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Tópico: O Baú

  1. #31
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    Legal - e nada mais que isso. Não detectei o antigo brilho. Não negarei, a leitura foi, de fato, agradável, mas apenas isso. Descrições ótimas, contudo, desnecessárias. As munições e armas foram detalhadas com tanta convicção e precisão que eu me senti um ignorante por não saber nada daquilo.

    Também era pesada, mais pesada do que deveria ser, e seus joelhos dobraram um pouco quando o alfinete fechou.
    Cara, sério. Talvez por tratar-se de uma moça jovem, mas joelhos flexionados com o peso de uma estrela(?)? No mínimo, desproporcional. Ainda que pesasse dois ou três quilos, o que já seria um exagero, seus joelhos não iriam ceder.


    ficando tão negras quanta a pequena gravata
    Quanto a, não seria?



    Esse capítulo me decepcionou um pouco. Ainda que esteja em um nível excelente, a qualidade caiu um pouco. Mas talvez tenha superestimado você (ou não). Espero que melhore.




    Até o próximo

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  2. #32
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    Foram muitas descrições, o baú voltou a ser o personagem principal. Continua bem escrita, o que é melhor é saber que já tem os capítulos distribuídos e um final para sua história.

    Ela olhou para os cacos de vidro e a pintura amassada.
    Não era um retrato? Em 1937 já existiam fotógrafos.

    O vestido não era decotado, mas apertava seus seios e cintura antes de alargar-se, e era ousadamente curto, com seus três centímetros acima dos joelhos. O colete também era feito sob medida para mostrar suas formas.
    Uma heroína vestida como dançarina de cabaré. Você realmente deu importância para este detalhe.

    Por instinto, sabia que munição usar em cada arma e pôs somente cartuchos da .45 Silver Cross à esquerda da fivela com a insígnia de águia, e cartuchos de 44-40 à direita.
    Não sou especialista em armas, mas imagino que cartuchos de calibres diferentes sejam fáceis de identificar. O maior não encaixaria no tambor da arma menor.

    Antes de ser tocada, a estrela estava opaca, mas começou a brilhar quando ela a colocou. Também era pesada, mais pesada do que deveria ser, e seus joelhos dobraram um pouco quando o alfinete fechou.
    Uma metáfora para o peso da responsabilidade da heroína solitária? Alice May é quase uma Cassandra, que se não adivinha o futuro, pelo menos é a única que consegue enxergar a realidade e a vilania do Mestre.

    as roupas brancas geralmente impecáveis de Bill estavam pretas, empapadas e completamente encharcadas de sangue.
    Achei estranho, uma roupa branca impecável ficaria vermelha se estiver encharcada de sangue.

    Uma coisa que me chamou a atenção é que Alice May, apesar de ser filha adotiva do casal Stella e Jake há 15 anos, nunca os chama de pai ou mãe, e o narrador sempre os cita pelos seus nomes próprios, mesmo quando estão interagindo com ela.

    Isso acaba criando um distanciamento na cabeça do leitor, parece que Alice não faz parte daquela família. Seus tios pareciam mais próximos, os tios Bill.


  3. #33
    Avatar de Mago Teseu
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    Poizé, estamos na reta final.

    Como vou viajar e so volto sexta, decidi postar este capítulo antes. Aproveitem.

    O ultimo capitulo sai sábado, comentem bastante.





    6 - Redenção



    Ela andou em direção a ele, em direção à poça de sangue. Um eco lhe respondeu, outro som de passos vindo do quintal além da porta da cozinha.

    Alice May parou onde estava, em silêncio, aguardando. Os passos continuaram e a porta de tela se abriu. Um homem entrou sem olhar para onde estava indo. Vestia um casaco preto dos Servos sobre o macacão azul e sem mangas. Havia machas de sangue acima de seus joelhos. Seu nome era Everett Kale, auxiliar de açougueiro. Uma vez ele saíra com Jane Hopkins e dera a uma bem jovem Alice May uma das flores do ramalhete que havia trazido para Jane.

