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Tópico: Victora

  1. #11
    Avatar de Bela~
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    Primeiramente, agradeço pelos comentários. Tentarei aplicar as dicas ao meu texto. Agora, segue o capítulo 1. Como está o tamanho? Pequeno demais ou ideal?

    Capítulo 1 - Seu marido... está morto
    Despertos antes do sol, os dois sujeitos caminhavam sem pressa, deslocando-se molemente. Seguiam aqui, dobravam ali. Pan, de fato, era uma cidadezinha labiríntica.

    Para preencher o silêncio tumular daquela hora da manhã, conversavam sobre algo qualquer, sem importância. Talvez sobre a clientela, quem sabe sobre a demanda de pães. Sabia-se que a relação entre o padeiro e o jovem filho era carinhosa, porém direta.

    -Ian, não sei se você - mas parou, e num segundo as palavras se perderam. Paralisado, Hans mirava o chão à sua frente. Ali estava Labios, estendido, de bruços. Hedionda cena, aquela. Seus cortes eram ao mesmo tempo profundos e numerosos, deixando o corpo do homem quase irreconhecível.

    O pai foi o primeiro a mover-se e a se ajoelhar ao lado do cadáver. Sem tocá-lo, observou-o, consternado. Com a voz embargada, suspirou:

    -Pobre Labios... que cão fez isto com ele?
    E ficou ali, imóvel e chocado.

    -P-pai. Que devemos fazer?
    Sem dar atenção ao menino, Hans abaixou a cabeça, mudo. Ao ver que Ian continuava imóvel, respondeu, seco:

    -Dá a notícia à mulher dele. Vou... - parou, abalado - ...vou ficar aqui.
    E o garoto foi, sem tirar a horrorosa imagem de sua mente. Para trás, deixou um homem atarracado que murmurava sem parar:

    -Labios, Labios... meu velho amigo Labios...
    *****
    -Acalme-se, Aita. Ele certamente já está voltando.

    Mas as tentativas de tranquilizar a jovem mãe se mostravam falhas. A cada minuto ela parecia mais aflita, e Dorothy, a parteira, não sabia o que dizer. Aita estava recostada no espaldar da cama, coberta por lençóis limpos e brancos. A pequena Victora dormia tranquilamente no bercinho ao lado da mãe.

    -Garanto-lhe, querida, que logo aquela porta se abrirá e por ela entrará seu homem, para ver a linda jóia que pariu!

    E, de fato, ouviu-se um "toc-toc" naquele mesmo instante. Apressada, Dorothy foi atender ao chamado. Mas não era Labios que estava lá. E sim um garoto franzino, pequeno. Surpresa, a gorda perguntou:

    -Que quer, moleque?

    -É que... digo, não.

    Ela apressou-o:
    -Anda, o que é?
    -É que preciso falar com a Senhora Shepard - sua voz possuía um tom hesitante.

    Avaliou-o. Por fim, abriu espaço para o menino, deixando que atravessasse a pequena sala e entrasse no quartinho iluminado no qual estava Aita.

    -Olá, Ian, como vai? - a mulher tentava disfarçar sua ansiedade.

    -Vou bem, Senhora Shepard. Muito bem.

    Logo percebeu a estranheza de Ian. Ao vê-lo olhar para o chão do aposento, perguntou:
    -O que foi, Ian? Há algo que queira me contar?

    -Na verdade, Senhora... devo dizer que - interrompeu-se, titubeou - devo dizer que seu marido... está morto.
    Houve um segundo de silêncio e tensão. Incrédula, Aita falou, quase que num sussurro:

    -O quê?

    -É isso, Senhora. Eu e meu pai estávamos andando e, de repente - ele não completou a frase, restando somente um olhar vazio em seu rosto pálido. Paralisada, a mulher ficou ali, deitada na cama, com o olhar vidrado no menino à sua frente. Não, devo estar sonhando, isto é loucura!

