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Tópico: A lenda do Cavaleiro Negro.

Visão do Encadeamento

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    Obrigado pelos comentários e pelos elogios.

    Espero que não me arrependa de postar o capítulo agora, sei lá, parece que tem alguma coisa faltando. Enfim, se vier na cabeça algo que eu possa acrescentar eu posto falando que o editei.




    Cap. I


    O vento gelado da madrugada assobiava por entre as cotas de malha e vibrava as cordas dos arcos, formando uma melodia tensa e silenciosa. A luz magnífica do sol, que nascia vagarosamente a leste, era refletida pelos elmos e armaduras foscas dos milhares de guerreiros. E o orvalho, que brilhava na grama alta e verde da planície, molhava as pontas das capas dos poucos comandantes. Um destes, montado em seu alazão branco e vestindo um resistente conjunto negro adornado por uma capa azul, passeava na frente de todo o exército, fazendo uma última vistoria. Do outro lado, outro comandante fazia o mesmo.

    Os dois exércitos permaneceram quietos e parados enquanto os dois cavaleiros se cumprimentavam à distância.

    De repente, o silêncio acabou.

    O som surdo dos tambores, o barulho estridente das cornetas e o levantar das espadas dos comandantes movimentou as pernas e os urros de ódio e raiva de milhares de pessoas. A grande massa de brutamontes armados de machados, espadas e lanças correram incessantemente à batalha e, antes de a encontrarem, o céu da manhã tornou-se noite com a chuvarada de flechas. As setas voaram das últimas fileiras de cada grupamento, caindo diagonalmente e penetrando armadura, roupa e carne; molhando o chão verde com as primeiras gotas de sangue... Chão que, no primeiro golpe de machado, se encharcou.

    Logo o segundo golpe veio à tona, arrancando a cabeça de um individuo; o terceiro, foi obstruído por um escudo de madeira; o quarto e o quinto, vieram juntos, matando atacante e atacado de uma só vez; e no vigésimo, uma lança raspou meu elmo, quase me derrubando... A guerra finalmente havia chegado a mim. Após desembainhar a espada, apertei o corpo do cavalo com os joelhos e avancei rapidamente em direção ao meu agressor. Com uma força descomunal, acertei a lâmina no peito do homem, que resvalou em sua armadura até o espaço entre o pescoço e o elmo, retirando-o e cortando de forma vertical e profunda seu rosto.

    Sem parar, avancei por entre as fileiras desferindo golpes e me defendendo das flechas que caiam, porém, infelizmente, meu cavalo não tinha braços para segurar um escudo. O projétil acertou em cheio sua cabeça, fazendo-o tropeçar em suas próprias patas e desmoronar rapidamente no chão, só me dando tempo para pular fora, sem saber onde iria cair.


    Passadas firmes na grama alta, os corpos caindo esquartejados e o barulho ensurdecedor dos armamentos se chocando atordoou ainda mais minha cabeça após a queda. Com a visão turva e as pernas doendo, tateei o chão a procura de minha espada, só encontrando poças de sangue.

    - SEM PRISIONEIROS! - gritara um homem acerca de mim após desferir um forte chute em meu rosto, que removeu meu elmo e alguns dentes. Chutou-me mais algumas vezes no pescoço e pisou em minha face, deixando-me ali, estirado no chão com a barriga para cima, totalmente indefeso. Sentindo o gosto quente do sangue escorrendo pela garganta e a respiração falhar, abri os olhos lentamente e percebi que a nebulosidade deles havia piorado, impossibilitando-me de enxergar qualquer coisa claramente. Porém, o grande homem que visualizava minha figura com um pequeno sorriso e os olhos afiados, o homem que tinha minha vida nas mãos, eu pude ver perfeitamente. Ele retirou uma maça de sua cintura – um porrete de ferro com uma esfera coberta de espinhos situada em uma das extremidades da arma –, manuseou-a invejosamente e a levou diretamente a meu rosto... Seria a morte, se não fosse ele.

    Um segundo antes da primeira ponta afiada de metal da arma penetrar meu rosto e esmagar meu cérebro, um gigantesco machado de lâmina branca acertou a parte lateral da cabeça de meu agressor, esfolando seu elmo de plumas vermelhas e destruindo seu rosto, derrubando-o seco e imóvel no chão, ao meu lado. Segundos depois, o grande machado continuava passando a frente de minha visão, cada vez mais vermelho e brilhante, derrubando outros corpos à minha volta; e quando finalmente parou, uma mão protegida por uma luva negra me retirou do delírio e me acordou das fraquezas.

