Capítulo VI
Negócios
O Mercado Negro de Darashia era um verdadeiro antro de marginalidade a céu aberto. Como toda boa cidade sem leis, Darashia se via a mercê desse tipo de atividade ilegal quase todos os dias. Era de se admirar que a cidade ainda não fosse mandada por cleptocratas, se bem que não faltava muito...
- Você só vai me dar isso por aquela raridade? - Espantou-se a compradora, oculta em um manto vermelho e um turbante azul, disfarçando a voz. Tudo para preservar a identidade, afinal não queria que descobrissem que ela estava ali. Já era acusando de todos os crimes possíveis e imagináveis, não precisava de mais um.
- Não vai conseguir oferta maior em lugar algum. É raro, mas um penhor. - Retrucou o vendedor, insistindo na humilde oferta. Estava escondido dentro de uma tenda, atrás de uma mesa com várias quinquilharias expostas. Olhou para fora e encarou os metros e metros de mesas e tendas enfileiradas, com um vai-e-vem de pessoas astronômico, todas observando e comprando aquilo que gostavam.
- Como assim? Essa coisa vale horrores, foi feita pelos maiores mestres e usada nos objetivos mais nobres! - Ela quase berrava.
- Não interessa, ninguém compra aquilo.
- Porque ninguém sabe que existe.
- Então! - Ele bateu na testa com a mão, caçoando a compradora - Quer me vender um treco que ninguém sabe que existe! Estou é te fazendo um favor lhe pagando tudo isso.
Ela praguejou alto, mas ninguém deu atenção.
- Tudo bem. Mas preciso enrolar meu chefe.
- Seja rápida. Ou abaixo o preço.
Ela saiu de perto e seguiu sua jornada de volta a Darashia. Precisava sair daquela cidade o quanto antes e chegar a Thais. Do contrário, o “Papai” poderia desconfiar de algo.