Bem, o Prólogo estou ciente que não ficou lá essas coisas, mas apenas apresentou os três ambientes-chave da trama: Pedra de Ulderek, Thais e Kazordoon. As primeira e terceria partes ficaram decididamente confusas, mas vocês vão entender. A primeira parte será explicada logo nos primeiros capítulos, mas a terceira apenas mais a adiante.

Enfim, não vim postar em vão. Estou postando agora o capítulo um, não esperem muita coisa pois é um capítulo curto. Segunda-feira atualizarei o dois que complementará esse. A partir daí virão atualizações duplas com mais frequência.

Capítulo I
O Homem no Colosso

- Não olhe pra baixo - Murmurava para si mesmo o homem. Abraçado àquela coluna, cinqüenta metros acima do chão, esgueirando-se passo a passo rumo ao leste. Suas mãos cobertas pela luva marrom tateavam as pedras e nichos da construção na vã tentativa de achar uma entrada. Mas era burrice acreditar veemente que os mais brilhantes arquitetos do mundo teriam deixado uma brecha para que alguém - sobretudo um ladrão - entrar na maior fortaleza do mundo. Era mais fantasioso ainda crer na maldita lenda, no maldito martelo. Mas ele não podia dizer nada, só podia seguir ordens.

Na verdade era até certo ponto cômico. Um mercenário barato como ele, que mal conseguia executar seus serviços direito, que mal tinha como comer e sobreviver, que dependia do sangue alheio para viver, ali, metros e metros do solo, com a cara encostada na parede de pedras minimamente empilhadas, andando sem proteção alguma rumo a algo que ele sequer sabia se realmente existia.

Respirou fundo e fechou os olhos, parando sua caminhada torta. Tateou calmamente buscando um porto seguro para apoiar-se enquanto refletia. Estava mesmo fazendo o certo? Claro, não devia pensar no certo afinal nunca o fizera. Mas aquilo já era demais, até mesmo pra ele. Estava invadindo o maior patrimônio que Kazordoon tinha, tudo por algo fantasioso. Ou melhor, por dinheiro.

Passaram-se eternidades enquanto o vento uivante da noite gélida e sombria, sem lua, sem estrelas, sem luzes nem vozes chicoteava sua face, congelando-a. Seu capuz negro como o manto que cobria o céu esvoaçou-se, ameaçando deslizar de sua cabeça rumo ao extremo horizonte da montanha. Suas vestes agitaram-se e seus pés regressaram um pouco. Sentiu que ia cair. Agarrou firme um pedra meio exposta que vira momentos antes, apostando sua vida nela. Pensou no dinheiro, na vida que poderia levar, na cara que o mandante faria se soubesse que ele conseguira...

Não! Não podia perder a vida, afinal sem ela não poderia usufruir dos lucros daquele roubo. Fuzilou o amontoado de pedras no horizonte e seguiu seu rumo no estreito caminho de mármore onde estavam seus pés. Decorridos minutos que se confundiam a anos, sentiu sua mão entrar pelo vácuo da fortaleza. Havia achado uma brecha.
- A maldita entrada! - Comemorou, baixo. Não podia se dar ao luxo de ser visto ou ouvido. Deu mais passos rumo ao enorme nicho retangular e pulou para dentro, caindo com um baque surdo sobre um piso misto de pedras cinzentas sujas e aparentemente antigas com imagens de heróis e guerras e mármore branco, encardido pelo tempo. Viu-se entre dois lampadários de cobre enormes e incandescentes, ardendo em chamas pelo fogo que crepitava sobre suas formas de bacia.

Olhou ao redor. Era um lugar mínimo. Havia apenas os lampadários, que brilhavam para a noite, exibindo suas chamas por entre quatro nichos gigantes, dois de cada lado. As paredes de pedras empilhadas erguiam-se junto às paredes daquela que era chamada “àquela grande velha”. A montanha vulcânica dormia enquanto era invadida pelo seu maior orgulho, o Colosso. Andou pé ante pé, com medo de achar algum guarda noturno. Precisava achar logo o que viera procurar.

Mas seus sonhos, sua riqueza, sua fama, tudo foi arremessado pelo buraco. Passos vieram de uma escada escondida nos confins da sala iluminada, e as chamas ajudaram a desenhar na parede uma forma anã, mas fortemente armada erguendo-se pelos degraus. Surgiu um guarda.

- Merda - Disse a si mesmo, enquanto optava pela única saída que tinha: A janela.
Manteiga.