    A estrela de Alice May resplandeceu e Everett ergueu o olhar. Viu Alice May, a estrela, o rifle apontado. Sua mão procurou o facão de cabo de osso que chacoalhava na bainha de açougueiro na lateral do macacão.

    O tiro fez um barulho bem alto em um ambiente limitado, mas Alice May não hesitou. Puxou a alavanca, a ação tão rápida que o som pareceu ter se retardado, e ela despejou outro cartucho no homem, que tinha caído porta afora. Ele já estava morto, mas ela queria ter certeza disso.

    O barulho saudou Alice May quando ela saiu de casa. Berros e brados surpresos. Havia três homens no quintal, olhando o açougueiro morto no chão. Tinham entrado na fábrica de cerveja caseira de Bill e estavam todos segurando garrafas de uma cerveja escura e densa. Deixaram as garrafas cair quando Alice saiu atirando.

    Estavam armados com pistolas automáticas novas e finas, que se ajustavam aos pequenos coldres dos cintos presos às túnicas pretas. Nenhum deles conseguiu sacar a pistola. Em segundos, estavam todos no chão, mortos, seu sangue se misturando à cerveja escura e espumante, estrebuchando sobre uma cama de vidro quebrado.

    Alice May os observou de um lugar estranho e sombrio dentro da própria cabeça. Ela os conhecia, mas não sentia remorso. Açougueiro, padeiro, um inútil e um minerador. Todos moradores da cidade.

    Suas mãos tinham comandado a matança. As mãos e o rifle. Mesmo agora as mãos estavam recarregando, tirando balas do cinto e colocando-as com um clique gratificante no pente da pistola.


    Alice May percebeu que não exercia nenhum controle consciente sobre as mãos. Em algum momento entre abrir a porta da frente da casa do tio Bill e entrar na cozinha, ela havia se transformado em uma observadora dentro do próprio corpo. Mas não se amedrontou com isso. Fizera o que era certo e percebia que ainda tinha domínio sobre os próprios atos. Não era um zumbi ou coisa parecida. Podia decidir aonde iria em seguida, mas seu corpo – e as armas- a ajudariam a fazer o que tinha que ser feito quando chegasse ao seu destino.

    Ela se desviou dos corpos que ainda se mexiam e saiu pela porta dos fundos. Deu em outra rua vazia com o inclemente vento quente, a poeira e a completa ausência de pessoas.

    Deveria ter surgido uma multidão para ver o porquê do tiroteio. Os dois policiais da cidade chegariam cavalgando seus dois cavalos cinzentos. Mas só havia Alice May.

    Ela desceu a rua a caminho da estação de trem. Os saltos das botas esmagavam o cascalho. Teve a impressão de que nunca tinha ouvido aquele barulho singular, não com tanta clareza e tão alto.

    O vento mudou de direção e soprou contra ela, mais forte e quente do que nunca. A poeira subiu, uma poeira densa que carregava aglomerados de pedregulho. Porém nenhum atingiu Alice May, nenhum entrou em seus olhos. O vestido branco os repelia, o vento parecia se dividir ao chegar nela, com grandes correntes de pó e pedrisco voando dos dois lados.

    Uma porta se abriu à sua esquerda e ela estava de frente para a casa, o dedo no gatilho. Um homem deu meio passo para fora. O velho Sr. Lacker, trajando seu melhor terno, uma bandeira dos Servos do Estado na mão trêmula. Mão esquerda.

    - Fique dentro de casa! – Alice May ordenou. Sua voz saiu mais alta do que esperava. E ribombou em seus ouvidos, facilmente cortando o vento.

    Lacker deu outro passo e levantou a bandeira:

    - Fique dentro de casa!

    Outro passo. Balançou a bandeira outra vez. Então enfiou a mão no paletó e pegou uma pistolinha no bolso, uma Derringer de tiro único, toda feita de metal antigo e manchado.

    Alice May puxou o gatilho e seguiu em frente, enquanto de súbito brotava sangue da lapela do melhor terno do velho Lacker, uma casa de botão vívida, de vermelho escarlate.

