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Tópico: Caçador

Visão do Encadeamento

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  1. #5
    Avatar de KrausS
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    Respostas pros amiguinhos lá no final.

    Boa leitura!

    Caçador e a Ameaça Vermelha - Parte 1


    Nunca gostei do cheiro dessa cidade. Nunca gostei de cidade nenhuma. Meu lugar é na estrada. Minha casa é em todos os lugares longe dos aporrinhamentos mundanos e das algazarras urbanas. Desde o dia em que acordei naquela casa élfica, Danruir é o único com o qual consigo conversar. Mesmo ele estando sempre certo e isso me irritando profundamente, ele ainda é meu melhor amigo. E só por isso hoje eu volto para Ab'dendriel. Para responder a um chamado dele.

    Naquele dia eu andava pelas Planícies Devastadas, procurando por vestígios de uma antiga lenda, quando uma mudança no ar disparou meus sentidos. Para aqueles que se aprofundam nas artes mágicas, qualquer alteração das forças ao seu redor, por menor que seja, não passa despercebida. Tensionei os músculos, inalei o ar ao meu redor e me liguei a "mana", a energia interior que serve como combustível para a magia. Em uma mão eu mantinha minha Desafiadora, um simples bastão de madeira a primeira vista, mas quando imbuído de energia arcana, uma poderosa arma de destruição. Na outra mão, concentrei uma porção do fluxo de mana para gerar uma potente bola de fogo e esperei.

    A alteração mágica ao meu redor aumentava, e agora eu já conseguia distinguir de onde ela vinha. Eu estava a esquerda do templo, em posição de defesa, esperando um ataque de uma Aranha Gigante ou até mesmo um Dragão errante. Tentei localizar de onde vinham as vibrações e murmurei um feitiço na língua antiga:

    - Utamo vita.

    Um calor percorreu meu corpo, como se um manto grosso houvesse caído em meus ombros. Minhas bochechas esquentaram, os cabelos da minha nuca eriçaram. Estava próximo. Muito próximo. Foi então que de trás de um arvoredo, um humano saltou, ofegando e com pânico no olhar. Me contive por um segundo, ele não podia ser a ameaça. Então eu os vi. Dois orcs beserkers, com os olhos em fúria e as alabardas em riste. Um deles tinha o braço chamuscado, mas a pólvora orc faziam bem o seu trabalho em entorpecer os sentidos das criaturas.

    O jovem que fugia correu em minha direção, e eu sabia que as criaturas viriam também. Mas eu estava pronto. Derrubei o primeiro monstro com a bola de fogo que concentrava na mão livre. O segundo rugiu e atacou. Há muito tempo eu não lutava com essas criaturas e havia me esquecido da sua velocidade sobrenatural. Mal tive tempo de rolar para o lado enquanto a arma do orc raspava meu braço. Senti-o vibrar e vi faíscas azuis explodirem com o contato. O escudo mágico aguentaria. Mais uma investida do orc, dessa vez eu não fui rápido o suficiente e recebi a estocada no peito. O escudo mágico segurou mais uma vez, mas a pancada fez com que eu fosse atirado para trás.

    Sorte ou não, as faíscas que explodiram dessa vez cegaram o orc por alguns segundos, o suficiente para eu me levantar e me ligar por completo a mana. Inalei o máximo de ar que conseguia, concentrei minha alma e deixei a magia me guiar.

    - EXEVO VIS HUR!

    A onda de energia atravessou o corpo do orc, matando-o instantaneamente e atirando seu corpo dez metros para trás. Respirei ofegante, e agora encarava o jovem que também me olhava com uma mistura de medo e admiração. Caminhei até ele e perguntei seu nome.

    - Jon, sen... senhor. Meu nome é Jon. - Disse-me recuperando a compostura. - Sou um entregador do Serviço de Correios e Postagem. Estou procurando pelo... - Parou por um segundo se perguntando se devia dizer. Balancei a cabeça positivamente em sinal para que ele prosseguisse. - Estou procurando o... Caçador.

    Sorri. Ainda hoje não me acostumei com o título. Não pelo fato de na época eu não lembrar meu nome, mas porque bem... é estranho ser conhecido por um título.

    - Sim, sou eu. - Eu estava vestido com um longo robe azul e com calças também de tom azulado. Vestimentas leves para viajar leve, sempre dizia Danruir. - O que tem pra mim?

    Em resposta o jovem tirou um envelope amarelado, com o celo da casta Cenath. Provavelmente uma mensagem de Danruir. Peguei o envelope e antes de abri-lo pensei em perguntar como o garoto havia me encontrado. Essa habilidade há muito me intrigava, e poderia vir a ser útil um dia. Deixei tal ideia para lá, entreguei uma moeda ao garoto junto com um frasco contendo uma potente poção de vida.

    - Tome mais cuidado ao atravessar as estradas - Disse enquanto ele partia.

    Senti a mesma vibração mágica de antes, e percebi que ela havia vindo do garoto que usava a língua antiga para conjurar um feitiço de velocidade. Fiquei um tempo ali, parado e pensando em quão extensa, profunda e complexa eram as linhas mágicas do mundo. Peguei o envelope, quebrei o selo de cera, e li a mensagem que de fato era de Danruir:

    Suon e Fafnar estão radiantes nos últimos dias, não é mesmo?

    Como conheço sua falta de aptidão para protocolos sociais tal qual seu desgosto e falta de vontade em aprende-los, vou direto ao assunto: Preciso da sua ajuda.

    Assuntos de extrema urgência chegaram a minha humilde casa, e sua habilidades seriam mais do que apreciadas por aqui. Te espero o quanto antes.