    - O que foi, cavaleiro? Não consegue mais lutar?! – perguntou pejorativamente o homem que me salvara, colocando a minha espada em meu peito.

    Não respondi, apenas segurei debilmente a arma e parti para cima de um dos inimigos.

    Começamos a lutar lado a lado. Eu, empunhando minha espada e meu escudo retangular de ferro, ajudava nos ataques e defendia-nos das flechas oportunistas que caiam; e ele, com o gigantesco machado de duas mãos, matava duas ou três pessoas a cada golpe, avermelhando cada vez mais a brancura da arma. Em um momento da luta, dois cavaleiros, ainda montados em seus grandes cavalos, se aproximaram com armas sujas de sangue e lama, cercando-nos e não dando alguma alternativa a não ser enfrentá-los na desvantagem. Joguei meu escudo ao chão e ele, o seu machado, empunhando duas pequenas facas logo em seguida. Os cavaleiros riram com nossa tola atitude, e esporearam seus animais, aproximando-se com toda raiva e força que poderiam ter.

    A briga começou quando um deles arremessou sua lança com tanta força que fez o ar chiar de dor, dando-me tempo apenas de me jogar para o lado, puxando meu companheiro de batalha comigo. Antes de cair, agradeci por ainda estar vivo quando ouvi o barulho da lança penetrando o chão.

    Aproveitando nossa vulnerabilidade, o outro cavaleiro vinha badalado empunhando duas espadas. Engatinhei rapidamente enquanto tentava me levantar e vi, de relance, meu amigo arremessar uma de suas facas. Não consegui nem conseguiria enxergar o alvo, nem muito menos se acertou, a batalha estava fervilhando e não eram só os cavaleiros o problema. Porém eles eram os maiores naquele momento, e um deles estava muito perto de mim. O cavalo veio rápido e passou rufando ao meu lado enquanto o seu dono jogou o corpo para o lado e tentou acertar com as lâminas meu corpo. Ao mesmo tempo, dobrei os joelhos e estoquei contra uma abertura de sua armadura na altura do pescoço. No momento em que senti a pressão da lâmina perfurando, larguei a espada e me abaixei, conseguindo milagrosamente esquivar-me do ataque.

    Olhei para trás e vi o cavalo seguindo desesperadamente com o corpo do cavaleiro dependurado para a direita, preso apenas pela cela e com a minha espada presa ao seu pescoço. Este segurava a cabeça com um pequeno filete frágil de carne.


    - POR ELENO!

    O grito veio do meu lado, da boca de meu companheiro, enquanto estrangulava o outro cavaleiro com as mãos. Não deixei de notar o cavalo deste caído no chão, com uma das facas penetrada na altura dos olhos. Fiquei surpreso como ele derrotara um cavaleiro com apenas duas facas, e no momento, surpreendi-me comigo mesmo, ao reparar que acabei com um também apenas com minha espada. Na alegria, acompanhei seu grito.

    - POR ELENO!

    O grito de guerra ao rei se espalhou por todos os cantos de nosso exército, encorajando aos nossos e amedrontando os inimigos. A fúria e o amor dominaram a todos. Os corpos dos inimigos caiam com mais freqüência, fazendo o outro exército ceder e, quando a primeira lâmina perfurou o peito do primeiro arqueiro, a vitória já estava praticamente consumada. O grito de triunfo ressoou por toda a planície bicolor quando nenhuma alma adversária residia em terra, ecoando por toda sua extensão e atordoando o calmo e quente sol que brilhava imortal no céu.




    - Bom trabalho. – falou o companheiro de batalha ao retirar seu elmo que cobria toda a cabeça e ao descansar o grande machado, recuperado no meio da batalha, no chão. Seu cabelo e olhos negros eram bonitos, mas seu rosto não era um dos mais agradáveis.

    - Foi um prazer lutar ao seu lado... E obrigado. – retruquei com um sorriso no rosto, embainhando uma espada que roubara de um cadáver.

    - Qual o seu nome, cavaleiro?

    - Sir. Ludain de Líus. E o seu?

    - Meu nome? F... – sua resposta foi abafada pelas cornetas que tocaram. Fingi que escutei sua resposta – uma hora ou outra eu iria saber... Pelo menos foi o que pensei – e olhei na direção do som. Era, finalmente, o som da vitória, o som da volta para casa, o som para a glória e para uma esperança de paz.
    Última edição por Pernalonga; 13-11-2008 às 19:41.



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