    Até mesmo quem passasse pela rua em frente à casa poderia ouvir o lamento dolorido e desesperado de Aita.

    No mesmo dia deu-se o enterro, nos fundos da capela. Ninguém entendia por que partira, o que fizera de errado. Só sabiam que Labios deixaria uma lacuna no coração de sua infeliz esposa. Todos viam-na inconsolável, derramando suas lágrimas sobre o minúsculo bebê em seus braços. Triste criança: envolta em várias cobertas, cresceria sem pai.

    Naquela noite caiu uma chuva fina e sombria. A cidade, mais uma vez, estava vazia, todos mantinham-se em suas casas. Portanto, ninguém notou o vulto que se deslocava, cauteloso como um gato, nos arredores da igrejinha de Pan. Dirigindo-se ao pequeno cemitério, deslizou pelo meio das sepulturas, movimentando a grama que crescia alta. Parou, ajoelhou-se diante de uma delas: simples, pequena. As inscrições ocupavam quase toda a superfície da lápide. E, embora que com dificuldade, a sombra entalhou mais outras palavras, em caligrafia fina e apertada:

    DESTE SAI A VIDA DESTINADA À DESCENDÊNCIA.
    MAS APENAS A VIDA, JÁ QUE A ALMA SERÁ NOVA
    E SEMELHANTE À DO POVO DE TARPS
    Bela~

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    Última edição por Bela~; 25-04-2010 às 14:58.

  2. #12
    Avatar de zack746
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    É uma caracteristica sua... I know, but...

    Os textos não são de todo mal, são légiveis, imaginaveis. Realmente surpreende este fato: O de conseguir imaginar muito bem o que você escreve, porém tenho a impressão de ler sempre um mangá, ou uma mera revista de quadrinhos brasileira...

    É bem feito até, porém é muito clichê. Não surpreende o fator surpresa, porque este já é também esperado. Tudo já me parece um filme que já vi...

    Na verdade parece muito com todos esses livros ultimamente publicados, os de historias fantasiosas e mágicas. É bem provável até que continuando desta maneira venha a ser autora de algum best-seller, daquela idéia genial que tu teves e que se esforçou dignissimamente para produzir. Mas pra mim será um Crepusculo, talvez um Harry Potter da vida?

    Ou seja, impessoalmente falando, o texto está bom, pronto para vender. Mas do meu ponto de vista pessoal (e digo pessoal falando em gosto pessoal, e não em sua pessoa) acho o texto sem nada que me comova, me choque, que me acrescente qualquer coisa. Um entreterimento leve da imaginação...

    Desculpe se falei pesadamente, se fui deselegante ao comentar de forma tão brutalmente destrutiva para com sua historia que na verdade mal começou. Não vou colocar um "mas", ou "entretanto", pois ficaram parecendo desculpas, então...

    É o que eu acho sobre seu texto e sua forma de escrever.

    Nem todos apreciarão, e peço perdão por qualquer tipo de constrangimento pelo comentário-critíca.

    Grand Merci, Grande merci...

  3. #13
    Avatar de Bela~
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    Não, não me ofendem. Sempre tive em mente que há leitores diferentes, e que seus pontos de vista são igualmente variados. Seu comentário foi absolutamente construtivo, e eu gosto disso. Para mim, é melhor até do que ler apenas "Pow, tá muito bom, continua aí". Pois me lembra o fato de que sempre preciso melhorar na escrita.

    Mas, como você mesmo disse, é uma característica minha. Não sei se conseguiria (e gostaria) de mudar meu jeito de escrever. Estou preparada para as opiniões contrárias como a sua, elas sempre existirão.

    Obrigada, Zack

    Bela~

  4. #14
    Avatar de Meltoh
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    Não vi essas coisas todas de clichê não. O pouco clichê que li, acho que é extremamente normal. Afinal, hoje em dia criar uma história totalmente original é muito dificil, pois quase sempre algum tema ou qualquer outra coisa recorrente aparece vez ou outra.