    Não demorei a rumar para a cidade élfica. Apesar do nível de descontração, Danruir nunca me convocava se a situação não fosse de extrema seriedade. Fui para o norte, atravessando as bordas do deserto de Jakundaf e subi em direção a Ponte dos Anões. Cruzei-a rápido e silenciosamente, não querendo perturbar os soldados troncudos e de cabelo alaranjado que por ali patrulhavam. Tive que lidar com alguns lobos famintos a oeste das Colinas Femor, para por fim chegar a Ab'dendriel.

    A cidade continuava majestosamente encantadora. Não fosse pelos aventureiros que flutuavam ao jorros por ali, seria um lugar perfeito para se passar um tempo. Árvores com mais de trinta metros de altura, com plataformas de madeira que ligavam umas as outras como pontes. Casas feitas de madeira, as vezes dentro das próprias árvores gigantes, davam um toque pitoresco a cidade se comparada aos outros centros urbanos.

    Fiz meu caminho por uma alameda de bétulas, onde dois elfos mostravam suas habilidades musicais um ao outro. Cruzei um portal coberto por uma trepadeira com folhas engraçadas, subir uma escada de cordas e cheguei a casa de Danruir.

    Era uma casa simples de três cômodos, no primeiro "andar" de um carvalho muito alto e antigo. A porta estava entre-aberta, e pé-ante-pé, entrei chamando pelo meu amigo.

    - Danruir? Sem jogos, elfo! Onde vo... - E antes que eu completasse a frase, ouvi um zunido vindo da esquerda, da lateral semi-escondida de um armário. Saltei para frente e me conectei a mana instantaneamente. Ouvi o barulho de uma pancada de madeira contra madeira. Mal cheguei a retesar a mão esquerda, pronto para conjurar uma lança de gelo, quando vi parado em frente a porta meu melhor amigo, com um sorriso matreiro no rosto e um bastão de madeira ainda encostado no batente que acertara.

    - Você está mais rápido, Caçador. - Ele recuou o bastão e guardou-o no armário. Vestia um traje vermelho com detalhes brancos. Seus cabelos dourados desciam até a cintura, soltos e muito lisos. Tinha o rosto fino, com olhos verdes brilhantes. - Muito mais rápido do que antes. - Relaxei e sorri também.

    - Ou será que é você que está mais lento, elfo? - Provoquei. Chamar qualquer outro de "elfo" seria considerado deselegante, até mesmo um insulto. Mas não Danruir. Eramos amigos já a muito tempo, e nos permitíamos tal intimidade.

    - Ora, meu jovem, o tempo passa para todos. - Disse o elfo com voz paternal - O mesmo tempo que passa para você, passa para mim ou para uma flor. Depende de nós se crescemos juntos, se estagnamos ou retrocedemos.

    - Você não consegue ficar sem as metáforas, não?! - Relaxei e me estendi em uma poltrona próxima a lareira.

    - Queria que as metáforas fossem apenas metáforas... - Seu tom era melancólico. Fechou a porta e tomou lugar em uma poltrona ao lado da minha. Eu não havia percebido antes, mas na outra mão trazia um embrulho do tamanho do seu braço. Sentou-se devagar, colocando o embrulho na mesa de centro entre as poltronas e a lareira. - Há uma sombra cobrindo o Continente, jovem Caçador. Lobos famintos vagueiam nas planícies cada vez mais próximos das cidades. Batedores orcs são encontrados em posições cada vez mais distante de suas fortalezas, e... - Encarava a lareira apagada como se não conseguisse continuar.

    - O que mais, Danruir. - Coloquei a mão em seu ombro. - Por que você me chamou aqui?

    Uma sombra cobriu suas feições sempre belas. Encarou-me por um segundo e pela primeira vez em anos eu tive medo de algo realmente estivesse errado. Lentamente o elfo desembrulhou o pacote que trazia, para relevar uma longa e brilhante escama vermelha. Era linda e terrível ao mesmo tempo. Tinha curvas suaves e arredondadas, ao mesmo tempo que farpas afiadas compunhas cada sessão subsequente da peça. Fiquei um segundo sem entender, quando olhei novamente para meu amigo e vi não medo dessa vez, mas um terror crescente.

    - Elfos tem sumido todos os dias. - Disse ele, parecendo distante agora. - E no lugar de onde eles somem, só encontramos marcas de fogo e uma peça de escama vermelha. - Meu coração congelou por alguns segundo.

    - Não pode ser Danruir... Não pode! - Levantei-me atordoado.

    - Sim meu caro. Receio que sim. - Danruir me encarou, desta vez com frieza. - O Culto Vermelho renasceu.


    .x.



    @Pell

    Eu confesso que meu estilo é muito "rápido". Eu gosto de descrições detalhadas, mas não consigo me alongar demais e acabo sendo objetivo

    Obrigado pelo comentário!
    @Swettie

    Pois é. Faz parte do meu estilo uma escrita onde a localização depende MUITO da interpretação de quem está lendo. Eu não gosto de deixar claro demais onde meus personagens estão, por isso vou dando os detalhes aos poucos antes de revelar!

    Valeu pelo comentário!
    @Lobo Cinza

    Eu adoro cliffhangers! Hahahahaha! Pode esperar muitos finais de enorme suspense!




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    Última edição por KrausS; 12-08-2013 às 15:33.
    "Madness is the emergency exit. You can just step outside, and close the door on all those dreadful things that happened. You can lock them away... forever."

    Joker - Batman: The Killing Joke.



    GROAAAAAAAAR!



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