    Ela recarregou enquanto andava. Por dentro estava gritando, mas nenhum som saía. Não queria ter matado o Sr. Lacker. Ele era idoso, inofensivo, não representava perigo. Não poderia tê-la atingido nem se estivesse ao seu lado.

    Mas suas mãos e o rifle não concordavam com isso.

    Alice May sabia para onde tinha de ir. A estação de trem. Onde o Mestre estaria em menos de uma hora. Tinha de ir lá e matá-lo.

    Não parecia sensato andar pela rua principal, então Alice May cortou caminho pelo campo atrás da escola. Do alto do corte além do campo, ela olhou para os dois lados, o da estação e o da via férrea.

    O trem especial já estava na plataforma. Uma locomotiva, um vagão a vapor e um único vagão privativo. A locomotiva tinha um anteparo colocado em frente à caldeira, em cima do limpa-trilhos. Um anteparo com a tocha flamejante dos Servos. O trem devia ter vindo de Jarawak City em marcha a ré, pensou Alice May, só para que o balcão na parte de trás do vagão privativo ficasse de frente para a curva da avenida principal.

    Havia muita gente reunida naquela curva. Todas as pessoas que Alice May esperava encontrar nas ruas. Tinham chegado cedo para garantir que não fossem tachadas de partidárias tardias ou relutantes. Todos os habitantes da cidade tinham de estar ali, muitos deles trajando o uniforme dos Servos e todos eles agitando bandeiras negras e vermelhas.

    Alice May se esgueirou pelo corte e andou no meio dos trilhos. Era por aquele caminho que ela tinha chegado quando bebê, tantos anos antes. Mas por algum motivo, não achava que tinha vindo de Jarawak City.

    Toda a atenção estava voltada para a parte traseira do trem, embora fosse óbvio que o Mestre ainda não havia aparecido. Estava uma algazarra grande demais para isso, com a multidão aplaudindo e a banda da cidade tocando alguma música irreconhecível. Os jornais todos faziam alarde do silêncio total que tomava qualquer público quando o Mestre discursava.

    Alice May atravessou a linha férrea e foi lentamente para o lado oposto da locomotiva. Assim que chegou ao vagão a vapor, um maquinista desceu. Vestia um macacão de brim e um boné preto dos Servos, completado com o distintivo da tocha em chamas.

    As mãos de Alice May se mexeram. A culatra do rifle estalou e o maquinista caiu trilho abaixo. Ele rastejou por um instante tentando se levantar, enquanto Alice May esperava com muita calma que a multidão berrasse de novo e a banda fizesse um crescendo de bateria e metais. Quando o fizeram, ela deu um único tiro na cabeça do maquinista e passou por cima dele.

    “Sou uma assassina”, pensou. “Muitas e muitas vezes.”

    “Eu gostaria que eles ficassem fora do meu caminho.”

    Alice May subiu no balcão dianteiro do vagão privativo. Tentou olhar lá dentro, mas a janela era de vidro escuro.

    Alice May tentou a porta. Não estava trancada. Abriu-a com mão esquerda, o rifle preparado.

    Esperava dar em alguma sala de estar, talvez mobiliada com opulência. O que viu foi um corredor inacreditavelmente comprido, que se estendia a distância, o final fora do alcance de visão.

    A multidão de repente ficou em silencia do outro lado do trem.

    Alice May entrou no corredor e fechou a porta atrás de si.

    Estava escuro com a porta fechada, mas sua estrela reluzia com mais brilho, iluminando o caminho. Afora o tamanho e o fato de que o final estava envolto em nevou ou fumaça, o corredor era semelhante ao de qualquer outro trem que Alice May já tinha visto. Madeira polida, equipamentos de metal e portas que davam paras as cabines, a alguns passos de distância umas das outras. A única coisa estranha era que as portas tinham janelas de vidro escuro, por onde não se enxergava nada.

    Alice May ficou tentada a abrir uma das portas, mas resistiu à tentação. Seu negócio era com o Mestre, e ele estava discursando do outro lado do trem. Quem sabe em que encrenca ela se meteria ao abrir uma porta?

