Capítulo 11
Com braços e mãos trêmulos, todos desembarcaram. Inclusive os gêmeos, ainda mais tensos. Ao invés de um grande porto, havia apenas um píer, nada mais. A ilha parecia ser um pouco ultrapassada, pois as construções pertenciam a tempos passados. As casas enfileiravam-se de um lado e de outro, formando um largo e imenso corredor. No centro deste havia um chafariz, de onde jorrava um filete de água brilhante. Os gêmeos, paralisados pela surpresa e pelo nervosismo, de repente escutaram uma voz feminina, vinda de não muito longe:
-Aqueles que já souberem qual vocação seguir, agrupem-se à direita. Os indecisos, por favor acompanhem-me.
Taura e Iluminista já sabiam perfeitamente sua vocação. Por isso ficaram à direita. A mulher que gritara saiu pela escuridão, segurando um candeeiro e sendo acompanhada por rapazes e moças, enquanto os outros, a minoria, ficaram lá, esperando por algo.
-Guerreiros, por aqui!
-Feiticeiros, sigam-me!
-Paladinos, venham comigo!
-Os druidas aproximem-se.
O lugar encheu-se dos gritos dos possíveis anfitriões. Aos poucos, foi tornando-se possível ver os donos das vozes. Taura, que sempre se sentira atraída pelo manuseio de armas, foi em direção ao homem alto e imponente. Seus músculos brilhavam sob a luz do luar. Iluminista dirigiu-se para a fila dos paladinos, desaparecendo em poucos segundos.
-Sejam muitíssimo bem-vindos à Ilha do Destino. Fico feliz ao ver tantos jovens interessados na honrada arte dos guerreiros. Amanhã nós iniciaremos as palestras, onde conhecerão melhor a vocação. Por hora, precisam descansar. Apesar de terem dormido durante a viagem, ela deve ter sido desgastante. Sigam-me.
E com um aceno de mão, o homem, cujo nome era Gran, começou a caminhar pelo chão arenoso da ilha. Atravessaram algumas ruas, chegando assim a uma casa amarela com detalhes brancos.
Gran fez menção de entrar na humilde construção. Após se acomodarem nas muitas camas enfileiradas no cômodo único, todos dormiram, até mesmo Taura. Respirando leve e suavemente, ela fechou os olhos.
Seus passos eram a única fonte sonora naquele imenso corredor escuro. Havia uma porta, entreaberta e convidativa. Com os dedos trêmulos, Taura empurrou-a, banhando-se de luz e vida. Agora estava numa ampla colina, onde árvores frondosas predominavam. Repentinamente, uma explosão. Fagulhas voaram para seu rosto assustado. E, do meio das chamas, surgiu imponente e inatingível: manto vermelho, cajado nas mãos. Seu olhar fuzilava todo o local.
-Sim, eu quero... os escolhidos!
Com um rápido movimento, o estranho desapareceu, deixando Taura só, naquela colina em chamas.
-Taura?
Nevan sacudia seu ombro levemente.
Com o rosto molhado de suor, a jovem levantou-se, ainda atordoada.
-Vamos, Taura. A palestra já deve estar começando.
Os dois cruzaram o corredor de camas enfileiradas chegando até uma pequena porta. Do outro lado havia uma cerca, onde todos faziam uma roda em volta de Gran, que falava sem parar de gesticular. Taura sentou-se um pouco distante da formação circular pois não havia mais espaço. Durante todo o discurso, ela refletiu sobre seu sonho, sem atentar-se ao que era dito na palestra. Quem seria aquele homem com vestes vermelhas?
-Taura, você está bem?
A voz aveludada de Nevam retirou-a de seu devaneio – Taura, você está pálida. Que ir se deitar?
-N-não, tudo bem. Eu só estava sonhando acordada...
Nesse momento Gran falou, com a voz retumbante:
-Agora quero que conheçam Greg, meu irmão. Ele irá ajudá-los no treinamento.
Greg, o homem de quem Gran falava, surgiu de dentro da casa, indo se juntar ao irmão. Era alto, gordo e seu olhar farejava todos, como um cão selvagem à procura de carne fresca. Ele não aparentava ser muito amistoso, o que foi comprovado logo quando falou, numa voz dura e seca:
- Meu nome é Greg, como já devem saber. Duvido que metade de vocês tenha sucesso na vocação, porém, estar aprendendo comigo já é um privilégio.
Ao dizer isso, abriu um grande sorriso , mostrando seus muitos dentes amarelos. A palestra estava encerrada naquele momento. Gran e Greg saíram do cercado seguidos pelo grupo inteiro. A rua, que agora era um mar que irrompia em pessoas, estava lotada de jovens, homens e mulheres que se moviam freneticamente. Todos passaram a andar mais rápido à medida que a multidão ia se dispersando.
Aos poucos os passos de Taura tornaram-se pesados e sua visão foi ficando vacilante. Todos se dirigiam para o campo de treinamento numa rápida caminhada, mas cada minuto era uma década para a moça. De repente, ela pisou em falso, tombou e perdeu os sentidos. Silêncio. Nada mais havia.
Publicidade:
Jogue Tibia sem mensalidades!
Taleon Online - Otserv apoiado pelo TibiaBR.
https://taleon.online







Curtir: 





Responder com Citação