Olá bípedes. Feedbacks, críticas, cartas de amor e fotos de mulheres ruivas são sempre bem vindas.
Boa Leitura.
O dia em que me tornei quem eu sou
Maravilha.
Não sei quanto tempo mais eu tenho. Estou ouvindo-os cada vez mais perto. Grunhindo, arranhando, chiando. O que diabos eu estava pensando ao achar que poderia explorar as cavernas da cidade élfica? Em algum ponto entre o terceiro buraco e o segundo corredor eu me perdi. E para minha surpresa os mapas não condizem com absolutamente nenhuma parte desse lugar. Estou sem comida e já exaurido de qualquer força para conjurar nem ao menos um feitiço de cura. Acho que é meu fim.
Graças aos Deuses eu trouxe um pouco de pergaminho e tinta, o que me lembra de rever certas prioridades do que levar na próxima exploração caso um milagre aconteça e Banor desça dos céus pra me salvar. Ao menos agora posso escrever sobre meus últimos momentos de vida antes que os desgraçados derrubem a porta e me encontrem totalmente indefeso. Deuses, como eu odeio Trolls... Mas comecemos pelo início.
Escolhi a cidade de Carlin quando estava pronto para voltar ao Continente. Como mago, desejava viajar para as ilhas bárbaras e tentar minha sorte em uma companhia com destino a ilha Okolnir. Sempre fui fascinado pelos Dragões de Gelo e sonhava em estudar essas formidáveis criaturas.
Foi um fracasso. Nenhum grupo de aventureiros quis me aceitar em sua companhia, alegando que Svargrond estava sempre em guerra contra as tribos bárbaras do norte e que um "mago verde" igual a mim morreria de frio antes de cruzarmos o Mar Nórdico. Senti-me ultrajado. Eu sei me cuidar, quero dizer, eu achava que sabia. Derrotado depois de muito insistir, resolvi caminhar um pouco e pensar no que fazer dali em diante.
Andando as margens de um lago muito simpático, encontrei um cavalheiro sentado em um banco contemplando um mapa com admiração invejável. Como se estivesse esperando, ele levantou a cabeça e captou minha atenção com um olhar de espanto. Trajava camisa e calça simples, ambas de tom cinza, e um chapéu azulado com uma longa pena branca. Recuei o olhar instantaneamente, envergonhado de me intrometer, mesmo que sem querer, nos negócio alheios. Já me preparava para sair dali o mais rápido possível, quando ele me chamou:
- Ei rapaz! Sim, você! Venha aqui - Estava se dirigindo a mim enquanto olhava para os lados como se esperasse ser atacado por criaturas feitas de vento. - "Qual é o seu nome?!"
- Desculpe-me senhor, não queria incomodá-lo... - Ele não tinha mais do que 40 anos.
- Não seja idiota! Eles podem ouvir os idiotas... - Olhou abruptamente para trás como se alguém (ou algo) houvesse agarrado-o. Voltou a atenção para o mapa. - "São ossos muito raros... raríssimos..." - Olhou para mim novamente: - "Qual o seu nome?!"
- Me chamo <beep>. - Respondi.
- É um nome estranho. Vê esse mapa? É um mapa do tesouro! Sim, claro que é! - Seu olhos rolavam do pergaminho velho e puído para mim em velocidade assustadora - "Mas não é um mapa do tesouro igual o daqueles piratas idiotas! Argh! Odeio o cheiro deles, os navios deles, as espadas que cortam e matam deles...".