    Ela continuou a andar, da forma mais silenciosa possível, pelo corredor. Dava alguns passos e ouvia algum barulho; congelava por um instante, o dedo no gatilho. Mas os sons não eram de gente, nem de armas, nem de perigo. Vinham do outro lado das portas das cabines, e eram de mar, de vento ou de chuva caindo.

    O corredor prosseguia e Alice May não parecia estar chegando perto do final. Começou a andar mais rápido e depois a correr. Ela tinha de chegar lá antes que o Mestre terminasse o discurso, antes que seu veneno dominasse seus pais adotivos e todo mundo que ela conhecia.

    Cada vê mais rápido, os saltos das botas tamborilando, a respiração áspera, mas ainda sentindo frio, um frio gélido. Ela se sentia como se empurrasse uma barreira que a qualquer momento se quebraria, e então ficaria livre daquele corredor sem fim.

    Ela realmente se quebrou. Alice May invadiu uma sala para fumantes, cheia de Servos, um aposento comprido e lotado de uniformes pretos e vermelhos.

    As mãos e os olhos de Alice May começaram a atirar antes que ela sequer se desse conta de onde estava. O rifle se esvaziou no que pareceram apenas alguns segundos, mas todas as balas acertaram na mosca. Servos desmoronavam nas cadeiras, contorciam-se no chão, mergulhavam para se proteger, agarravam suas armas.

    Alice May jogou o rifle para o lado e pegou um dos revólveres, num movimento tão rápido que, para os assustados Servos, o rifle pareceu ter se transformado nas mãos dela. Mais seis Servos morreram quando sua oponente moveu o cano da arma com a mão esquerda, os tiros ressoando juntos num instante terrível.

    Alice May enfiou um dos revólveres no coldre e pegou o outro, a mão direita e a mão esquerda numa coordenação perfeita e antagônica. Mas não havia mais ninguém em quem atirar. A fumaça do tiro misturada à de charutos e cachimbos traçava um torvelinho até os ventiladores no teto. Servos soltaram um último sopro de vida tossindo sangue, e os últimos gritos cessaram.

    “Então isso é o que as pessoas chamam de carnificina”, pensou Alice May ao inspecionar o aposento, olhando calmamente de algum lugar dentro de si enquanto uma outra parte observava os estremecimentos e convulsões derradeiras dos homens e mulheres agonizantes, em meio ao sangue, miolos e urina que se espalhavam e empapavam o carpete antes azul.

    Suas mãos – mas não as suas mãos, pois com certeza estas estariam trêmulas – recarregaram os revólveres enquanto ela observava. Em seguida, elas pegaram o rifle e o recarregaram.

    A porta se abriu do outro lado da sala dos fumantes. Alice May viu de relance as costas do Mestre, captou algumas de suas palavras proferidas, cada uma carregando a insinuação de um grito.

    Seu rifle se ergueu quando uma jovem de roupa preta e vermelha entrou na sala.

    Era Jane.

  4. #34
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    Esperamos pelo final ansiosamente.

    CONTINUE ESCREVENDO!

    Não vou dizer que a história está a mais completa perfeição, mas muitos autores sérios já começaram com menos (alguém disse andré vianco? eu juro que não fui eu que disse andré vianco).
    A propósito, estou te convidando pra participar da comunidade de textos de punho próprio. Uma comunidade do orkut só para escritores, a maioria inesperiente.
    Enjoy
    http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=78334933
    I'm not a mage, i'm the keeper of the fire secrets.
    I'm not a paladin, i'm the seeker of holy justice.
    I'm not a druid, i'm the blessed child of nature.
    I'm not a knight, i'm the shield of mankind.
    I'm not a gamer, i'm a roleplay gamer.