    E outra, a história ainda está no início, não sabemos o que esperar dela, até agora eu estou adorando. Pois a leitura está muito agradável. São poucas as leituras nessa sessão que eu consigo ler tão rapidamente. Meus parabéns!

    Não achei nenhum erro de grafia e nem de concordância.

    Bom... É isso. Aguardando anciosamente o próximo capítulo.
    Leia minha roleplay :Terras Distantes

  5. #15
    Avatar de Lorofous
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    Não vi nada de clichê, pois não teve nada de mais ainda. '-'

    O capítulo foi só o Ian achando o corpo, contando para a mulher, enterro, sombra entalhando.
    Mas é isso mesmo, só não vi nada clichê.

    Ficou bom o capítulo. Adoro seu jeito de escrever. Escrita boa, mas sem enrolação.
    Não entendi ainda do que se trata a história.
    Talvez pouco a frente...
    Vamos, vamos!

    ..:: Lorofous ::..




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  6. #16
    Avatar de Jotinha
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    Padrão Hmmm...

    Lol...

    Não sei o motivo, mais tive alguma dificuldade na primeira passagem do capítulo um. O texto não me pareceu fluir corretamente, por alguma razão me parecia que pai do menino havia morrido subitamente enquanto eles conversavam, e não que eles tinham encontrado o corpo de Labios (nome horrível, por sinal).

    []'s

    Jotinha

    19:31 GM Ryrik Danubia [2]: Good bye everyone, thanks for all of the great memories :-)

  7. #17
    Avatar de Bela~
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    Obrigada, Lorofous em Meltoh. Prossigo escrevendo

    Jotinha
    Agora que você disse, li novamente a primeira parte. Há, de fato, uma margem para que se interprete que foi Hans quem morreu de repente, ou sei lá. Vou tentar consertar isto, obrigada por apontar a falha :thumb:

    Bela~

  8. #18
    Avatar de Drasty
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    Algumas partes ainda me parecem corridas, o salto do quarto para o enterro foi brusco demais. As descrições são boas, mas as vezes soam desnecessárias, muitos diálogos de certa forma.

    Entretanto, diferente do Isaac ainda não vi grandes clichês, aliás não da para escrever com medo do próprio enredo (mais ou menos como alguns artistas tem medo das próprias canções). Vai fundo, mas vai com calma.

  9. #19
    Avatar de Bela~
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    Pois é, não abandonei esta história, não. Após o bloqueio, consegui finalmente concluir o capítulo 2. Acho que estou satisfeita com o tamanho, porém tenho dúvidas sobre o caminho que o enredo toma. Isto vocês é que devem me responder

    Capítulo 2 - Um festejo, um cortejo e um sonho
    Ela corria. Loucamente. Seus cabelos, longos, agitavam-se e exibiam um brilho cor de mel ao sol. Quem a visse, por certo pensaria: "Como a mocinha está feliz...". E de fato, estava. Mas ela poderia muito bem justificar-se.
    Afinal, "não se faz quartoze anos todo dia", diria ela. Sem perder o fôlego, desceu a ladeira pavimentada e tomou a direita rapidamente. Entrou na padaria esbaforida, a pele rosada e brilhante de suor. Cruzou o estabelecimento e aproximou-se do balcão:

    -Bom dia, Ian! Como vão os pães da sua cliente preferida?
    O rapaz debruçado sobre a madeira gasta fitou-a, contente:
    -Estão aqui, Victora. Nunca esqueço de você, não é? - meneando os cabelos negros, continuou - acho que sei por que está tão radiante, não sei?

    Após dirigir-lhe uma piscadela em resposta, a menina foi pegando o saco que o jovem lhe estendia. Acenou longamente para o amigo e ganhou as ruas outra vez. Não demorou muito e, em sua corrida desvairada, chegou à casa. Viu que a mãe, na cozinha estreita, já organizava as bebidas e petiscos.