Eu só conseguia observar aquela figura excêntrica enquanto ele se esquecia de mim e balbuciava coisas incoerentes sobre navios, bucaneiros e pranchas. Depois do que pareceu um longo discurso sobre como enganar corsários em um jogo de 7 dados, ele se lembrou que eu estava ali e me encarou com olhos suspeitos
- "Posso confiar em você, Caçador de Tesouros?!" - Ele me encarava com frieza. Anuí e ele continuou - "Esse é um mapa de um tesouro muito antigo, Caçador de Tesouros. Um tesouro enterrado na mais profunda caverna sob a cidade élfica de Abidendriel <sic>. - Toda a excentricidade havia sumido, e agora ele falava em um tom sóbrio, quase assustador. - "Eu mesmo iria buscá-lo, mas uma flechada no joelho não me deixa mais explorar lugares tão distante de cadeiras e compressas quentes." - Ele fez sinal para que eu me aproximasse e quando eu estava tão perto a ponto de sentir o cheiro de rum, ele sussurrou: "O tesouro são os ossos do dragão mais antigo que já viveu no Continente...".
Não consegui esconder o espanto em meus olhos ao ouvir aquilo. Ele me contou que os ossos haviam sido escondidos pelos elfos usando feitiços na língua antiga e que só um mago poderia quebra-los. Disse que também que eram artefatos valiosíssimos, e aquele que o apresentasse na Academia de Magia de Edron ficaria rico e famoso. Foi então que ele fez a oferta:
- Eu não posso ir. Mas você pode, Caçador. - Ele então sorriu. - Por um modesto preço... -
Eu já sei o que você deve estar imaginando. Mas eu NÃO sabia o que ele estava fazendo, e agora, a beira da morte, me acho a pessoa mais imbecil do mundo. Portanto, não preciso de seu julgamento. O fato é que acabei aceitando, e entreguei ao homem todas as minhas 97 moedas de ouro e fiquei ali, olhando o ir embora mancando de uma maneira estranha e me achando o mago mais sortudo do mundo.
Daí em diante foi fácil. Juntei minhas poucas coisas, que consistiam em uma capa, as roupas surradas do corpo, um livro de feitiços carcomido e minha varinha, que apelidei de Lágrima pelo formato da pedra de energia que ela tinha na ponta, e rumei para Ab'dendriel. Foi fácil encontrar o caminho para as cavernas, e até certo ponto achei o povo élfico muito receptivo.
Você também já deve imaginar que o mapa não tinha nada em comum com a configuração do subterrâneo. Já no segundo nível não conseguia mais me localizar e começava a pensar no que faria com aquele ladrão se o encontrasse. Algum tempo depois eu não pensava mais nele e só deseja me ver livre daquele lugar claustrofóbico. E foi em meio ao desespero, que encontrei o primeiro Troll. Só havia ouvido falar naquelas criaturas horrendas nas histórias de crianças, e agora, cara a cara com um, sabia que as histórias não exageravam nem um pouco. Eles eram baixos, troncudos e com pelos por todo o corpo. Seu rosto era medonho, torto e com presas saltadas. Seus olhos amarelos eram apertados e condicionados a pouca luz dos recônditos mais afastados da superfície.
A criatura avançou para cima de mim, e tive que derrubá-o com duas rajadas de energia disparadas pela Lágrima, e percebi que outros, atraídos pelo clarão de luzes vinham na minha direção. Mais de uma dezena, se acotovelando e rugindo. Corri pelo caminho que vim, virei em um corredor a direita e saltei em um outro buraco. Mais dois trolls estavam lá embaixo e avançaram com suas garras afiadas imediatamente. Atirei minha única tocha e um deles e aproveitei o susto deles para continuar fugindo. Encontrei esse comodo vazio, uma espécie de depósito antigo, e fiz uma barricada na porta com alguns barris que estavam no canto.
Não sei quanto mais tempo ela vai aguentar, mas eu encontrei uma fatia de presunto embaixo da minha última página de pergaminho enquanto escrevia. Vai me manter em pé com energia o suficiente por alguns minutos. Se eles vão entrar de uma forma ou de outra, é melhor que eu saia e morra lutando. Quem sabe assim eu não tenho uma chance, mesmo que minúscula, de sair daqui e encontrar aquele pilantra outra vez...
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