    Leia minha história:
    http://forums.tibiabr.com/showthread...92#post4840992
    http://forums.tibiabr.com/showthread...77#post4858877

  5. #35
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    Boa tarde...bem, falaremos sobre o texto.
    Cara...ficou bom. Me abstenho em dizer apenas isso.
    Quando ela entrou no trem, fiquei rezando: "Tomara que não haja uma perseguição...". Ainda não aconteceu e sugiro que não aconteça. Torna a história clichê e eu não gosto nem um pouco.
    Não vou dizer nada sobre o fato de ela atirar melhor que o capitão do BOPE, esperarei pela explicação já citada. Também aguardo por uma possível história de seu passado e parentes - já que ela parece sentir um ódio mortal desse Mestre sem nenhuma explicação plausível. Tudo bem, o cara é um puta manipulador e tal, mas chegar atirando desse modo? Qualquer pessoa sensata não iria querer se meter com ele - o que faz dela uma retardada com um péssimo senso de heroísmo e justiça.



    que o final estava envolto em nevou ou fumaça, o corredor
    Névoa? Me pareceu o mais próximo.


    Cada mais rápido, os saltos das botas
    Realmente não sei o que você quis dizer com isso. Vez? Talvez...



    É isso. Último capítulo chegando...me decepcionei bastante. Achei que a história tinha mais enredo...de duas, uma: ou o último capítulo será extremamente grande e bom, dando um ótimo desfecho à história ou ele não explicará porra nenhuma e ficará por isso mesmo. Ou então, estou ficando doido e nenhuma de minhas profecias se cumprirá...



    :}




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  6. #36
    Avatar de Emanoel
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    Demorei, mas cheguei. Para que não haja dúvidas, esclareço que esse comentário compreende os acontecimentos dos capítulos cinco e seis.


    Com exceção de duas ou três redundâncias, a história está muito bem escrita. A desenvoltura da narrativa e o competente equilíbrio entre descrições detalhadas e passagens leves garantem uma leitura convincente e atrativa; felizmente, você não fomenta chatices literárias.

    É interessante e divertido acompanhar uma história que não é protagonizada por mocinha ou heroína, mas que abre espaço para uma inconsequente anti-heroína ― aquele tipo que faz (ou tenta fazer) a coisa certa da maneira errada. Por outro lado, tudo que acontece ao redor da personagem é estranhamente conveniente e bizarro; não sou daqueles que clama por explicações cientificamente plausíveis para questões subjetivas ou sobrenaturais, mas sinto que alguns pontos necessitam de boas justificativas.

    Também tenho a nítida impressão de que a história seria melhor deglutida caso as informações e a disposição dos capítulos fosse mais bem planejada. Os dois primeiros são leves, curtos e simples, praticamente extensões do prólogo; terceiro e quarto introduzem conceitos importantes e deixam tudo de cabeça para baixo; nesses dois últimos, de uma hora para outra, O Baú tornou-se um esquisito thriller de ação. A instabilidade estilística da obra, além de deixar o leitor perplexo com a ligeireza dos acontecimentos e infinitas nuances do enredo, causa desconforto naqueles que acreditavam estarem lendo um drama leve envolto em pitadas de humor e mistério.


    Medo e Morte:

    Citação Postado originalmente por Mago Teseu Ver Post
    Pro algum motivo, Alice May não se surpreendeu ao ver as descrições, escritas à mão em etiquetas grudadas às latas.

    Por
    Citação Postado originalmente por Mago Teseu Ver Post
    Gotas ainda pingavam dele e caíam lentamente na macha embaixo de suas pernas.

    mancha
    Citação Postado originalmente por Mago Teseu Ver Post
    Alguém tinha usado o mesmo sangue para pintar no chão uma tocha malfeita e duas palavras.

    mal feita
    Citação Postado originalmente por Mago Teseu Ver Post
    Então teriam golpeado, e golpeado, e golpeado Bill, enquanto ele cambaleava pelo corredor da própria casa, incapaz de acreditar do que estava acontecendo e incapaz de resistir.

    no
    Redenção:

    Citação Postado originalmente por Mago Teseu Ver Post
    A multidão de repente ficou em silencia do outro lado do trem.

    silêncio
    (Ratifico o comentário do Ldm sobre nevou e .)


