Bom, pelo tempo que fiquei sem postar, eu acho que vocês esperavam um capítulo MUITO maior.
Bom, não foi o que aconteceu né. =x
Enfim, entrarei de férias na sexta feira e tentarei fazer dois capítulos, que já vai dar uma adiantada legal na história.
Apreciem o capítulo e apontem-me possíveis erros.
Achei ele mediano.
Cap. V
O barulho das lâminas batendo em aço, de um machado esmagando uma cabeça, de um cavalo correndo em solo duro, tudo parecia mais alto. Perdido em meio ao campo de batalha; vi-me despido e indefeso: sem espada, sem escudo, sem armadura.
Os movimentos rápidos que faziam minha cabeça duravam uma eternidade para terminarem e o ambiente esfumaçado e sanguinolento estava cada vez mais onduloso, saliente. As flechas voavam numa velocidade estonteante, resvalando em meus ouvidos e lançando um som de mudez inigualável; mudez essa que se alastrava para todos os ruídos. As lâminas batendo em aço só produziam faíscas, o machado esmagando uma cabeça só produzia sangue e o cavalo correndo em solo duro só produzia medo; até os gritos de desespero ou fúria se tornaram mudos.
Até que, em meio a fumaça de horror, uma figura negra de andar firme apareceu caminhando até mim, quebrando o silêncio daquele cinema mudo com sua respiração cortada pelo metal de seu elmo. Os passos lentos daquele cavaleiro enevoado cadenciavam meu desespero, que inutilmente tentava fazer eu sair do lugar, mas a cada passo que dava, mais forte a angústia se tornava e mais perto da imagem ficava.
Quando a respiração já era ensurdecedora, virei para contemplar o espectro que deixara de ser abstrato e tornara-se algo real. Toda sua armadura era negra como a noite e estava totalmente colada em sua carne, como se tudo fosse parte de sua pele; seu elmo cobria toda a cabeça, deixando varias frestas finas para seus olhos negros; seu porte e sua presença davam a impressão que dois gigantes estavam prontos para me matar; e o cheiro de morte que exalava de seus movimentos esfriava todo meu organismo.
Num movimento brusco, a figura demoníaca pegou seu machado e atacou-me de baixo para cima. Mas, quando a arma estava prestes a penetrar meu corpo, tudo se desfez como um castelo que desmorona aos tiros de uma catapulta. O ambiente, girou, ondulou e balançou até meu organismo não agüentar e lançar tudo que tinha de restos pela boca.
- Ah, desgraçado!! Vai limpar a droga do meu chão!!
Com a vista totalmente ofuscada, recobrei minha consciência e admirei a cara feia e revoltada de Frodo, que continuava gritando:
- Seu bastardo! Não agüenta a bebedeira e desmaia...
O ar quente que saiu e queimou meu esôfago vibrou as cordas vocais secas, resultando numa voz rouca e fraca como resposta:
- Cala a boca!
- Calar a boca? Você foi último a levantar e ainda suja o meu chão!
Sem responder, levantei lentamente devido às dores por todo meu corpo mas, ao visar o estado do bar, percebi que a minha situação não era tão ruim. Minha pequena poça de vômito avermelhado parecia água em meio à desordem do lugar: as cadeiras estavam todas caídas, duas mesas estavam quebradas, o cheiro de luxúria e suor era forte e a quantidade de bebida que havia no chão era o suficiente para outra noite de festa. Todos os outros que estavam no bar já haviam sumido e, provavelmente, já pensavam em seguir com suas vidas normais. Só restara eu e Frodo, os dois desocupados da cidade.
- É, dessa vez eu fui o último a acordar... – conclui para meu amigo.
- E ainda por cima dormiu sozinho, sem mulher alguma.
- Melhor que aquela meretriz horripilante que te abocanhou.
- Pelo menos alguém me abocanhou!! – provocou Frodo com um sorriso largo no rosto.
Provocações e brincadeiras mantiveram a conversa durante horas e, independente do assunto, nenhum dos dois queria sair dali, daquele bar fedido, daquele antro de pecados. Aquela era a nossa casa, o nosso lar. Quando a conversa estava diminuindo e o eco das risadas só rebatia em nossas próprias cabeças, os olhares de Frodo começaram a fugir dos meus, os pés começaram a bater o chão e os dedos não paravam de batucar suas coxas.
- O que há, amigo? Aconteceu algo enquanto eu dormia? – perguntei, mas não houve respostas. - ... Frodo, aconteceu alguma coisa? – continuei, um pouco mais sério.
- Não. Ou melhor, sim... Sim, aconteceu sim... Na verdade, o que aconteceu é até um pouco culpa sua.
- Minha?! – as palavras dele me espantaram. – Como eu tive culpa de algo que nem sei o que é?!
- Calma! Eu falei ‘um pouco’, não ‘totalmente’. – falou Frodo calmamente. – Sabe aquele seu amigo? O que te ajudou no campo de batalha?
- Sei. O Sir. F... Fa.... Enfim, aquele cavaleiro. Sei sim, simpático ele.
- Ele tentou assassinar o rei e foi expulso hoje de madrugada da cidade enquanto dormíamos. – falou rapidamente, com um pouco de desapontamento em seu semblante.
Por um momento, pensei em duvidar das palavras de Frodo, mas nem as melhores mentiras camuflam a verdade de um olhar... E os olhos dele não são uma exceção.
- E o rei? Como ele está?
- Nada grave... Ainda bem.
- É. – afirmei sem escutar as ultimas palavras que ele disse. Minha cabeça já estava submersa em meus pensamentos.
As palavras de ódio indagadas em direção ao rei; a expressão fechada e misteriosa; o jeito agressivo de guerrear; e, por fim, o sonho. A visão que tive enquanto dormia ainda era clara na minha cabeça: os olhos negros e a áurea pesada e hostil daquele cavaleiro eram realmente distintos para mim.
Tudo se encaixava ou era só uma paranóia de minha cabeça, mas o rei realmente havia sido atacado... E o homem do meu sonho foi o responsável.
- Não vai acontecer nada... Esse cara vai sumir. – falei para Frodo e para mim mesmo, tentando espantar os pensamentos inúteis.
- Se não sumir... A gente o estraçalha!
* * *
Centenas de metros distantes dos muros de Thais, uma figura caminhava pela planície de grama alta enquanto era assolado pelos fortes raios dos dois irmãos que brilhavam magníficos no céu. Seu corpo inteiro suava, sua armadura refletia toda luz diretamente em seus olhos e sua garganta gritava por água. Ele sabia que um rio estava próximo, sabia que fora tolice passar horas tentando entrar na cidade e sabia que desmaiaria se não derramasse água em sua boca em pouco tempo. Mas, tanto ele sabia que a realidade não era mais relativa, a única coisa que ele pensava era em seus pensamentos.
Estes, inundados em um redemoinho de sentimentos, deixou o cavaleiro de machado alvo sem saber o que sentir, sem saber o que concluir. Raiva, indignação, vingança, amor... Se foi tudo isso ou apenas um ou nenhum desses, nem ele sabia.
Quando, finalmente, os astros alcançaram o seu apogeu no céu claro, os passos mecanizados do cavaleiro cessaram; suas pernas fracas cambalearam e o vento forte desmoronou a areia que era seu corpo. As pupilas se fecharam e os olhos deixaram de captar luz. Um desmaio.







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