    -Mãe, os pães.
    Pondo-os sobre a mesa, sentou-se ao lado da mulher ocupada e esperou, agitando os pés sutilmente. Com um riso, Aita deu o próximo comando à filha:

    -Quero que prepare o jardim. Varra as folhas e cubra a mesa com uma toalha. E não esqueça de aguar as flores, certo? - mas não houve resposta. A garota saíra apressada para os fundos da casa humilde.
    E o dia passou-se rapidamente. Num instante o sol ameno do outono deu lugar a uma foice finíssima e prateada, tímida por entre as nuvens espessas.

    Enquanto lavava os cabelos imersa na banheira de tábua, Victora divertia-se com as expectativas para a festa. Fazia frio, mas ela não se importou. A chama de ansiedade que ardia dentro de si bastava para aquecê-la. Foi para o quarto e começou a selecionar roupas. Seu cômodo era despojado, havia pouquíssimos móveis nele: do lado oposto da janela, a cama. Perto da porta, a cômoda de cedro robusto. Por fim, do lado daquela, havia um minúsculo criado-mudo de simples estrutura.

    Também Victora não dispunha de tantas roupas. Tomou uma blusa de algodão tingido e vestiu-a. No entanto, embora fosse uma roupa de nada especial, a camisa caiu-lhe muito bem. Contornando seu corpo aqui e ali, o tecido exibia sua silhueta, que já abandonara o antigo ar infantil. A saia, um pouco acima do joelho, revelava suas pernas torneadas.

    Era chegada a hora. Lá fora, o ambiente fora ornado com algumas luminárias de papel que pendiam amarradas ao barbante. A casa era pequena, porém o quintal compensava: amplo, compreendia as mais diversas árvores e arbustos. Certos cantos até tinham um ar selvagem: apenas a relva próxima à construção era domada com mais frequência.

    -Victora, filha, eles já vão chegar - dirigindo-lhe um olhar gentil, a mãe falou à jovenzinha. Esta admirou a figura da mulher. Apesar de a idade já começar a descer sobre seus ombros, Aita conservava o ar que sempre tivera: ereta e quase sempre sorridente. Era esta a fórmula de beleza.

    De fato, os convidados foram chegando. Os primeiros foram Ian e seu velho pai. Sustentando-se na bengala e no braço forte do filho, o senhor se arrastava. Enquanto Hans abraçava a jovem, o rapaz entregou-lhe o presente, dando-lhe um bonito sorriso.

    Depois veio a parteira, que mantivera com Aita laços de amizade. Amigos, Victora tinha, porém poucos. Depois que estes chegaram, fez-se um grupinho animado e meio recortado dos adultos. Não comiam muito, mas conversavam e riam.

    Segurando um copo de cerveja, a aniversariante era simpática. A festa já corria há algum tempo, e um rapazinho, um pouco mais velho que ela, tomara o bandolim e já entoava uma canção. Ora tropeçava na letra, mas não dava importância a isto. As bochechas rosadas, Augusto ria e movimentava seus dedos ágeis pelo braço do instrumento que trouxera.

    "Victora, vitoriosaaaa! És flor, és vida, és pedra preciosa!!" E seguia com as simples rimas improvisadas.

    A menina sentiu seu rosto esquentar. Sensação nova, mas que de início não percebera. Risonho e meio sem jeito, o cortês aproximou-se dela e beijou seu rosto. Sob os murmúrios e risos dos demais, ele expulsou os cabelos rebeldes do rosto. Piscou para ela e continuou, desta vez sem improvisar. Mágico momento, aquele!

    Agora os convidados já iam saindo. A anfitriã falava envergonhada, crendo que muitos houvessem visto a rápida cena de afeto entre os dois. Quando Augusto foi se despedir, lançou-lhe um olhar que só ela poderia entender: pedia mais, muito mais.

