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Tópico: Contos do Concurso Melhor Conto 2008

Visão do Encadeamento

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  1. #9
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    Meia-noite



    - Kenius.
    - Sim?
    - É aquele homem – Afirmou o velho barbudo e careca que estava ao meu lado.
    - Entendido, velho. Encontraremos-nos na taverna em uma hora, agora me deixe sozinho aqui para observar o alvo.

    Desceu. O tempo era meu. Um cavaleiro cinqüentão descansava junto aos outros convidados daquela decadente festa. Aliás, tudo ali era decadente; não só os convidados como o local também. Eu mesmo estava receoso de estar pendurado naquelas paredes podres. Pior, estar sendo segurado por uma merda de corda arranjada pelo velho e esta, amarrada nas velhas armações protegidas pelas telhas igualmente antiquadas. Mas de que me interessava o lugar, afinal? O que realmente me trouxe para aquele casarão discreto era o peculiar evento que lá dentro ocorria, e um convidado em particular.

    - Mas já vai?

    Assim que percebi o movimento do faceiro cavaleiro antes apontado, pus-me a subir pela corda até alcançar o telhado. Saída. Pela trajetória que o vi fazendo, concluí que se dirigia para a porta dos fundos. Tomando cuidado para não quebrar as frágeis telhas por onde andava, consegui chegar do outro lado do teto. A noite conseguiu me surpreender novamente. De onde eu estava, era possível enxergar a porta dos fundos, logo abaixo dos meus pés. Frente a ela, a surpresa: dois soldados que vestiam as roupas da guarda thailense. O que faziam os seventes de Gregor ali, esperando a porta ser aberta?

    Melhor era aguardar para ver o que os subordinados do general de Thais fariam. Não tardou e a porta foi aberta. Discretamente o faceiro apareceu, fez um cumprimento militar, e, discretamente, lhe foi entregue uma caixa. Logo após, o tal fechou a porta voltando para o interior do casarão, e os soldados viraram-se para ir embora. Era a hora de agir.

    - Jim, ouviu algo?
    - Não... Por quê?
    - Juro que ouvi um barulho de folhas em movimento...
    - Se está dizendo, vamos voltar e conferir.

    A certeza do sucesso veio quando os dois guardas ingênuos voltaram-se novamente para o casarão. Na busca de algo em torno do carvalho, ao lado da construção. Aproveitei a brecha para sair de meu esconderijo no alto. Um dos guardas foi o amortecedor de minha queda. Antes que o outro pudesse gritar, passei-lhe o sabre pelo pescoço, fazendo sim um ruído, um gemido, nada que me comprometesse.

    - Bingo.

    Após vestir as roupas do primeiro, pois as vestes do segundo estavam inteiras banhadas e sangue de pescoço, escondi os dois corpos atrás de um arbusto. Só para ter certeza, enfiei um punhal no peito do guarda desacordado, desencargo de consciência. Bati novamente na porta, os segundos que viriam a seguir determinariam a missão.
    Sim, o faceiro novamente abriu a porta:

    - Algum problema, soldado?
    - Você.

    Missão concluída. Aquele loiro vaidoso, com aparência divina, apensar da idade, cuspia sangue enquanto minha arma letal penetrava seu abdômen. Nem uma simples palavra soltou. Pelo cabelo, o levei para junto dos cúmplices, não podia, afinal, manchar-me com sangue de assassinato. Embora tivesse concluído o que me fora mandado, iria além. Pegaria a maldita caixa estranha, me cheirava a problema, sendo que vinha pelas mãos thailenses. Mas creio que isso não seja mais do seu interesse, Senhor Ville.

    - Kenius, não creio que esteja em condições de omitir coisas.
    - Senhor Ville, eu detesto dizer isso mas, tudo que saberá é o que eu falei, afinal de contas o tempo que perdeu me ouvindo garantiu a minha vida.
    - Do que está falando, Beson?

    Jogou seu peso para a esquerda, caindo junto à cadeira onde estava amarrado, quebrando o frágil móvel. Todo o tempo em que contava o que todos já sabiam sobre o que havia acontecido algumas horas atrás Kenius Beson aproveitou para notar as peculiaridades da sala, não só detalhes como a cadeira, mas também o lustre que enfeitava o teto acima de onde estava e a belíssima Katana que, dentro de usa bainha, adornava a parede da saleta. Assim, ao chão com a cadeira despedaçada, persistia amarrado, quando percebeu que o carrasco que o assistia segundos atrás o golpearia com a espada, rolou com o intuito de deixar as cordas à mostra, que foram cortadas, vista a impossibilidade do homem de conter a arma, uma vez impulsionada.

    Livre, mas ainda deitado, girou o corpo dando uma rasteira no interrogador, que caiu deixando a espada ao chão também. Beson levantou-se então, foi até a linda Lâmina oriental da parede, tirou-a de sua bainha harmoniosamente adornada com pedras preciosas, e jogou-a rumo à corda que segurava o lustre ao teto. O magnífico ornamento caiu parcialmente destruído sobre o homem.

    - Foi um prazer conhecê-lo, e, sobretudo enganá-lo, senhor Ville.

    Assim que saiu da bela sala, voltou ao ambiente velho e antiquado do resto do casarão, estava no segundo andar. Correu para a direita, encontrando a escada que levava ao térreo, mais ninguém estava ali. Desceu-as e rumou para a porta dos fundos, alguns metros à frente passando por outro cômodo. Respirou fundo para acalmar o corpo e saiu do local num semblante calmo, discreto. Foi andando até o destino traçado, não demorou a chegar.

    - Demorou, Kenius Beson...
    - Desculpe... Tive um pequeno problema, velho. Agora vamos ao pagamento.
    Última edição por Emanoel; 31-07-2009 às 07:51.



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