    É ventura rara presenciar o desfecho de uma história sequencial nessa seção ― o fato de ser uma narrativa curta não torna esse caso desmerecedor de aplausos. (Na verdade, além do meu conto de treze capítulos, só consigo lembrar de outros dois tópicos finalizados: os brevíssimos Acima das Nuvens e O Diário de Mudsher.) Parabenizo-lhe de antemão e aguardo pela cereja do bolo.
    Última edição por Emanoel; 18-09-2009 às 09:54.

  7. #37
    Avatar de Mago Teseu
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    Finalmente....



    7 - O Mestre



    Era Jane. Alice May sabia que era Jane e mesmo assim seu dedo se comprimiu contra o gatilho.

    - Olá, Alice May – disse Jane. Ela não olhou para os recém-mortos que havia à sua volta nem se deu o trabalho de desviar da poça de sangue que se alastrava. – O Mestre disse que você viria. Devo deter você, porque não atiraria em sua própria irmã.

    Ela sorriu e pegou uma pistola de cima da mesa. O dono havia escorregado, deixando um rastro molhado de sangue, pele e tripas nas costas da poltrona.

    O dedo de Alice May puxou o gatilho e ela atirou em Jane. Apenas um último e desesperado esforço de vontade desviou o alvo do peito da irmã para o seu braço direito.

    - O Mestre está sempre certo – repetiu Jane com uma serenidade confiante. Começou a erguer a pistola.

    Dessa vez Alice May não foi forte o suficiente para resistir ao impulso inexorável do rifle. Ele estava apontado diretamente para o peito de Jane e não havia como virá-lo para outro lado.

    O tiro soou mais alto que todos os outros e seu efeito foi mais terrível. Jane desabou no chão. Estava morta antes mesmo de juntar-se aos corpos empilhados no chão.

    Alice May pisou nos cadáveres e ajoelhou-se ao lado de Jane. Lágrimas escorriam pelo seu vestido como a chuva no vidro. O tecido branco não ficava manchado. O sangue e a pele dilacerada se desviavam dele, assim como a poeira.

    “Mas com suas mãos era diferente”, pensou Alice May. Suas mãos nunca mais estariam limpas.

    - Nada acontece em Denilburg – Alice May sussurrou.

    Levantou-se e abriu a porta que dava para o balcão traseiro. Para a cidade reunida e o Mestre.

    Ele estava berrando quando ela saiu, os braços erguidos acima da cabeça, descendo para bater com tanta força no balaústre que ele tremia sob seus punhos.

    Alice May não escutou o que ele disse. Ela apontou o rifle para a parte de trás da cabeça dele e puxou o gatilho.

    Um clique seco e triste foi o único resultado. Alice May puxou a alavanca. Uma bala foi expelida, o metal tilintou e rolou do balcão para os trilhos lá embaixo. Ela puxou o gatilho mais uma vez, ainda sem resultado.

    O Mestre parou de falar e se voltou para olhá-la.

    A estrela de Alice May resplandeceu. Ela teve de cobrir os olhos com o rifle para poder enxergar.

    De perto o Mestre não parecia grande coisa. Era mais baixo que Alice May e seu cavanhaque era ridículo. Era só um homenzinho engraçado. Até que se olhasse em seus olhos.

    Alice May queria não ter feito isso. Os olhos dele eram como o corredor sem fim, estendendo-se até algum lugar inominável, um vazio onde nada humano poderia existir.

    - Então você matou sua irmã – disse o Mestre. Sua voz era quase um murmúrio, e os gritos e clamores haviam sumido. Não havia dúvida de que todos, do lado de fora do trem, ainda podiam ouvi-lo. Quando queria, ele tinha uma voz que se projetava sem esforço. – Você matou Jane Elizabeth Suky Hopkins. Assim como matou Everett Kale, Jim Bushy, Rosco O’Faln, Huberth Jenks e o velho Lacker. Isso sem mencionar meus homens que estavam no trem. Você seria capaz de matar a cidade inteira para chegar até mim, não é?

