Primeiramente, agradeço pelos comentários. Tentarei aplicar as dicas ao meu texto. Agora, segue o capítulo 1. Como está o tamanho? Pequeno demais ou ideal?
Bela~Capítulo 1 - Seu marido... está morto
Despertos antes do sol, os dois sujeitos caminhavam sem pressa, deslocando-se molemente. Seguiam aqui, dobravam ali. Pan, de fato, era uma cidadezinha labiríntica.
Para preencher o silêncio tumular daquela hora da manhã, conversavam sobre algo qualquer, sem importância. Talvez sobre a clientela, quem sabe sobre a demanda de pães. Sabia-se que a relação entre o padeiro e o jovem filho era carinhosa, porém direta.
-Ian, não sei se você - mas parou, e num segundo as palavras se perderam. Paralisado, Hans mirava o chão à sua frente. Ali estava Labios, estendido, de bruços. Hedionda cena, aquela. Seus cortes eram ao mesmo tempo profundos e numerosos, deixando o corpo do homem quase irreconhecível.
O pai foi o primeiro a mover-se e a se ajoelhar ao lado do cadáver. Sem tocá-lo, observou-o, consternado. Com a voz embargada, suspirou:
-Pobre Labios... que cão fez isto com ele?
E ficou ali, imóvel e chocado.
-P-pai. Que devemos fazer?
Sem dar atenção ao menino, Hans abaixou a cabeça, mudo. Ao ver que Ian continuava imóvel, respondeu, seco:
-Dá a notícia à mulher dele. Vou... - parou, abalado - ...vou ficar aqui.
E o garoto foi, sem tirar a horrorosa imagem de sua mente. Para trás, deixou um homem atarracado que murmurava sem parar:
-Labios, Labios... meu velho amigo Labios...
*****-Acalme-se, Aita. Ele certamente já está voltando.
Mas as tentativas de tranquilizar a jovem mãe se mostravam falhas. A cada minuto ela parecia mais aflita, e Dorothy, a parteira, não sabia o que dizer. Aita estava recostada no espaldar da cama, coberta por lençóis limpos e brancos. A pequena Victora dormia tranquilamente no bercinho ao lado da mãe.
-Garanto-lhe, querida, que logo aquela porta se abrirá e por ela entrará seu homem, para ver a linda jóia que pariu!
E, de fato, ouviu-se um "toc-toc" naquele mesmo instante. Apressada, Dorothy foi atender ao chamado. Mas não era Labios que estava lá. E sim um garoto franzino, pequeno. Surpresa, a gorda perguntou:
-Que quer, moleque?
-É que... digo, não.
Ela apressou-o:
-Anda, o que é?
-É que preciso falar com a Senhora Shepard - sua voz possuía um tom hesitante.
Avaliou-o. Por fim, abriu espaço para o menino, deixando que atravessasse a pequena sala e entrasse no quartinho iluminado no qual estava Aita.
-Olá, Ian, como vai? - a mulher tentava disfarçar sua ansiedade.
-Vou bem, Senhora Shepard. Muito bem.
Logo percebeu a estranheza de Ian. Ao vê-lo olhar para o chão do aposento, perguntou:
-O que foi, Ian? Há algo que queira me contar?
-Na verdade, Senhora... devo dizer que - interrompeu-se, titubeou - devo dizer que seu marido... está morto.
Houve um segundo de silêncio e tensão. Incrédula, Aita falou, quase que num sussurro:
-O quê?
-É isso, Senhora. Eu e meu pai estávamos andando e, de repente - ele não completou a frase, restando somente um olhar vazio em seu rosto pálido. Paralisada, a mulher ficou ali, deitada na cama, com o olhar vidrado no menino à sua frente. Não, devo estar sonhando, isto é loucura!
Até mesmo quem passasse pela rua em frente à casa poderia ouvir o lamento dolorido e desesperado de Aita.
No mesmo dia deu-se o enterro, nos fundos da capela. Ninguém entendia por que partira, o que fizera de errado. Só sabiam que Labios deixaria uma lacuna no coração de sua infeliz esposa. Todos viam-na inconsolável, derramando suas lágrimas sobre o minúsculo bebê em seus braços. Triste criança: envolta em várias cobertas, cresceria sem pai.
Naquela noite caiu uma chuva fina e sombria. A cidade, mais uma vez, estava vazia, todos mantinham-se em suas casas. Portanto, ninguém notou o vulto que se deslocava, cauteloso como um gato, nos arredores da igrejinha de Pan. Dirigindo-se ao pequeno cemitério, deslizou pelo meio das sepulturas, movimentando a grama que crescia alta. Parou, ajoelhou-se diante de uma delas: simples, pequena. As inscrições ocupavam quase toda a superfície da lápide. E, embora que com dificuldade, a sombra entalhou mais outras palavras, em caligrafia fina e apertada:
DESTE SAI A VIDA DESTINADA À DESCENDÊNCIA.
MAS APENAS A VIDA, JÁ QUE A ALMA SERÁ NOVA
E SEMELHANTE À DO POVO DE TARPS
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