Capítulo III
Enquanto o corpo da garota caía, o sangue escapando do lugar onde antes deveria estar a cabeça, e sujando a roupa apertada do bandido que sorria maliciosamente, Neil olhava aterrorizado para a cena. Percebeu então que o homem se aproximava, mas não conseguia fugir. Sabia que devia, mas suas pernas não respondiam. Quando o bandido já havia chegado na metade do jardim, ouviu-se um grito vindo da entrada e novamente o barulho de lâminas.
Os dois homens lutavam alguns metros à frente de Neil. Aquele que lutava contra o bandido aparentava ter uns 50 anos. Tinha longos cabelos brancos e uma armadura prateada, suja de lama e sangue. Sangue do bandido que havia acabado de ser transpassado pela espada, e caiu sem vida ao chão. O homem voltou até onde estava o corpo da garota, ignorando Neil, que se levantava.
— É uma pena. — disse o homem da armadura suja — Eu disse que iria protege-la, mas parece que falhei. — ele colocou a cabeça novamente perto do corpo
Neil olhou em direção as flores, onde a espada havia caído. Andou até lá com cuidado para não matar nenhuma, e recolheu a espada do chão. O homem observava enquanto ele voltava e deixava a espada ao lado do corpo.
— Ela era da sua família? — perguntou ao homem
— Não. Era uma aluna minha. — ele pegou a espada e ficou observando-a — Os pais dela eram grandes amigos meus, mas morreram quando ela ainda era muito jovem. Desde então tenho ensinado ela na ELM.
— Na ELM? — os olhos de Neil olharam o homem com espanto — Então você deve ser... Raero?
O homem confirmou. Neil olhava para ele com um misto de espanto e incredulidade. Passaram alguns momentos em silêncio.
— Então, você está aqui para entrar na ELM?
— Sim. — fez uma pausa — O motivo pelo qual vim foi esse, mas foi uma estupidez. Eu não tenho dinheiro para pagar, e minha vinda aqui só fez com que pessoas morressem. — olhou para o corpo da garota — É melhor dar um enterro decente pra ela.
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O sol já havia se posto completamente quando terminaram de colocar a terra para tapar a cova. Raero havia trazido um pouco da terra do canteiro, junto com algumas raras flores de Ateruna. Os dois observaram tristemente o local por alguns minutos.
— Ela nem me conhecia, mas me tratou tão bem. Até mesmo morreu lutando por mim.
— Era o jeito dela. Fazia amizades facilmente. — Raero se virou para Neil — E então, você vira para a ELM?
— Eu já disse que não tenho dinheiro para pagar.
— Ah, eu sei disso, mas não será problema. Perdemos o nosso último zelador em um acidente... — o modo como a palavra foi pronunciada fez Neil sentir um arrepio — Se você não se importar em ter que limpar a ELM entre as lições, você poderá treinar lá de graça.
Raero pegou a espada que antes pertencia a garota, e a estendeu para Neil.
— E então? O que decide?
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Lina se animou ao ver o pai entrando pelo portão principal da ELM. Estava feliz por ele estar bem. Viu então o garoto que o seguia, e imaginou se o motivo para a demora foi ele ter arranjado um aluno novo. Ela saiu correndo de seu quarto no 2º andar, e desceu as escadas até o salão principal, onde os dois já estavam.
— Ah, Lina. Me desculpe pela demora, houveram alguns imprevistos.
— P...
— Será que você poderia mostrar os quartos para Neil? Ele é um aluno novo, mas não terei tempo de mostrar as coisas para ele. Tenho que ir em minha sala cuidar de algumas coisas importantes.
— M...
— Ah, muito obrigado.
Raero foi então até a porta da escadaria, e subiu. Lina estranhou. Seu pai nunca havia a ignorado dessa maneira antes. Pensou que talvez algo muito ruim estivesse acontecendo, e ele precisasse tomar medidas urgentes. Ou talvez o novo aluno fosse muito chato e ele só quisesse se livrar da responsabilidade. De qualquer modo, o trabalho agora era todo dela.
Olhou para Neil, que trajava roupas feitas com um pano leve, mas durável, própria para viagens longas. Mesmo assim, elas estavam bem surradas, e até mesmo com alguns rasgos. Deveria ter sido uma viagem muito difícil até ali.
— Prazer Neil. Meu nome é Lina, sou filha de Raero Maetsurugi. Irei te mostrar os quartos, papai irá provavelmente encontrar você lá depois.
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Neil seguia atrás de Lina, subindo os degraus da escada em espiral. Desse ponto de vista, a calça de couro apertada de Lina acentuava as curvas de seu bumbum. Ficou então pensando o que aconteceria se Raero visse o que ele estava olhando. Será que o expulsaria da ELM? Tentou então comparar o bumbum de Lina com o da garota que havia conhecido mais cedo, mas lembrou então que ela estava de vestido, o que não deixou ele olhar bem. "Mas o que estou pensando afinal? Ela está morta, eu deveria pelo menos mostrar algum respeito", pensou.
Lina parou de repente, fazendo com que Neil trombasse nela, enquanto estava perdido em seus pensamentos. Percebeu então que já estavam no meio de um grande corredor bem iluminado, com dezenas de portas.
— Me desculpe. Eu estava admirando o local, me distraí.
— Tente prestar mais atenção da próxima vez. — disse enquanto passava a mão na jaqueta de couro, alisando-a depois do impacto — De qualquer forma, o seu quarto é aqui. Por favor, espere pelo meu pai aí dentro.
— Certo, obrigado.
Neil entrou calmamente no quarto. O espaço era pequeno, mas confortável. Uma cama no canto superior esquerdo, com uma cabeceira ao lado. Havia uma mesa de centro com algumas cadeiras, e também um grande relógio de pêndulo. As paredes eram de cor branca, levemente amarelada, e um carpete azul se estendia por todo o quarto. Nas paredes, pequenos candelábros que serviam para iluminar o quarto.
Deixou a espada encostada na parede, ao lado da cabeceira e deitou na cama. Colocou as mãos atrás da cabeça e cruzou a perna direita sobre a esquerda. Mal acreditava que estava ali. Olhou para a espada, a mesma que a garota usou em sua última luta. Era uma espada comum, mas possuía um pequeno cristal vermelho em seu cabo, perto da lâmina. Imaginou que a espada ficaria simples demais se ele não estivesse ali.
Voltou a olhar para o teto, e então para o fogo bruxeleante no candelabro à sua frente. Começou então a repassar tudo o que havia vivenciado durante a jornada até ali, na sorte que teve em conseguir chegar ali. Pensou em quando esbarrou em Lina, deveria estar prestando mais atenção no caminho, e não na bunda. Tinha que trabalhar sua mente para poder se concentrar, e não se perder em seus pensamentos. Pelo menos ajudou em algo, com o impacto, ele pode encostar na bunda dela sem que ela percebesse. Era mais macia do que ele imaginou.
Adormeceu.
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