    Alice May não respondeu, apesar de ter ouvido a multidão se mover e arfar. Ela soltou o rifle e sacou um revólver. Ou tentou. Ele ficou preso no coldre. Ela tentou o da esquerda, mas este também estava emperrado.

    -Não é tão fácil assim, não é? - sussurrou o Mestre, inclinando-se para falhar-lhe em particular. Seu hálito tinha o mesmo odor da sala que ela havia deixado para trás. De sangue e merda e terror. – Há regras, sabe, entre o tipo de gente que nós somos. Você não pode sacar a arma até eu sacar a minha. E por mais que seja rápida, eu sou mais. Tudo o que você fez foi por nada. Todas essas mortes. Todo o sangue em suas mãos.

    Alice May recuou para lhe dar espaço. Não ousou olhar para a multidão, nem olhar para os olhos do Mestre novamente. Em vez disso, olhou para as mãos dele.

    - Você pode desistir, sabe – o Mestre murmurou. – Ocupar o lugar da sua irmã, a meu serviço. Até mesmo na minha cama. Ela gostava disso. Você também vai gostar.

    O Mestre lambeu os lábios. Alice May não olhou para sua língua comprida, pontuda, parecendo de couro. Ela observava suas mãos.

    Ele recuou um pouco, ainda sussurrando.

    - Não? É sua última chance, Alice May. Junte-se a mim e tudo ficará bem. Ninguém vai culpar você por matar Jane e as outras pessoas. Pois eu vou lhe dar um...

    A mão dele fez um movimento rápido. Alice May puxou a arma.

    Ambos atiraram ao mesmo tempo. Alice May sequer sabia de onde ele tinha tirado a arma. Sentiu um golpe brutal em seu peito e bateu contra o balaústre do balcão. Contudo, manteve o revólver apontado para o Mestre em centro fixo e a mão esquerda erguia o cano enquanto ela puxava o gatilho uma... duas... três... quatro... cinco vezes.

    O revólver estava vazio. Alice May deixou-o cair no chão e ela também caiu, apertando o peito. Não conseguia respirar. Seu coração martelava com a consciência de que tinha sido baleada, de que aqueles eram seus últimos segundos de vida.

    Algo caiu na mão dela. Era quente, quente a ponto de queimar. Ela contemplou aquilo com um olhar estúpido, enquanto a palma de sua mão ardia. Por fim, viu que era uma bala, um projétil disforme que não era de chumbo, e sim uma espécie de pedra branca e pálida.

    Alice May soltou a bala, mas não tão depressa a ponto de evitar uma queimadura profunda, que deixaria cicatriz. Tentou respirar mais uma vez e conseguiu, embora sentisse uma dor aguda e penetrante nos pulmões.

    Olhou para o peito, esperando ver sangue. Mas seu colete continuava limpo como sempre, à exceção de um buraquinho redondo no lado direito, paralelo com a estrela de prata que se apagava à esquerda. Cautelosamente, Alice May tateou ali. Mas suas mãos só sentiram os fios entrelaçados. Não havia buraco no vestido, nem sangue.

    Alice May sentou-se. O Mestre estava deitado de costas do outro lado do balcão. Agora ele parecia apenas um homenzinho morto. O pavor que Alice May sentira por causa dele já desaparecera.

    Ela rastejou até ele, mas antes que pudesse tocá-lo, sua carne começou a vibrar e se mexer. Ele rastejava e tremia o rosto passando de rosa avermelhado a prateado desbotado. Em seguida, o corpo do Mestre começou a se liquefazer, a se tornar prata líquida de verdade, da mesma cor. O líquido se esparramava por suas roupas, derramava pelo chão e caía num ralo de bronze que havia no canto. Logo não havia nenhum rastro dele, afora a pistola automática, uma pilha de roupas e um par de botas vazias.

  8. #38
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    Epílogo



    Alice May olhou para a multidão, que já se dispersava. As pessoas tiravam o uniforme dos Servos, chegando a ficar só com as roupas de baixo. Outros simplesmente iam embora. Todos cabisbaixos, e ninguém abria a boca.