    -Querida, me ajude a lavar esta louça. Depois, pode ir dormir.
    Contrariada pela segunda instrução da mãe, Victora replicou que queria desembrulhar os presentes antes. Após relutar um pouco, a mulher consentiu. Tiveram de fazer bastantes viagens do jardim para a cozinha; e os pratos a serem limpos não eram poucos. Ainda assim, as duas trabalharam prontamente.

    -Hum... e como vai o Augusto?
    Diante de tal indagação, a resposta fugiu a Victora. Por fim, falou, nervosa:

    -Err... bem, vai muito bem - distraindo-se com uma sujeira incrustada na panela, ela desejava que a pergunta sobre o assunto fosse única. Para seu alívio, foi. Após terminar o serviço, apressou-se a beijar a mãe e ir para seu quarto, carregando o saco com os presentes. Fechou a porta atrás de si e suspirou. Não pode conter o riso e escancarou os dentes para si mesma.

    Os presentes eram variados: uma cesta de pães e bolos de Hans e Ian, um vestido de Dorothy, uma sandália da mãe. Quando, porém, deparou-se com um envelope de couro, tremeu: um desenho de seu rosto, produzido por Augusto. Ficou ali, a observar a perfeição do trabalho que o rapazinho fizera para ela.

    Passados os minutos de imersão na bela arte que segurava, ela guardou-a no envelope e jogou a sacola de estopa vazia para o lado. Logo ouviu um som abafado, de algo batendo duramente contra o chão. Voltou para ver o que era. Remexendo pelo tecido mal-acabado, encontrou um outro "presente". Uma pedra redonda, envolta por uma folha amassada. Desenrolou-a com cuidado, embora tenha quase rasgado o material por três vezes.
    Esticando um pouco o papel envelhecido, começou a ler com dificuldade aquilo que estava escrito em poucas linhas.

    NÃO HÁ VOLTA.
    A VIDA QUE DAQUELE SAIU
    MADURA O BASTANTE
    PODE SEGUIR O CAMINHO

    Intrigada, a mocinha preferiu não se esforçar para compreender a mensagem. Era tarde, sentiu sono. Talvez fosse mais uma charada do Ian, aquele maroto! Não custou muito para que seus olhos se fechassem.

    Ela andava a passos largos. A grama era densa, dificultava seu deslocamento; e a neblina, reduzia sua visão. Eram frequentes os sonhos nos quais ela tinha total controle, fazia as próprias escolhas e ia aonde queria. Mas ali foi diferente: era guiada quase que automaticamente para o interior do campo macabro.

    Em meio à bruma, surgiram sombras irregulares. Pensou serem feras encurvadas e estáticas à espera do ataque. Tremeu. No entanto, reconheceu as muitas lápides enfileiradas sem método algum.

    Parou de chofre à frente de um túmulo simples e pequeno. Não soube por que, mas aproximou sua mão trêmula da pedra fria. Quanto seus dedos tocaram a sepultura, tudo desapareceu. O negrume tomou completamente o ambiente e Victora foi engolfada pelo absoluto vácuo.
    Bela~
    Última edição por Bela~; 23-06-2010 às 22:27.

  10. #20
    Avatar de Lorofous
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    Olá você! 8D
    Que bom que voltou! Tava super parada essa pocilga chamada Seção 393 (vulga Literatura)

    Eu amo seus textos, garota! Você consegue prender a atenção sem ser chata. Eu só não me liguei quem era Ian, mas depois voltei... anyway...
    Só vi um erro que foi este:
    Não comiam muito, mais conversavam e riam.
    Seria "...muito, mas conversavam e riam."

    Tô gostando e acompanhando.
    Agora que você voltou, vou esperar você terminar de ler os capítulos do "Em Nome de Luin" e vou postar o Livro 2.

    E é isso... tchau...

    ..:: Lorofous ::..

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