perceber que elas pareciam ter sido habitadas por seres inteligentes no passado. Haviam algumas construções abandonadas, mas que agora estavam infestadas apenas por aranhas. Iglue estava distraído, explorando as ruínas, quando foi supreendido por um pirata. Mesmo tendo uma arma tão poderosa, o ataque foi rápido e mortal. Iglue estava morto, e seu tesouro roubado.
***
Com a jangada, Amber partiu da ilha do monastério. Estava indo para onde o vento a levasse, coincidentemente em direção ao sul, para onde os piratas também iam. Ela esperava encontrar terra logo, a fim de sair dessa viagem monótona pelo mar, com pouquíssima comida e um sol desesperador.
No entanto a monotonia já iria acabar. A mesma tempestade estava atingindo Amber. Com uma embarcação tão pequena suas chances eram poucas, mas ela sobreviveu. A jangada destruída havia atingido uma ilha, habitada. Amber descobriu que se tratava da ilha de Rookgaard, recém descoberta pelo reino de Thais. Por lá haviam alguns habitantes e um pequeno assentamento. Ela foi bem acolhida pelos habitantes e resolveu repousar lá até que sua jangada pudesse ser consertada.
***
Voltando novamente ao momento da tempestade, não apenas o capitão havia sobrevivido ao naufrágio do barco. Um monge havia se infiltrado na tripulação do navio.
Com seus poderes curativos e seu treinamento, ele também sobreviveu, e foi nadando, seguindo Iglue até a ilha. Lá, seguiu o pirata furtivamente. Aproveitando-se da distração do capitão, desferiu uma magia mortal, deixando ele morto ali mesmo, em uma ruína dentro de uma caverna. Havia conseguido de volta a espada, mas não a queria, pensava que ninguém merecia tamanho poder.
Na superfície da ilha, cravou a espada numa pedra e conjurou um fogo mágico em volta dela, que impediria qualquer um de tocá-la. Lá, ela deveria repousar tranqüilamente, até quando os deuses julgassem necessário. Ciente de que a ilha era habitada, resolveu morar lá, vigiando a espada. O monge Hyacinth logo encontrou lugar na ilha, uma vez que seus poderes de cura eram bem quistos por todos. Passou a viver numa pequena cabana, um tanto quanto isolado da cidade, mas sempre disposto a curar as pessoas.
***
A ilha e a cidade de Rookgaard ia mudando. Habitantes iam e vinham, a cidade crescia, e as cavernas eram cada vez mais exploradas. Pouco restava acontecer para que ela se tornasse o que todos conhecem.