    Alice May se levantou, as mãos apertadas contras a costelas para diminuir a dor. Ela olhou para a multidão à procura dos pais adotivos e do tio Bill que sobrevivera.

    Ela os viu, mas, como todas as outras pessoas, eles não olhavam em sua direção. Estavam de costas e com os olhos fixos na direção da cidade.

    Jake e Stella se agarraram com força e caminharam pela avenida principal. Não olharam para trás. Tio Bill se aproximou da plataforma. Por um instante, Alice May achou que ele iria procurá-la. Mas não o fez.

    Alice May assistiu a eles indo embora e sentiu que levavam consigo o que tinha sido até então.

    A quarta garota da família Hopkins, assim como a terceira, tinha morrido para Denilburg.

    Indiferente, ela pegou o rifle e o revólver e recarregou-os. O cinto antes cheio de balas estava quase vazio agora.

    Ela ficou surpresa quando motor assobiou, mas só por um momento. Tinha entrado nesta vida em um trem. Parecia bem, adequado sair desta forma.

    O trem deu uma guinada hesitante. O vapor elevou-se acima de sua cabeça e as rodas chiaram buscando os trilhos. Alice May abriu a porá do balcão e entrou no trem. A sala para fumantes tinha desaparecido, levando consigo Jane e todos os outros cadáveres. O corredor sem fim ainda estava ali e, a seus pés, o baú.

    Alice May agarrou um dos lados do baú, abriu a porta da primeira cabine que viu e arrastou-o para dentro.

    Da plataforma, tio Bill, o chefe da estação, contemplou o trem partindo devagar. Antes que entrasse no corte, o trem desviou para uma estrada de ferro que não existia e desapareceu na entrada de um túnel que se dissipou assim que o vagão adentrou as trevas.

    Bill enxugou uma lágrima do olho, pelo amigo que também carregara seu nome, por uma cidade que perdera a inocência e por sua quase filha, que pagara o preço por ter salvado todos eles.

  9. #39
    Avatar de Emanoel
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    Tudo que é místico no início da história permaneceu incompreensível durante essa breve conclusão. A ficção não obedece padrões reais e eu realmente não me importo com a falta de esclarecimentos práticos, mas essa escassez de justificativas causou uma estranheza sem igual; na minha humilde opinião, o mistério ― sem resposta ou mensagem ― criado pela completa omissão de informações possui fraca validade. Obviamente, parto de um conceito pessoal: acredito que bons mistérios são lacunas que podem ser preenchidas com deduções lógicas.

    Você ganha muitos créditos por apresentar um texto singular (para essa seção) e possuir um quê próprio no punho escritor. Eu não fiquei entediado, nem por um minuto, pois senti criatividade e harmonia genuína brotando das palavras ― muitas vezes, isso é mais importante que um enredo condizente e bem amarrado.

    Acredito que esse tópico foi um belo aprendizado para todos nós: eu e os outros leitores estimulamos nossas perspectivas; você está apto a construir histórias cada vez melhores e mais bem elaboradas; a seção agradece pela contribuição. Espero ter a oportunidade de ler outros escritos da mesma mente inventiva.
    Última edição por Emanoel; 19-09-2009 às 17:05.

  10. #40
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    Não preciso dizer que foi uma excelente história. Mas, de fato, preciso dizer que o final foi...deprimente. Como disse o Emanoel, finais inusitados com mistérios são agradáveis, porém, quando dedutíveis. Você pode ter tentado explicar algo, mas, eu não entendi. Não foram uma ou duas coisas que me deixaram intrigado: desde o quarto ou quinto capítulo eu não entendo nada. E o final não foi diferente.

    Mas isso não te desmerece. Você contribuiu com uma ótima história para a sessão e isso é inegável. Espero que tenha sido tão agradável escrevê-la quanto foi para nós lê-la. Nos vemos por aí.



    L.D.M.
    Lindomar de Moura
    (mentirinha)

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